Capítulo 31: Suas Intenções São Visíveis
Na lateral de seu rosto, uma máscara realista demais, demonstrando nada mais do que um sorriso. Macabro, eu confesso, mas toda essa situação não fazia sentido algum.
Daiane veio até a porta após ver que a criança ainda não tinha deixado o local. E quando olhou meu rosto, sua expressão logo mudou para algo perto de nojo.
— O que você tá fazendo aqui? — disse ela cruzando os braços.
— Apenas dando um pequeno passeio.
— E deixou sua amiguinha sozinha em seu quarto.
Não respondi imediatamente para não ocasionar em alguma briga.
Respirei profundamente naquele instante, pensando em todas as coisas boas que já aconteceram na minha vida, tudo para me segurar de não quebrar o rosto dela no soco.
— Three, pode ir embora agora? — Daiane empurrou levemente a criança, da qual se movimentou para os portões da igreja.
Ele deu um pequeno tchauzinho para ela, e logo depois andou com suas pequenas pernas para fora de lá. Sendo que a cada passo, o sons do sino de seu chapéu de palhaço era evidente.
— Tenho coisas para te perguntar, Diane — disse.
— Daiane para você. E eu não tenho nada para conversar com uma…
— Olhe bem suas palavras.
— Ugh. Tudo bem, entre.
Ela deixou de impedir a porta, abrindo a passagem para a minha entrada. Logo, puxei uma cadeira para a frente de sua mesa, sentando nela.
— O que você tem na cabeça? — perguntei.
Ela sentou na cadeira, se escondendo parcialmente atrás de papéis e uma pequena lamparina.
— Que agressividade, eu não esperava isso vindo de você.
Ela colocou café em sua xícara através de uma garrafa, e bebeu. Como forma de provocação, deu-me uma xícara de seu conjunto, vazia.
— Vá direto ao seu ponto, não vou gastar todo meu tempo com alguém igual você. — Abaixou a mão que estava segurando a bebida.
— Não vou me deixar enganar facilmente com suas segundas intenções. O que diabos a Lótus quer com Seven?
— Olhe, são informações confidenciais. Mas já que você é uma amiga muito querida dela, não tenho porque esconder. — O deboche era claro em suas palavras. — Meus parabéns, ela é uma Estrela.
Que merda.
Mesmo percebendo o quão venenosa é essa cobra na minha frente, essa sua afirmação tinha fundamentos.
Faz sentido toda essa situação.
O motivo deles esconderem tantos os seus arquivos.
Os seus três poderes divinos.
E também a falta de suas memórias.
Que droga, me sinto inútil por não ter percebido antes que Seven era um herói.
— Esse é o único motivo de manterem ela aqui?
— Claro, não teria motivo melhor do que ganhar alguns fundos da capital.
Desgraçada, ela tá fazendo isso de propósito.
— Segure suas palavras, Daiane.
— E você vai fazer o que?
Isso ta enchendo o meu saco.
— Eu vou tirar Seven daqui. Ela não merece ficar com gente porca como você.
— Mas ela sabe disso, ela quem quis ficar aqui. Não estamos fazendo nada obrigado.
— Garanto a você, se eu não conhecesse nada desse mundo, talvez eu teria sido enganado por urubus que apenas estão esperando a minha morte para comer os meus restos.
— Deu. Saia dessa sala imediatamente. — Apontou para a saída. — Seven nunca vai acreditar em você, e muito menos terá o pensamento de sair daqui. Os nossos sacerdotes fizeram um ótimo trabalho moldando aquela mente.
Ódio.
Eu já não tinha tanto controle sobre minha consciência naquele momento.
Levantei-me em direção a porta, e tranquei ela.
[A Marionetista está se ativando.]
— Porca.
Milhares de pequenas marionetes surgiram de portais. E andando de forma cadenciada como um exército, subiram pouco a pouco em Daiane.
Ela se desesperou rapidamente, tentando tirar os fantoches de seu corpo, falhando miseravelmente com esse ato. A cada vez que tirava, mais apareciam, uma infestação rápida e imprevisível.
Seus olhos brilhavam em carmesim.
Então Daiane levantou a sua mão, e… nada aconteceu.
— Eu conheço essa sua benção. — Soltei leves gargalhadas. — Não é a primeira vez que enfrento um vampiro.
— O que você fez comigo!?
As marionetes subiam por seu corpo, chegando em seu tronco. E ao estar totalmente imobilizada, me aproximei.
— Isso está sem graça, você não revida e nem nada. Por que?
— Me solta agora! Eles não vão deixar isso nada barato.
— Eles quem, senhora vampira?
— O alto escalão, é claro!
— Mas eles abominam essa sua benção… Ela é considerada uma heresia justamente por uma de suas raízes. Sabe me dizer qual?
Ela parou de se debater, talvez tivesse percebido que não poderia fazer nada naquela situação.
— A hipnose…
— Certa a resposta! — Coloquei minhas mãos sobre seu pescoço. — E então, como eles reagiriam se a santa deles na verdade for uma vampira? Será que eles ligariam se ela de repente aparecesse com o pescoço quebrado?
Estava suando bastante, e seu corpo tremia por completo.
— Por favor… não me mate…
Mudou rapidamente o seu tom de voz.
— Agora é diferente não é? Cadê a pessoa que estava debochando de mim agorinha?
— …
— Não se meta mais. Eu vou ficar de olho em você.
[Simulando habilidades passadas…]
[Juramento deverá ser usado?]
— Sim — disse, enquanto chutava a sua barriga.
Dissipei na mesma hora a minha primeira benção, jogando ela totalmente para trás.
Na frente dela, pequenos fantoches segurando um papel apareceram.
— O que é isso…? — perguntou.
— Um contrato. Vá e assine logo.
— Não! Eu não vou assinar nada! — Seu tom de voz estava agressivo denovo.
Levantei minha perna, me preparando para chutar a cara dessa cobra novamente.
— Tá bom! Tá bom. Eu assino. — Ela olhou para os lados, mas não encontrou o que procurava.
Estava me irritando.
— Que demora.
Um fantoche segurando uma agulha logo apareceu ao lado de seus companheiros.
— Fure.
— Hiic! — Ela hesitou imediatamente.
— Não vai me dizer que tem medo de agulhas agora? Que piada. — Tomei a agulha da mão do autômato, e furei por conta própria a mão de Daiane.
E ela colocou com muito remorso o seu dedo furado no papel, selando totalmente o contrato.
— Agora não adianta tentar fugir. Com esse contrato selado você vai ter um agradável tempo pensando se suas ações foram corretas ou não.
Destranquei a porta, saindo imediatamente da sala dela.
Respirei fundo novamente, me sentindo aliviada de ter feito tudo isso. Mesmo que não seja correto da minha parte, foi gratificante.
Ao mesmo tempo em que saí de lá, Seven apareceu em minha visão correndo.
Ela vinha em minha direção saltitante. Aquela poção que tomou fez realmente efeito muito rápido.
E se aproximando, se jogou em mim. Tomei um susto repentino com essa ação dela, mas a agarrei completamente tendo certeza de não a deixar cair.
— Você realmente não foi embora! — disse Seven.
— É… eu realmente não fui — respondi.
— Mas então, o que você tava fazendo na sala de Daiane?
— Ah, estávamos apenas conversando de maneira amigável.
— Que bom! Isso significa que vocês vão se tornar amigas, não é? — Após dizer isso, seu rosto demonstrou uma breve confusão. — Pensando bem… eu não gosto dessa ideia.
Tirei breves sorrisos com essa ação dela, definitivamente seu senso de humor havia mudado um pouco desde a última vez que nos encontramos.
— Que tal darmos uma passeada na cidade? — Havia coisas que teria de fazer em Azaleia, mas era melhor deixar esse fato oculto.
Ela ficou vermelha na mesma hora, colocando as mãos sobre a bochecha.
Não entendia o porquê disso. Havia dito algo de errado para ela ter se tornado um tomate de repente?
— Tipo… tipo… um encontro? — falou timidamente.
Fiquei perplexa imediatamente.
O que eles ensinaram para ela nesse tempo?
Mas não podia perder essa oportunidade, talvez assim possa encontrar um jeito melhor de conversar com ela.
— Tipo um encontro… — Cocei meu queixo.
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