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    Não podia recusar mais uma vez.

    Por que a minha luta tinha que ser a segunda? Chamaram o mais fraco para lutar contra quem?

    Me posicionei no campo.

    — Vai, amorzinho! — gritou Eight, limpando um pouco o suor de sua cara. — Eu sei que você consegue!

    Amorzinho…?

    Cerrei meus punhos.

    Não dominava nenhuma arma em específico, até porque odeio lutar. Mas, se for para ir com tudo, eu vou…

    Quero dizer… 

    Não vou.

    Eu vou perder!

    — Six… Quem será meu oponente? — perguntei, imaginando que fosse qualquer outra pessoa na arquibancada.

    Torcia para ser o outro irmão e orava para não ser Eight.

    — Seu oponente, Five… — respondeu Six, trazendo um leve toque de suspense para sua fala. Logo, pulou no campo de batalha com toda a força. — Serei eu.

    Espera!

    O que?

    Não! Isso era pior do que lutar contra Eight!

    — Você consegue revogar essa decisão? Não sei se estou pronto para lutar contra a segunda mais forte… — Já imaginava a minha derrota.

    — Revogar? Hahahaha! Você é engraçado mesmo…

    Não… Isso era ruim.

    Sua arma não era qualquer uma.

    Não era uma de madeira que ela ia pegar…

    Das suas costas, Six puxou um chicote, estalando o mesmo no ar segundo após.

    — Eu tô ferrado.

    Devia pegar alguma arma? Mas eu não sei usar nenhuma! 

    E agora?


    [Melinoe pede para que se acalme.]

    Meli-meli?

    Ela está aqui…? Eu pensei ter sido abandonado há dois anos.


    [Melinoe diz que você é um tolo por achar isso.]

    Tolo!?

    Ah, que se dane!

    — Four, conte para a gente — disse Six, abrindo um sorriso. Ela tinha uma cara cínica, como se a vitória já estivesse estampada em sua cara.

    — Se a Meli-meli está aqui… Eu tenho alguma chance.

    O suspense saiu das sombras, materializando seu corpo antropomórfico na arquibancada. Ajeitou sua gravata, tossindo para arrumar o tom de sua voz.

    — Eu não gosto de cerimônias para começos de batalhas, então comecem!

    Sem mais nem menos, Six bateu no chão com sua perna. 


    [Está na hora de uma boa aventura!]

    Ah… Droga! Essa frase não!

    Corri o máximo que podia para fora da arena.

    Bang! 

    Em segundos, todo o terreno havia mudado.

    Caí ao chão, a máscara amortecendo a dor em minha cabeça.

    — Eu não deveria ter aceitado tudo isso! Não deveria! Vou acabar perdendo como sempre…

    Estar lutando contra a aventura é uma merda! A benção dela é uma das mais confusas possíveis!

    Kweek!

    Um pássaro piou.

    É aquela floresta de sempre.

    Aquela merda de floresta que ela sempre traz.

    Escutava o cair das águas, o vento batendo nas árvores e os pássaros cantando. Esquilos andando sobre as árvores.

    É a maldita benção da Aventura.

    Tirei minha máscara, respirando o ar puro do local que havia sido criado. De acordo com ela… tudo isso é sua imaginação.

    Levantei-me, limpando a poeira que tinha em minhas vestes.

    — A máscara quebrou…

    Aah!

    Ela quebrou, que droga!

    Não…

    Quero dizer… 

    Isso é bom!

    Vou poder pedir outra pro velho.

    — Agora devemos estar muito longe um do outro. Pelo menos uma coisa eu tenho certeza — murmurei, criando pequenos portais no ar. — Me ajude, Meli-meli.


    [Melinoe se sente envergonhada de ser chamada assim!]

    Ué… mas eu sempre uso esse apelido.

    Que droga.

    De dentro dele, um cabo fantasmagórico saiu, me fazendo estender a mão quase no mesmo instante. Porém, antes que pudesse puxá-lo, fui enrolado com uma corda.

    — Te encontrei, Five! — Virei-me em direção à voz, vendo Six do outro lado do rio segurando o chicote.

    Como diabos essa coisa esticou tanto?

    — Eu me rendo, Six! — gritei, meus olhos se arregalando com o puxão que preparava. — Não quero lutar mais!

    — O que? Tem certeza de que você não está brincando?

    Retraiu a corda, levando-me de uma margem a outra do rio. 

    Gritei por minha vida. 

    Um frio passando por toda a minha espinha, levando-me ao desespero total.

    Chegando mais perto dela, pude ver sua Arma Heróica residindo em sua mão.

    Mas que diabos? Isso não tinha sido banido?

    — Por que você está com isso!? É proibido!

    Uma garra que estava em seu dedo indicador. Única, e apenas precisava dela para vencer todas as batalhas.

    — Você também está com a sua, né, Five? — Cheguei mais perto dela, vendo sua palma abrir, preparada para me agarrar.

    E seu plano deu certo.

    Minha cabeça coube em sua mão, como se fosse apenas mais uma criança. 

    Ela sabia da minha arma? Quem vazou?

    — Como você sabe di–

    Antes que pudesse terminar minha frase, Six me tacou ao chão, levando um grande impacto ao solo.

    Sangue saiu pela minha boca, voando pelo ar.

    — Vamos, Five. Lute! — Mais um soco, direto na minha cabeça. — Você não vai lutar mesmo? Uma pessoa como você não deveria ser considerada um herói! Se nem ao menos tem objetivos, então, por que você está aqui para começo de conversa?

    As palavras doíam mais que os socos.

    Vários seguidos.

    Ela não parava nem por um instante.

    Escutava o som do ar se quebrando com a velocidade.

    Por que ela me falava isso?

    Não consigo responder…

    Cadê minha máscara?

    Dessa forma…

    Eu não queria lutar.

    Não gosto de lutas.

    Minha consciência se esvazia.

    Eu tinha algum propósito além desse?

    Outro pela direita.

    Quero lutar.

    Uma pequena faixa de memórias passou pela minha mente. Lembrar do rosto de meus pais e irmã era uma benção… Dessa forma, eu tinha um grande objetivo.

    Quero lutar pela minha ida para casa.

    Obrigado, Six. Você me fez lembrar de algo muito importante.

    — Seu merda! — Mais um soco estava vindo em minha direção. Enxergava sua trajetória… Como? 


    [O mundo morrerá diante de uma grande horda de fantasmas.] 


    [Melinoe – A Rainha daqueles que Assombram essa Terra.]

    Meli-meli…?

    Segurei seu soco com pouca dificuldade.

    Em um toque fantasma, me movi para longe dela, me posicionando em pé. Em pensamentos rápidos, acabei abrindo o portal de novo.

    Ah…

    Que droga.

    Puxei o cabo mais uma vez, tirando uma katana de dentro do portal. Quase transparente, como um fantasma, assim era sua aparência.

    Do segundo portal, puxei outra quase idêntica, mas com sua lâmina quase partida ao meio.

    — Aí está sua Arma Heróica! Estava esperando para vê-la. Vai lutar sério agora?

    Todo o sangue que havia sido expelido estava voltando ao meu corpo. Com vários fantasmas me ajudando, o que poderia me parar?

    — O que você sabe sobre mim, Six?

    A matriarca hesitou, colocando a mão sob o queixo.

    — Nada… eu acho.

    — Aqui vai uma curiosidade sobre mim: consigo utilizar o Mundo dos Sonhos de Nine.

    Uma pequena névoa venenosa surgiu atrás de mim, espalhando toda a fumaça pelo ambiente. Roxa e quase invisível.


    [O Mistério o envolve em uma cortina de verdades!]

    Six hesitou, dando um passo para trás. Não conseguia falar, parecia soar frio apenas disso ter acontecido.

    Joguei ambas as espadas, as quais fincaram no chão atrás dela. De dentro das armas, pequenas correntes fantasmagóricas surgiram, prendendo Six no lugar.

    Nem mesmo Hércules poderia salvá-la agora.

    Talvez fosse exagero demais ter feito isso.

    Transformar uma mentira em verdade baseado no quanto sabem sobre mim é…

    Dei um passo para frente.

    Os olhos dela se arregalaram, como se olhasse algo muito aterrorizante.

    Mais um passo.

    Aproximava-me com calma, esperando o momento certeiro de dar o último golpe.

    Quanto mais perto, mais ela se afundava em um desespero silencioso. Pela primeira vez, a matriarca deixou uma lágrima cair por seu rosto.

    Sentia pena.

    Não era pra eu ter feito isso.

    Era cruel demais.

    — Desculpa… Mas hoje você não vai conseguir ver as espadas gêmeas Yūrei em força total. Ela é um pouco tímida — disse, colocando a mão em seu ombro.

    Ah… Ela estava inconsciente.

    Peguei minhas armas do chão, retraindo as correntes.

    Bati com o cabo de minha espada em suas costas, fazendo a matriarca cair ao chão, desacordada. No mesmo instante, todo o cenário se desfazia, voltando para a portadora.

    Voltamos ao salão, agora silencioso. 

    Ninguém falava nada e nem tentava cogitar o que havia acontecido dentro daquela dimensão. Até que…

    — Parabéns, Fivezinho! — gritou Eight, batendo palmas. — Te falei que você fica melhor sem máscara! Meus parabéns por sua luta!

    No mesmo instante, escondi meu rosto no capuz.

    — É isso? Então, a diferença de força entre o número um e o número dois da lista de força era tão alta assim? — disse Four, incrédulo. Sua voz hesitava, parando para pensar por alguns minutos. — Ah… Creio que há muito o que aprender ainda.

    Eu nunca entendi a minha posição nessa lista de força. Mas não é justo o primeiro lugar ganhar? Ah… que se dane. Eu não posso ser assim tão orgulhoso de algo tão simples.


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