Capítulo 40: Uma Loja Onde Vendem... Fofuras?!
Mais uma vez, me vi naquela mesma cidade de meu sonho anterior.
Havia dormido muito rápido aquela noite.
O que aconteceu com ela?
Várias coisas estavam se passando em minha mente.
Estava confusa, dividida pelas variadas situações em que me meti. Ter medo de voltar ao pesadelo da prisão, saber onde está Daiane e aproveitar a vida com Gaia e Karina…
Não sei.
Quero dar um tempo de tudo isso.
— Daiane? — retrucou o senhor, se abaixando para igualar as alturas.
Ah!
Pulei de susto, meus olhos arregalaram pela presença nada repentina da figura.
É… Talvez estivesse pensando nela.
— Agora eu não sei se eu deveria ter te devolvido essas lembranças…
Devolvido? Então, será que…!
— Não. Não posso te devolver as mais antigas — respondeu antes que terminasse de pensar. Levantou-se, estendendo a mão logo em seguida. — Chegará um momento em que você se lembrará de tudo. Mesmo que…
Ele murmurou o resto da frase, impedindo-me de escutar o final de seu raciocínio.
Que pena…
Estava me animando por nada.
— Você está em uma enrascada grande, não é? — continuou, mudando de assunto. — Uma filha apaixonada por alguém que não pode retribuir o amor…
Bati na sua mão, jogando-a para o lado.
Desgraçado!
Ninguém deixou você falar assim da minha filha!
Uma raiva genuína subiu em meu coração. Em segundos, já estava de pé, olhando para baixo.
Por que você não fica calado sobre isso? Tudo o que eu não quero é que falem sobre a situação emocional em que minha filha se encontra.
O seu sorriso se intensificou.
Pegou seu chapéu, colocando-o em seu peito.
— Desculpe. Não queria me intrometer assim.
Cabelos grisalhos residiam em sua cabeça. Uma parte que eu achava estar coberta pela mesma névoa.
Ele fez bem.
— Que tal levar Karina para as compras?
Compras…?
— É isso que você escutou… Compras! Leve-a para explorar seu gosto. Isso com certeza vai fazer ela esquecer o sentimento ruim.
Hum…
Até que… isso faz sentido!
Hoje estava mais quente.
O sonho havia acabado sem mais e nem menos, fazendo-me pensar pelo resto da noite acordada sobre a ideia que haviam me dado.
O que me trouxe para o resultado de horas pensando.
— Olha, mamãe! — apontou Karina, seus olhos brilhando diante de uma loja nova que havia aberto no centro da cidade. — Aquilo também é legal! Nossa… O que é isso?
Que merda!
Tenho que agradecer ao senhor quando o ver mais uma vez.
Karina estava sorrindo como nunca, apontando para quase todas as lojas que estavam ali. Parecia não conseguir decidir diante de tantas opções, então, Gaia logo interviu para ajudá-la a escolher o primeiro ponto.
Gaia estava extremamente bonita hoje…
Onde ela arrumou esse vestido fofo? Não combina nem um pouco com essa cara!
Hahahaha!
Mas isso é meio que o charme dela.
Aproximei-me das duas, tentando escutar o que ambas conversavam. Hoje o centro da cidade estava mais cheio, com pessoas indo e saindo de várias lojas.
— O que acha de ir a um lugar para agradar a mamãe? — murmurou Gaia, em um tom infantil. — Ela vai gostar e você também, né?
— É uma boa ideia!
Espera…
Dei um soco no braço de Gaia, empurrando-a para longe.
— O que você tá falando para ela, sua…! — gritei, virando-me para Karina logo após. — Karina, escolha uma loja que te interessa, viu? Não siga nada do que ela falou.
— Ué… Mas se você gosta de algo, então eu também gosto — respondeu sem tremer a cara.
Estava me segurando para não explodir em Gaia naquele instante.
Coloquei a mão no ombro de Karina, olhando diretamente em seus olhos.
— Não é assim que funciona… — disse, apertando um pouco a mão pela raiva que sentira. — Você veio hoje aqui para ir aos locais que quiser. Desde um café fofo até uma loja de antiguidades. Qualquer coisa! Entendeu?
Ela acenou com a cabeça em concordância.
— Ai… Isso doeu — sussurrou Gaia, seus olhos entreabertos. — Você está tão bruta recentemente, amor.
Pelo visto, agora ela estava com essa mania de me chamar assim. Não era ruim… Só vergonhoso. Chegou mais perto, me puxando do chão.
— Que? Não, não! — Gaia me levantou, apertando-me em um ponto frágil de meu corpo. — Ah! — gritei pelas cócegas que sentia. — Me desça agora!
Apenas um sorriso de canto aparecia em seu rosto. Os óculos brilhando pela luz do sol.
— Por que? Essa é a melhor visão que já tive!
Estava de calças… Ainda bem.
Gaia não sabia flertar nem um pouco. O que transformava situações como essa em… pura comédia e constrangimento.
Várias pessoas passavam por ali.
— Olha, mãe! Uma giganta fortona! — disse uma criança do outro lado da rua, segurando um pirulito maior que sua cabeça.
Tudo bem… pirralho!
Presencie a força da minha namorada… Só dessa vez.
Eu não estou constrangida!
— Hmmm… Eu quero ir ali, mamãe — retrucou Karina, apontando para a loja que chamara sua atenção.
Procurei para onde seu dedo estava direcionado, tentando entender qual dos estabelecimentos seria o mais chamativo.
— Talvez… Ah! Me desce primeiro, Gaia!
— Eu fico triste, assim… — murmurou, fazendo beicinho como uma criança. Colocou-me ao chão logo após, tapando o sol com a mão. — “Pelúcias & Cia”…?
— Isso, papai! Essa mesma!
Gaia parou, estava surpresa com o gosto da filha.
Infantil demais?
Em um movimento inesperado, ela agarrou as mãos de Karina, os olhos brilhando.
— Perfeito! Perfeito! — disse, empolgada com a ideia. — Você é muito boa em escolher lojas, Karina!
Eu tinha esquecido que essas duas são farinha do mesmo saco.
Gargalhei sem parar diante dessa situação!
Karina foi na frente, abrindo a porta única da loja. Um sino logo tocou.
Coloração rosa-claro e azul.
Bem… infantil mesmo.
O que elas acharam de interessante nessa loja? Não consigo ver nada que me chame a atenção.
— Aaah! Olha isso! — gritou Gaia, seus olhos mirando numa pelúcia de gato negro. — Que fofo!
— Papai! Olha esse aqui também! — retrucou Karina, apontando para uma pelúcia de elefante.
Vamos deixar elas se divertirem, né…
A tarde passou rápido naquela loja. Gaia e Karina se mostraram mais próximas do que pareciam.
Pessoas entravam e saíam da loja, mas ainda continuávamos lá, tentando escolher a pelúcia perfeita para Karina. É… ela estava indecisa mesmo.
Abraçava mais de cinco bonecos de uma vez, emburrada por não conseguir escolher um.
— Por que todos têm que ser tão fofos? — disse, quase choramingando. — Só um, Karina. Só um!
Gaia parecia já ter escolhido a sua pelúcia assim que entrou na loja. Mesmo sendo um estabelecimento infantil, parecia não se importar com isso.
— Vai levar esse gato mesmo? — perguntei, olhando para Gaia.
— Eu gostei… Me lembra você.
Eu?
— A pelúcia faz uma cara igualzinha à sua — continuou Gaia, colocando o bichinho ao meu lado para comparação. — Veja aqui, Karina.
Assim que virou, se perdeu em gargalhadas quase imediatamente.
— É igualzinho à mamãe mesmo! Hahaha!
— Não falei? Muito fofo!
Essas risadas não eram de chacota…
Ficava feliz só por esses momentos.
— Acho que já me decidi, mamãe — disse Karina. — Vou levar esse aqui.
— Vai querer esse…? Tem certeza?
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