Índice de Capítulo


    Estava sem reação. 

    Não conseguia esboçar nada além de um medo interno daquela criança.

    — Five, está tudo bem? — disse Eight, tocando em meu ombro. Seus olhos mostravam uma clara preocupação. — Você parece meio…

    Cocei meus olhos, dando leves tapas na cara para acordar, assim, voltando à realidade.

    — Não… tá tudo bem — respondi, quase um sussurro. A ideia de tudo isso ter acontecido ainda era… muito distante.

    Three chegou mais perto do velho, levando-o para fora da arena. Uma força anormal para ter conseguido carregar aquele corpo.

    Até mesmo Six parecia abalada com a vitória dele, seus olhos arregalados e boca aberta naquele momento. Porém, as lutas deveriam seguir.

    Levantou-se, indo em direção ao palco mais uma vez, preparada para chamar mais dois nomes.

    — B-bem! Foi uma luta emocionante, né? — perguntou, tremendo as palavras. Não sabia para onde olhar e nem o que falar, como se tivesse esquecido o texto. — É… Como era mesmo? 

    — Só tem dois aqui que podem jogar essa primeira fase, Six — exclamou Eleven, deitada em um sofá preparado para ela. — Só não me faça perder meu tempo. Tenho ainda uma…

    Sessão de fotos marcada para hoje.

    — Sessão de fotos marcada para hoje — terminou.

    Bingo!

    — Tudo bem. — Six coçou a nuca, olhando para o teto antes de direcionar sua visão ao campo novamente. — Podem vir, Eleven e Four, a luta é de vocês agora…

    Tava na cara que queria fazer mais um trocadilho, mas parecia que sua criatividade havia acabado. Assim, os dois se direcionaram ao local da batalha.

    Four apareceu em seu lugar, surgindo de uma pequena sombra que foi criada pelo palco onde Six ficava. O mesmo ajeitou seu colete e arrumou o cabelo para trás.

    Seus olhos cobertos por uma faixa que nunca tirava eram o que impedia o mesmo de perder o controle. Estalou os dedos da mão, preparado para mais uma batalha. 

    Eleven, por outro lado, foi de maneira elegante, como se flores saíssem de seus passos. Era hipnotizante.

    — Five, para onde está olhando? — Eight pegou meu rosto, virando-o para seu lado. Nossos olhos logo se encontraram. 

    Era constrangedor, até eu perceber suas bochechas cheias…

    Pfft!

    Estava emburrada? Emburrada com o que?

    — Você tem que parar de olhar pra outras mulheres, ok!? 

    An? Como assim!?

    — T-tudo bem… — respondi involuntariamente. Meu rosto ficou vermelho como um tomate por suas palavras. 

    Como ela tinha coragem de dizer algo assim? Brinca com meu coração! Nós nem estamos namorando…

    Eleven andou até o suporte de armas, pegando uma…

    — Olha! É uma rapieira! — apontou Eight, impressionada. — Sempre quis ver uma em ação.

    — Pra copiar o estilo? — perguntei, meu corpo se recuperando ainda de seus ataques. 

    — Ué… Óbvio que é por esse motivo, senão, por que mais eu ganharia esses olhos? — Eight me mostrou a língua, sua íris mudando de cor.

    Respondi com um sorriso.

    Four não lutaria de mãos vazias, então, o que está escondendo? Suponho que dentro daquele colete exista alguma adaga.

    Espera!

    — A Arma Heróica de Four não é aquelas luvas? — perguntei, olhando para Eight. — Não consigo identificar se aquele é o símbolo original.

    — É…? — indagou, olhando com mais atenção para as mãos do suspense. Uma pequena lupa surgiu em suas mãos, a qual apontou para Four.


    [Não existe nada melhor do que uma boa Investigação…]

    Fechei a janela que havia aparecido.

    Esse meio de aviso para outras habilidades era muito irritante. Será que existe alguma forma de desabilitar?

    Após alguns segundos, Eight voltou ao normal, transformando a lupa em poeira. 

    — Descobriu algo? — disse.

    — Hehehehe… Essa luta vai ser muito interessante mesmo… — murmurou em resposta, colocando a mão sob a boca. Continuou dessa forma até perceber que havia feito uma pergunta. — Ah! Sim, sim. É a Arma Heróica dele.

    — Eleven está em desvantagem…

    — Desvantagem? Não, não… A tiara está no cabelo dela — respondeu, apontando para a romance. — Ambos estão no máximo.

    — Para um treinamento… 

    — Ninguém liga pra essa parte! Só querem ver briga e luta por aqui, essa é nossa única diversão.

    Por um lado, ela estava certa. 

    Enquanto estivermos aqui na capital, não poderíamos nos divertir de outra forma além dessa. Além do mais, as torres são dedicadas ao quinteto que foi divulgado.

    Ah… isso é uma merda.

    — Senhor Five? — Uma mão tocou em meu ombro. Meus olhos viraram rapidamente para olhar quem havia me tocado. 

    Era apenas um guarda.

    — Algo aconteceu? — perguntei.

    Chegou mais perto do meu ouvido.

    — Tem uma certa pessoa lhe esperando — disse.

    — Me esperando? Não lembro de ter marcado nada hoje.

    Coloquei a mão na nuca.

    — Será que não dá pra esperar, não…? — continuei.

    — É a comandante do décimo sexto batalhão, senhor. Tem certeza de que vai negligenciar sua visita? 

    Como assim!?

    Por que diabos Ester iria querer falar comigo?

    Deu merda… Com certeza deu merda.

    — Onde ela está? — perguntei, um tom sério. 

    — Ela está na sala de visi-

    Empurrei o guarda antes que ele terminasse de falar, correndo para as escadas no mesmo instante.

    Subi com pressa, sem ligar pra qualquer coisa.

    — Vamos… Vamos! 

    Por que ela veio pra cá? Que droga!

    As escadas pareciam infinitas.

    Dava voltas e mais voltas para que, no fim, não chegasse a nada.

    Meu corpo estava se cansando, até que vi a luz do sol. Meus olhos se encheram de esperança.

    Alcancei o solo, saíndo daquela sala que se encontrava abaixo da terra. 

    Virei-me, procurando a entrada do palácio. O jardim estava florido como sempre, mas aquelas plantas iriam apenas me atrapalhar no momento.

    Corri mais uma vez, desviando dos trabalhadores que estavam no local. Seus olhos assustados me mostravam que não entendiam a minha pressa.

    Cheguei à porta, abrindo-a.

    O salão de visitas, é?

    Meu corpo estava cansado.

    Arfava bastante.

    Segui pelos corredores, tentando lembrar onde ficava essa maldita sala. Se era na próxima esquerda ou direita…

    Demorou bastante tempo até que eu achasse a sala. Dois guardas estavam à frente do local, protegendo-o como se custasse a vida.

    Assim que me aproximei, ambos logo entenderam suas armas para mim.

    — Se identifique! — gritou um dos guardas.

    Era justificável sua pergunta, mas naquele momento não conseguia responder. Meu corpo estava cansado o suficiente para não me deixar falar nada.

    Antes mesmo que eu respondesse, uma voz surgiu lá de dentro.

    — Deixe-o entrar.

    Era calma, como o vento.

    Logo os guardas abaixaram suas lanças, abrindo passagem para que eu entrasse no local.

    Peguei na maçaneta.

    Gelado.

    Girei-a.

    A porta se abriu, e a luz do sol ofuscou meus olhos no mesmo instante. Demorou um certo tempo até que pudesse enxergar onde ela estava.

    Numa sala com dois sofás, um de frente para o outro, a mesma se sentava de forma desleixada em um deles. Seus cabelos caindo para fora do móvel e um braço apoiado no suporte.

    Estava com seu uniforme formal, mas não mostrava nenhuma formalidade no momento.

    — Tudo bem? — perguntou, abrindo de leve seus olhos quase fechados. — Vim aqui perguntar sobre aquilo.

    Aquilo…?

    — O que você quer aqui… Ester?


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