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    Ela parece estar mais pensativa no treinamento de hoje… Se bem que, está assim desde que acordou. Um sonho ruim? Não… não parece.

    Coloquei minha mão sobre seu ombro.

    — Algo aconteceu? — perguntei, olhando para seu rosto. — Pode contar comigo pra qualquer coisa, viu?

    Seven não respondeu, apenas ficou… em silêncio. Uma resposta fria e inesperada vinda dela, algo que doeu um pouco meu coração.

    A mão sob o queixo demonstrava o quanto estava imersa em seus pensamentos, o que me deu uma pequena dica de não atrapalhar aquele momento seu.

    Hoje seria outro dia de treinamento como qualquer outro, e estava pronta para verificar o quanto ela havia progredido.

    Após um tempo, Seven saiu de seu momento de reflexão, quase como um susto.

    — Ah! Não sei! — gritou, um tom de voz frustrado, negando algo que não conhecia.

    O que havia acontecido?

    Sentei-me ao seu lado naquele tronco, mostrando uma expressão um tanto confusa e curiosa. 

    Depois de tanto tempo, seria o momento certo para lhe falar tudo que eu sei?

    Aah!

    Por que esses pensamentos estão aparecendo agora!? Está tudo bem! Tudo está perfeito, então, não queira estragar as coisas!

    — Então, Gaia, o que você pensa quando vê uma presilha? — perguntou Seven, abrindo um sorriso para mim.

    Parecia estar de volta ao normal, mostrando seu sorriso como sempre. Algo que acalmou meu coração no mesmo instante.

    Acabei dando uma leve risada em resposta à sua pergunta boba.

    — Que tipo de pergunta é essa? — Coloquei a mão sobre a boca, cobrindo o riso.

    — Ei! Responda isso sério, viu!? — retrucou, enchendo as bochechas de ar. Ela estava emburrada… Que fofa!

    Fico feliz que a cada dia conhecia ela mais… Dessa forma, sempre serei surpreendida com suas novas faces. 

    — Penso que uma presilha seja algo infantil — disse. — É um acessório fofo e tal…

    Me ajeitei no tronco de madeira, chegando mais próxima dela.

    — Então, você acha a Kaori infantil? Ela usa uma presilha de gatinho, não lembra? — Levantou o dedo, como se tivesse tido uma revelação naquele momento.

    — Como eu disse, é um acessório fofo. — Dessa vez, me aproximei completamente, agarrando suas bochechas logo após. — Só não mais fofa do que você!

    “Alerta! Alerta!”

    Uma mensagem mental apareceu vinda de uma de minhas marionetes que estavam posicionadas na floresta. Aquele alarme era um indício óbvio de que alguém suspeito havia entrado naquele território.

    Fechei meu rosto quase no mesmo instante, levantando do tronco de madeira.

    Quem será?

    — Ham… Gaia?

    — Shhhhh…! Faça silêncio! — sussurrei.

    As folhas das árvores que antes pareciam calmas, agora estavam se movendo pela presença do estranho.

    Olhei para Seven, tentando ver se a mesma já havia entendido os sinais. E, pelo que parecia, apenas aquilo havia sido o suficiente.

    Levantou-se, mantendo-se pronta para uma possível batalha.

    Algo desconhecido… Então, quem seria essa pessoa desconhecida?

    “Alerta…!”

    “Alerta!”

    Mais dois.

    Isso significava que era algo pior… muito pior.

    Fiz o número três com a mão, sinalizando que nosso inimigo era muito mais do que um, e esse foi meu maior erro.

    Em um piscar de olhos, um vulto pulou em mim, não deixando-me ter um mísero tempo de reação.

    — Achei você! — gritou a criatura desconhecida.

    Tinha garras afiadas e pele como pantera. Um corpo humanoide e assustador.

    Seven tentou chutá-la, mas acabou falhando. A garota logo apareceu longe de nós, posando como um verdadeiro animal.

    Caída ao chão, sem entender a situação em que estávamos, chamei duas marionetes pelos portais criados.

    — Tinha certeza de que esse trabalho seria difícil — disse a garota leopardo, se levantando do chão. — Só não lembro de terem mencionado que ela teria uma amiguinha.

    Que?

    Então, tinha um alvo específico!? Isso é um ataque a quem?

    Sem me preocupar com isso no momento, enviei as duas marionetes para o ataque. 

    — Seven, eu acredito que o alvo seja você! — gritei. — Se possível, corra daqui. Tem mais inimigos vindo!

    Por que logo agora?

    Que merda!

    — Que!? E deixar você sozinha aqui? Claro que não! — respondeu.

    Poderia confiar em suas habilidades de batalha? Ainda tinha minhas dúvidas quanto a isso. Então… era melhor ela se salvar.

    — Presta atenção aqui, mulherzinha. — Em instantes, o inimigo já estava cara a cara comigo. Suas grandes garras estavam abertas, preparadas para esmagar meu rosto.

    Minha marionete acabou pegando ela pelo pé, puxando-a. Foi jogada com uma força descomunal para longe e, como um felino, caiu de pé no chão.

    — Está tendo dificuldade aí, tigresa? — provoquei, abrindo um sorriso orgulhoso no rosto.

    — Nem tanto. Pensa que sou quem? É só questão de tempo para os outros chegarem. — Começou a analisar suas unhas, como se fosse importante para ela.

    A luta havia se pausado por um longo tempo, mas não me tirei da posição de batalha por um segundo. Nosso inimigo estava quase estático, realizando o mesmo movimento há minutos.

    Então, quebrando essa pausa, enviei mais marionetes para frente. Uma luta quatro contra cinco, quem venceria nisso?

    Contrastando com as minhas expectativas, aquela leopardo apenas sorriu.

    Que!?

    — Gaia, cuidado!

    Seven me puxou para baixo.

    Acabei sentindo meu cabelo ser cortado, e o objeto causador fincou na terra. Era uma adaga, uma adaga muito afiada.

    Minhas marionetes acabaram cuidando da felina, da qual parecia estar tendo um trabalho imenso. E tinha que ter! Eu treinei eles por bastante tempo pra isso.

    Porém… como lidamos com o segundo?

    Não senti sua presença, e nem mesmo meus brotos de alarme haviam apitado sobre sua presença uma segunda vez.

    Estava invisível?

    Logo, Seven começou a usar sua benção, manipulando a pequena quantidade de metal contida na adaga. Seus olhos brilharam em vermelho por um instante.

    Quero dizer… eu nem sabia se tinha visto certo, apenas bati o olho, mas foi o suficiente para um sentimento ruim surgir em meu peito.

    Metal batendo com metal.

    Seven defendeu-se de outra arma, da qual… estava flutuando. Minha teoria havia se confirmado de forma fácil.

    — Isso está perigoso…! — sussurrei.

    — É, eu concordo com isso — respondeu. — Consegue usar aquele seu teleporte?

    Após isso, me concentrei em toda a rede de bonecos que havia criado, mas parecia que todos haviam sido destruídos…

    — Não. Não consigo agora.

    Escondi um pequeno fato, porque não poderia dizer para ela que estávamos ferradas! Além do mais, essa habilidade pode ser facilmente impedida.

    Não é a hora!

    — Cuida da outra, eu cuido dessa pessoa — disse Seven, pressionando sua lâmina contra a lâmina inimiga.

    Arfei.

    Tenho que confiar nela.

    — Deixo esse com você, então.


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