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    Minha lâmina contra a dele.

    Naquele instante, estava lutando contra uma pessoa invisível. A única coisa que sentia nele era a lâmina de sua adaga, que, facilmente, poderia ser jogada fora.

    Então, como venceria isso?

    Em instantes, minha calça foi rasgada.

    — Que!? 

    Virei-me, atacando o ponto de onde veio o corte.

    Mas esse desgraçado não estava em nenhum lugar! Era quase impossível lutar contra alguém que você não enxerga, isso se for impossível mesmo!

    Não conseguia pensar em nada. 

    Minhas bençãos não poderiam me ajudar naquele mome–

    De repente, fui acertada em cheio na barriga. Uma mão pesada que me levou a voar alguns metros.

    Estava tonta. Meus olhos nem tentaram focar no que estava acontecendo.

    Mais um ataque.

    Fui empurrada para o lado. Um soco atingiu minha cara por inteiro.

    É claro que tudo estava doendo, mas parecia conseguir resistir à dor que causava. Com dificuldade, levantei-me, esperando o próximo golpe.

    Seus ataques estavam virando um padrão? Queria testar tantas teorias. É uma luta de verdade agora, não apenas alguns fantoches criados por Gaia.

    E, por uma fração de segundo, pude sentir o metal vindo daquele corpo intangível. Mas como? Não havia nenhuma adaga flutuante, e sua habilidade parecia não abranger nada além de seu corpo.

    Será que…? 

    Não pode ser possível.

    Mas, ao mesmo tempo, me parece ser a reação mais plausível disso tudo.

    Movi meu braço, preparada para defender seu próximo ataque furtivo, da qual mirou em minhas costas. Porém, ele parecia ter percebido minhas intenções, não realizando o ataque.

    Pelo menos, era o que eu achava. 

    Será que meu palpite estava correto? Ou apenas foi sorte minha?

    Não sabia.

    Estava em um oceano de dúvidas que não iria secar tão cedo.

    — Você viu? — perguntou, um tom asqueroso e nojento. — Como você viu!? — Podia supor que estava nervoso apenas pelo jeito com que falava.

    Meu nariz estava sangrando pelos ataques passados. E, sentindo o sangue escorrer por minha boca, apenas o limpei com minha mão, preparando-me para continuar a luta.

    Os olhos não comandavam a cadência daquela dança, e sim os outros sentidos. Era uma ficha que estava caindo naquele momento, e alguma hora iria chegar nessas conclusões.

    Mais uma vez senti o metal.

    E agora tinha certeza de que era a mesma sensação de dias atrás. Apenas abri um grande sorriso diante da descoberta!

    — Então, funciona mesmo — murmurei, dando pequenas risadas. 

    Agora o valor do ferro havia aumentado, indicando uma arma branca em suas mãos. Virei para todos os lados, procurando de onde seria atacada, mesmo sentindo a faca em minha frente.

    Mas tinha uma coisa da qual queria tentar…

    Aquela adaga atingiu minha barriga nos próximos segundos.

    Uma dor da qual estava me acostumando, mas não deixava de ser terrível de se sentir. Era latente, quase como um formigamento em todo meu corpo…

    É claro que deixei esse golpe me atingir. Tudo isso para testar uma teoria que estava empacando meu cérebro.

    — Consegui — murmurou a criatura, sem nem ao menos desligar sua invisibilidade. — Acertei ela!

    Sangue saiu pela minha boca, mas nada tão grave. Não tão grave comparado às dores que sentia.

    Essas pessoas… essas vozes… eu sinto que reconheço elas. Minha mente buscava nas memórias de onde veio esse sentimento.

    Um sentimento de ódio contínuo. 

    — Foram… — Acabei tossindo sangue, interrompendo minha fala. — Foram vocês as outras pessoas que me torturaram naquela maldita prisão.

    A faca ainda estava encravada em meu tronco, e a criatura havia voltado ao estado de invisibilidade completa. 

    — Huh? Percebeu até que cedo. Sentimos sua falta naquela sala, então viemos buscar você de volta!


    [Psyche está acordando de seu longo sonho.]

    Meus sentidos estavam lentos. Não conseguia focar em nada ou ninguém, afinal, tudo estava bagunçado.

    Afastei minhas pernas, tentando ainda manter o equilíbrio.

    Que droga! Isso dói pra cacete!

    Segurei a adaga em minha barriga. 

    — Esse é o momento perfeito para testar uma nova coisa que descobri recentemente.


    [Psyche despertou!]


    [Psyche percebeu todo o seu estado físico e começou a rir.]


    [Psyche disse que você está só os trapos!]


    [Hefesto está muito preocupado com o que vai acontecer.]

    Eles não poderiam ficar mais calados?


    [Ferromancia está sendo impulsionada por Psyche e Hefesto.]


    [Uma coligação foi formada.]


    [Você recebeu a “Visão Metálica” por 360 segundos!]

    Visão Metálica? Que nome feio para uma habilidade…

    Espero que seu efeito seja bom.

    Uma descoberta interessante que tive há alguns dias mudou minha forma de enxergar esse minério que tanto controlo. Era uma mínima sensação, quase nula, mas podia sentir o ferro dentro do sangue.

    Tudo estava escuro de repente.

    Minha visão havia se esvaído. As cores haviam sumido, como se a presença delas não fosse importante no momento.

    Não enxergava nada além de linhas.

    Linhas que formavam árvores, lâminas e corpos.

    E dentre os corpos que poderia enxergar, lá estava a pessoa invisível.


    [Psyche está sentindo o poder fluindo!]


    [É muito mais do que sua alma pode aguentar!]


    [Por favor, considere usar Psyche para selar um contrato.]

    Contrato? Todo esse papo de novo?

    Sua silhueta era como a de um homem. Careca e usando roupas rasgadas por baixo de um grande manto.

    Talvez seja…

    Não.

    Pode ter várias condições para o uso de sua benção. Então, qual seria a certa?

    Talvez o manto seja o que lhe concede a habilidade? Não… não me parece ser uma dádiva.

    Com cuidado, puxei a adaga que estava enfiada na minha barriga.

    Tudo doía!

    Tudo doía muito!

    O sangue escorria sem parar, mas minha mente não transmitia toda a dor que deveria estar sentindo. 

    Não neguei.

    Isso só me ajudava.

    Segurei a faca sangrenta em minha mão, posicionando-me para avançar. 

    Mesmo ferida, tinha certeza de que conseguiria acabar com isso muito rápido.

    E, com o metal da outra arma, criei um pequeno e letal espinho flutuante.

    — Você está olhando para cá!? Tá me enxergando por acaso? — perguntou o homem, seu corpo tremendo de medo. — Hahaha! Isso é interessante! Você pode me enxergar mesmo! Aquilo não foi uma coincidência, né!?


    [Sua velocidade está aumentando!]

    Meu corpo estava mais rápido.

    Como se fosse me misturar com o vento a qualquer segundo, mas alguma barreira impedia isso. 

    Precisou de um passo.

    Um pequeno passo para que chegasse até seu lado. Nenhum dos meus sentidos reagiram indiferentes sobre isso, como se fosse normal ter acontecido.

    Em segundos, estava ao lado da figura. Seu rosto se mostrava mais aparente, com os olhos arregalados enquanto virava para mim.


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