Índice de Capítulo


    — Desgraça… quem diabos deixou uma Manticora escapar? — Puxei minha espada lentamente. — De acordo com os Viajantes catalogados, ela deve estar por volta do…


    [Mantícora, terceiro nível.]

    — É… eu sei.

    O monstro investiu contra mim, forçando todo o seu corpo. Suas tentativas incessantes tinham um motivo: me jogar contra a barreira que eu mesmo criei.

    Será que ele sabia sobre o Ringue

    Não posso arriscar; esses monstros não tem coração ou pensamento.

    Acabei por impedir seus esforços, o jogando para longe. Então, segurei firme em minha Caçadora de Cabeças — nome que meu namorado tinha dado para a espada — e ataquei diretamente a criatura.

    Acertei seu rosto, que sangrou por inteiro. Não podia deixar-me levar por isso, afinal, esse sangue era falso. Viajantes não sangram em vermelho. 

    Mantícoras, uma das únicas criaturas que expelem um líquido estranho de seu corpo. Vermelho e viscoso, mas venenoso. Os outros apenas mantinham seu nojento sangue verde. 

    Tinha que tomar cuidado, qualquer deslize poderia ser fatal para meu rosto bonitão. 

    Descravei a espada daquele corpo, jogando todo o falso-sangue para o lado. O monstro berrou mais uma vez. Só que já estava preparado contra isso.

    Um ataque ao psicológico do indivíduo, afetando os mais fracos. É uma boa habilidade, se pelo menos eu não fosse um bonitão e com mente forte. 


    [Atena acha que seu ego é muito inflado!]

    — Ah… cala essa boca, Atena! Já não te disse para não invadir meus pensamentos? 

    A criatura gemeu de dor, levantando totalmente suas asas. 

    Seus ataques eram previsíveis. O monstro estava na palma de minha mão e apenas não tinha percebido; até porque uma criatura como essa não tem cérebro algum. São animais ferozes.

    Finquei a espada no chão lateralmente, como um escudo. A Manticora logo bateu suas asas de dragão, tremendo todo o palácio.

    Aguentei seus ataques de ar por bastante tempo, afinal, minha força era de se invejar. Então, retirei minha espada no chão com facilidade e corri para cima dela novamente.

    — Atenas! — gritei.

    Logo, uma grande estrada de tinta se formou na minha frente. Como pinceladas do mais belo pincel, um caminho se materializou na realidade, me levando de encontro à criatura. 

    A espada não estava mais leve com a ajuda dessa velha amiga. Com uma pequena ajuda do vento presente, consegui adquirir força o suficiente para cortar mais uma vez a Manticora.

    Não podia ligar para seu rosto humano. Elas são traiçoeiras.

    Agora ela tinha um grande corte em seu olho, impedindo parcialmente sua visão. Estava tudo certo agora, nada poderia dar errado. Precisava apenas de mais alguns ataques que tudo seria finalizado perfeitamente….

    — One! — Essa era uma voz que não queria escutar. Ester reapareceu na sala.

    — Não! Saia daqui!

    Que azar. Que azar!

    Tive certeza de que a ordem foi para ela ir embora, então por que ainda se mantinha aqui? 

    Ester estava próxima ao monstro, se tivesse um deslize, provavelmente seria fatal para ela. 


    [Atenas está se ativando…]

    Mais pinceladas no ar e, dessa vez, uma corda foi criada. Prendi numa pilastra perto de mim, puxando-a com força para o chão.

    O som foi estrondoso. Pelo menos, o suficiente para chamar ainda mais a atenção da criatura que correu mais uma vez em minha direção.

    Suas garras saíram para fora.

    Taquei minha espada para longe, preparando um ataque ainda mais forte que um simples corte. 


    [Atenas – A Guerreira da Sabedoria.]

    — Personifique.


    [O salão se molda a partir da vontade do pintor.]

    Podia sentir cada coisa que continha no salão. Os corpos, pedras, comidas, ouros e entre outros. Tudo estava ao meu alcance.


    [O Ringue foi desfeito.]

    Uma decisão arriscada, mas necessária para me manter são. Ester agora estava exposta a Mantícora, mas com sua raiva focada em mim, tinha certeza de que nada daria errado agora.

    E, uma vez que chegou perto de meu corpo, pude finalmente triscar naquele monstro que tanto me causou medo um dia.

    Flores começaram a surgir de seu corpo; como belas plantas pintadas por uma criança. Elas floresciam em ritmo, deixando uma bela impressão em quem quer que olhasse. 

    Um ataque decisivo e fatal, aprimorado por mim após longos anos. Mas… tudo tem seu porém. Esse poder deixava um grande efeito colateral contra a minha saúde.

    O monstro passou por cima de mim, caindo para trás com força total.

    Um atalho rápido para matar a criatura, só que…

    Uma dor incessante começou a surgir no meu coração. Era como se ele estivesse pegando fogo, queimando cada veia que assim se ligava a ele.

    Uma habilidade de criar dor a partir do nada. Mas, seu efeito colateral é que ambos sentem ela.

    Agradecia por essa Manticora ter morrido com um simples ataque do coração. Afinal, agora não iria doer tanto como da última vez.

    Tinha que torcer para não morrer.

    — Pinte, Atena — murmurei.

    Uma ação arriscada para alguém que já estava em seu limite; mas eu tinha que tentar. 

    Andei até Ester.

    — E-Eu pensei qu–

    Ela gaguejava bastante, provavelmente já sabendo o que seria minha próxima fala.

    — Ester, eu dou conta. Você não precisava vir… — A dor crescia cada vez mais.

    — Sei… — disse Ester, cabisbaixa.

    — Olha… Você não é a mesma coisa que os outros soldados… Não posso deixar que você morra assim facilmente. — Cocei minha bochecha. — Jorge ia me matar se isso ocorresse. Eu não quero perder uma velha amizade assim.

    Ela riu.

    — Mas… onde estão aquelas meninas? — perguntei.

    — Foram junto com os outros nobres na evacuação — respondeu Ester.

    — Ufa.

    Tentei segurar por muito tempo, mas não foi o suficiente. Vomitei sangue em Ester. Sangue o suficiente para quase banhar suas botas por inteiro.

    Ester estendeu suas mãos na tentativa de ajudar, entretanto, impedi que qualquer ajuda fosse me dada. 

    Leia meus pensamentos, Atena.

    Pinte.

    Andei até minha espada, a pegando e colocando em minhas costas. Mas, novamente, Ester se ofereceu para ajudar. Seus movimentos logo foram impedidos por mim.

    Tudo que eu não quero é ajuda. Eu dou conta sozinho.

    — Ainda tenho trabalho a ser feito — falei.

    — Espera! Você ainda vai lutar assim? 

    — Você pensa que não? É óbvio.

    Saímos do castelo, indo em direção ao portão quase vazio de pessoas. Ainda havia alguns nobres parados fora do palácio que não sabiam como prosseguir naquela situação ou não tinham meios de fuga. 

    Cheguei mais perto e fui rodeado por pessoas que pediram minha ajuda desesperadamente. Talvez nunca tivessem experimentado uma verdadeira Fratura, mas tudo estava sob controle.

    — Ajude-me, Heroi! São três Fraturas! Ajude-me que eu lhe darei todo o dinheiro! — Pude escutar em meio àquele monte de gente.

    — Que?

    Não eram uma? Eram três?

    A dor de meu peito logo foi-se iniciando novamente. Parcelar o ataque cardíaco nunca é uma boa ideia… devo lembrar de nunca mais fazer isso.

    Empurrei eles para longe e corri para a ponta da colina com o objetivo de ver a cidade. Era como uma visão do inferno. O dia do julgamento havia chegado? Essas chamas…

    Não posso me desesperar nessa situação. Mantenha a calma.

    Ester me acompanhou, mas logo foi em outra direção. Olhei para ela, que naquele momento, estava perto de outra mulher.

    Cheguei mais perto de Ester.

    Ah… a outra garota.

    — Gaia! — disse Ester. — Por que você está aqui? Não! Isso não é importante agora. Onde está Seven!?

    Gaia não conseguia falar, apenas tremia.

    Foram alguns segundos até que percebesse a pergunta que lhe foi feita.

    Ela apontou para a cidade. 


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