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    — Que fogo intenso — resmunguei, enquanto jogava algumas madeiras queimadas para o lado.

    As chamas estavam diminuindo pouco a pouco, mas ainda assim, não era o suficiente para restar algo disso tudo. Uma destruição total da cidade de Erica.

    Mas, em meio a toda essa confusão, uma única coisa me incomodava. Onde estava todo mundo?

    Tinha certeza de que mandei meus soldados virem diretamente para cá e combater os Viajantes. Pois é. Nenhum sinal deles ou de qualquer monstro.


    [Atenas afirma que isso não está cheirando bem.]

    — Você nunca deixa passar nada mesmo. 

    Me abaixei perto de alguns entulhos.

    — Isso… — Passei a mão em alguns blocos de concreto quebrado. — Não parece ser exatamente cimento. Então o que é esse pó? 

    Andei um pouco mais e tudo que vi em meu caminho foi o fogo. Nada mais. As carroças apenas estavam em chamas, sem sinais do que as puxava.

    Estava… estranho até demais.

    Jurava que encontraria o que menos desejava aqui: corpos humanos. Mas não! 

    — Eles devem estar em perigo, devo me apressar.

    Comecei a correr, gritando o nome de cada um do meu batalhão. Até mesmo Jorge, que estava na cidade, poderia ser um alvo do perigo. Mas ele deve ser forte o suficiente para aguentar todo esse trampo. O último nome que saiu da minha boca foi o de Seven.

    Acho que ter vindo aqui sozinho foi definitivamente a melhor opção. As criaturas poderiam estar se escondendo e… é um perigo imenso para uma pessoa desavisada. 

    O oxigênio estava mais denso, dificultando a respiração, entretanto aguentei mesmo assim. 


    [Uma habilidade está se ativando.]

    Que!?

    Puxei minha espada rapidamente e me preparei para qualquer que fosse a batalha. Olhei para todos os lados, desconfiado. 

    Monstros resistentes ao fogo não são incomuns, então batalhar aqui seria estressante. Só tem um porém nessa história, eu não sou resistente ao fogo… Imagina meu belo rosto ser queimado? Negativo.


    [Hipnos – O Sono.]

    Na minha frente, se materializou uma figura familiar. Cabelos loiros marcantes e uma roupa de detetive. Uma figura feminina que, conhecendo melhor, só te faz perceber o quanto é uma má influência.

    Me questionava se nós realmente tínhamos vindo da mesma época. 

    — Haha! — gargalhou.

    — Eight… O que você faz aqui? — perguntei.

    — Euzinha? Nada… nadica de nada. 

    — Tem que ter um motivo para você ter utilizado essa sua… aparição astral? Sei lá como você chama essa coisa.

    — Não fala mal dele assim! Hipnos tem sentimentos… — Ela fez aquela cara detestável. — Eu chamo de Dorme Neném que Apareci em Outro Lugar.

    — Ugh… é um péssimo nome — respondi. — Deve ter algum motivo para a Investigação ter aparecido aqui. Você não é de simplesmente aparecer do mais absoluto nada.

    Guardei minha espada nas costas.

    — Ehe. Como você é astuto, One. 

    — Eu diria lógico.

    — Pressenti o perigo rondando por aqui e quis investigar como uma boa detetive que eu sou. 

    — Devo admirar essa sua habilidade de sentir essas situações curiosas. Mas, aproveitando que está aqui, acabei encontrando seu antecessor.

    Ela se animou rapidamente.

    — Que!? Você encontrou a sétima? Como ela é? Como ela age? MEU DEUS! — disse Eight, pulando e saltitando.

    — Se acalme, por favor. 

    — Como eu vou me acalmar se você encontrou a última que faltava? Os outros vão ficar super alegres quando eu contar para eles!

    — Olha, é melhor que não conte.

    — Ah… você tá falando daquilo, né?

    — Sim. Também tem Lótus que não a anunciou e nem mesmo parece ter pensado nisso.

    Vomitei mais sangue, enquanto uma parcela da dor voltava. Eight não se importou, afinal, ela sabia sobre minha habilidade.

    — Entendo. Onde ele está?

    — Está aqui nessa cidade — apontei para o chão.

    — Espera… nessas chamas?

    — Correto. Eu vim procurar ela ou talvez apenas recolher seu corpo.

    — Não fale assim! Nenhum Herói morreu até hoje. Pense em coisas boas.

    Comecei a andar.

    — O problema, Eight, é que essa não parece nada promissora.

    Ela levantou suas sobrancelhas, curiosa.

    — Como assim, One? — Eight puxou uma lupa de seus bolsos.

    — Não sei… é só uma sensação mesmo.

    — Vou fazer outra pergunta então. Por que você veio até aqui salvar alguém que não parece promissora aos seus olhos? — Ela apontou a lupa para minha cara.

    — … Deixa eu só encontrar ela logo.

    Mais destroços jogados para longe.

    Sinceramente, estava ficando tedioso limpar toda essa cidade, mas era necessário. Eight continuou me seguindo por todo o caminho, analisando tudo que mexesse. 

    Seu pior hábito é essa sede incessante de questionar tudo; quando ela começa, é difícil fazer parar. Dessa vez não foi diferente.

    Percebeu as mesmas coisas que eu… essa falta de corpos nunca é legal. Em uma cidade onde ocorreu um incêndio em massa de repente, todos terem conseguido fugir é até anormal.

    Chegamos mais perto do centro da cidade. Demoramos tempos, mas era a área que o fogo já tinha se apagado quase completamente. Mas como?

    — Por favor… eu imploro! — gritou.

    Uma voz familiar e amiga.

    Era de um companheiro de equipe — quase um irmão — do meu batalhão. Eight parecia ter percebido também.

    Corri imediatamente para onde vinha essa voz, imaginando que o pior tinha acontecido. E, realmente, estava acontecendo.

    Aquele mesmo pó espalhado por alguns cantos do local, enquanto no centro se mantinha uma figura de cabelos longos e brancos.

    Ela estava virada de costas, impedindo que pudesse ver seu rosto. Uma coisa que me chamou a atenção, foram suas quatro asas, todas quase metálicas.

    Puxei minha espada.

    — Solte-o — disse.

    — Chefe! Saia daqui, chefe! — disse Ruyter, aquele que controla o vento. 

    Eight se teleportou para cima dos destroços de uma casa, apenas observando de longe. Ela não iria me ajudar, estava óbvio. Ela era apenas uma ilusão, nada mais.


    [Uma habilidade está sendo usada.]

    Ruyter começou a gritar de dor. Ele se contorcia de forma descontrolada.

    — Desgraçada.

    Avancei para cima.

    Mas minha velocidade não foi o suficiente. Ruyter tinha se desintegrado na minha frente e seu corpo se transformado naquele mesmo pó.

    Não conseguia descrever a dor que sentia…

    Perder um companheiro de equipe era algo inadmissível para um capitão.

    Um corte lateral.

    Consegui… eu acertei.

    Me virei para olhar o estrago e… nada?

    Minha espada, em poucos instantes, tinha sido totalmente desfeita, ficando apenas seu cabo. Todo o metal que nela continha foi tomado, flutuando pelo ar.

    Estava pior do que imaginei.

    Além desse poder estranho, ainda conseguia manipular o metal.

    E, em uma rajada de ventos, fui jogado para longe. Outra habilidade que não poderia utilizar, afinal, em todo o continente apenas existia uma única habilidade de ar. 

    A rotatividade de bençãos não permitia que esse poder fosse dado a alguém que já nasceu. 

    Bati em uma parede que estava ali próximo, tossindo ainda mais sangue. Aquela criatura lentamente se virou para mim.

    — S-Seven? — perguntei.


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