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    ― Que coincidência te encontrar aqui, vermelha.

    Pensei estar longe o suficiente para não me encontrar com ele, mas pelo visto não deu certo. Tentei ignorá-lo, virando para trás e saindo de lá lentamente, fingindo que não o conhecia.

    ― Já está indo embora? Pensei em te convidar para pelo menos ir tomar um café nesta manhã fria.

    Agora ele estava com roupas diferentes desde a última vez que o vi, estava usando roupas mais resistentes ao frio, como um casaco que batia até seus joelhos em um tom marrom, e não carregava sua espada no momento, segurando apenas um livro grosso.

    Ele estava certo, mesmo se eu quisesse suportar o frio, o meu casaco rasgado não ia. Meu cérebro dizia que eu deveria aceitar essa proposta, mas minha intuição me dizia o contrário.

    ― Desculpe, estou com pressa. Poderemos falar em outro momento.

    Me virei, planejando ir embora novamente, sem querer escutar os adicionais que ele tinha para fazer. Mas ele não parecia incomodado com a minha decisão, pelo contrário, seu rosto só demonstrava vitória.

    ― Meus instintos me dizem para não confiar nele, Seven ― disse Gaia.

    Eu havia me esquecido que Gaia estava ali por um momento, mas ela sentia essa mesma sensação, era mais um forte indício para não continuar ali.

    ― Podemos conversar mais amigavelmente, sabe? Não quero que você morra por alguma criminosa de cabelos vermelhos rondando por aí.

    Ele sabia de algo, mas apenas me confundia sobre suas intenções através de suas palavras. Parecia inevitável que eu deveria conversar com ele, pois já havia ganho isso desde o começo.

    ― O que você quer de mim? ― perguntei.

    ― Conversaremos melhor na minha sala ― apontou para a Igreja.

    Eu não parecia ter escolha, então o segui para dentro do local. Adentrando novamente, ele apontou para uma porta na direita, da qual seria a sua sala.

    Entrando naquele local, parecia ser muito confortável, podia ver um sofá acompanhado por duas poltronas, e no centro, uma pequena mesa de vidro. 

    Ele utilizou gestos com a mão, indicando para me sentar em uma das poltronas que havia ali.

    ― Vamos, sente-se ― disse, gentilmente ― Você prefere café ou chá?

    Me sentei em uma daquelas poltronas, e Gaia, pousou-se em minha cabeça. Ela por algum motivo parecia só ser tangível para mim.

    ― O que você quer de mim, Klaus?

    ― Responda a minha pergunta primeiro.

    ― Então, eu vou querer café.

    Ele parecia estar preparando a bebida, enquanto eu observava com mais detalhes a sala em que estávamos.

    No chão dava para observar um tapete circular vermelho, ocupando espaço suficiente para o sofá, as duas poltronas e a mesa de vidro. Naquela sala também havia uma lareira da qual estava acesa o fogo, parecia que o pessoal dessa região já era acostumado com o frio. 

    Tinha uma janela naquela sala, que é direcionada a um pequeno jardim, atrás da Igreja, mesmo que não desse para ver muito, tinha a certeza que eram flores dos mais variados tipos.

    Uma coisa também me chamou atenção quando eu entrei, foi um grande quadro pendurado na lareira, nesse quadro havia uma pessoa idosa, um homem, ele parecia estar sorrindo, estava sem cabelos e apenas com um pequeno cavanhaque, havia algo escrito embaixo do quadro, pela qual não consegui ler pela distância.

    Parecia que o tempo havia passado rápido, pois logo Klaus veio a pequena mesa, com duas xícaras.

    ― Então, admirando o local?

    ― É… definitivamente peculiar ― disse a ele.

    Peguei aquela xícara e, era definitivamente algo que eu precisava, de uma bebida quente. Deixei minha guarda baixa por um momento e tomei um gole daquele café, estava amargo, mas não importava, abaixei a xícara após isso.

    ― Estava lhe procurando mesmo pela cidade, dei sorte de lhe achar a tempo ― exclamou.

    ― Finalmente está indo direto ao ponto ― suspirei. ― É a minha recompensa que deseja?

    ― Pffft… Recompensa? Eu estava apenas brincando com você.

    ― E os guardas? Eles não estavam procurando a mim? ― perguntei confusa.

    ― Pelo visto você escutou mesmo aquela conversa, apenas queria ter certeza. ― Parecia estar segurando a risada naquele momento. ― Não deve ter escutado por completo, para saber que a criminosa da qual eles estavam falando não só tinha cabelos vermelhos grandes, quanto uma grande cicatriz em seu rosto.

    ― Eu nem ao menos sei se está mesmo falando a verdade, eu nem lhe conheço, Klaus. 

    Ele puxou um cartaz de seu bolso enquanto falava isso, o cartaz havia uma pintura da criminosa que acabara de descrever, mas dessa vez em preto e branco, Ariel, esse era seu nome, uma mulher de cabelos longos e uma grande cicatriz passando desde seu olho esquerdo, até seu pescoço, estava escrito “Vivo ou Morto” com uma recompensa gigante, conseguia dizer isso pelo alto números de zeros no cartaz.

    ― Aqui, para você ver que estou falando a verdade.

    Ele passou o cartaz através da mesa até mim. Acabei pegando com minha mão direita.

    ― Eu me chamo Klaus Hagnos, sou o sacerdote dessa Igreja. Desculpe por não me apresentar antes, cheguei um pouco atrasado para fazer meu turno, mas parece que dei sorte de lhe encontrar na porta.

    ― Agora volto a minha primeira pergunta, Sr. Hagnos, o que você quer de mim?

    ― Queria resolver o problema de suas memórias, eu como sacerdote tenho acesso a última vez que utilizaram o altar, assim como os parentes, até porque, todos os habitantes daqui são cadastrados pelo menos uma vez na sua vida.

    Sua sugestão me parecia estranha até demais, podia ver em seu rosto que não era apenas uma ajuda unilateral, mas, apenas uma chance de saber mais quem eu sou já era o suficiente para saciar meu coração, pois se eu lembrasse quem é minha mãe, o seu rosto, o seu nome, talvez… 

    ― Você consegue achar meus pais então?

    ― Eu posso ver o que eu posso fazer, mas para ser melhor me diga como eu possa lhe chamar, assim fica melhor de trabalharmos juntos.

    Parecia tudo estar indo certo para mim, mais esperanças de meu passado surgiam a cada momento.

     ― Eu ainda não confio nele, Seven ― disse Gaia, repousada sobre minha cabeça.

    ― Senhor Hagnos, me dê apenas um momento para pensar. 

    ― Klaus.

    ― O que?

    ― Me chame de Klaus, como você estava fazendo. 

    Sai imediatamente daquela sala para falar um pouco com Gaia. Novamente na saída de algum local, Klaus me olhava com um pequeno sorriso. Assim, voltamos para o lobby daquele lugar.

    ― Seven, minha intuição quase nunca está errada, eu acho que deveríamos deixar esse local. ― Gaia deu início a nossa conversa.

    ― É o que eu acho também, mas, se pelo menos um pouco eu puder relembrar o que já passei, é o suficiente para mim.

    ― Devem existir outros meios para isso, ele claramente vai querer te usar! Pensa, você não conhece o mundo para saber como ele é, deve ser uma presa fácil para um predador.

    ― Mas…

    Gaia estava certa, mas, meu coração entrava em conflito com o que ela dizia, tínhamos opiniões contrárias que não podia existir um meio termo. 

    ― E então, já decidiu o que vai fazer? ― Klaus estava atrás de mim, eu não percebi que ele havia se movido, e pelo visto, muito menos Gaia.

    Tomei um leve susto com a sua aparição de repente, mas eu deveria dar-lhe uma resposta.

    ― Sim, minha decisão é […]


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