Índice de Capítulo
    Notas de Aviso

    O Corpo que Caiu do Espaço está cada vez mais perto do final de seu primeiro volume. Tendo em vista esse fato, que tal uma aceleração no ritmo de saída nos capítulos até fecharmos essa parte da história? A partir desse capítulo, todos adiante irão sair sempre o mais cedo possível até o fechamento do volume.


    Estava completamente dolorida, não tinha capacidade de me mexer sem que cada parte de meu corpo respondesse de volta com uma pontada infernal.

    Minutos atrás, estava em um quarto desconhecido, olhando o que parecia ser meu diário. Aquela mulher desconhecida me passava uma estranha sensação.

    Sentia o fogo distante, a terra quente e o pouco oxigênio naquele local. Não sabia o que tinha acontecido com meu corpo enquanto estava inconsciente. Não queria abrir meus olhos e descobrir o pior, queria fugir daquele local.

    Após muita dificuldade, consegui abrir meus olhos. Minha cabeça estava girando e o mundo girava junto. Tudo que enxergava eram as grandes silhuetas de estruturas sendo ofuscadas pelo fogo atrás.

    Havia muitas informações para processar e… não conseguia digerir nem metade delas naquele momento. Meus olhos apenas focaram no mais importante para eles. 


    [Parabéns! O Complexo está atualizado]


    [Bem-vindo ao Complexo 0.4377]


    [Você subiu de nível!]


    [Lvl. 7 → 9]

    Várias telas em minha frente, algumas não faziam sentido e outras muito menos. Complexo…? Atualizado…? Níveis…

    Eu tinha que me acostumar com isso agora. Mas não entendia por que seu número tinha aumentado. 

    Pelo visto, era uma espécie de melhoria… Isso vai ocorrer mais vezes? Não quero. É incômodo demais para mim.

    Levantei-me com aquele corpo machucado, algo que não fazia sentido, afinal, eu não lembro de ter me ferido. Falando sobre isso, eu também não me recordo nem um pouco de ter vindo para esse local.

    Cadê Gaia?

    Olhei para os lados, procurando qualquer resquício de respostas para minha pergunta. 

    Até que vi o corpo de One, jogado perto de algumas pedras.

    Entrei em choque imediatamente.

    O que estava acontecendo?

    O que aconteceu?

    Nenhuma dessas perguntas poderia ser respondida naquele momento.

    Me arrastei até o corpo dele. 

    — Não… — murmurei em negação.

    Coloquei meu ouvido em seu peito, com o objetivo de escutar os seus batimentos. 

    Não escutei nada.

    Era o que esperava…

    One não mostrava nenhum brilho em seus olhos, como se não tivesse alma. Enquanto seu rosto estampava um sorriso quase imperceptível.

    Meus sentimentos estavam confusos, muito confusos.

    Uma pessoa que eu tinha acabado de conhecer estava morta na minha frente. Mesmo que não tivesse tido tantas interações com ele… ainda sim era difícil de engolir esse fato. 

    Não queria admitir naquele momento que sentia bastante frustração por não ter conseguido as respostas que queria.

    — É… acho que eu realmente deveria ficar de boca calada da próxima vez — disse uma voz atrás de mim.

    Uma voz que quebrou o clima triste naquele local.

    Me virei instantaneamente.

    Vi uma mulher de cabelos loiros e olhos azuis, vestindo o que parecia ser uma roupa requintada. Tinha vários acessórios marcantes em seu cabelo, como, por exemplo, uma presilha de gato.

    Afastei-me dela pouco a pouco.

    Pressentia um perigo vindo daquela mulher, e eu não queria mesmo me envolver.

    — Você é a sétima, né? Pode me chamar de Eight, docinho — falou.

    Não gostei nenhum pouco desse seu jeito de falar. Fiquei calada, não respondi sua pergunta ou demonstrei algum sinal em resposta.

    — Por que não fala? Agora era a hora perfeita para começar a interagir. Principalmente quando você está em uma situação arriscada assim. 

    Ela se aproximou no mesmo ritmo que eu andava para trás. Sua expressão assustadora não passava uma impressão legal para minha mente. Queria fugir.

    — Oh! Está preocupada com One? Relaxa. Heróis morrem de vez em quando. Ele era só mais um peão assim como todos nós — Ela começou a vasculhar sua bolsa. — Mas você… você é muito diferente mesmo.

    Eu já ouvi essas palavras antes, mas não lembrava quando e nem de quem. 

    — O-o que você tá tirando d-dessa bolsa? — perguntei.

    — Nada demais… — Eight continuou vasculhando até que achasse uma… lupa. — O que você é, Sétima? One tinha me falado o quanto você era diferente, e ele estava certo. Toda essa destruição que você causou foi muito peculiar.

    — E-espera… você conhecia ele?

    — Claro! Por que eu não conheceria? Sou um Herói também. Acabei vendo toda essa batalha emocionante.

    — E… você deixou ele para morrer? Nem sequer ajudou?!

    Não sei por que estava ficando indignada. Apenas senti como se devesse questionar.

    — Escuta aqui, sua– sua– bananona! — Apontou a lupa para mim. — Tsc. Ainda continuo péssima com xingamentos… — resmungou, mordendo a ponta da lupa. — Nós não temos tanto tempo para lamentar a morte de um amigo. Você entendeu?

    Apenas assenti com a cabeça.

    Estava com medo e confusa. Não sabia onde estava Gaia e nem Ester… muito menos Jorge.

    — Quanto tempo?

    — T-tempo? — perguntei, sem entender absolutamente nada do que falava.

    — Quanto tempo você chegou aqui?

    Faz…

    Comecei a contar nos dedos.

    — Dois! Dois meses! — respondi, mostrando um número dois feito com a mão.

    Sentia que, se eu não respondesse a essas perguntas, algo muito ruim iria acontecer. 

    — Então… de onde? — perguntou Eight.

    — Onde?

    — Época, Seven. Época!

    — Como você sabe meu nome? — Andei o suficiente para trás que bati numa parede de concreto.

    Ugh… Isso tá me dando raiva. Responda à droga da pergunta, Seven! — vociferou.

    — Eu não sei do que você está falando! Não tenho memórias! — gritei de volta.

    — O… que? 

    — É isso mesmo.

    — Você não se lembra de nada mesmo? Nadica de nadica de nadica de nada? 

    — … Não…

    — █████ que pariu! — resmungou.

    De alguma forma, sua primeira palavra foi instantaneamente cortada de meus ouvidos. Lembro-me disso ter ocorrido outras vezes, principalmente quando Gaia tentou me falar sobre as tais Divindades.

    — Você pode repetir?

    — Repetir o quê? ████ merda? ████ que pariu? Vai se █████? — Ela continuou até perceber o que tinha errado. — █████. Eu odeio esse sistema.

    Meu ouvido doía a cada palavra cortada. O problema estava comigo? Qual era o gatilho? Não sei… 

    — Por favor… para — murmurei.

    — Oh! Você está sentindo isso? É a censura do Complexo… — Ela começou a balançar a lupa. — Mas já que você não vai falar a verdade… Filha da █████, █████ merda, ██████, █████-██, ███████! 

    Zumbia… a dor contínua era insuportável. Como um grande chiado que não poderia parar. Queria mandar ela calar a boca, mas não conseguia.

    Caí no chão de tão alto que o chiado era. Não estava mais aguentando. Sentia como se eles fossem explodir a qualquer momento.

    — É verdade… tudo que eu te falei foi verdade… — disse, agonizando de dor. 

    Ela parou bruscamente. Parecia ter percebido seus atos.

    — Ah… então você não tem mesmo… — Ela assoou o nariz. — É melhor assim então. Fique sem lembrar. Bora, levante. 

    Segui seu comando por medo.

    Não sabia nada sobre ela além de seu nome. Se ela poderia me matar em segundos ou até me torturar como fez! Era tudo um mistério.

    — Você é definitivamente a verdadeira… mas isso não explica como o cara do leste mostrou os mesmos sintomas — disse Eight.

    — Espera! Que!?

    Pufft. Só porque eu gosto muito de mistérios, vou deixar você sentir o mesmo gostinho que eu. Descubra sozinha, Seven.

    Comecei a escutar passos rápidos em meio a todo aquele fogo. Até porque, após tanto tempo, as chamas deixariam de ser o som mais predominante naquele local.

    — Oh! Pelo visto, agora é a hora de eu partir. Esse aqui é o norte, não é? Pode apostar que eu irei vir lhe ver pessoalmente, queridinha.

    Ela começou a desaparecer entre a terra. Seu corpo se transformou lentamente no mesmo pó que cobria o terreno.

    Os passos se intensificaram.

    Até que…

    — Seven! — gritou Gaia.

    Me virei rapidamente até ela.

    Gaia estava com seu vestido todo rasgado e seu cabelo totalmente bagunçado, mas assim que me viu, correu rapidamente até mim.

    Ela me abraçou com tanta força que caímos no chão.


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