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    Sinalizei para Eight pegar outra posição, querendo cercar aquela mulher. 

    Eight seguiu minha ordem sem pestanejar, saindo da cabana pela parte de trás. Não deveria me preocupar com ela, afinal, sua força é imensa.

    Duvido muito que seja pega por uma… criadora de portais. 

    Os guardas ficaram atentos à sua presença, mobilizando-se para perto dela. Todos levantaram suas espadas.

    E, quando estavam próximos a atacar, bati palmas.

    — Abaixem suas armas — disse, levantando a mão. — Ela não pode machucar essa pessoa que está em suas mãos.

    — Você é o chefão!? — perguntou a garota, seus olhos estrelados como o céu. Em seu braço, repousava Scarlett, ainda assustada. — Hahaha! Muito ridículo!

    — Largue ela. Scarlett é uma prisioneira do Império, e se opor à sua prisão é ir contra o nosso estado — bradei.

    Ela apenas riu.

    — Quem? 

    — O Império. Largue-a agora.

    — Quem te perguntou! Hahahaha!

    Caiu em gargalhadas, como se fosse a maior piadista do mundo. E mesmo se fosse, que tipo de comediante riria da sua própria piada!? É ainda mais vergonhoso quando eu penso que caí nisso.

    — Chega de brincadeiras. Estou te dizendo para largar Scarlett, uma das maiores inimigas de nosso império! — gritei mais uma vez, apontando para ela.

    Só que…

    A resposta foi muito mais frustrante do que pensei.

    Foi um sorriso.

    Recebi um sorriso cínico em resposta.

    Aquilo me encheu de raiva! Muita raiva!

    Mas deveria me acalmar. Se eu errasse um pouco, poderia acabar matando-a. E não é isso que eu quero!

    Não posso deixar que Scarlett morra aqui.

    — Você quer lutar, é isso? Quer sentir o prazer de uma luta?

    Indaguei, imaginando quais seriam os motivos de tudo aquilo. Conhecendo essas personalidades mais extremas, chutaria que essa seria a sua única motivação.

    — Hã? Cacete, você é bom nisso. Deveria considerar virar vidente! — disse, enquanto um portal aparecia em seus pés.

    Assim que percebi suas intenções, avancei o mais rápido que podia, mas minha velocidade não foi o suficiente.

    Ambas caíram naquele minúsculo buraco de minhoca, desaparecendo da minha visão.

    A onde poderiam ter ido? Não sabia, e nem iria saber tão cedo. 

    — Droga… — resmunguei, cerrando o punho. — Foi quase.

    — Quase o que? Tá perdidão, hein, maluco — disse a garota-estrela, pousando seu braço sobre meu ombro. — Vamos lutar ou você vai enrolar?

    Soquei-a no rosto, defendendo-me por puro reflexo. Mas, ao contrário do que pensei, meu soco a atravessou.

    Antes mesmo que pudesse pensar no que havia acontecido, um dos soldados abaixo de nós tomou o ataque.

    Voou para longe com o impacto, levando consigo alguns soldados. Tirei meu braço do portal em um instante, com medo do quão difícil poderia ser a luta contra ela.

    — Recuem! — gritei. — Não fiquem perto!

    Avisei com todas as minhas forças, mas parecia que nenhum dos soldados podia me escutar. O que havia acontecido?

    Eight apareceu em minha visão, apenas olhando de longe, preocupada com a situação. Algo estava acontecendo, e só eu não havia percebido.

    Os soldados começaram a falar entre si, mas não consegui escutar nem um pouco dos seus mínimos murmúrios.

    — É uma barreira.

    Que droga… foi o que eu havia imaginado.

    — Você tem muitos truques na manga. O que diabos fez para que pudesse aprender tanto sobre seus portais? — perguntei, pegando uma espada quebrada da bainha que estava em minha cintura. 

    Um sorriso coberto de dentes afiados, enquanto as estrelas de seus olhos pareciam estar cada vez mais marcadas. 

    — Quem sabe o que eu tenho na manga? Nem mesmo eu conheço todo o arsenal que possuo. Sou só mais uma garota querendo descobrir o sentido desse universo tão vast–

    Avancei em um piscar de olhos, segurando a lâmina fantasma que havia surgido em minha outra mão. Numa velocidade muito maior do que poderia ver, tentei perfurá-la em instantes.

    Mas, ao invés disso, vomitei sangue. Sangue esse que quase tampou minha visão por dentro da máscara.

    Minha própria espada cravada em minha pele. A dor era insuportável…

    — Não vai me vencer com truques tão baratos. Saiba que sua velocidade não é nada quando comparada à minha reação!

    O formigamento dominava todo o meu ser. Uma dor que jamais pensei sentir de novo estava vindo à tona. Nunca mais pensei que seria perfurado por algo.

    Recuei em segundos, criando o resto da lâmina quebrada com os fantasmas.

    Esses portais eram a arma mais letal que uma assassina poderia ter. Isso eu posso afirmar com toda a certeza desse mundo! 


    [Melinoe o alerta sobre o perigo! Fuja de imediato!]

    É, eu meio que já sabia disso, Meli-meli.

    — Não me venha dizendo coisas óbvias… — resmunguei, olhando para o lado. Ativei a habilidade de cura da Melinoe, e todo o sangue voltou ao meu corpo.

    Em troca, havia ficado mais cansado. Muito mais cansado do que havia pensado.

    Os olhos quase fechando e uma dor nas costas que diria ser insuportável até para o mais forte homem que já existiu.

    Talvez tenha exagerado nessa última parte.

    — Falando sozinho? Encontrei outro doido igual a eu!? — gritou, seus olhos brilhando.

    Sua reação indefesa só me fez pensar em atacar naquele momento. Então, apenas aproveitei a brecha que havia criado e lancei minha espada em sua direção.

    — Oh! Que ataque mais sujo, hein!? — disse a garota, brincando com a situação. Logo, criou um portal que enviou minha espada para o chão.

    Só que ela não sabia de um detalhe…

    Era apenas uma distração.

    Uma mínima distração.

    Segurando minha outra espada, avancei em sua direção. Enquanto se ocupava com a que estava à sua frente, mal sabia que o perigo maior estava por vir!

    Assim que notou a armadilha, tentou desviar, abrindo mais um portal em seu busto. Só que, naquele instante, isso não era o suficiente. 

    Um corte limpo, atravessando desde o seu peito até a sua barriga. O sangue espirrou quase instantâneo em meu rosto. Por sorte, estava protegido pelo equipamento novo.

    Em segundos… havia vencido?

    Via seu corpo cair pelo chão, com o sangue ainda espirrando da abertura em seu peito. Algo visceral, mas necessário.

    Virei-me, de costas, andando para o que deveria ser a borda da barreira.

    — Eu não entendo… — murmurei. — Já matei ela, então, por que esse negócio não cessou? 

    Estranho…

    Muito estranho…

    Peguei minha espada e logo tentei cortar o intangível. De alguma forma, as pessoas ainda olhavam para cá, mas seus olhares não eram diretos em mim. Significava que não dava para enxergar o que estava acontecendo por fora dessa bolha?

    Bem, é a suposição mais correta.

    Olhei para o seu corp–

    — Espera! Cadê o corpo dela? — gritei, olhando para todos os cantos.

    Não a encontrava em nenhum dos cantos. O que estava acontecendo!? 

    — Não a matei?! Eu vi seu corpo! — Meus pensamentos começaram a sair para fora da mente. Algo que só acontecia quando entrava em total pânico.

    — Que fofo! Pensou mesmo que havia me matado? Hahaha! Você nem sabe concluir seus trabalhos direito — disse uma voz ao meu pé de ouvido.

    Naquele instante, eu congelei.


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