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    Estava sentada em cima de seu corpo todo cortado. Aquele general ficou fatiado após o efeito de sua benção ter ido embora… o que é uma pena.

    Nunca vou entender quais eram as suas intenções após desistir da batalha e da sua vida na minha frente. Por sorte, eu já estava acostumada com esse tipo de situação…

    — Você é a nova comandante! — gritou um dos soldados após se aproximar sem causar um único barulho.

    Me assustei quase no mesmo instante, dando um leve pulinho de reação. Aquilo foi muito assustador! 

    Muito mais assustador do que aquela caverna cheia de aranhas que passei uma semana…

    Ugh…

    Arrepio só de lembrar.

    — O que vocês querem? Já matei aqueles que comandavam vocês. Por que não só… fogem? — perguntei, querendo entender o motivo de todo o batalhão estar se aproximando.

    Não queria tantos problemas pro meu lado! Estava com muita preguiça de continuar lutando.

    E essas pessoas tem cara de serem bem treinadas… seria um grande problema. Em principal esse carinha na minha frente.

    Sua presença foi… invisível para meus sentidos treinados. Como ele fazia isso?

    — Me desculpa! Não me apresentei antes… — disse, abaixando sua cabeça. Logo após, levantou-se, batendo continência. — Me chamo Uriel, sou um dos subcomandantes do Segundo Batalhão de Infantaria! 

    Subcomandantes…

    Segundo batalhão?

    Que papinho mais…

    — Estranho. Vocês acabaram de ver o chefe de vocês morrendo e tudo o que fazem é se apresentar ao inimigo? 

    O garoto tinha vários pingentes em seu cabelo, junto de uma tatuagem nada amigável em seu pescoço. Talvez um delinquente?

    Tem cara de ser.

    — Algo contra? — respondeu, o sorriso fazendo seus olhos fecharem.

    Fiquei em choque com sua resposta… Minha boca não consegui fechar-se por si só. Uma resposta fria.

    Fechei minha boca com a mão, olhando de volta pra outro canto.

    — Só vão embora. Não fiquem com esse papo de comandante pra cá.

    Era irritante. Muito irritante.

    — Senhora… — disse, e seu tom me chamou a atenção. Virei-me para escutar o que tinha para falar. — Nosso comandante só tinha uma regra bem clara… Que deveríamos seguir a pessoa que ele mesmo escolhesse.

    Que? Isso é muito repentino!

    — Não aceito vocês — respondi, sendo bem clara com minhas intenções. — Você é um dos subcomandantes, não é? Seja o comandante agora. Eu não sirvo pra isso.

    Conhecia a fama do Segundo Batalhão.

    Era… assustadora.

    Um grupo gigante de faz-tudo, mercenários e assassinos. Como diabos poderia confiar nesse tipo de gente?

    E eu sou uma assassina! Sei bem o quão difícil é trabalhar com alguém da minha laia.

    — Sinto muito, senhora. Mas nosso comandante só tinha um desejo: encontrar uma pessoa forte para que pudesse comandar o grup–

    — E, após isso, ele se mataria? — disse, interrompendo sua fala.

    — … Após isso, ele partiria. 

    Fazia um pouco de sentido. Ele apenas desistiu após reconhecer minha força… Heh!

    Hehehe!

    Eu sou muito forte mesmo!

    Mas ainda não poderia aceitar essas pessoas me seguindo!

    — Como eu sei que não vão me trair? — perguntei, como se um lado de mim quisesse entrar neste acordo. — Sei bem o peso que vocês carregam.

    Quase no mesmo instante, Uriel puxou um canivete de seu bolso. Ele ia me atacar! Então, logo criei uma lâmina com meu braço.

    Eu sabia que…

    — Posso oferecer minha vida em prova da lealdade de meus irmãos. — O canivete não veio em meu encontro, mas sim de seu pescoço.

    — Que!? Não!

    — Se essa é a única forma de conseguirmos sua confiança, então… — murmurou, e, antes que pudesse concluir sua ação, arranquei a faca de sua mão.

    Meu braço esticou até sua mão.

    — Eu disse que não! Tá, tá! Eu acredito nessa lealdade de vocês!

    Confesso que tudo aquilo foi só para não ver alguém se matando na minha frente… Estava cansada já desses loucos.

    Abriu um leve sorriso.

    — Fico feliz, minha senhora.

    — Ufa… — suspirei em alívio.

    São loucos! Loucos demais até pra mim!

    — Só existe você de subcomandante? — perguntei, descendo do corpo gigante.

    Olhei para o morto e fechei meus olhos, juntando as mãos.

    “Descanse em paz”. 

    Seria a primeira vez que faria isso… Mas não custa prestar meu respeito a um inimigo forte.

    — Existem outros três além de mim. Cada um com um grupo que comanda. No total… algo por volta de trinta e uns quebrados? Não, talvez mais!

    Parecia animado com isso, e eu só me sentia mais cansada quanto mais ele falava.

    São muitas pessoas! Isso é algo com que não posso lidar no momento.

    Deveria encontrar Karolina… Onde será que ela está? Foi para… aquele lado. Apontei, quase me preparando para partir em busca de minha nojenta irmã.

    — Aqui, trouxe eles — disse Uriel.

    Quando esse desgraçado saiu do meu lado? Eu nem percebi! E esses outros três também não fizeram barulho!

    Qual é? Estamos em uma chuva sangrenta, pessoal! Vocês tem que fazer barulho, isso é coisa de gente!

    Essas pessoas são muito treinadas mesmo. Talvez até mais do que eu…

    Não.

    Eu sou a mais forte, caceta!

    — Oh! Você é muito linda! — disse a única mulher entre os quatro. Seus olhos azuis eram penetrantes. — Fico feliz que a nova comandante seja alguém tão linda quanto essa!

    Rodava ao meu redor.

    — … Pequena — murmurei, escondendo o sorriso que se abriu em meu rosto. — Pfft!

    — Ahn? Falou algo?

    — Não. Não disse nada.

    Olhei para os outros dois.

    A chuva de sangue ainda continuava naquele ponto. E não havia previsão de parar tão cedo.

    — Ilógica. Você é ilógica — disse em alto e bom tom. Um cara de cabelos pretos e óculos com lentes manchadas.

    Não entendia o seu ponto com tudo aquilo. O que esse arrumadinho queria falando de mim!? Eu, hein!

    — Eu… Eu não vou aceitar você! — gritou o garotinho ao seu lado.

    Virei o rosto de lado, tentando entender o que uma criança estava fazendo nesse campo de batalha.

    Uriel tossiu.

    — Senhora, peço desculpas pelo incômodo deles. Mas aqui estão todos os subcomandantes — disse em um tom formal. — Gumi, Sam e Otto.

    Apontou para cada um enquanto falava seu nome. Era a baixinha, o cara arrumadinho e essa criança, respectivamente.

    Não sabia o que faria com essa informação agora.

    — Então… o que faremos agora? — perguntou Uriel, com um olhar de esperança em seu rosto. 

    Eu não sabia o que fazer… mas não posso dizer isso a eles.

    Muita encrenca, isso é horrível. Não quero mais ficar aqui!


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