Capítulo 69: Eu Não Quero Vencer, Mas Por Que Me Encontro Tremendo?
Ataquei atrás de mim, querendo acertar uma pessoa que já poderia considerar morta-viva. Mas… não estava lá.
Sua velocidade aumentou?
Não sabia.
Minhas informações eram insuficientes para batalhar com toda a força. Tinha certeza que ganharia se usasse meu poder, mas não queria que fosse de forma tão desleal.
— Cadê você? — disse, segurando a katana.
O silêncio predominou todo o local. Não havia nenhum indício de sua localização dentro daquele domo, algo que não imaginei ser possível para a sua habilidade.
Pensei eu que a mesma não poderia deixar a área, mas, pelo visto, é possível. Isso deixa as coisas mil vezes piores!
Até que…
Um portal de abriu.
Lento, mas imponente.
— Eu estou… tremendo? — murmurei, enquanto olhava para meu braço.
Aquilo nunca havia acontecido. Em todo o tempo que vivi, eu nunca havia tremido.
Um indício do medo, e o medo não deveria ter espaço para a minha mente. Se eu estou temendo uma mera personagem secundária, como poderia aguentar a presença daquela que um dia se disse vilã?
Era impossível naquele estado.
Passei minha espada para a outra mão, tentando ver se o estrago poderia ser evitado.
— Tá na hora do show, cacete! — A voz surgiu do buraco de minhoca, ecoando como uma grande caverna.
Meus instintos me avisaram com todas as forças sobre o perigo iminente!
Apenas consegui escutar o grande barulho de algo sendo arremessado.
— Que…?
Minha curiosidade falou mais alta, o que me levou a aproximação lenta do buraco de minhoca.
Que diabos ela estava fazendo!?
Só não havia nenhum indício claro de como ela havia sobrevido. Talvez tenha uma segunda benção!?
Não…
Claro que não. Catalogamos todas as bençãos de Scarlett, e não havia nenhuma que indicasse a sobrevivência de grandes ataques.
Psyche não poderia fazer isso, Hefesto muito menos… Talvez aquela Condessa do Conhecimento?
Não.
Essa benção já foi catalogada a muito tempo. E nela não havia nada parecido com a ressurreição ou evasão de ataques fatais.
— Cuidado aí, tio!
O que…
Corri para longe o mais rápido possível. Não queria nem pensar muito no que havia visto!
Por que ela estava montada naquele bagulho de metal?! E ainda tava vindo em alta velocidade!
Me sentia muito confuso com tudo aquilo, e nem poderia pensar muito! Ela estava muito na cola!
— O que diabos é isso!? — gritei, enquanto corria por toda a arena. — Como você criou a porcaria de um míssel?!
— Míssel? Esse é um nome engraçado, moço! — disse Karolina, controlando aquele corpo metálico para onde quer que eu fosse. — Eu chamo essa belezinha de matador de…
Parou de falar, como se estivesse pensando.
— Qual é o seu nome mesmo? — perguntou.
Aquele poderia ser meu melhor momento!
Virei-me, encarando aquele míssel de frente. Estava pintado com alguns olhos e uma boca bem sorridente, mas não seria páreo pra mim, é claro!
Segurei a katana com minhas duas mãos, posicionando-a de forma perfeita. Iria destruir aquele míssel com toda a certeza!
— Meu nome? — gritei. — Vai se ferrar!
A arma branca passou de forma limpa no metal, partindo o corpo metálico em dois. Havia confiança o suficiente em minha espada para saber quais eram seus limites.
Fechei meus olhos, abrindo um sorriso de vitória.
Uma posição meio estranha de se ficar, mas mantive por alguns segundos a katana fantasma em minha cintura, como se houvesse alguma bainha segurando-a.
Havia vencido!
É claro, né?
— Ei Senhor “Vai se ferrar!”, por que você está dessa forma tão vergonhosa? — perguntou a voz feminina, cutucando o meu ombro. — Pensa que venceu algo, por acaso do destino?
Crack!
Achava que havia escutado uma parte da minha mente rachar naquele momento. E, provavelmente, tivesse rachado.
Não aguentava mais!
— Eu desisto — disse, abaixando minha espada. Meus olhos de peixe morto só deixavam claro a minha intenção. — Não quero mais lutar contra você.
Esse não era o motivo todo, mas um dos maiores. Precisava de Scarlett aqui, e se ela não estava, não havia motivo para continuar o alvoroço.
Além dessa menina ser muito chata! Quem diria que eu fosse ter tanto ódio de uma guria assim?
— Ah… Sério? Não continuaria lutando nem se eu te desse esse buquê lindo de rosas? — respondeu, buscando várias flores de suas costas.
— O que?
Antes mesmo que pudesse tocar no buquê, Karolina ativou um botão que ficava em seu suporte, jogando tinta em minha cara.
O líquido se espalhou muito rápido, se misturando com o sangue que já estava em meu corpo.
Era muita tinta! Atrapalhou minha visão e respiração ao mesmo tempo.
Me contorcia de agonia, tentando limpar-me o mais depressa possível. Se aquilo atrapalhasse a respiração por debaixo da máscara seria muito ruim!
— Hehe!
Uma rasteira foi seu próximo passo. Algo simples, mas impossível de desviar naquele meu estado.
Caí ao chão em segundos, a espada se desfazendo no ar.
— Merda! — gritei, tentando limpar a tinta com minha mão. Parecia que quanto mais mexia, mais se espalhava.
— Como é sentir o gosto do desespero, herói?
Herói?
Como ela sabia disso?
Não consegui responder, apenas travei em choque.
Sentia apenas sua mão se aproximando cada vez mais. Mesmo sem minha visão, meus outros sentidos funcionavam muito bem.
Os próximos segundos foram claros: a máscara foi retirada de meu rosto, expondo-o para o ar terreno.
Karolina apenas me olhava com um olhar de superioridade, demonstrando que ela era a verdadeira vencedora disso tudo.
Ela era um monstro!
Eram apenas algumas palavras e poderia vencer… mas era necessário? A humilhação era gigantesca, mas não saberia decidir se a vitória acarretaria em algo muito grandioso no futuro.
Agora, sem a máscara, me sentia muito mal. Meu ouvido zumbia e estava tonto, sem entender o que estava acontecendo de verdade.
— Eu vou te fazer entender o que é o desespero.
Levantou seu dedo ao céu, e seus lábios apenas pronunciaram uma única palavra no mudo.
“Supernova”.
Não enxergava mais tanta coisa, apenas o grande clarão roxo se abriu dentro da arena.
O que era aquilo?
Tremia.
Poderia vencer, mas não queria. Era claro que venceria.
Eu tinha de vencer.
Uma criançona interior me falava isso, mas minhas morais eram mais fortes.
Abaixei minha cabeça, tentando evitar olhar muito para o corpo brilhante que foi invocado nos céus.
Estava preparado para tomar o ataque.
Fique naquele estado, esperando por diversos segundos. Ela parecia querer levar as coisas de forma lenta, então, não havia problema em esperar.
Mas, quando os segundos se tornaram minutos, eu olhei para cima.
— Ahn?
Karolina havia desaparecido.
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