Após a reconciliação, os conflitos deram lugar a um clima leve e animado. Estavam finalmente em casa, um momento raro que parecia ainda mais precioso. Aspen e Lunna cercaram Hazan com perguntas e histórias, criando um caos delicioso de vozes.

    Entre risos e exageros, Lunna transformou os feitos de Hazan e Aurora em uma verdadeira saga épica, adicionando detalhes absurdos como “cortes de espada que cortavam até o minério mais resistente” e “golpes que fizeram as paredes tremerem”.

    Aspen, por sua vez, roubou a cena com suas imitações hilárias dos inimigos. Fazendo caretas exageradas e colocando um tom dramático na voz, ele repetiu — e inventou — falas de Edgard, transformando o temível vilão em um personagem ridiculamente assustador e engraçado.

    Cassandra, sentada em um canto, observava a cena com o olhar de uma mãe que, mesmo sem querer, carregava as dores de seus filhos no peito. Mas, por um breve momento, a expressão suavizou, e um sorriso discreto surgiu ao ver as crianças rindo. Por um instante, a miséria e os perigos do mundo lá fora não podiam alcançá-los.

    Ao final da noite, Hazan arrumou uma cama no chão ao lado da cama de Aspen, que dormia na parte de baixo do beliche.

    Lunna estava tão cansada que já roncava baixinho, e assim que apagaram o lampião, o quarto inteiro foi tomado pela escuridão e silêncio. Apenas o breve brilho esbranquiçado da lua passava pela janela.

    Apesar disso, Aspen continuava acordado.

    — Hazan?

    O pardo respirou fundo, abrindo os olhos lentamente. Estava deitado com um braço apoiado atrás da cabeça e a outra mão descansando no estômago, o olhar fixo no teto escuro.

    — Ainda acordado, Aspen? — A voz rouca carregava um cansaço, mas também certa curiosidade.

    Aspen hesitou, apertando o cobertor entre os dedos. Havia um nó na garganta que parecia crescer cada vez que tentava falar.

    — Tem uma coisa que… eu venho pensando há um tempo. Algo que não consigo tirar da cabeça.

    Hazan virou ligeiramente o rosto, lançando-lhe um olhar preguiçoso.

    — Então fala logo.

    Aspen respirou fundo, mas as palavras saíram trêmulas, quase um sussurro.

    — Você… você matou o Edgard?

    Por um momento, o silêncio preencheu o quarto. Hazan não moveu um músculo, e o peso da pergunta pairou no ar.

    — E isso é importante pra você? — retrucou, a voz baixa, quase sem emoção.

    — É. Muito.

    Hazan fechou os olhos, e respondeu sem pestanejar.

    — Sim. Eu o matei.

    Aspen engoliu em seco. O silêncio voltou, mas dessa vez não era confortável. Hazan quebrou a tensão com a mesma calma cortante.

    — Isso te incomoda?

    Aspen sentou-se na cama, o peito pesado. O olhar queimava ao encontrar o de Hazan.

    — Você foi obrigado a tomar essa decisão porque… porque eu não era capaz de me proteger, nem a Lunna. Eu não sou um lutador igual você. Eu… eu não sou forte. — A voz dele vacilou, como se fosse difícil engolir essas palavras. — Queria ser forte. Queria ter coragem. Queria ser um lutador, como você.

    Um sorriso irônico se formou nos lábios de Hazan, mas não foi um sorriso de deboche. Era algo mais… observador, quase como se ele já soubesse o que Aspen estava tentando dizer antes mesmo que ele falasse.

    — Então é melhor começar a treinar. — A voz de Hazan tinha um tom de desafio, mas não de desprezo.

    Uma risada amarga escapou dos lábios de Aspen.

    — Treinar? Tá brincando? Olha pra mim, Hazan. Eu sou só um bastardo. Minha constituição já é um lixo, nasci pra ser fraco. O orfanato não tem recursos nem pra uma refeição decente, quem dirá pra eu virar um lutador. Se eu fosse um nobre… ou pelo menos um cidadão comum… aí, talvez… talvez eu tivesse uma chance.

    O sorriso desapareceu, e Hazan se levantou parcialmente, apoiando o cotovelo na cama para encará-lo com firmeza.

    — Só ouço desculpas. — A voz agora tinha um tom frio, direto, quase cruel. — Alguém preguiçoso, que não quer se esforçar. Está se lamentando porque sua vida é mais difícil que a de outras pessoas, e isso te conforta, pois você tem justificativas pra não tentar.

    Aspen se levantou de repente, o rosto vermelho, a voz trêmula de indignação.

    — Você não sabe nada!

    Hazan virou-se de lado, ignorando Aspen. — Pois é, quem sabe é você.

    O elfo deitou a cabeça no travesseiro, as palavras do lutador reverberando em sua mente, verdades incômodas que eram difíceis de aceitar. Seria possível para um elfo, fraco de natureza, que nunca praticou exercício físico na vida, se tornar forte? 

    Alguém forte como ele jamais entenderia o que é nascer fraco. E muito menos sobre o sentimento de não poder proteger aqueles que amamos…

    O silêncio de Hazan não era indiferença. Era um espelho.

    E Aspen não sabia se estava pronto para encarar o que via refletido.


    As luzes bruxuleantes dos postes oscilavam nos becos estreitos dos subúrbios, jogando sombras em paredes cobertas de musgo. Hazan e Aurora caminhavam lado a lado naquela noite, o cheiro de fuligem e lixo impregnavam o ar. Estavam no desolado bairro mais pobre de Ariasken. Ruas se estendiam, vazias e silenciosas, onde apenas a miséria habitava. Era um lado de Ariasken que Hazan não esperava conhecer.

    Não havia casas grandiosas, estabelecimentos incríveis e nem construções imponentes; apenas casas simples, esbalecimentos abandonados, e frágeis estruturas de madeira que podiam desmoronar a qualquer momento. As ruas se assemelhavam a um campo de batalha antigo, repletas de buracos profundos e lixo esquecido.

    Não conseguiu dormir naquela noite. Seu corpo estava transbordando de energia, por isso decidiu sair para correr no véu escuro da madrugada. Mas mesmo na solidão das ruas desoladas, não encontrou paz.

    Em meio à sua corrida solitária, foi surpreendido por Aurora, cuja presença não trouxe nenhum alívio.

    Aurora parou subitamente, encostando-se numa parede rachada. Cruzou os braços e encarou Hazan.

    — Lembra do que eu disse no calabouço? Estamos presos sob o contrato de Algêros, o Deus do Cárcere.

    Hazan suspirou, enfiando as mãos nos bolsos da calça jeans. Aurora não era alguém em quem podia confiar de forma cega, é por isso que estava cauteloso.

    — Beleza, e como isso aconteceu?

    Sem responder, ela se aproximou. Com um movimento rápido, levantou os cabelos branco do pescoço e apontou. O dedo indicador tocou a pele pálida, e, igual tinta escorrendo, um símbolo negro se formou, linhas finas que desenharam correntes cobertas de espinhos envolta de todo o pescoço.

    — Tá vendo isso? — disse, como quem expõe uma prova condenatória.

    Hazan se inclinou ligeiramente para olhar.

    — Tatuagens não combinam com você. — Seu tom era zombeteiro.

    Sem humor, Aurora se aproximou mais.

    — Quieto. Agora é a sua vez.

    Antes que Hazan pudesse recuar, ela tocou o pescoço dele. Uma sensação de formigamento subiu pela pele. Ele instintivamente deu um passo atrás, erguendo uma mão ao pescoço.

    — O quê…?! — Ele parou ao sentir as linhas surgindo.

    — Olha você mesmo. — Aurora gesticulou para uma janela de vidro quebrada de um restaurante próximo. Hazan se aproximou e viu o mesmo símbolo em volta de seu pescoço, e as correntes não paravam de fluir e pulsar.

    — Tá brincando comigo, né? — Ele virou o rosto para encará-la. — Como fez isso?

    Aurora apontou para a própria maldição com o polegar. — Isso reage com Mana. Qualquer um que saiba o básico de magia pode ver isso. E qualquer um com cérebro sabe o que significa: escravos. Agora, estamos marcados, igual gado.

    O olhar de Hazan endureceu.

    — Quem colocou isso na gente? E o quais as consequências?

    Aurora suspirou, desviando o olhar para o horizonte distante, onde as luzes do centro da cidade brilhavam lá embaixo, um contraste com o ambiente que estava agora.

    — William é um traficante de escravos. Com seus recursos, pode ter contratado um grupo especializado em maldições. Faz sentido. Não queria que “os produtos” fugissem. — A última palavra saiu carregada de desprezo.

    Hazan se encostou na parede oposta, esfregando o pescoço com uma expressão amarga, sentindo as marcas desaparecerem. — Certo. Isso explica a origem, mas e as consequências?

    Aurora deu de ombros, indiferente.

    — Isso é o que precisamos descobrir. — Ela o encarou com olhos frios. — Antes de qualquer coisa, precisamos conversar sobre essa sua bondade inconsequente.

    — Vamos direto ao ponto — respondeu Hazan, mantendo sua postura tranquila.

    — Se vamos unir forças, não podemos parar e ajudar cada pessoa que cruza nosso caminho. Espero que essa situação com Aspen e Lunna seja a última vez — Aurora arqueou as sobrancelhas, fixando seu olhar frio em Hazan.

    — Acredita mesmo que eu desperdiçaria meu tempo ajudando estranhos? Ajudei aqueles irmãos porque me deu vontade. Não tenho o luxo de me preocupar com os problemas dos outros. Era essa a resposta que esperava? — retrucou Hazan, com uma pontada de sarcasmo.

    Aurora virou-se de costas, ignorando a resposta de Hazan. — Venha comigo.

    Continuaram caminhando em silêncio pelas ruas daquele pobre lugar. À medida que avançava, Hazan se convenceu de que trazer Aspen e Lunna para casa tinha sido uma ótima ideia.

    Bêbados cambaleantes escapavam de tavernas, moradores de rua faziam das calçadas a sua cama, e pessoas encapuzadas aguardavam nas sombras dos postes e dos becos.

    Foi então que, sem aviso, Aurora dobrou em um longo beco estreito, e Hazan a seguiu. Ali, no final da penumbra, avistaram três homens avançando em direção a uma figura solitária, alguém que Hazan conhecia muito bem: Alice.

    Os homens trajavam coletes de couro gastos, e facas pendiam em suas cinturas. No meio, destacava-se um homem de porte físico maior, sua barba espessa e cabeça raspada denotando autoridade entre seus comparsas.

    — Alice! O que acha de dizer ao seu pai para pagar nos pagar o que deve, hein? — Deu uma boa olhada na garota. — Ei, essa bolsa de couro na sua mão…? Não pode ser, hehe, você estava apostando!? Impressionante, o alcance da confraria não para de aumentar! 

    — Nós tínhamos um acordo, v-você disse que meu pai poderia pagar em um mês, Jafar!

    — Isso foi até descobrir que aquele idiota está abrigando escravos dentro de sua casa por pura caridade. Ele tem dinheiro para gastar com estranhos, mas não pode me pagar? Acha que eu sou algum tipo de idiota, mulher? — O homem continuou se aproximando.

    Alice reagiu primeiro, correndo na direção de Jafar e dando um soco em seu rosto. Jafar virou o rosto, o sangue escorrendo do canto da boca, e reagiu na mesma hora, segurando o pulso de Alice e deixando o punho pesado cair sobre o rosto.

    — Sua vadia!

    Alice cambaleou, e caída no chão, se viu encurralada pela sombra dos três homens. — Eu só queria te intimidar, mas você realmente pensou que podia fazer algo contra mim!? Aquele desgraçado do seu pai não lhe ensinou bons modos!

    Hazan deu alguns passos a frente, quando Aurora apontou uma adaga na sua direção.

    — Qual é o seu problema com a minha garganta? — O rapaz não tirava os olhos de Alice.

    — Ora, ora… Parece que alguém se importa afinal com os problemas alheios — Aurora debochou.

    — E daí!? Me trouxe até aqui só pra me fazer assistir uma garota ser violentada!?

    — Seu tolo! Abra seus malditos olhos! Cenas como essa são rotineiras nesta cidade. Crianças famintas, moradores de rua explorados e assassinados, injustiças brotando em cada esquina. Ajudar a todos? Impossível. Precisa aprender a priorizar! Se for obrigado a escolher entre resolver seus próprios dilemas e ajudar um desconhecido, qual será sua escolha?

    Hazan tentou dar um passo à frente, mas a adaga pressionou sua garganta, o sangue quente escorrendo.

    — Se decidir ajudar essa garota, exijo seu compromisso em socorrer qualquer pessoa em perigo! Ficar restrito a quem lhe convém é puro egoísmo, e se tem algo que eu odeio profundamente, é a hipocrisia!

    Alice continuou sua luta, mordendo o pulso de Jafar. Irritado, Jafar socou de novo seu rosto, deixando-a desnorteada, um inchaço aumentando em sua bochecha.

    O agressor começou a despir as roupas da jovem.

    Hazan cerrou os dentes, virando o rosto e ignorando a situação.

    — Sendo sincero, nunca gostei desse seu jeitinho orgulhoso, nem nobre você é! Acha que é melhor do que nós, hein? — provocou Jafar, um sorriso largo e maldoso.

    Tirou por completo o cinto de couro ao redor da cintura, e começou a puxar o vestido branco para cima.

    — P-para, por favor… 

    — Vou parar quando eu estiver satisfeit-

    Bam! Crack!

    Impulsionado por um chute frontal, a cabeça de Jafar afundou na parede de pedra. Seu corpo ficou de joelhos no mesmo instante.

    Os homens ergueram as sobrancelhas de surpresa, mas foi tarde demais.

    — Q-que merd-

    Bam!

    Os capangas sequer tiveram tempo de reação, pois um chute horizontal acertou o queixo dos dois formando um arco preciso. 

    Em poucos segundos, um homem teve sua cabeça afundada numa parede de pedra, e outros dois estavam desacordados no chão.

    — Fez a sua escolha? — resmungou Aurora, de braços cruzados. 

    — Eu escolhi o meu próprio caminho — declarou Hazan, lançando um olhar firme por cima dos ombros. — Salvei essa garota porque quis, e, se algum dia ajudar alguém de novo, será pelo mesmo motivo. E sabe o que é mais irônico? O fato de você odiar hipocrisia.

    — Irônico? — Aurora ergueu uma sobrancelha.

    — Duas vezes. Salvou a minha vida duas vezes, e em uma delas você arriscou sua própria vida.

    — Não diga besteiras — Aurora retrucou, expressando desprezo.

    Hazan apontou para o ombro de Aurora. Havia sobras de faixas que estavam escondidas pelas ombreiras pretas.

    — Aquelas portas cederam segundos depois que me ajudou. É engraçado, minha morte te pouparia de muitos problemas, não lembra? É claro que não, porque ninguém salva os outros pensando nesse tipo de coisa! 

    Os olhos da polariana tremeram, e ela descruzou os braços, apontando na direção do rapaz com uma expressão de desgosto. — Tsc, atualmente, você é mais útil vivo do que morto!

    — Não disse que odiava hipocrisia? — retrucou com a resposta na ponta da língua.

    Dando de ombros para Aurora, Hazan se agachou, fitando Alice. Ela estava soluçando baixinho, escondendo os seios com o antebraço. Pegou o cinto de couro que estava jogado no chão e estendeu para ela.

    — Obrigada… hic! — Ela não parava de soluçar.

    — Seu pai sabe que está aqui? 

    — Na-não… Não sabe. Eu estava apostando, queria ganhar um pouco de dinheiro para a nossa pousada…

    A casa sempre ganha — Aurora repreendeu, se aproximando. — A “Confraria da Sorte” não é uma casa de apostas qualquer. Os homens que te abordaram trabalham para essa organização, oferecendo empréstimos com juros baixos aos clientes que já não tem nada a perder e os ameaçando depois. Sabe o que eles fazem com essas pessoas? — Estreitou os olhos. — As transformam em escravos e vendem para traficantes.

    Alice franziu os lábios, abaixando a cabeça.

    — Ei, você não tá ajudando! — Hazan confrontou.

    — Eu disse a verdade, essa garota foi ingênua — Aurora retrucou.

    — Ei, escuta aqui… — Hazan apontou o indicador na direção da polariana, e outra discussão estava prestes a iniciar.

    Foi quando a atenção de Aurora foi atraída para as ruas. Hazan notou o estranho foco da polariana, e seguiu o seu olhar. Na entrada do beco, uma figura que quase não tinha presença surgiu como um fantasma.

    Usava um terno branco, manchado de sangue, portando uma cartola. No lugar de seu rosto, estava uma máscara, divida entre preto e branco, um sorriso e uma feição triste. 

    Aurora ajeitou a postura, sacando suas adagas. — Esse cara é perigoso.

    Hazan, inicialmente confuso, se colocou na frente da garota indefesa, enquanto todos observavam o semblante imóvel da figura misteriosa.

    O beco estava imerso em uma penumbra inquietante, um silêncio denso pairando no ar enquanto Hazan e Aurora esperavam qualquer movimento suspeito. 

    O homem de terno ergueu uma mão, e com um movimento quase desleixado, como quem conduz uma ópera, conjurou três círculos mágicos alaranjados. 

    Flechas de fogo voaram na direção do grupo. Hazan envolveu Alice em um abraço protetor.

    Com um gesto decidido, a palma da mão batendo contra o solo, uma barreira cristalina se ergueu com um brilho gélido. 

    As flechas de fogo disparadas contra ela se despedaçaram em chamas dispersas ao colidirem com a superfície gelada. O impacto foi alto.

    Ele fez três conjurações de uma vez. Seu núcleo deve estar na mente. Se eu ao menos tivesse Mana suficiente…

    Antes que pudesse recuperar o fôlego, a muralha de gelo começou a se desfazer, rachaduras se espalhando como veias pela superfície.

    O custo foi evidente no rosto pálido de Aurora, que lutava para se manter de pé, a respiração pesada pela Mana gasta.

    Hazan se desvencilhou de Alice, encarando-a nos olhos. — Preciso resolver isso. Você vai ficar bem?

    Alice acenou, embora a tensão fosse evidente em sua expressão, ela pareceu se acalmar. Algo na postura de Hazan, firme e determinado, transmitia uma estranha segurança.

    — Eu posso cuidar dele sozinha — Aurora disse, a voz firme, mas a exaustão era clara em cada palavra. — Proteja a garota.

    — Não — Hazan respondeu, sem desviar o olhar do homem de terno branco. — Esse cara é perigoso. Precisamos lutar juntos. E eu já tava querendo me movimentar.

    A figura riu, um som baixo e melódico que parecia mais um aviso do que uma expressão de alegria. — Que tocante! Mas temo que não tenham muito tempo para discutir estratégias.

    Antes que Hazan e Aurora pudessem reagir, a figura se moveu, rápido como um relâmpago. Ele lançou-se em direção a eles, os pés mal tocando o chão enquanto desferia um chute poderoso em Hazan, que bloqueou o golpe com o braço, sentindo a força vibrar por todo o corpo. 

    Aurora aproveitou o momento para atacar com suas adagas, mas ele esquivou-se com uma flexibilidade impressionante, contra-atacando com um chute que atingiu o estômago da polariana.

    Os dois se afastaram, ofegantes, enquanto o homem exibia uma postura relaxada. — Oh, não…! Não me diga que já acabaram? Nós acabamos de começar…

    Estava claro nas expressões daqueles dois que odiavam perder. A luta se intensificou.

    As adagas de Aurora cortavam o ar em arcos e perfurações precisas, enquanto Hazan usava seus punhos e pernas em golpes rápidos, tentando sobrepujar o inimigo. 

    Mas sempre que agiam juntos, o homem usava de uma abertura entre seus golpes para atrapalhar os dois, se divertindo em maio aos ataques daquela dupla desordenada.

    Hazan viu uma oportunidade e avançou, a perna subindo em um chute alto que visava a cabeça de seu oponente.

    Ao mesmo tempo, Aurora se moveu pela lateral, a adaga pronta para perfurar. 

    — Opa! — disse o mascarado após se abaixar, evitando o chute de Hazan.

    O golpe atingiu o braço de Aurora, e sua adaga voou para longe, tilintando no chão.

    Com seus reflexos a flor da pele, eles viram o lado esquerdo da máscara se alargar em um grande sorriso. O flanco de Hazan estava exposto após o último ataque, e Aurora ainda sofria por receber um chute direto de Hazan.

    A mão direita exibiu um brilho alaranjado, preparando-se para uma conjuração devastadora.

    KABOOM!

    Muito sangue se espalhou pelo ar.

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