A porta do banheiro rangeu baixinho quando Hazan saiu, secando os cabelos úmidos com uma toalha. Os pés descalços tocaram o chão de madeira.

    Tinha passado mais de uma hora no maldito banheiro, limpando as gosmas dos glutões. Atrás das orelhas, debaixo das unhas, entre os fios de cabelo… Ainda sentia o cheiro azedo grudado nas narinas, mesmo depois de esfregar tanto a pele que deixara marcas avermelhadas nos braços.

    As roupas imundas estavam largadas num canto, jogadas como inimigos derrotados.

    Se eu quiser usar essas roupas amanhã, precisaria limpar elas agora…

    — Tsc.

    Desviou o rosto, ignorando a preocupação. Lidaria com todos os seus problemas amanhã, pois agora era o momento que mais esperava ao longo do dia: o descanso.

    O corpo inteiro gritava. Cada músculo parecia implorar por descanso, mas ele já estava acostumado a ignorar súplicas do próprio corpo. A trilha até o Antigo Templo de Unitas tinha sido um inferno… e eliminar aqueles malditos Glutões não ajudou em nada. Sabia que a volta seria ruim. Só não esperava que fosse pior do que a ida.

    De pequenas fraturas invisíveis que se somavam uma à outra, das noites mal dormidas, das manhãs cedo demais, dos treinos intensos. Apesar de estar treinando constantemente, não sentia qualquer melhora significativa. Era diferente da sensação de quando recuperava uma parte de suas memórias, onde o conhecimento, a técnica e a experiência vinham de uma vez só. Isso era irritante.

    Todos os dias, acordava antes do nascer do sol para treinar sozinho, começando com uma corrida e terminando com a repetição de sequências variadas das técnicas que lembrava. Depois disso, começava tarefas que não exigiam título ou fama, apenas alguém com músculos suficientes e disposição de sobra. À noite, ainda servia na cozinha de Randolf.

    A visão pousou na cama que dividia com Aurora. Vazia. Nenhum sinal dela. Com um suspiro, Hazan caminhou até a janela e verificou se estava destrancada. Estava. Ainda bem. Já aprendera da pior forma.

    Certa vez, no meio da madrugada, ela arranhou o vidro do lado de fora — igual a um gato de rua exigindo abrigo. Hazan apenas abriu a janela sem dizer uma palavra.

    — Da próxima vez, deixe essa maldita janela destrancada — ela resmungou, escalando para dentro como se fosse a coisa mais normal do mundo.

    Aquilo bastou. Nunca explicou onde esteve, e ele nunca perguntou. Às vezes voltava manchada de sangue, outras coberta de terra e fuligem, como se tivesse saído de um enterro… ou provocado um.

    Hazan só se certificava de manter a janela aberta desde então. Era mais fácil do que lidar com a reclamação e ser acordado no meio da noite.

    Espero que aquela desgraçada não morra num beco aleatório por aí.

    Ele passou a toalha nos cabelos de qualquer jeito, deixando-a cair no chão em seguida. As pernas pareceram travar por um segundo, como se o corpo soubesse que o fim do dia finalmente chegara. Arrastou-se até o colchão, afundando nele como se estivesse voltando pra casa depois de uma guerra.

    Essa cama… Por que parece que ela está mais macia que o normal?

    Nenhuma cerimônia. Nenhum pensamento elaborado.

    Deitou-se de lado, as costas ainda úmidas colando levemente nos lençóis.

    O mundo apagou antes mesmo que pudesse se entregar a qualquer pensamento.

    Dormiu com o peso da exaustão colado na alma.


    Não conseguia distinguir se o que acontecia era real. Na verdade… sequer sabia se queria entender.

    Simplesmente era assim. 

    O ar frio escapava da boca em neblinas esparsas. Cada passo parecia ser o último: sempre pesado e doloroso. 

    O corpo gritava, mas o silêncio era sua resposta. Parar?

    Isso era um luxo. Um que não podia pagar.

    Ao redor, tudo era borrão: neons misturados refletindo no asfalto molhado. Vermelhos. Verdes. Amarelos sujos, piscando sem compaixão.

    Letreiros em idiomas misturados tremulavam nas marquises. Um gato cruzou um beco estreito. O ar cheirava a terra molhada depois da chuva.

    As ruas estavam vazias, mas jamais calmas. Nos becos, sons abafados: música eletrônica distante, alguém tossindo atrás da porta de uma boate, uma discussão acalorada de bêbados na esquina.

    E, lá longe, o uivo agudo de uma sirene da polícia.

    As mãos seguravam firme as pernas dela, jogadas sobre os ombros. Rafaela estava desacordada. 

    Frágil como nunca permitia ser. O rosto escondido em seu ombro. O cabelo cheirava a suor e sangue seco.

    Dava para ouvir a respiração fraca, quase um sopro, quase um adeus.

    — Tia… fica comigo, por favor…

    As palavras saíram entrecortadas. Tropeçou, mas não caiu. Continuou. 

    Sempre em frente.

    Os pés batiam contra o chão rachado. As ruelas estreitas se dobravam sobre si mesmas. Carros abandonados pelas ruas, caminhões enferrujados, fios elétricos soltos. 

    Nem sempre aquele bairro foi assim.

    As luzes vibrantes das casas de massagem, os letreiros piscando das bancas de apostas, os anúncios agressivos de empréstimo fácil, tudo isso, um dia, não passava de vitrines tranquilas. Lojas de conveniência. Alfaiatarias. Padarias com cheiro de pão quente pela manhã.

    Mas aquele tempo parecia tão distante que começava a duvidar se tinha existido mesmo, ou se era apenas mais uma memória romantizada do que nunca foi.

    A rua apodreceu aos poucos, como ele próprio. Primeiro vieram as rachaduras. Depois, o mofo nas paredes. E então, o abandono.

    Quando foi que tudo começou a desmoronar?

    Queria entender. Queria mapear o instante exato em que tudo começou a ruir. Mas, novamente, não tinha esse luxo.

    Sabia que as consequências viriam — claro que sabia. Mas nunca esperava que outra pessoa pagasse em seu lugar. Cego demais, obcecado demais, preso demais numa prisão que ele mesmo tinha se colocado.

    E se não estivesse correndo por Rafaela? E se fosse o medo? Medo de perder de novo.

    Como naquela vez.

    Naquela maldita vez em que desdenhou da pessoa que mais amava…

    E do presente mais precioso de sua vida.

    Na época, não percebeu o erro que tinha cometido.

    E no último momento… quando ela disse “eu te amo”, já com a voz embargada…

    Ele não respondeu. Nunca devolveu aquelas palavras.

    Ele não respondeu.

    Nunca devolveu aquelas palavras. Nunca teve a chance de dizê-las de volta.

    É assim que o arrependimento se instala. 

    Ele aparece quando já é tarde demais, quando tudo o que você mais quer é um caminho de volta, só para consertar aquele único erro.

    Só uma chance.

    Mas quando a pessoa que mais importava já se foi… O que resta?

    Pedir perdão ao vazio? Fingir que esqueceu? Isso é possível?

    Alguns dizem que a redenção está em ser melhor com os próximos. Mas, no fundo…

    Nada disso cura.

    Nada disso devolve o que foi perdido.

    Porque não importa o quanto você melhore, nem quantas vidas toque…

    Aquela pessoa — aquela que viu o pior de você, que partiu levando consigo a sua pior versão — ela nunca verá quem você se tornou.

    E isso… Isso corrói.

    Por isso lutou. Lutou como forma de penitência.

    Como um grito desesperado tentando alcançar o passado.

    Lutou porque era a única coisa que sabia fazer, e talvez a única coisa que restava.

    Mas se soubesse que isso poderia custar a vida da segunda pessoa que mais amou…

    Talvez não tivesse seguido esse caminho.

    Mesmo que fosse contra tudo o que acreditava.

    Porque, no final das contas, não há vitória que compense perder outra vez.

    Rafaela sempre esteve lá. Sempre acreditou. Queria que ela o visse no topo.

    Mas no caminho, ignorou a coisa mais importante que ela queria ensinar.

    Isso foi um erro.
      Isso foi um erro.
        ISSO FOI UM ERRO!

    Mas não importava mais. Ela importava agora.

    As pernas quase se dobraram de novo, mas resistiu. Atravessou mais uma rua, cortou o meio de uma avenida deserta.

    Os painéis luminosos dos prédios refletiam nas poças d’água. 

    E então, viu.

    O letreiro iluminado em azul-claro. Um hospital público, velho, com grades nas janelas e um letreiro com símbolos que jamais conseguira ler direito, mas conhecia de cor.

    E, em algum lugar dentro do peito, o apito agudo de um monitor cardíaco ressoava.

    Vai ficar tudo bem… Só mais alguns passos, e chegamos lá…

    Mas o alívio foi breve.

    A sola dos pés afundou. O chão dissolveu-se como papel encharcado. E no lugar do asfalto, surgiu um campo de lâminas.

    Facas de cozinha, cutelos, lâminas finas e longas como agulhas de costura, todas apontadas para cima, afiadas, brilhando sob a luz turva da cidade.

    O primeiro passo rasgou a sola do pé esquerdo. O segundo arrancou um pedaço do calcanhar. Cada lâmina parecia escolhida a dedo para perfurar, cortar e lembrar: “Você não vai sair daqui ileso.”

    O corpo nas costas ficou mais pesado. 

    Merda… Por que minha tia está tão pesada? Parece que… estou carregando uma rocha! Eu preciso continuar!

    — Se eu estou tão pesada, é melhor me soltar. — A voz surgiu do ombro, seca e baixa.

    Hazan ignorou.

    — Eu disse pra soltar, garoto. — Mais firme agora.

    Ele apertou as mãos nas pernas dela e deu outro passo. Sangue espirrou nas lâminas.

    — Você não vai conseguir, Hazan… Me deixe para trás e vá viver sua vida. Você precisa ser livre.

    Os músculos gritaram.

    — Você acha que está fazendo isso por mim? — A pergunta veio carregada de veneno. — Isso é sobre você. Sempre foi. 

    Os olhos fixaram o letreiro adiante. A luz azul ainda estava lá. Ele cambaleou, mas continuou.

    — Eu não vou te soltar. — As palavras saíram roucas, firmes. — Como eu poderia, depois de tudo que fez por mim? Somos família, lembra!?

    — Então vai me matar também.

    — Eu vou te salvar! Tenho certeza que aquele hospital pode cuidar de você! 

    — E o que vai fazer com as nossas dívidas? Como vai pagá-las? Acha que vai conseguir tanto dinheiro se mantendo honesto? Você sabe que não vai ser assim, Hazan…

    — Eu vou dar um jeito!

    A cada passo, o corpo dela ficava mais pesado. Como se Rafaela estivesse se tornando parte do próprio fardo.

    — Você vai me matar do mesmo jeito que matou sua mãe.

    Ele parou.

    O corpo congelou, mas não de frio. De dentro pra fora, uma rigidez tomou conta do peito, como se os ossos não suportassem mais sustentar o próprio nome.

    E então vieram os sons.

    Bip… bip… bip…

    Não havia nenhum monitor ali. Nenhum quarto de hospital. E ainda assim, o som existia.

    Os apitos aumentaram.

    Mais agudos. Mais frequentes.

    BIP. BIP. BIP.

    As palavras dela ecoaram. Rafaela? Aquilo era mesmo algo que ela diria? 

    As imagens vieram.

    Rostos borrados. Um corredor. Um chão vermelho. Uma criança chorando diante de um corpo imóvel.

    BIPBIPBIPBIPBIP—

    As mãos tremiam. Os olhos arregalados, como se tentassem resistir à verdade que o subconsciente gritava.

    Uma batida. Depois outra. E mais uma. Os bips seguiam como socos dentro da cabeça.

    BIP—BIP—BIPBIPBIPBIP—

    O som começou a se esticar. A ficar mais fino. A se distorcer.

    Até se tornar uma linha reta. Fria. Ininterrupta.

    BIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII—

    Abriu os olhos, ofegante e assustado. A primeira sensação veio nos ombros.

    Um peso.

    Eu tava sonhando…?

    Seus pés estavam firmes num chão invisível, e seus braços flexionados acima da cabeça na esperança de aguentar a pressão. 

    Ao olhar para cima, viu uma imensa estrutura negra, um bloco colossal, maior que qualquer coisa que conhecesse — suspenso por correntes que vinham do nada. O bloco, porém, descia lentamente… até repousar sobre a palma de suas mãos.

    A pressão se tornou ainda maior, e suas mãos recuaram, ficando no mesmo nível dos ombros.

    Não consigo enxergar muito bem… Onde eu tô?

    A pele ardeu. Os músculos tremeram. A pressão era tão absurda que parecia querer desintegrar seus ossos.

    Isso dói pra caralho… Tenho certeza que fui dormir logo depois que voltei do antigo templo. Se isso não é um sonho maluco, pode ser coisa daquele maldito sistema. 

    Uma voz ecoou como se fosse parte dos seus próprios pensamentos.

    — Esse é o peso de tudo que você carrega. Seus desejos, seus lamentos, suas dúvidas… condensados em um fardo. Um reflexo do que você mesmo esconde de si.

    A mente de Hazan se acendeu em alerta. O corpo já doía, e agora a cabeça também latejava. Sentia-se exausto, embora tivesse acabado de “acordar”.

    — Por que não para de falar baboseiras e aparece de uma vez?

    — Criança… Tantas noites em claro, tanto sangue e suor derramado… — A voz baixa e sedutora parecia se divertir com a confusão dele. — Estive presente nos piores momentos da sua vida. Como pôde se esquecer de mim?

    Então ela surgiu.

    Flutuava à frente de seus olhos, envolta em trevas que pareciam se mover com vontade própria. Uma figura feminina esculpida em sombra, os contornos delicados dos ombros, as curvas insinuantes da cintura, o cair lento dos cabelos como uma cascata de escuridão líquida.

    Não havia rosto, nem olhos. Apenas a impressão de beleza, um reflexo distante do que poderia ser uma mulher deslumbrante… se ao menos não estivesse escondida atrás de um véu de ausência.

    Era como encarar o vulto de um sonho prestes a se dissipar.

    — Dançastes comigo todas às vezes que desistia do descanso. E sempre que sentia não ser o suficiente, agarrava minha mão estendida como se sua vida dependesse disso.

    Ele rangeu os dentes. O suor escorria mesmo naquele ambiente frio. 

    — Você acha que eu sou algum tipo de brinquedo? — ele cuspiu as palavras entre dentes cerrados, a voz rouca e trêmula, tentando disfarçar a dor com um olhar que ainda se mantinha de pé. — Não sei quem eu sou, e nem o que perdi. Mas sei que não deveria estar aqui, e prometo que vou arrancar as respostas da boca de quem as tiver!

    A figura deslizou até ele com a leveza de uma sombra viva.

    — Se te referes a Ascend, você desejou isso para si — disse a voz, aveludada e cortante como uma lâmina em seda. — Mas saiba… há muitos que não veem sua chegada com bons olhos.

    Eu desejei…? Ela está dizendo que eu vim pra cá porque eu quis? Isso é loucura!

    — Se vai mentir pra mim, é melhor nem me responder — Os olhos, antes determinados, deixavam escapar um pouco de dúvida.

    — Hazinho, Hazinho, você é tão… curioso — sussurrou, com uma doçura sombria. — A maioria dos humanos foge de seus demônios internos. Você, não. 

    Por trás do véu, surgiu um sorriso torto demais para ser humano. Largo, persistente, e com um prazer que não combinava com o momento, expressando uma alegria doente.

    — E é por isso que me interessa tanto! Porque há algo em você… algo que me lembra os filhos da Falsa Justiça. O mesmo olhar. A mesma fome por respostas…

    Ela se inclinou, roçando os lábios no ouvido dele.

    — Mas você não é como eles. Não nasceu com talentos divinos. Você tem… algo melhor. Tem a mim!

    Foi então que a distorção ao redor se desfez, e o cenário ficou um pouco mais claro.

    Hazan estava ajoelhado sobre uma plataforma circular feita de espelhos rachados. Em cada fissura, reflexos quebrados de si mesmo — chorando, gritando, sangrando — apareciam como vultos nas bordas do olhar. 

    Duas árvores enormes cobriam o céu com longos galhos, onde folhas secas de carvalho caíam lentamente. A estrutura negra sobre suas costas não era feita de pedra… mas de pensamentos. Rostos. Vozes. Gritos de infância, lembranças de lutas perdidas, o som de máquinas hospitalares… Tudo isso vibrava na superfície escura do bloco.

    — Você ainda não tem o direito de saber o meu nome… Mas tenho certeza que o “Sistema” já lhe deu uma dica, não é?

    Ele não respondeu de imediato.

    Isso tudo está acontecendo no mesmo dia em aceitei aquela missão. Não pode ser só coincidência. Então essa sombra é a Arconte? Por que ela parece uma lunática esfomeada? O que ela quer de mim?

    Ela caminhou lentamente em círculos ao redor dele.

    — Vejo em você uma centelha. E se sobreviver aos trinta dias… contarei sobre sua vida. Sobre o motivo de estar neste mundo. E sobre o “Éter” que está fluindo pelas suas veias.

    As palavras pesaram mais que o bloco.

    Hazan ergueu os olhos para ela, os braços tremendo sob o peso do fardo.

    — Como você sabe de tudo isso?

    — Somos mais íntimos do que se lembra — respondeu ela. — Mas responder agora… roubaria o sabor do que está por vir.

    Nesse instante, as correntes afrouxaram. A estrutura afundou ainda mais, e ele cravou os dentes para não gritar.

    A dor era real. A pressão era real. O tempo, distorcido.

    Mas o coração — aquele coração cheio de culpa, de raiva, de amor e de saudade — ainda batia. Mais forte do que a dor. 

    E então ele olhou para ela, olhos semicerrados, suando e ofegante.

    — Trinta dias, não é? — murmurou, a voz rouca. — Isso aqui vai ser moleza. Senta aí e assiste.

    — Ah, meu pequeno tolo… Mal começou a carregar seu fardo e já me convida pra assistir sua queda? 

    Ela se aproximou, segurando o rosto dele com firmeza, como quem saboreira com os olhos.

    — Mesmo com medo, você se entrega… É isso que torna sua alma tão deliciosa.

    A última frase desvaneceu junto com a presença esquisita. As sombras foram sopradas por uma lufada fria, e o ser desapareceu.

    Mas o peso ficou.

    O espaço escureceu novamente, e Hazan permaneceu ali, sustentando um peso que tinha crescido demais para ser ignorado.

    Regras dos Comentários:

    • ‣ Seja respeitoso e gentil com os outros leitores.
    • ‣ Evite spoilers do capítulo ou da história.
    • ‣ Comentários ofensivos serão removidos.
    AVALIE ESTE CONTEÚDO
    Avaliação: 100% (5 votos)

    Nota