Capítulo 115: Grandes e Poderosos (3)

Era outro Dragão além de Raon.

Cale não queria conhecer outro Dragão.

Na maioria das novels de fantasia, os Dragões Antigos eram personagens que serviam como ajudantes que davam ao Protagonista uma chave para um ponto crítico da história. No entanto, os Dragões em O Nascimento de um Herói eram todos seres egoístas e arrogantes.

“A novel não dizia que todos os dragões aqui eram muito egoístas?”

Raon era uma exceção. Cale franziu a testa e começou a se preocupar.

{Sei que não há dragões tão grandiosos e poderosos quanto eu neste mundo, mas estou curioso! Todo mundo tem outros membros de sua raça, menos eu.}

Raon dizendo “menos eu” fez Cale estremecer.

{Bem, você também é único. Não há ninguém tão fraco quanto você. Tudo bem. Eu estarei com você!}

— Haaaaah.

Um suspiro profundo escapou da boca de Cale. Ele enxugou o rosto com as mãos enquanto continuava a pensar.

“Por que as coisas acabaram assim?”

Ele tinha feito tudo conforme o planejado, então por que todas essas outras coisas continuavam atrapalhando? Seria porque ele tinha um Dragão e o Protagonista, Choi Han, com ele?

A voz preocupada de Raon ecoou na cabeça de Cale.

{Humano, você está doente de novo?}

— Háááá.

Cale cobriu o rosto com as duas mãos enquanto perguntava à Chefe Elfa.

— Você pode nos dizer a localização?

— Oh sim!

A Chefe Canaria começou a sorrir com a pergunta de Cale. Ela parecia uma fã prestes a assistir ao encontro de suas duas celebridades favoritas.

Cale começou a se sentir desconfiado depois de abaixar a mão e ver o sorriso no rosto de Canaria.

— O Dragão tem uma boa personalidade?

— Não ouso falar sobre as personalidades de seres tão reverenciados. São todos seres grandiosos e poderosos.

Cale não deveria ter feito tal pergunta aos adoradores de dragões.

— É um dragão adulto?

— Ele é um Dragão-nim Ancião. Ele também é um Dragão sociável.

{Um Dragão Ancião!}

Raon acrescentou após ouvir Canaria dizer que o Dragão era um Dragão Ancião.¹ Por outro lado, a expressão de Cale não parecia muito boa.

“Um Dragão sociável ainda é um Dragão egoísta.”

Mas Cale ainda estava um pouco aliviado. As palavras da Chefe Canaria significavam que o Dragão de Ouro ao menos demonstraria alguma curiosidade por Raon.

{Eu provarei a grandeza de mim, Raon Miru!}

Cale conteve um suspiro ao ouvir a resposta de Raon. Será que um Dragão bobo como Raon conseguiria sobreviver diante de um Dragão Ancião? Ele estava, na verdade, um pouco preocupado.

Contudo, essa preocupação desapareceu rapidamente.

Foi por causa do que a Chefe Canaria disse em seguida.

— No entanto, estou preocupada porque, como um Dragão Ancião, o Dragão-nim está com problemas de saúde. Espero que ver outro Dragão-nim o deixe feliz e o ajude a recuperar um pouco de força.

Felizmente, aquele dragão estava fraco.

Isso diminuiu as preocupações de Cale, porque ele sentiu que eles seriam capazes de fugir, mesmo que Raon acabasse lutando com esse Dragão de Ouro.

“Podemos correr se todo o resto falhar.”

Raon não estaria em desvantagem se levasse Choi Han e os outros com eles. Cale se perguntou o que poderia fazer para conseguir reunir um grupo forte o suficiente para desprezar aquele Dragão Ancião. No entanto, Canaria começou a sorrir e a falar novamente.

— Acredito que seria uma bela visão quando os dois Dragões-nims se encontrassem.

“Bela?”

Cale estava preocupado com o derramamento de sangue. No entanto, uma preocupação ainda maior surgiu. O Cavaleiro Guardião fez um gesto com o olhar para a Chefe.

A expressão de Canaria endureceu um pouco ao ver o olhar dele. Ela então se virou para olhar para Cale.

— Jovem mestre-nim, seria possível…

Canaria palavras que deixaram Cale com um mau pressentimento. Cale pegou outro pedaço de pão e começou a comer novamente.

— Você poderia se encontrar com o espadachim?

“Seus malditos elfos.”

Cale deu outra mordida no pão e engoliu as coisas que queria dizer aos Elfos também.

Os elfos não lhe deram nada, mas continuaram a pedir coisas. Mesmo que Cale continuasse dizendo que não precisava de nada, não seria apropriado trazer algo quando se pede algo?

“Eles também eram assim na novel. Esta chefe deu trabalho para Choi Han.”

Cale achou que a Chefe era como um guaxinim. Ela não ofereceu nenhuma recompensa e disse que a ganância materialista era ruim, mas ainda assim pediu muita ajuda.

Naturalmente, Cale não tinha planos de ser enganado por Canaria.

Cale olhou para Canaria com uma expressão indiferente.

— Por que preciso conhecê-lo?

Canaria começou a falar cautelosamente ao ver a expressão indiferente de Cale e ouvir sua voz fria. Ela nunca havia sido tão cautelosa perto de um humano antes. No entanto, ele era alguém protegido por um Dragão. Aquele grande e poderoso Dragão provavelmente estava por perto, observando-os naquele momento.

— O espadachim não disse nada, por mais que o interrogássemos. Você mencionou que não sabe a identidade deles, mas achamos que poderia conseguir mais informações, já que já lidou com eles três vezes.

Canaria podia ver Cale mastigando o pão enquanto a observava. Este nobre que comia o pão terminou graciosamente o pedaço antes de começar a sorrir.

Era parecido com o seu próprio sorriso.

— Eu o ajudarei somente até este pedido, pois é para o benefício de todos.

A expressão de Canaria tornou-se estranha. No entanto, Cale não demonstrou nenhuma reação à expressão dela; em vez disso, olhou para os outros enquanto continuava a falar.

— Pendrick, você não concorda? Precisamos nos ajudar para que todos possam viver bem. Contanto que esteja ao nosso alcance.

— Você está certo, jovem mestre-nim.

— Sim. Ajudar uns aos outros sem nenhum ganho materialista em mente é realmente muito legal. Você também concorda conosco, certo, Cavaleiro Guardião-nim?

O Cavaleiro Guardião estremeceu com a pergunta repentina de Cale antes de corrigir sua postura e responder.

— Aham, sim, de fato. Nunca conheci um jovem mestre-nim, aham, outro humano, que soubesse o valor de tais atos. Você definitivamente merece a proteção de um dragão-nim.

— De fato. Como você mencionou, Cavaleiro Guardião-nim, tais atos só podem ser recompensados ​​com ações.

Ao contrário da gentileza de Cale, sua escolha de palavras foi muito específica. No entanto, seu sorriso gentil fez com que os dois elfos ouvissem apenas o que pensavam ser as palavras de uma pessoa benevolente. Pendrick respondeu em voz alta.

— Você tem razão! O coração não pode ser preenchido com coisas materiais!

Pendrick estava mostrando o tipo de reação que Cale queria.

“Ótimo, ótimo. Então, da próxima vez, vocês vão ter que se esforçar ao máximo para me ajudar.”

Em vez de compartilhar seus pensamentos íntimos, Cale olhou para a Chefe e deu um sorriso que parecia ainda mais benevolente que o sorriso da Chefe.

Não havia nada na Vila Élfica para levar além do trabalho braçal. Colocar os Elfos para trabalhar também significava que ele também colocaria os Elementais para trabalhar. Não deveria colocá-los em uso, já que os ajudava? Além disso, a Vila Élfica ficava em uma ótima localização entre o Reino Roan e o Reino Breck.

{Humano, por que você está sorrindo daquele jeito que sorri para o príncipe herdeiro? Eles fizeram algo errado?}

Em vez de responder às palavras de Raon, Cale se levantou do seu assento.

— Vamos imediatamente.

Cale e a Chefe fizeram contato visual.

— Não deveríamos fazer o nosso melhor para ajudar o mais rápido possível se houver necessidade?

A expressão do Chefe tornou-se estranha novamente. Era como se aquele humano à sua frente a estivesse pressionando a fazer o que ele mandava. Ela também conseguia sentir a fonte da pressão.

“Que poder antigo único.”

Esse poder antigo desconhecido a pressionava. Ela achava Cale interessante. Ele tinha uma sorte incomparável, um poder antigo único e…

— Seu discurso também é eloquente.

Canaria se levantou como Cale fez. Ela podia ver a curiosidade nos olhos de Pendrick e do Cavaleiro Guardião enquanto olhavam para Cale. Os outros elfos provavelmente teriam expressões semelhantes.

Era um humano interessante. Ela se perguntava o que ele estaria tentando fazer ao capturar a curiosidade dos elfos. Ela também estava curiosa, mas não podia continuar ao lado de Cale.

— Infelizmente, preciso retornar ao local da restauração, então Pendrick irá guiá-lo até lá.

— Eu entendo.

Cale fez contato visual com Pendrick.

— Vamos?

— Sim, senhor.

Pendrick assumiu a liderança e abriu a porta. Cale, assim como o resto do grupo, começou a se mover. No entanto, Cale logo parou de andar.

— Ah.

— O que foi, jovem mestre-nim?

Cale vasculhou sua bolsa mágica enquanto respondia.

— Todos, usem máscaras.

A máscara que Cale havia tirado para comer havia retornado. O grupo soltou um suspiro coletivo antes de tirar as máscaras também. Cale deu alguns comandos quando todos estavam com as máscaras.

Pendrick observou sem entender nada antes de se encolher diante do que Cale estava dizendo ao grupo para fazer, mas logo começou a andar a pedido de Cale.

— Podemos ir.

— Sim, senhor.

Cale seguiu Pendrick até os fundos da residência da Chefe. Eles seguiam na direção oposta ao jardim de flores de antes. Uma grande pedra logo apareceu, e a expressão de Cale ficou estranha ao entrar na sala subterrânea sob a pedra.

Este local nunca havia sido descrito na novel.

Cale pensou que os Elfos tinham feito alguns interrogatórios simples depois de aprisionar o espadachim da organização secreta.

— Não era isso que eu esperava.

A sala subterrânea em frente a Cale estava tingida de sangue. Parecia mais apropriado chamá-la de prisão subterrânea.

Cale não sabia que os Elfos torturariam o espadachim. Cale reafirmou sua crença de que estereótipos eram inúteis antes de apontar com o queixo enquanto olhava para Pendrick.

— Como podemos conversar quando ele está assim?

— Que…

Pendrick ficou sem palavras e começou a sorrir sem jeito. Os elfos que guardavam a prisão subterrânea também sorriram sem jeito.

Cale podia ver que o espadachim de meia-idade estava quase irreconhecível, sentado ali com as pernas torcidas e o corpo coberto de sangue.

“Choi Han disse que ele o paralisou.”

Cale espiou na direção do elfo com as ferramentas de tortura e murmurou enquanto se agachava.

— Elfos e humanos são todos iguais.

Pendrick estremeceu com as palavras de Cale. As palavras daquela pessoa que não tinha ganância e simplesmente se movia para salvar a todos pareciam frias e cortantes.

— Pendrick, você pode mandar os outros elfos embora? Você pode ficar. Quero conversar em paz.

— Sim, senhor. Eu entendo.

Pendrick fez um gesto para os guardas, que logo saíram da sala. Cale observava o homem ensanguentado enquanto Pendrick fazia isso.

Ele esteve com o domador e o lanceiro mágico. Este espadachim parecia bastante talentoso para a sua idade.

— Você sabe o nome dele?

— Não, ele não disse nada.

Pendrick resmungou enquanto respondia. Cale achou estranho que um curandeiro como Pendrick pudesse permanecer calmamente naquela prisão enquanto voltava o olhar para o espadachim de meia-idade.

Foi naquele momento.

— Kehehehe.

O espadachim de repente começou a rir. Era uma risada bastante assustadora. No entanto, Cale olhou para ele e falou com indiferença.

— Estou feliz que você não esteja fingindo estar dormindo.

Beacrox entrou na conversa naquele momento.

— O nome dele é Balbud.

Balbud, o espadachim de meia-idade, parou de rir instantaneamente.

Cale se virou para Beacrox e se encolheu. Beacrox havia calçado um novo par de luvas brancas em algum momento e segurava uma adaga afiada na mão. Beacrox interpretou mal a expressão chocada de Cale e se explicou.

— Foi assim que o lanceiro mágico o chamou durante a batalha. Ele parece ter sido o responsável por proteger o domador. No entanto, pela semelhança entre seu nome e o do domador, ele parece apenas uma ferramenta dispensável.

— Kehehe, he!

O espadachim começou a rir assim que Beacrox terminou de falar. No entanto, ele continuou em silêncio. A voz de Cale chegou até o espadachim, Balbud, que olhava para o chão.

— Você não vai dizer nada?

Entretanto, Balbud começou a falar, contrariando as expectativas de Cale.

— Apenas…

Balbud ergueu a cabeça lentamente. Não se importava com os elfos. No entanto, estava curioso sobre essas pessoas. Eles ainda usavam aquelas máscaras e uniformes falsos irritantes, como se estivessem zombando dele.

— Quem diabos é você? Quem ousa nos enfrentar?!

Balbud começou a ranger os dentes.

Ele nunca tinha visto mestres especialistas assim antes. Por isso parecia tão injusto. Ele queria saber quem eram antes de morrer.

Entretanto, Balbud podia ver Cale sorrindo por trás da máscara.

Esta era a pessoa que desmaiou após lançar o raio vermelho. Ele acreditava que este homem era o líder.

Aquele homem disse uma única palavra.

— Arm.

Os olhos de Balbud se arregalaram. Ele tentou abaixar a cabeça para evitar o olhar de Cale, mas sentiu uma mão puxando seu cabelo.

Não era Cale, mas Beacrox, cujas luvas brancas estavam rapidamente ficando manchadas de vermelho pelo sangue no cabelo de Balbud. Com a cabeça presa no lugar, Balbud não teve escolha a não ser olhar para Cale.

Cale perguntou lentamente antes que Balbud conseguisse fechar os olhos.

— Acho que o continente oriental não foi suficiente?

Cale podia ver a ansiedade no rosto de Balbud.

— O-o que diabos você é……!

— Deus Sol.

No entanto, Cale continuou a dizer o que queria. Decidiu fazer todas as perguntas que tinha enquanto tinha oportunidade.

— Roan, Tribo dos Lobos, sereias e o Império. As sereias provavelmente eram para as rotas marítimas, mas por que vocês miraram no Reino Roan e no Império?

Cale fez contato visual com Balbud, que parecia ansioso desde que mencionou o continente oriental.

Balbud começou a franzir a testa. Ele não fazia ideia de quem era essa pessoa, nem como sabia sobre Arm, o continente oriental, bem como suas ações no continente ocidental.

Ele mordeu levemente os lábios enquanto seus olhos ficavam turvos e ele começou a sorrir.

— Hehe, você acha que eu te contaria alguma coisa?

Balbud moveu a língua e sentiu um gosto amargo no fundo da boca. Seu coração pararia de bater no momento em que explodisse aquela cápsula. Balbud começou a rir enquanto pensava em como se mataria sem revelar nada.

Ele provocou Cale com seu olhar feroz enquanto tentava morder a pequena cápsula em sua boca.

— Eu nunca vou te contar, ugh!

O espadachim de meia-idade Balbud grunhiu de repente. Ele podia ver os olhos por trás da máscara se transformando em crescentes.

— Você está me menosprezando se acha que esse método funcionaria.

— Miau.

O gatinho vermelho removeu sua discrição e lentamente apareceu na frente de todos.

On e Hong estavam, naturalmente, com Cale. Balbud, que não conseguia olhar para baixo porque Beacrox mantinha a cabeça erguida, não conseguia ver a névoa ao redor de suas pernas.

Eles estavam usando um veneno paralisante.

— Ugh, cof!

O corpo de Balbud tremia quando uma luva branca foi colocada em sua boca e retirou a pequena cápsula.

{Que dispositivo mágico! Vou analisá-lo!}

Cale voltou o olhar para Balbud depois de ver Beacrox limpando sua luva branca e guardando a pequena cápsula. Ele sorriu enquanto olhava para Balbud, que estava lentamente perdendo a consciência devido ao veneno paralisante.

— Você não pode esperar que eu caia em um padrão tão comum.

Cale havia lido muitas novels sobre como o protagonista não conseguia obter nenhuma informação dos inimigos capturados, pois estes usavam veneno ou um dispositivo oculto para se matar. Como não era o protagonista de uma história, Cale não queria sofrer uma perda de informações tão decepcionante.

Ele se levantou depois de ver que Balbud finalmente havia perdido a consciência e gentilmente começou a falar com Pendrick, que estava olhando para ele.

— Todas as vidas são preciosas. Não é ótimo que o salvamos antes de morrer?

Pendrick de repente esqueceu o que ia dizer.

1. Sério autor? Precisava repetir 3 vezes essa informação em 3 parágrafos seguidos?[↩]