Capítulo 182: Jovem mestre-nim, você realmente é... (1)
Combo 12/50
Cale mandou Ron e Freesia, que haviam feito um ótimo trabalho preparando tudo, subirem na carruagem antes de seguirem em direção ao território Gyerre. A carruagem era conduzida por um dos subordinados de Freesia.
— Explique em detalhes.
Freesia começou a responder imediatamente.
— Há uma casa de um barão que se tornou vassalo do Ducado de Gyerre há cerca de 50 anos.
O nome daquela casa era Chryshi.
Isso foi antes de a atual Duquesa se tornar governante do território. Os outros candidatos ao cargo de lorde trouxeram a casa vassala para expandir sua própria influência.
A avó de Antonio e atual Duquesa, Sonata. Isso aconteceu quando ela era apenas uma das potenciais candidatas ao cargo de Duquesa. O território de Gyerre havia aceitado várias casas vassalas durante esse período.
A família Chryshi era um desses vassalos.
Cale começou a falar.
— A família Chryshi não é uma família famosa por ser uma família de estudiosos?
Era a casa que havia sido a instrutora da coroa duzentos anos antes. Foi por isso que o Ducado de Gyerre escolheu aceitar uma casa assim, sem quaisquer territórios ou riquezas, como vassalo.
— Jovem mestre-nim.
Ron respondeu gentilmente à pergunta de Cale.
— O passado não necessariamente continua no presente.
— Acho que isso é verdade.
Cale concordou.
Independentemente de terem sido uma família de estudiosos no passado, eles eram uma família terrível agora.
O fato de eles contratarem pessoas para sequestrar crianças mostrava que eles não estavam bem da cabeça.
— Jovem mestre-nim, foi há duas noites.
Cale olhou para Ron. O fato de Ron estar agindo como um velho bondoso desde antes o deixava desconfiado. Ron parecia mais saudável depois de receber seu braço falso, porém forte.
— Talvez seja porque estou ficando mais velho, mas não consegui dormir naquela noite. Foi por isso que decidi dar uma caminhada leve pelos becos do território Gyerre.
— …Os becos são realmente um bom lugar para passear?
Cale queria fazer essa pergunta, mas se conteve.
— Aconteceu de eu ver algumas crianças puxando uma carroça e indo em direção ao canto da favela.
— Crianças?
Cale olhou para Ron, confuso, ao ouvir que havia crianças puxando a carruagem. Ron esclareceu seus comentários.
— Eram crianças robustas que pareciam ter cerca de 30 anos.
— …Quando gangsters musculosos se transformaram em crianças?
Ron continuou falando enquanto Cale permanecia sentado em silêncio.
— De qualquer forma, achei aquelas crianças interessantes e decidi segui-las. Claro, fiz isso furtivamente para que não me notassem.
Cale ignorou Freesia, que olhava para Ron com um olhar de respeito.
— Quando os segui furtivamente, notei algumas casas perto da ponte que fica na beira da favela. Muitas pessoas estavam sendo mantidas em cativeiro nos porões dessas casas.
*tlack*
Os dedos do seu braço esquerdo falso estalaram quando Ron os dobrou. Ele então continuou a falar gentilmente.
— Eles estavam fazendo coisas terríveis que nem mesmo assassinos fariam.
“Mm.”
Cale desviou o olhar do assassino Ron.
— E?
No entanto, Cale queria que Ron fosse direto ao ponto. Ron foi direto ao cerne da questão.
— Notei um dos mordomos da família Chryshi entrando em uma dessas casas ontem à noite. Aqueles prédios são casas comuns para famílias que vivem nas favelas durante o dia. No entanto, quando o sol se põe, essas supostas famílias se transformam em escravos.
Frésia adicionou então.
— Depois de seguir o mordomo até o início da manhã seguinte, verificamos que ele havia se encontrado com um comerciante.
Havia uma grande chance de que aquele comerciante fizesse parte de uma guilda de mercadores que atuava no tráfico de escravos.
Ela continuou a falar rapidamente.
— Um dos meus subordinados está rastreando aquele comerciante. Em breve receberemos um primeiro relatório sobre a identidade daquela guilda de mercadores. Poderemos ter uma boa ideia sobre sua identidade e ter certeza após o segundo relatório.
*Tap* *Tap*q
Cale bateu no braço da cadeira antes de olhar para Ron. O velho percebeu que seu jovem mestre havia percebido algo.
Cale começou a falar lentamente.
— Uma guilda de mercadores comprando pessoas ilegalmente como escravas…
Para onde iriam esses escravos?
Escravos eram ilegais no Reino Roan.
A menos que a família Chryshi fosse louca, eles não venderiam escravos dentro do reino.
Então, quem precisaria de escravos?
Além disso, quem precisaria usar uma guilda de mercadores para reunir escravos furtivamente?
Cale tinha uma boa ideia sobre as respostas para essas perguntas.
— …Aqueles desgraçados que querem tocar o sino para acabar com a vida dos outros construíram uma torre do sino?
— Com licença?
Freesia ficou confusa com os comentários de Cale, mas Cale a dispensou e continuou a falar.
— A guilda mercantil provavelmente é do Império.
— …O Império?
A expressão de Freesia ficou séria.
Eles não apenas venderam cidadãos do Reino Roano como escravos, como também os venderam para uma nação estrangeira? Isso só era possível para pessoas sem medo.
Não era algo que um barão ousaria tentar.
Foi por isso que Cale tinha uma pergunta.
— A família Chryshi agiu por conta própria?
— …Nossas investigações indicam que a família Gyerre não está envolvida.
Freesia lambeu os lábios e continuou a falar.
— A família Chryshi, que foi trazida como vassala sem possuir quase nada, ficou em um estado de incerteza depois que Sonata Gyerre se tornou a Duquesa, em vez da candidata que apoiavam. Foi por isso que eles tentaram de tudo para expandir sua influência.
— Eles precisariam de dinheiro para fazer isso.
Cale fez mais uma pergunta.
— A família Chryshi parece saber de onde o comerciante é?
— …Não tenho certeza sobre isso.
Freesia começou a falar cautelosamente com Cale, que parecia certo de que a guilda de mercadores era do Império.
— Jovem mestre-nim, ainda não temos informações sobre a guilda dos mercadores. Que tal esperarmos pelas informações antes de tomarmos uma decisão?
Cale não respondeu de forma alguma. Tudo o que fez foi suspirar.
*Tap* *Tap*
Os gatinhos, On e Hong, continuaram a dar tapinhas nas coxas de Cale. Era a maneira deles de dizer: ‘Vamos espancar esses desgraçados até a morte’.
Raon estava falando na mente de Cale.
{Escravos… não posso perdoá-los.}
Raon não conseguia perdoar pessoas que escravizavam outras sem motivo.
A família Chryshi fez algo que o Dragão Negro jamais aceitaria.
Depois de passar os primeiros quatro anos de sua vida na caverna negra, Raon detestava a escravidão e a prisão.
— Ron.
— Sim, jovem mestre-nim.
Cale olhou para o portão do território Gyerre e começou a falar.
— Mudança de planos.
— Sim, senhor.
***
Cedo na manhã seguinte.
Cale estava deitado naquela cama macia e confortável, desfrutando do sono. No entanto, uma mão lhe dava tapinhas no ombro.
Parecia a mão calorosa de um pai preocupado.
— Mm!
Os olhos de Cale se arregalaram.
— Jovem mestre-nim, você acordou.
Era o Ron.
Cale ficou tão chocado que se enrolou debaixo do cobertor.
— Miauuu!
— Miau!
Os gatinhos estavam rindo dele.
— Humano, acorde! Você não pode dormir até mais tarde!
Raon também o incentivava a acordar. Cale ouviu o quarteto enquanto se levantava. Ron lhe entregou uma xícara de chá assim que ele se levantou.
— Eles não tinham chá de limão. O Ducado de Gyerre não parece ser tão bom assim.
O canto dos lábios de Cale se contraiu enquanto ele pegava a xícara de chá.
Todo o grupo de Cale, exceto Freesia e a guilda de informações, estava hospedado na Propriedade Gyerre.
Embora tivessem chegado tarde na noite passada, eles conseguiam passar algumas noites na propriedade Gyerre graças a Cale, que enviou o vice-capitão Hilsman na frente para notificá-los de sua chegada iminente.
Seria estranho se um Duque não pudesse deixar um nobre de passagem passar alguns dias em sua propriedade. Além disso, não se tratava de qualquer nobre, mas de alguém que era confidente próximo do príncipe herdeiro e havia recebido uma medalha do Império.
— Que decepção que eles não tenham chá de limão.
Cale parecia feliz, apesar de ter dito que estava decepcionado, enquanto tomava um gole.
— Eca!
Ele então não conseguiu evitar um gemido.
Ron começou a falar gentilmente.
— O território Gyerre parece gostar de chá amargo, hoho.
“Caramba.”
Cale começou a franzir a testa enquanto começava o dia com um chá amargo.
Ele saiu imediatamente do quarto assim que terminou de se vestir.
— Jovem mestre-nim!
O vice-capitão Hilsman estava esperando do lado de fora da porta antes de seguir Cale.
— Hehe, você está muito bonito hoje, jovem mestre-nim!
Hilsman estava comentando sobre como Cale parecia um nobre de verdade hoje. Embora não fosse chique e tivesse apenas um luxo decente, ele ainda parecia um jovem nobre promissor.
— É mesmo? Ótimo.
No entanto, Hilsman estremeceu ao ver que o sorriso de Cale parecia puro.
“Um sorriso puro?”
Isso não combinava nem um pouco com Cale.
“Achei que ouvi dizer que ele ia punir a família Chryshi?”
Hilsman achou estranho que Cale parecesse puro e inocente quando Ron lhe contou sobre os planos de Cale. O Vice-Capitão ainda não sabia sobre o tráfico humano.
— Cadê?
No entanto, ele respondeu rapidamente à pergunta de Cale.
— Dizem que ele está no jardim neste horário. Ele gosta de dar uma volta depois de tomar café da manhã cedo.
— Acho que podemos passar no jardim a caminho do portão principal.
Cale foi imediatamente em direção ao jardim.
Hilsman seguiu atrás dele enquanto olhava para Ron. Ron apenas sorriu enquanto seguia Cale também. Hilsman achou ainda mais estranho que os gatinhos não estivessem com Cale, mas não questionou por enquanto.
Cale conseguiu se encontrar com Antonio Gyerre quando ele chegou ao jardim.
Claro, ele fingiu que era uma coincidência.
— Ah, jovem mestre Cale. Dormiu bem?”l
— Não esperava vê-lo no jardim, jovem mestre Antonio. Dormi bem graças a você.
Cale e Antonio apertaram as mãos alegremente.
Antonio observou Cale, que estava vestido como um nobre e não tinha nada fora do lugar.
Cale Henituse.
O confidente próximo do príncipe herdeiro, a pessoa que impediu o incidente na capital e a pessoa que fez algo incrível o suficiente para receber uma medalha do Império.
Essa pessoa havia enviado seu guarda com antecedência para perguntar se poderia passar algumas noites ali. Ele também havia pedido outra coisa.
— Podemos conversar?
Conversar.
Cale, que era o confidente próximo do príncipe herdeiro, e Antonio, que era confidente próximo de outro príncipe e mantinha o território sudoeste do reino, tinham coisas óbvias, mas importantes, para discutir.
Era para ser uma conversa muito gananciosa.
Antonio sentiu que Cale era tão ganancioso quanto os outros nobres pela maneira como ele pedia uma “conversa”.
Essa conversa aconteceria em segredo esta noite.
— Claro que sim. Você já tomou café da manhã?
Antonio casualmente tocou em assuntos pacíficos. Ele viu Cale respondendo com um sorriso nobre.
— Eu não.
— Ah, não, você vai dar uma volta sem tomar café da manhã? Você deveria comer.
— Estou bem. Pretendo tomar café da manhã em breve.
A conversa pacífica mudou um pouco depois das próximas palavras de Cale.
Cale acrescentou graciosamente.
— Ouvi dizer que tem um bar famoso, então pretendo tomar café da manhã lá.
— …Com licença?
Antonio ficou chocado.
Cale ainda disse o que queria dizer.
— Acontece que eu gosto de beber um pouco. Álcool é melhor de manhã. Até mais tarde, pretendo ir tomar uma cerveja como sopa matinal! Haha!
Antonio se lembrou do apelido original de Cale antes de ser chamado de Jovem Mestre Luz Prateada.
O Lixo Cale.
Antonio podia ver Cale, que estava anunciando que agiria como lixo hoje.
— Não tenho nada para fazer hoje. Pretendo beber o dia todo, já que ainda estou em recuperação. Não é maravilhoso?
Dizia-se que Cale estava se recuperando após usar seu poder ancestral no Império. Ele havia dito que o motivo de sua visita ao território Gyerre era uma parada a caminho da região mais quente do sul.
Mas tal pessoa estava bebendo?
Antonio começou a falar depois de um tempo.
— …Você ainda poderá conversar depois disso?
— Não se preocupe, jovem mestre Antonio. Conversar depois de beber torna a conversa muito mais fácil. Então, já vou indo.
Cale foi respeitoso e educado até o fim, mesmo falando bobagens. Um Hilsman pálido e um Ron descontraído o seguiam.
— …Eu realmente não consigo entendê-lo.
A expressão de Antonio se complicou ao ver Cale partir. No entanto, havia um pouco de decepção em seu olhar.
Antonio era alguém que julgava as pessoas com base em sua nobreza aparente. Cale parecia estar em um nível inferior na escala de nobreza pessoal de Antonio.
***
— Vai ficar tudo bem?
Hilsman perguntou preocupado, mas Cale não estava ouvindo. Ele subiu para o terceiro andar assim que chegou ao bar.
Ele então se sentou em uma mesa perto da janela e observou o rio fluindo até virar a cabeça.
— Você gostaria de fazer um pedido?
O garçom perguntou cautelosamente após ver o olhar de Cale.
A aparência nobre e o comportamento majestoso do homem faziam com que ele parecesse, no mínimo, um conde. Por isso, o garçom não pôde deixar de ser cauteloso.
Cale nem olhou para o cardápio antes de começar a falar.
— Tudo.
Foi uma declaração poderosa.
— Com licença?
Cale fez seu pedido novamente ao garçom confuso.
— Me dê uma garrafa de cada tipo de bebida alcoólica que você tiver. Ah, e me dê também seus lanches mais caros.
Hilsman piscou ao ouvir o pedido extravagante de Cale. Cale perguntou a Hilsman sem rodeios assim que o garçom saiu, com uma expressão chocada.
— O que você está olhando?
Hilsman sorriu brilhantemente, contrariando as expectativas de Cale.
— Você realmente não mudou nada, jovem mestre-nim! Sim, Choi Han não está aqui! Vamos nos embebedar! Hahahaha!
Cale balançou a cabeça, mas Hilsman abriu uma garrafa e começou a cantarolar. Cale o ignorou e olhou pela janela.
Ele podia ver o rio fluindo pelo território Gyerre.
O rio que separava as favelas do resto do território ficava bem em frente ao bar. Cale também conseguia ver a ponte.
As favelas ficavam logo depois daquela ponte.
Cale conseguia ver dez casas decadentes do outro lado da ponte.
Essas eram as casas onde os indivíduos sequestrados eram presos.
{…Vamos derrubar essas casas! Não, vamos destruí-las!}
Cale ouviu os comentários maldosos de Raon antes de pegar a garrafa em vez do copo que Hilsman havia enchido.
— J-jovem mestre-nim.
Hilsman ficou ansioso.
*Clack*
No entanto, ele recobrou os sentidos ao ouvir a garrafa vazia sendo colocada de volta na mesa. Ele viu que o rosto de Cale estava vermelho. Cale pegou outra garrafa.
Cale, cujo rosto estava vermelho, embora não estivesse bêbado, empurrou a garrafa para Hilsman, que o observava. Hilsman estremeceu ao se lembrar de como Cale costumava jogar garrafas no passado, antes de lentamente pegar a garrafa dele.
Cale realmente comeu e bebeu o dia todo sem dizer nada.
Ele finalmente disse algo quando o sol começou a se pôr.
— Hilsman.
— Sim, jovem mestre-nim.
Como guarda, Hilsman parou de beber depois de um ou dois drinques. Ele estava admirado por Cale não ter sido enganado pela experiência de ser um lixo, considerando que ele conseguia beber o dia todo, enquanto o observava.
Cale começou a falar novamente.
— Ron.
— Sim, senhor.
Ron, que estava sentado em silêncio, levantou-se e respondeu.
Cale se virou para os dois homens que o aguardavam para falar. Acariciou uma garrafa vazia enquanto olhava pela janela para o pôr do sol.
Ele podia ver Freesia na ponte enviando-lhe um sinal sob o céu que parecia estar queimando.
A guilda de mercadores era do Império, exatamente como Cale esperava.
*Scrun*
Cale se levantou e começou a falar.
— Usarei o escudo hoje.
— Como assim? Por que de repente?
“Ele está bêbado?”
O vice-capitão Hilsman achou que Cale estava bêbado, mas Cale sorriu e acrescentou.
— Preciso destruí-las.
Ele estava falando sobre as dez casas.
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