Capítulo 197: Há um dragão aqui? (2)

Combo 27/50

*Bip-* *bip-*

Todos os dispositivos de comunicação por vídeo estavam constantemente brilhando em vermelho.

Basen Henituse, o segundo filho da família Henituse, olhou pela janela da sala de monitoramento de informações.

Esta sala estava localizada na torre mais alta do castelo.

Embora esta devesse ser a sala mais movimentada da propriedade Henituse no momento, todos estavam ali com expressões vazias.

Isso foi especialmente verdadeiro para Basen, que segurava um dispositivo de comunicação por vídeo enquanto permanecia ali, boquiaberto. A voz de alguém podia ser ouvida através do dispositivo.

— Hahaha, meu Deus.

Alberu Crossman. Era a voz do príncipe herdeiro.

Ele estava observando a Cidade Chuvosa através do dispositivo de comunicação de vídeo.

Ele viu o escudo de Cale, assim como o número maior do que o esperado de wyverns.

Ele também viu centenas de esqueletos de monstros, assim como o esqueleto de dragão.

“Aquele bastardo louco.”

Ele estava pensando que Cale era um louco bastardo.

Entretanto, Alberu sentiu as pontas dos dedos ficarem dormentes enquanto observava aquele louco desgraçado pela tela.

“Nós conseguiremos. É possível.*

— Todo o Reino Roan se tornará heróis.

Esse maluco nunca disse nada que não pudesse cumprir. Foi por isso que Alberu decidiu acreditar nele, e o que viu diante de seus olhos superou suas expectativas.

— Alteza, o território Henituse ignorará todas as comunicações dos templos a partir deste momento.

Foi o que Cale disse ao convocar a necromante. Alberu respondeu imediatamente.

— Eu assumirei a responsabilidade por isso.

Agora, Alberu murmurou para si mesmo enquanto observava a grande Brigada de Esqueletos Voadores indo em direção aos wyverns.

— Parece que não tenho escolha a não ser assumir a responsabilidade.

Ele então começou a sorrir.

No entanto, havia outra pessoa que não conseguia sorrir naquele momento.

Era Clopeh Sekka, o Cavaleiro Guardião, que sonhava em criar a lenda do Conquistador do Céu. Ele tinha uma expressão rígida no rosto.

“…Esqueletos?”

Ele nunca tinha visto algo assim em sua vida.

— Capitão-nim!

Um dos cavaleiros montados em um wyvern se aproximou rapidamente de Clopeh. O cavaleiro o encarava através do capacete, mas Clopeh só conseguia ver o wyvern que o cavaleiro montava.

— Grrrrrrr.

A serpente alada soltou um grito agudo enquanto balançava a cabeça para a esquerda e para a direita. Parecia estar com medo.

Medo.

Aquela palavra fez Clopeh desviar o olhar dos esqueletos que se aproximavam. Ele estava olhando para o grande Dragão de Ossos negro. Este Dragão morto estava assustando os wyverns.

Clopeh abaixou a cabeça.

— Grrrrr.

Ele olhou para o wyvern mutante em que cavalgava. Este exibia as presas para o Dragão de Ossos. Agia como se estivesse olhando para uma presa.

Clopeh apertou firmemente as rédeas em volta do pescoço do wyvern.

— Capitão-nim!

Clopeh começou a falar quando o cavaleiro o chamou mais uma vez.

— É um necromante.

Os necromantes há muito perdidos eram os únicos que conseguiam fazer tal coisa.

— …Um necromante? Que existência amaldiçoada…!

O subordinado ficou chocado, mas Clopeh se virou rapidamente. O subordinado encarou Clopeh antes de recuar.

Clopeh conseguia ver o homem ruivo sorrindo. Aquele sorriso irritou Clopeh.

“Aquele puto não é um herói.”

Um herói nunca traria um necromante que usa mana morta.

*Clang*

Clopeh tirou a espada da bainha. Aura começou a fluir da espada.

Mestre Espadachim Clopeh.

Ele usou sua aura e começou a gritar.

— Saiam dessa!

*Oooooooong-*

Sua aura vibrava no ar.

*Swosh!* *Swosh!*

Sua voz podia ser ouvida em meio ao bater de asas dos esqueletos. Os cavaleiros se agarraram firmemente às rédeas de seus dragões em resposta.

Clopeh então soprou a flauta mais uma vez.

*Bipiii-*

As expressões dos wyverns mudaram rapidamente. O medo em seus olhos havia desaparecido.

Clopeh olhou para baixo e murmurou baixinho para si mesmo.

— …Os Ursos encontrarão o necromante para nós.

Ele então começou a falar alto. Sua voz, amplificada pela aura, podia ser ouvida até mesmo dentro do castelo de Henituse.

— Eles são apenas cadáveres que estão sendo controlados.

Definitivamente parecia ser um grupo de ossos fracos. Embora houvesse um Dragão de Ossos, era apenas como uma marionete. Clopeh imaginou que Cale pudesse ter preparado o necromante como uma arma secreta, mas a Brigada dos Cavaleiros Wyvern era uma existência além das suas expectativas.

“Nesse caso!”

Clopeh pensou consigo mesmo enquanto começava a falar ainda mais alto.

“Que grande oportunidade.”

“É uma chance para eu me tornar um herói sagrado!”

“Posso me tornar um herói lendário, um deus entre os homens.”

Um necromante, um ser que usa mana morta, era a presa perfeita.

— Eles não têm vontade própria! O território Henituse ousou invocar um necromante sujo e maligno!

— Ah.

Os soldados na muralha do castelo, especialmente os cavaleiros, ficaram boquiabertos com o comentário de Clopeh. Como indivíduos cultos, sabiam do medo e da aversão que as pessoas tinham pelos necromantes.

Eles não conseguiram deixar de olhar para Cale.

No entanto, eles logo tiveram que desviar o olhar.

*Ooooooo-*

A aura branca do Cavaleiro Guardião disparou incessantemente em direção ao céu. Os cavaleiros do território Henituse não puderam deixar de se dar conta da existência deste mestre espadachim mais uma vez, com expressões sombrias.

Clopeh moveu as rédeas.

— Nossa Aliança Indomável mostrará a vocês o que é justiça!

— Ruuuuurrrrwwwww!

O wyvern branco avançou em direção à Brigada de Esqueletos Voadores. Clopeh brandiu sua espada e a aura branca cortou o céu.

*Swim-*

Os esqueletos que não conseguiram se esquivar desapareceram sem deixar rastros. Os esqueletos desapareceram quase instantaneamente, como se qualquer resistência fosse inútil.

Mesmo que existissem centenas desses esqueletos, dezenas deles desapareceram com um único ataque de Clopeh.

Os outros cavaleiros também puxaram as rédeas. Os wyverns começaram a rugir mais uma vez. Eles definitivamente pareciam merecedores do título de conquistadores do céu.

Clopeh, que pensava ter aproveitado o momento, olhou para trás, em direção ao homem ruivo, por um momento.

Ele podia ver a expressão indiferente de Cale. Clopeh estava prestes a começar a sorrir.

Foi naquele momento.

*Bum!* *Bum!* *Bum!*

Os ursos começaram a pisar no chão. Um urso com pelo castanho-avermelhado começou a gritar.

— Metade de vocês vão procurar o necromante! Encontrem-no e destruam-no!

*Bum!* *Bum!*

O grande urso pisou forte e começou a rir.

— A outra metade destruirá as muralhas do castelo!

Os cavaleiros ouviram os gritos do Urso. Clopeh finalmente começou a sorrir.

Lá estava Clopeh, que sorria, enquanto os habitantes do território Henituse tinham expressões sombrias. Havia uma diferença drástica em suas expressões.

Entretanto, as pessoas no topo das muralhas do castelo ouviram alguns ruídos estranhos naquele momento.

— Rooorrrrr!

Foi um rugido.

O território Henituse era cercado por colinas e montes de pedra. Até mesmo a Cidade Chuvosa, a cidade central do território, era cercada por montanhas.

Os rugidos vinham das montanhas.

Eram o rugido dos animais.

*Shhhhhhhhhhhhhhh-*

As árvores começaram a tremer e o vento começou a rugir. Um dos soldados, que segurava sua lança, ouviu alguém comentar sobre os rugidos.

— Eles estão atrasados.

“Atrasados?”

O soldado tentou olhar para o jovem mestre Cale antes de parar de se mover. Animais de grande porte vinham em sua direção.

Não, eles eram pessoas, mas também animais ao mesmo tempo.

A tribo do Tigre.

Os Tigres estavam todos descendo de suas montanhas e impedindo os Ursos de se aproximarem.

Os soldados podiam ouvir os cavaleiros começando a falar atrás deles.

Muitos dos cavaleiros do outro lado da muralha do castelo gritavam a mesma coisa.

— Eles são a tribo dos Tigres que se mudou para a Vila Harris neste inverno! São nossos companheiros de moradia!

Os cavaleiros então sacaram suas espadas.

— O inimigo não passará por esta muralha do castelo! Não deixaremos que passem por nós!

Foi o momento em que os cavaleiros, empunhando suas espadas, olharam para o Conde Deruth. O Conde Deruth olhou para a Condessa Violan, que também havia saído com sua armadura. Ele olhou para a pessoa que estava sendo segurada pela Condessa e perguntou:

— Podemos começar, certo?

— Ah, claro, Conde-nim. E-eu preparei tudo! Hehe.

O mestiço Rato Anão Mueller, o único sucessor da casa que desenvolveu a Torre Mágica, assentiu.

Os cavaleiros abaixaram suas espadas quando o Conde lhes deu o sinal.

— Comecem a formação defensiva!

Os cavaleiros começaram a gritar e os poucos soldados que vinham treinando desde o ano anterior rapidamente se puseram em movimento. Os soldados com lanças e arcos também os seguiram para a formação.

*Buu…*

Algo estava aparecendo no topo das grossas muralhas do castelo. Logo ficou visível que havia catapultas surgindo nas muralhas. As grandes catapultas começaram a mirar nos Ursos.

Essas catapultas equipadas com todos os tipos de dispositivos mágicos eram a obra-prima de Mueller.

Os cavaleiros começaram a gritar.

— Somos mais fortes em terra!

A atmosfera na muralha do castelo mudou rapidamente.

Essa cena fez Clopeh começar a franzir a testa.

“Mas que diabos?”

Que diabos estava acontecendo?

Sua espada, não, a aura ao redor dela, balançou para frente, destruindo ainda mais esqueletos. O Dragão de Ossos por trás da Brigada de Esqueletos Voadores estava flutuando ali, sem fazer nada.

‘”Esses ossos idiotas não são o problema!”

“Existem Tigres que não existem no continente ocidental, e o que diabos acontece com essas catapultas?”

“Por que um território rural, um território estúpido com nada além de pedras, tem todas essas coisas?!”

Embora não fosse a capital de nenhum reino, parecia mais bem equipada do que a maioria das capitais.

*Claque* *Claque*

Um dos esqueletos menores que havia perdido uma asa batia a outra asa enquanto vagava por Clopeh.

Clopeh começou a ficar bravo.

Ele não podia deixar que continuasse assim.

Clopeh olhou para os numerosos esqueletos enquanto virava seu wyvern.

Ele podia ver Cale sorrindo novamente.

“Preciso me livrar daquele desgraçado primeiro.”

Era uma questão de momento.

*Bip, bipiiiiii-*

As pupilas negras do wyvern branco começaram a mudar de cor. Tornaram-se vermelhas como fogo.

O wyvern então começou a aumentar a velocidade enquanto avançava em direção a Cale. Clopeh abaixou a cabeça para se manter próximo do dragão.

Eles estavam se movendo a uma velocidade extremamente rápida.

Contudo, Cale ainda estava sorrindo.

Cale estava sorrindo para eles.

Ele olhou para o wyvern branco que se aproximava e começou a falar.

— Venha.

O Dragão de Ossos que estava parado esse tempo todo finalmente começou a se mover.

A pessoa atrás de Cale também começou a se mover.

A invisível Mary movia as mãos. Seu rosto estava pálido enquanto controlava o Dragão de Ossos. No entanto, não havia a mínima hesitação em seus movimentos.

Esses ossos eram apenas iscas.

A Brigada de Esqueletos Voadores gritou de repente e começou a correr.

Entretanto, ‘aquilo’ começou a se mover sem fazer nenhum barulho.

As órbitas oculares vazias do Dragão de Ossos de repente se iluminaram com um brilho negro. Ele então rapidamente começou a voar em direção ao escudo.

O Dragão de Ossos abriu a boca enquanto mirava no pescoço do wyvern branco.

— Merda!

— Ruuuuuu!

O wyvern branco revelou suas presas enquanto tentava revidar.

Entretanto, o Dragão de Ossos de olhos negros não foi empurrado para trás, embora fosse apenas uma pilha de ossos.

— Ai!

Clopeh puxou as rédeas com urgência.

*Swosh!* *Swosh!*

O Dragão de Ossos abriu suas asas em frente à muralha do Castelo de Henituse. Qualquer um pensaria que este saco de ossos guardava o Castelo de Henituse.

*Bang* *bang!*

A aura branca colidiu com a luz negra.

As garras e os dentes do wyvern branco avançaram em direção ao Dragão de Ossos ao mesmo tempo.

No entanto, a mana morta apenas tremeu em vez de desaparecer. O Dragão de Ossos não tinha nem um arranhão.

*Kiiiiiiiii-*

O escudo começou a tremer mais uma vez enquanto os wyverns voltavam a se chocar contra ele. Pareciam concentrados em destruí-lo. Os wyverns, que agora tinham todos os olhos vermelhos, até tentaram rasgá-lo com as garras.

Contudo, Cale permaneceu calmo.

— Choi Han.

Cale deu início ao último passo do seu plano.

— Sim, Cale-nim?

Choi Han não disse mais nada enquanto permanecia ao lado de Cale. Cale se livrou da luz prateada conectada ao escudo de uma das mãos enquanto continuava a falar.

— É a sua vez.

— …Havia algo para eu fazer?

Cale não havia dito a Choi Han o que ele precisava fazer. Foi por isso que Choi Han permaneceu ao lado de Cale como uma sombra para protegê-lo.

No entanto, Cale já havia determinado o que Choi Han faria há muito tempo.

— Use toda a sua força.

— …É essa a nova história de que você estava falando?

Choi Han percebeu que Cale sorria com uma expressão pálida diante da pergunta. No entanto, a voz calma de Cale respondeu à pergunta de Choi Han.

— Sim. É a sua história que você escreverá neste lugar.

“Minha história eu escreveria neste lugar, minha segunda cidade natal.”

Essas palavras ecoavam na mente de Choi Han.

Os soldados ao redor olharam para a dupla, confusos. Imaginavam o que os dois estariam fazendo naquela situação de emergência.

Cale tirou uma espada de uma bolsa mágica naquele momento e apontou o cabo para Choi Han. Era uma espada que Mueller havia forjado.

— É seu.

Cale estava planejando dar a Choi Han seu papel original da novel.

É nesse momento que Choi Han se torna um herói.

O Nascimento de um Herói.

O quinto volume pode ter terminado, mas tudo o que ele precisava fazer era criar uma nova oportunidade para o nascimento de um herói.

— Tenho certeza de que você sabe o que fazer.

Cale olhou para Choi Han e deu uma ordem.

— Volte logo.

Choi Han recebeu a espada de Cale. Ele não hesitou muito antes de tirá-la da bainha. A lâmina era brilhante, diferente da bainha.

Choi Han sorriu brilhantemente para Cale.

— Eu gosto desta espada.

A espada começou a ressoar naquele momento. Cabelos e olhos negros. Uma aura da mesma cor dos olhos e cabelos do homem de aparência adolescente começou a cobrir a espada.

— M-mestre Espadachim……!

O soldado engasgou antes de cobrir a boca.

A aura negra estava subindo em direção ao céu.

Mestre Espadachim.

O jovem que era conhecido como guarda de Cale era na verdade um mestre espadachim.

Necromante, Mestre Espadachim e da tribo Tigre.

Depois havia Cale, que lhes dava ordens.

Uma emoção diferente, além do medo, estava dando arrepios no soldado. 

Foi naquele momento.

— Eu o matarei e retornarei.

Choi Han declarou calmamente o que precisava fazer. Sua missão era matar o Cavaleiro Guardião Clopeh. Matar Clopeh, ou pelo menos o wyvern branco em que ele cavalga.

No entanto, Choi Han de repente viu Cale gesticulando em sua direção. Cale estava até gaguejando um pouco.

— V-vamos nos abraçar antes de você ir brigar!

“Um abraço? No meio de uma batalha?”

Choi Han se perguntou se Cale tinha um lado tão afetuoso.

Ele deu um leve abraço em Cale, que ainda segurava o escudo com uma das mãos.

Cale gritou em voz alta para que os outros ouvissem.

— Eu confio em você!

Choi Han reprimiu suas emoções enquanto respondia.

— …Muito obrigado. Com certeza voltarei com a cabeça dele.

“Por que esse punk está dizendo uma coisa dessas?!”

Cale sussurrou em voz baixa para que os outros não pudessem ouvir.

— Não o mate.

Por que desperdiçar um peão tão útil e matá-lo imediatamente?

Cale olhou para Choi Han, que ainda era tão inocente apesar de conviver com ele por tanto tempo, enquanto continuava a falar. Sua voz soava maliciosa.

— Vá pegar aquelas duas coisas brancas.

— Ah.

Choi Han soltou um suspiro.

A expressão de Cale parecia dizer que isso era óbvio.

Seria um desperdício matá-lo agora. Ele não deveria pelo menos descobrir como controlar os wyverns antes de matar Clopeh?

Além disso, ele ganharia muito dinheiro se pegasse aquele desgraçado.

— Eu completarei esta missão com sucesso.

Choi Han pulou da parede através da abertura que Cale abriu no escudo para ele. Seus pés então pousaram nos ossos negros do Dragão de Ossos.

*Tap*

Choi Han pulou levemente em cima do Dragão de Ossos.

Ele se levantou e olhou para as duas coisas brancas.

Choi Han, cujos sentidos estavam além dos limites da audição humana normal, ouviu a voz fraca, mas firme, de Cale.

— Começe.

Cale deu a ordem.

O ainda anônimo mestre espadachim e o Dragão, uma existência que havia sido esquecida no mundo.

Os dois seres que logo seriam registrados na história do continente começaram a se mover seguindo a ordem de Cale.