Capítulo 3: Quando Abri Meus Olhos (2)

1º COMBO DA OBRA! Agradeçam ao Grande Paragon pelo combo

Combo 01/10

   Cale olhou para todos os pratos à sua frente. Então, moveu o garfo em direção a uma salada feita de frutas que não reconheceu. Depois de encher o estômago com carne, sopa e pão, ele quis experimentar algo novo.

   A fruta parecia uma laranja, mas a cor era mais próxima da cor de uvas. Cale colocou a fruta na boca e deu uma mordida.

— Mm.

   Naquele instante, um suco de fruta doce encheu sua boca. Ele realmente odiava frutas ácidas, então esse sabor extremamente doce em sua boca o fez inconscientemente começar a babar.

   Naquele momento, ele fez contato visual com seu pai, Deruth, que estava encarando ele.

— Cale.

   Deruth chamou Cale baixinho antes de hesitar. Então, começou a franzir a testa e mexer a boca. Cale não gostou daquela atmosfera estranha e começou a falar.

— É uma delícia.

— Sim, tem gosto de lixo… hein? Você disse que é delicioso?

— Sim. Tudo tem um sabor maravilhoso.

   Cale pegou uma fruta diferente desta vez e sorriu ao sentir a doçura na boca mais uma vez. O lixo, Cale Henituse, nunca se importou com etiqueta, de qualquer forma.

   Ele provavelmente não deveria fazer isso enquanto fala com o pai, o chefe da família, mas faz. Ele é um lixo, para começo de conversa.

  “É realmente melhor ser o lixo.”

   Ninguém se importava com o que ele fizesse. Contanto que ele conseguisse se proteger das agressões do personagem principal, seria uma vida boa.

   Como Cale esperava, ninguém criticou sua falta de educação. Aliás, Deruth estava com um sorriso no rosto quando começou a balançar a cabeça.

— Sim, é realmente delicioso. É bom ver você gostando tanto da comida.

   Deruth realmente parecia ser a única pessoa que se importava com Cale. Ele nem parecia se importar com a falta de educação de Cale. Bem, um pai verdadeiramente atencioso provavelmente deveria tentar consertar essa personalidade de Cale… mas este Cale não se importava, pois não era o verdadeiro Cale Henituse.

— Sim. Por favor, coma bastante também, pai.

   Basen soltou outro “Oh!”, e Cale, que ouviu desta vez, voltou o olhar para os pratos. Basen tem 15 anos. O irmão três anos mais novo de Cale que era difícil de lidar.

   Ao contrário do lixo Cale, Basen era inteligente, sincero e muito responsável. As pessoas da família pressionavam para que Basen fosse o próximo chefe da família. Kim Rok Soo concordava com esse sentimento, mesmo depois de se transformar em Cale.

   “Em vez de ter uma vida complicada no comando deste território, prefiro usar minha posição como irmão mais velho do Conde para ficar à toa e viver pacificamente em uma parte do território.”

   Cale não tentou discutir com Basen. Ele podia ouvir o suspiro de choque de Basen e sabia que Basen o estava menosprezando, mas o que poderia fazer a respeito?

   Quando Basen se tornasse o chefe da família, sua personalidade era tal que ele provavelmente não mataria Cale, mas para não se machucar e se mudar discretamente para uma pequena vila, ele precisava evitar irritar Basen.

   “Se isso não for possível, vou ganhar algum dinheiro antecipadamente e ir para algum lugar onde a guerra não chegue.”

   Cale fingiu não ouvir o suspiro de Basen e continuou a comer. Assim que a refeição terminou, seu pai, Deruth, foi o primeiro a se levantar. Ele parecia satisfeito com o café da manhã, pois seu rosto estava completamente sorridente.

— Estava realmente delicioso.

   Se o café da manhã fosse assim todos os dias, Cale provavelmente abriria mão de algumas horas de sono para vir tomar café da manhã o tempo todo. Deruth olhou para os familiares que se levantaram depois dele, antes de fixar o olhar em seu filho primogênito, Cale.

— Cale, você precisa de alguma coisa?

   Cale ficou confuso com o gesto repentino de Deruth, mas decidiu responder honestamente.

— Por favor, me dê algum dinheiro.

— Claro, eu te darei muito.

   Deruth respondeu sem hesitar.

   Esta era realmente uma família rica.

   Como um território que explorava mineração de mármore e cultivou uvas para vinho, eles estavam transbordando de dinheiro naquele momento.

— Ótimo. Por favor, me dê o máximo que puder.

   Cale sentia os dois irmãos mais novos olhando para ele, mas não precisava ficar constrangido. Não seria melhor pedir dinheiro em vez de beber e causar confusão?

   Além disso, ele precisava de dinheiro para prosseguir com seus planos. Ele precisava de dinheiro para realizar aquele encontro fatídico, onde poderia obter poder suficiente para se manter seguro.

— Claro. Vou te dar o máximo que puder.

   Cale começou a sorrir após ficar satisfeito com a resposta do pai. No entanto, ficou sem palavras ao retornar ao seu quarto e receber o cheque do mordomo-adjunto, Hans.

   O cheque emitido por meio de uma parceria entre o departamento do tesouro e o departamento de magia fez o coração de Cale disparar.

— Tanto dinheiro?

   Esta família não parecia ter apenas um pouco de dinheiro. Na verdade, eles pareciam ter muito dinheiro.

   A novel mencionava que Cale recebia uma mesada considerável, mas não mencionava o valor exato. No entanto, ele conseguia entender realisticamente o valor com base no valor listado no cheque.

— 10 milhões de galeões.

   É aproximadamente o equivalente a 10 milhões de wons coreanos¹. Se for assim, Cale pode mudar seus planos. O cérebro de Cale começou a pensar rapidamente em suas opções.

— Vou sair agora, jovem mestre.

   O ajudante de mordomo entregou o cheque e se despediu, mas Cale não respondeu. O ajudante de mordomo Hans simplesmente encarou a situação como algo normal e se dirigiu para a porta. No entanto, logo parou de se mover.

   Foi porque Cale se levantou do seu assento e disse algo para Ron.

— Ron, vamos para a sala de estudos.

   Hans então ficou ansioso com as palavras de Cale. Ron também.

— …Você disse a sala de estudos?

   Cale estranhou. A voz do velho astuto tremia um pouco. Haveria algum motivo para ele não poder ir à sala de estudos?

— Sim.

   Ele precisava ir à sala de estudos para elaborar seu plano. Não havia mesas nem papéis em seu quarto. Mas havia muitas garrafas de bebida alcoólica de aparência cara.

— Com licença, jovem mestre.

— O que é?

   Cale olhou para o ansioso mordomo assistente.

— Nós ainda não conseguimos fazer a limpeza matinal da sala de estudos.

— É mesmo? Tudo bem se ficar um dia sem limpar.

— Senhor, não podemos deixar isso acontecer.

   Por algum motivo, o ajudante de mordomo insistiu bastante. Então, deu um sorriso radiante e levantou um dedo.

— Por favor, espere só uma hora! Vou arriscar meu nome para garantir que a sala esteja completamente limpa, não como algo que não é usado há dez anos, mas como um que foi usado ontem mesmo!

— Claro, tanto faz.

   Ele não se importou em esperar uma hora.

— Ótimo. Então vou relatar isso ao mestre.

— Não precisa fazer isso, mas vá em frente se quiser.

— Sim, jovem mestre. Vou embora agora.

— Certo. Claro.

   Como um mordomo-adjunto bem treinado, Hans fechou a porta sem fazer barulho e desapareceu. Parecia estar com pressa. Cale sabia que havia três mordomos-adjuntos competindo para se tornar o mordomo oficial. Talvez fosse por isso que Hans era tão apaixonado por isso.

— Ron.

— Jovem mestre?

— Por que você está perdendo a consciência desse jeito?

— Minhas desculpas, jovem mestre.

— Não precisa se desculpar.

   Ron tinha outra expressão estranha no rosto, mas Cale guardou o precioso cheque no bolso interno enquanto evitava perguntar. Havia tanta coisa acontecendo que ele nem teve tempo de perguntar sobre a data de hoje.

— Qual é a data de hoje?

   Essa pergunta pareceria estranha vinda de qualquer outra pessoa, mas o servo Ron respondeu com uma voz gentil.

— É o 29º dia do 3º mês do 781º ano do calendário Félix.

— Hum, isso é um problema.

— Com licença?

— Nada.

   Cale apertou com força os 10 milhões de Galeões no bolso mais uma vez. A única coisa em que podia confiar era dinheiro.

   Ontem, dia 28 do terceiro mês do 781º ano do Calendário Félix, os moradores da Vila Harris, a vila para onde o personagem principal, Choi Han, foi após escapar da Floresta das Trevas, o lugar onde Choi Han sentiu afeição humana pela primeira vez neste mundo, fez amigos e formou uma segunda família, foram todos assassinados por um grupo desconhecido de assassinos.

   Nem mesmo Cale, que havia lido até o quinto volume, sabia a verdadeira identidade dessa organização secreta que assassinou os moradores.

   Alguns leitores podem estar dizendo algo assim ao ler sobre essa situação:

   ‘Achei que ele era muito forte. O que Choi Han estava fazendo enquanto eles eram assassinados?’

   É natural pensar assim.

   No entanto, há uma razão pela qual esta novel se chama O Nascimento de um Herói e não [A Força do Herói] ou [A Guerra dos Heróis].

   O Nascimento.

   Era a história de um homem que superou todos os tipos de obstáculos e carregou as dores do passado para se tornar um herói. Amor e amizade surgem ao longo do caminho, à medida que ele encontra inimigos e amigos.

    Algo que não pode faltar em uma história é o “despertar”. Ele pode ter talentos explosivos e ter vivido por dezenas de anos na Floresta das Trevas, mas, apesar de tudo isso, Choi Han ainda era uma pessoa inocente e gentil que não conseguia matar outro ser humano. Ele não tinha problemas em matar monstros, mas Choi Han nunca havia machucado outra pessoa.

    Para transformar alguém como ele em um herói, a novel criou uma situação difícil para Choi Han. Para curar a dama que o tratava como seu próprio filho, Choi Han foi à Floresta das Trevas em busca de ervas medicinais preciosas.

    Ele teve que viajar para o interior da floresta para encontrá-la e, quando finalmente conseguiu encontrar a erva e voltou para a aldeia, encontrou os cadáveres dos moradores assassinados, as casas em chamas e os assassinos que estavam prestes a ir embora.

    Choi Han enlouqueceu ao ver isso e matou alguém pela primeira vez. É claro que as pessoas que ele matou são membros dessa organização secreta, e essa organização secreta entra em conflito com Choi Han de tempos em tempos ao longo da novel.

    Choi Han só volta ao normal após matar todos os assassinos da organização secreta, antes de cair em desespero por não conseguir reunir nenhuma informação dos cadáveres. Ele então enterra os corpos dos aldeões antes de fazer uma promessa a si mesmo.

   “Vou matar todos eles. Vou matar todas as pessoas que fizeram isso acontecer.”

    Choi Han percebeu a tristeza da morte naquele momento, mas sua primeira morte começou a atormentá-lo. É claro que ele começou a sentir a felicidade novamente e a se tornar mais humano após conhecer os membros de seu grupo mais tarde na história, e se tornou um verdadeiro herói.

— …Ron.

— Sim, jovem mestre.

— Um copo de água fria, por favor.

— …Eu entendo.

   Depois que Ron saiu e ficou sozinho no quarto, Cale cobriu o rosto com as duas mãos.

   O problema é que a cidade onde esse perturbado Choi Han chega depois de deixar a Vila Harris é a cidade conhecida como Cidade Ocidental, localizada no centro do território Henituse.

   Cale, que por acaso encontra Choi Han, irrita Choi Han e acaba sendo espancado. É então que Choi Han encontra seu primeiro súdito/membro do grupo, o confiável chef Beacrox.

“…Eu iria lá com antecedência e o ajudaria.”

    O melhor cenário para não ser espancado não está mais disponível. Eu me importava mais em potencialmente salvar as pessoas da vila, mas não há nada que eu possa fazer sobre isso neste momento.

   Agora, tudo o que resta é garantir que eu aja de maneira a evitar ser espancado pelo furioso Choi Han, que está se movendo em uma velocidade louca para chegar à Cidade Ocidental amanhã.

— Evitar o personagem principal não é uma boa ideia.

   Ele precisava encontrar Choi Han para que Ron e Beacrox também o encontrassem. Essa era a única maneira de os três saírem daquele lugar juntos e começarem sua jornada oficial. Restava apenas uma opção.

   ‘Faça com que eles se encontrem e depois saia do caminho.‘

   Com a melhor primeira impressão possível, se possível.

— Jovem mestre.

— Ah, obrigado, Ron

   Cale tomou um gole da xícara que Ron trouxe. Então, começou a franzir a testa.

— Não era água fria?

— É limonada.

   Ele é realmente um homem traiçoeiro. Sabe que, assim como Kim Rok Soo, o Cale original odeia coisas azedas. Mesmo assim, escolheu levar limonada, que daria mais trabalho para preparar do que água fria. Cale queria ficar bravo com o gosto azedo, mas não conseguiu porque tinha medo daquele velho assassino. Só conseguiu beber a limonada.

— Obrigado, foi maravilhoso.

— Sem problemas, jovem mestre. Em breve poderemos ir para a sala de estudos.

— Ótimo.

   O sorriso gentil e benévolo de Ron fez Cale sentir arrepios. Ele mais uma vez agarrou o cheque de 10 milhões de galeões para sustento.

   O dinheiro realmente era a única coisa em que se podia confiar.

1. atualmente o equivalente a cerca de 41 mil reais[↩]