Capítulo 19: Amarra Prateada (4)
“O que aconteceu?”
“O capitão deixou entrar alguém sem o Certificado…”
“Ele foi comprado?”
“Cale a boca!”
Os soldados pareciam estar em choque enquanto James encarava Jaehwan com um olhar furioso.
‘…quem diabos é ele?’
Depois de um tempo, Mino e Karlton saíram do escritório. Mino parecia abatida, claramente teve dificuldade para passar pelo [Ordem da Lei].
“Mino, você deve sempre portar o certificado. E nunca mais suborne ninguém. Eu teria que puni-la, mas estou deixando passar porque o Jaehwan me pediu.”
Mino olhou para Jaehwan sem vida enquanto Karlton continuava:
“Jaehwan comprovou sua identidade.”
Era o objeto que Jaehwan arremessou em Karlton. A [Pedra do Espírito Esquecido], criada por uma das cinco famílias renomadas das <Grandes Terras>, os Verdes. Era usada principalmente pelos membros dos Verdes para comprovar identidade, mas havia uma razão para ser famosa.
A pedra aumentava o Poder Espiritual de um Adaptador quando carregada junto.
Aquela que ele lançou em Karlton era poderosa o bastante para transformar um Não Adaptador em um Adaptador de 1º estágio. Isso já era suficiente para comprovar a identidade de Jaehwan.
“Essas pedras foram examinadas, então vou devolvê-las a você.”
“Você não precisa dela?”
“Não deve entregá-la a ninguém. Deve valorizar o que possui, Mensageiro dos Verdes.”
Karlton entregou as duas pedras a ele. Depois de guiar Jaehwan e Mino para dentro, tirou algo parecido com um aparelho de medição de temperatura.
“Isso verifica o nível de Corrupção do Espírito. Todos devem ser testados com ele, por precaução.”
Jaehwan olhou para Mino, esperando que ela explicasse, como sempre fazia nesses casos. Mas Mino ainda parecia sem vida.
“Ela ficará assim por um tempo, já que foi punida com o [Ordem da Lei].”
Jaehwan assentiu.
“Vou começar com a Mino.”
A máquina apitou por um tempo e então uma pequena tela flutuante apareceu no ar.
[Resultado: Atenção — a corrupção excedeu 15%. Recomenda-se tomar medicação.]
Karlton ficou sério.
“Mino, conforme o Capítulo 8…”
Mino então pegou alguns remédios e engoliu as pílulas com expressão vazia. Chegou a vez de Jaehwan. Ele sentiu algo rapidamente percorrendo seu corpo enquanto o aparelho apitava. Parecia que Karlton nunca tinha visto um dispositivo assim.
‘Ele é um espírito corrompido?’
O resultado apareceu.
[Resultado: Não foi possível medir o nível de corrupção.]
Karlton ficou atônito e pediu desculpas a Jaehwan:
“Sinto muito. Deixe-me tentar novamente.”
[Resultado: Não foi possível medir o nível de corrupção.]
Karlton permaneceu em silêncio. Essa máquina nunca havia dado erro. Desde sua criação, ele nunca tinha ouvido falar que falhasse. A única situação em que o dispositivo não podia medir era quando o nível de corrupção do espírito era 0%.
0% não era algo que se alcançava apenas tomando bons remédios. Ninguém nesta fortaleza tinha um espírito tão puro. Karlton parecia entender.
“Entendo… por isso minha [Amarra Prateada] não funcionou em você. Nunca vi um espírito tão puro como o seu.”
Karlton lembrou que todas as suas habilidades eram inúteis contra Jaehwan.
“Está tudo resolvido. Podem ir.”
Jaehwan não saiu. Ele abriu a boca…
“Capitão, podemos realmente deixá-los ir assim?”
James perguntou, ao ver os dois desaparecerem. Ele não conseguia entender.
“James, você não sabia que os Verdes estavam vindo para o <Caos>?”
“Sim, mas…”
Não havia como eles não saberem. Todas as cinco famílias renomadas enviavam uma mensagem para a fortaleza antes de visitarem o <Caos>. Eles eram os únicos, junto com os [Pesadelos], que podiam entrar no <Caos> sem pagar o preço da morte. James sabia que eles estavam vindo.
“Mas ele não parece ser dos Verdes.”
Pele verde e duas antenas. O povo dos Verdes tinha uma aparência muito distinta. Karlton assentiu.
“Certo. Ele não parece nem um pouco com eles.”
“Então como você sabe que ele é dos Verdes?”
Karlton sorriu amargamente e perguntou:
“James, você sabe o que a [Pedra do Espírito Esquecido] faz?”
“Não aumenta o poder do Adaptador?”
“Certo.”
Todos conheciam a pedra. Todos os Adaptadores desejavam colocar as mãos nela.
“Então você sabe quais são as suas características?”
James ficou pasmo, mas Karlton tirou suas luvas brancas e mostrou as mãos. Parecia que suas palmas tinham sido queimadas. Não era uma queimadura comum, mas James sabia o que era.
“Corrupção…!”
James não podia acreditar. Corrupção era como uma praga que existia dentro do <Caos>. Todos no <Caos> acumulavam corrupção aos poucos, apenas por viverem ali, e quando atingiam 100%, enfrentavam um destino mais horrível que a morte.
Mas havia formas de se defender. Era tomando os chifres.
Quem tomava aqueles remédios feitos com os chifres podia viver mais, e Karlton era o que tinha o espírito mais puro dentro daquela fortaleza.
Porém, seu espírito estava corrompido, só nas palmas das mãos.
James tirou remédios do bolso freneticamente e aplicou pó na mão de Karlton. Era o remédio que ele tinha recebido de Mino.
“Isso é da pedra?”
Karlton assentiu.
“James, você já viu alguém além dos Verdes carregando a pedra?”
James pensou. Nunca tinha visto.
“Não é estranho? Por que ninguém mais tenta tomar para si?”
Isso definitivamente era estranho. Havia Verdes que viajavam sozinhos e, se todos tivessem aquelas pedras, alguns poderiam atacá-los para roubar as pedras.
“É por causa da corrupção.”
Karlton assentiu novamente.
“Sim. Ninguém além dos Verdes consegue usar essas pedras. Eles são os únicos autorizados a carregá-las sem corromper seus espíritos.”
Se isso fosse verdade, não era estranho Karlton considerá-lo dos Verdes.
“Mas eu nunca vi Verdes sem antenas.”
Karlton sorriu amargamente e escondeu a asa prateada atrás das costas.
“James, com quem eu pareço agora?”
“…Hã?”
James então entendeu.
Karlton Javier.
Um híbrido entre os povos do Céu e os humanos.
Como ele era meio humano, não nasceu com as características únicas dos povos do Céu, como as orelhas pontudas longas e a gema na testa. Tudo o que herdou foi a asa prateada. Sem ela, ninguém saberia que ele não era humano.
‘Certo… se aquele homem for como ele…’
Foi então que James parou.
‘Mas O Teimoso o deixou ir por esse motivo tão trivial?’
James olhou para Karlton.
“Você parecia não estar convencido.”
“Desculpe.”
“Não, sua suspeita é válida.”
“O quê?”
“Eu não o teria deixado passar em circunstâncias normais.”
James então percebeu algo.
“Houve uma ordem do castelo interno?”
“Sim, eles estavam com pressa. Já mandei mensagem para procurá-los. Seja ele dos Verdes ou não, carrega a pedra e sabe usá-la, então não importa.”
A Pedra do Espírito Esquecido.
A pedra que potencializa o Poder Espiritual de um Adaptador. A pedra que corrompe qualquer um que não seja dos Verdes.
Encontrar alguém que pudesse usar aquela pedra era importante.
James de repente pensou em algo.
“Isso tem a ver com a doença do Mestre?”
“Não sei os detalhes. Mas…”
Karlton tinha certeza de que algo aconteceria em Gorgon. Ele lembrou da conversa com Jaehwan.
“Eu não sei o que você está tramando.”
“…”
“Eu não sou dessa família dos Verdes. Você deve saber disso.”
“Claro que sei.”
“Então pode me deixar ir? Isso não vai contra sua ‘justiça’?”
Karlton sorriu.
“Em breve, nossa justiça vai se encontrar de novo.”
Karlton então lembrou da energia aterrorizante de Jaehwan. Era essa energia que o fez sair rápido do escritório. Ele não sabia por quê, mas aquele homem parecia querer lutar com ele.
‘Não, talvez o que ele queria lutar era…’
Karlton então olhou para a parede da fortaleza. Se Jaehwan não tivesse dado as pedras, ou se tivesse sacado a espada, o que teria acontecido? Karlton não tinha certeza.
“Ah, e James.”
“Sim?”
“Jaehwan me disse que você foi quem aceitou o suborno.”
“Is-isso é…”
“De acordo com o Código da Lei, Capítulo 34…”
James franziu o cenho.
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