Capítulo 33: Doutor do Desespero (1)
[Aquele velho… por causa dele, todo mundo achou que qualquer pessoa também poderia fazer isso. O que ele dizia mesmo? Que repetir o mesmo corte um trilhão de vezes o tornaria realmente poderoso… ou algo assim?]
—Imai Kazuki, 3º Capitão da [Ruptura]
Quatro homens estavam sentados no escritório do castelo interno. O homem de meia-idade, na cadeira mais alta, era uma figura famosa dentro da fortaleza.
Chanceler Euren Chiver
Ele era quem ficava encarregado do castelo enquanto o Mestre estava ausente. O homem sentado ao lado dele não ficava atrás em status.
“Doutor, tem certeza de que Jaehwan pode usar o ‘Corte do Homem-Morto’?”
“…Sim,” Chunghuh respondeu, claramente incomodado por ter que admitir aquilo, e o Comandante Anti-Mal concordou.
“Eu também vi, Chanceler. Foi definitivamente o ‘Corte do Homem-Morto’.”
“Bem, para ser específico, não é [Corte],” acrescentou Chunghuh, olhando para o homem à sua frente. O homem era o único ali sem ligação alguma com a Fortaleza Gorgon.
‘…Por que estou aqui?’
Jaehwan pensou ao olhar para Chunghuh à sua frente.
Chunghuh, o Doutor do Desespero.
Todos no <Caos> já tinham ouvido rumores sobre ele. O homem que podia realizar o ‘Corte do Homem-Morto’. Ele era o único capaz disso. Mas sua fama não se devia apenas ao fato de ser um médico habilidoso.
— Ouvi dizer que ele é tão poderoso quanto os líderes dos Dez Clãs.
O doutor era extremamente forte. Era um assunto que sempre rendia fofoca.
— Ouvi dizer que ele é um “Forte das Profundezas”.
— Ouvi dizer que ele também foi membro da [Ruptura].
— Ouvi dizer que ele limpou a torre do [Mestre].
No entanto, ninguém sabia ao certo o que era verdade, já que Chunghuh nunca falava de si mesmo. E assim, com o tempo, seus rumores foram perdendo força.
O velho que só sabia cortar.
O velho que amava tanto as mulheres que só tratava delas.
O nome “desespero” foi colocado nele porque ele sempre vivia em desespero.
“O doutor está em desespero!”
Os médicos ficaram chocados ao ver que os rumores eram reais, quando viram Chunghuh de joelhos. O comandante se aproximou e perguntou: “Doutor! Por que está aqui? E o Mestre?”
“…Essa garotinha está prestes a morrer. Quem se importa com o Mestre?”
“O-o quê?!”
Chunghuh então lançou um olhar furioso para Jaehwan.
“Ei! O que você vai fazer? Você arruinou o meu ‘Corte do Homem-Morto’! E com a minha espada nesse estado…”
Sua espada estava destruída. O ‘Corte do Homem-Morto’ só podia ser usado com uma espada feita de um chifre de quatro pontas ou superior. Foi quando os olhos de Chunghuh captaram algo interessante.
“OH! Garoto, você tem algo bom aí!” exclamou Chunghuh. “Um chifre de Garnak, hein?”
Uma espada com o poder de um Garnak. Ele já tinha visto espadas feitas de chifre de pentacorno, mas nunca vira uma cuja bainha também fosse feita de chifre de Garnak. Garnaks eram bestas ferozes e violentas, extremamente difíceis de caçar. Chunghuh estendeu a mão em direção à espada sem pedir permissão, mas Jaehwan segurou seu pulso para detê-lo.
“…Você, jovem, tem habilidade.”
Ele já havia percebido que aquele homem não era comum quando o seu ‘Corte Normal’ foi bloqueado, mas agora parecia que o jovem era ainda mais do que esperava. Foi então que Jaehwan falou de repente:
“Se eu deixar você usar esta espada…”
“Hã?”
“Se eu deixar, então você pode salvá-la?”
Chunghuh piscou. “…Claro. Eu consigo.”
Jaehwan puxou a espada e a entregou, ainda com a bainha. Chunghuh ficou chocado. Era a primeira vez que encontrava aquele homem e, mesmo assim, ele simplesmente entregou sua arma. Mas isso não importava agora.
“…É uma boa espada, mas combina com você.”
Chunghuh riu enquanto a espada chorava em suas mãos. Então, suas pupilas ficaram brancas e o velho começou a balançar a espada no ar. O lugar ficou em silêncio.
‘Então foi isso que ele fez antes.’
Jaehwan olhou para o mundo que havia se tornado branco. À medida que o velho movia a espada, o mundo era pintado em uma luz branca. Jaehwan finalmente percebeu que aquilo não era apenas uma ilusão qualquer.
Esse era o mundo que o velho via.
Dentro da área completamente branca estava Mino, cujo contorno estava desaparecendo. O velho olhou para Mino. Ele se colocou à frente e segurou a espada como se fosse um pincel. Então começou a redesenhar suas linhas.
Jaehwan achou a cena estranha. Era suave, mas ao mesmo tempo violenta. Era relaxada, mas apressada. Mas tudo era preciso.
O corpo de Mino estava sendo repintado no mundo. Jaehwan sentiu alívio ao observar o velho trabalhando. Ele desenhou o nariz de Mino, seus lábios, e deu atenção especial aos seios dela. À medida que seu pincel se movia, o mundo branco dançava. Era como uma canção calma e suave. Então, a canção que o velho criava estava chegando ao fim. O velho desabou, perdendo a força para segurar a espada.
“Ugh, não consigo continuar mais.”
Chunghuh se deitou de costas.
“Maldição… meu Poder Espiritual está se esgotando…”
A pintura de Mino ainda estava instável. Mas estava quase completa.
“Se não fosse por aquele maldito Mestre…”
O mundo tremeu. Jaehwan sabia que, se aquele quadro não fosse finalizado, o ‘Corte do Homem-Morto’ não funcionaria. Ele refletiu.
Ele não conseguia usar um [Corte], mas mesmo que fosse apenas uma cópia do que o velho havia feito…
Jaehwan pegou de volta sua espada. Sentiu as pessoas ao seu redor gritando, tentando impedi-lo. Estava barulhento. Jaehwan fechou os olhos. Sua mente sempre carregava [Suspeita] contra o mundo, e o espírito que buscava [Compreender] parou. Seus pensamentos ficaram livres.
Sim, era assim que deveria ser.
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