Capítulo 105: Festival (3/5)

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Renee moveu seu corpo sem pensar.

Ela apenas bateu com a bengala e andou como um robô.

Então ela ficou preocupada. Suas mãos estavam suando? Sua expressão estava dura? Seu jeito de andar era estranho?

Como não conseguia checar a reação de Vera, ela se preocupava até com as menores coisas.

‘Ah…’

Ela involuntariamente abaixou a cabeça, suas bochechas queimando. Talvez todo o seu rosto estivesse corando.

Tenho que ‘fingir’ que estou relaxada… mas parece que esconder isso é impossível porque tenho que prender meu cabelo atrás das orelhas para enfatizar o pescoço.

Enquanto ela pensava assim, Vera falou.

“…Chegamos.”

Renee levantou a cabeça, surpresa.

“Já?”

Não parecia que andaram tanto, mas já tinham chegado. À pergunta que proferiu com esse pensamento, Vera respondeu com uma voz firme.

“Sim, a 3ª e a 5ª Ruas ficam a vinte minutos de caminhada.”

Vinte minutos.

Ela ficou envergonhada por tanto tempo?

O rosto de Renee ficou tomado por uma expressão consternada diante daquele pensamento.

“Uh… Devemos entrar então?”

Se recomponha. Você não prometeu fazer algum progresso hoje?

“Sim, então por aqui.”

Renee se recompôs e seguiu as orientações de Vera até o restaurante.

***

A 5ª Rua da Capital Imperial era onde se podiam saborear todos os tipos de pratos sofisticados e também era chamada de Rua Gourmet.

[Sussurros de Sal] era um dos melhores restaurantes de luxo de lá.

Depois de entrar naquele lugar, Vera conduziu Renee até o assento na janela que ele havia reservado no segundo andar.

As mesas estavam alinhadas ao longo da janela, então eles tiveram que sentar um ao lado da outro.

Como Renee teve vários inconvenientes enquanto comia, eles não podiam sentar-se em uma mesa de frente um para o outro, então ele escolheu esse assento deliberadamente.

Depois de se sentarem na mesa reservada, Vera soltou o ar o mais silenciosamente possível para que Renee não percebesse.

Era porque seu peito esquerdo estava entupido.

Eles andavam de mãos dadas como sempre e não era a primeira vez que andavam juntos na Capital Imperial, mas ele se sentia nervoso por algum motivo e mal conseguia se acalmar.

Vera olhou de relance para o perfil de Renee sentada ao lado dele.

Seu cabelo estava delicadamente preso atrás das orelhas, revelando uma linha visível.

Começava na testa redonda e cruzava a ponte reta do nariz, descendo até os lábios vermelhos, até a linha do maxilar fina e afiada. Se você seguir a linha até o fim, poderá ver os lóbulos das orelhas brancos e finos e a nuca branca.

‘…Uma pinta.’

No ponto onde a ponta do queixo encontra a nuca, um pequeno ponto foi estampado ali.

Seu olhar, que estava secretamente espreitando, foi descaradamente direcionado em direção aquela pinta antes que ele percebesse.

Enquanto ele olhava para aquele ponto…

“Vera?”

O corpo de Vera estremeceu ao chamado de Renee.

Tardiamente, ele se sentiu envergonhado.

A cega Renee provavelmente não sabia para onde estava olhando, mas, independentemente disso, ele se sentiu ‘pego em flagrante’ e se sentiu culpado.

“Sim.”

Sua voz saiu muito rígida.

Vera esperou pela resposta dela, repreendendo-se por não estar mais alerta.

Renee levantou os cantos da boca levemente, um sorriso com covinhas se espalhando pelo seu rosto antes de falar.

“Como é a atmosfera aqui?”

Ela perguntou, tendo em mente a ‘Arte da Sedução’ que havia aprendido com Annie.

Vera sentiu o peito apertar novamente ao ouvir isso, e olhou rapidamente ao redor.

“O interior é decorado principalmente com uma combinação de branco e cinza. O material é… pedra. Imagino que seja provavelmente mármore. Há cerca de vinte mesas visíveis, talvez mais cinco se você contar as mesas longas perto desta janela, então o segundo andar sozinho pode comportar vinte e cinco mesas. Você pode ver luzes mágicas cor de damasco em todos os lugares. A luz refletida no mármore brilhante está criando uma atmosfera bem sutil.”

Ah, ainda bem que não gaguejei.

Com um pequeno suspiro de alívio, Vera pigarreou.

“E o som da música que estou ouvindo agora? Por acaso tem um artista?”

“É uma ferramenta mágica. Acredito que foi enviada como um projeto de graduação do Departamento de Engenharia Mágica da Academia alguns anos atrás, então se tornou popular e está sendo usada dessa forma.”

“Engenharia mágica? Uau, isso é incrível.”

Vera respondeu com um aceno de cabeça enquanto Renee acariciava o cabo de sua bengala que estava encostada em sua cadeira.

“Sim, já que é prático, espera-se que haja itens mais incríveis no futuro.”

Na verdade, havia um ditado assim.

Dizia-se que se a engenharia mágica se desenvolvesse mais, o modo de vida do continente mudaria nos próximos cinquenta anos.

Claro, foi uma especulação que não deu em nada, pois o Rei Demônio reduziu o continente a nada mais que um deserto.

“Hum…”

Renee assentiu com a cabeça para as palavras de Vera e de repente fez uma pergunta.

“Será que haverá algo que possa ajudar os cegos a enxergar?”

As pontas dos dedos de Vera tremeram e seu olhar se voltou para Renee. Era para examinar se ela estava mostrando um rosto triste ou se tinha um sentimento amargo em seu coração.

O silêncio naturalmente caiu sob os dois.

Vera mordeu os lábios levemente antes de finalmente quebrar o silêncio.

“…Definitivamente será desenvolvido. Se não for, eu irei e ordenarei que seja feito.”

“Pfft-o que é isso?”

Uma risada leve escapou da boca de Renee.

Enquanto isso, a gratidão borbulhava dentro dela.

Ela sabia que Vera, que sempre levava tudo a sério, não diria isso de brincadeira.

Renee, que sorria em gratidão e entusiasmo pela atitude firme dele ao dizer que iria tão longe por ela, continuou suas palavras em um tom levemente travesso.

“Você vai ameaçá-los?”

Vera sentiu sua consciência sendo instigada. Isso porque ele estava realmente considerando tal método.

Mas não era verdade? Afinal, acadêmicos eram seres humanos que criariam qualquer coisa se fossem pressionados.

Embora tenha sido uma declaração feita com base em sua experiência em lidar com esse tipo de pessoa em sua vida passada, Vera percebeu, um pouco tarde demais, que ‘não era a coisa certa a fazer’ e mordeu a língua.

Renee riu da atitude de Vera de manter a boca fechada e, dessa vez, falou em voz baixa, como se estivesse sussurrando.

“Se não existe, posso viver sem isso.”

“No entanto…”

“Vera vai me mostrar o caminho, certo?”

Renee cortou a refutação dele e continuou. Ela sentiu uma sensação agradável surgindo com a presença vacilante de Vera. Seu rosto estava ficando mais vermelho.

“…Você prometeu ficar ao meu lado, lembra?”

Essas foram as palavras que Vera disse em Remeo há três anos.

Além disso, aquelas palavras eram como um tesouro que não desapareceu mesmo depois de tantos anos.

Vera sabia o quanto aquelas palavras significavam para ela, quando ele disse que viveria por ela?

“Está tudo bem se eu não conseguir enxergar, porque estou acostumada.”

Depois de dizer isso, Renee respirou fundo por um momento e acrescentou em voz baixa.

“Vera vai me mostrar o caminho, eu posso viver assim.”

Suas palavras não eram apenas sobre a parte visual, mas também traziam um pouco dos sentimentos que ela tinha escondido dentro de si.

Com isso, as pupilas de Vera tremeram levemente.

Mesmo que ela estivesse absolutamente certa, e mesmo que não houvesse espaço para outras intenções no contexto da conversa…

Essas palavras pareciam duras de alguma forma e o fizeram sentir como se suas entranhas estivessem queimando.

“…Sim, está certa.”

Vera respondeu, mexendo em seu copo de água na tentativa de acalmar seus nervos.

“Eu sempre estarei ao lado da Santa.”

Vera continuou com suas palavras e engoliu muita água. No entanto, ele ainda se sentia quente por dentro. Mesmo que ele bebesse água fria, ele ainda não estava se acalmando.

Seu olhar, que estava direcionado a Renee há pouco, agora estava olhando para fora da janela. Sua expressão se enrugou. Ele fez isso porque, se não o fizesse, não conseguiria controlar sua expressão, e seria muito embaraçoso.

Foi uma tentativa patética de esconder seu constrangimento, mas, infelizmente, Renee podia sentir o constrangimento de Vera.

Pelo seu tom de voz, pelo movimento farfalhante ou pelo som de quem bebe água.

Apesar dos sons de outros hóspedes conversando por perto ou da música tocando no restaurante, os sentidos de Renee estavam focados apenas em Vera.

O mundo de Renee era preenchido apenas por Vera.

De repente, Renee sentiu uma pequena pontada de arrependimento.

‘Quero ver a expressão dele.’

Que tipo de expressão Vera está fazendo agora? Qual é a cor do rosto dele? Para onde ele está olhando?

Ela também estava curiosa sobre muito mais do que isso.

Ela precisava de todas as informações visuais sobre a pessoa chamada Vera.

Embora ela tenha dito que estava tudo bem mesmo que ela não pudesse vê-lo, ainda era uma pena que ela não pudesse vê-lo.

Ela só queria ver Vera, não o mundo.

Renee sentiu muito arrependimento.

***

Embora seu coração estivesse uma bagunça e seus pensamentos não estivessem bem organizados, a refeição estava deliciosa.

Pelo menos, Vera pensava assim.

‘Já faz quase dez anos.’

Fazia muito tempo que ele não comia uma refeição de vários pratos como essa. Na vida anterior, ele não conseguia comer porque fugiu após a ascensão do Rei Demônio, e nesta vida, ele não conseguia comer porque não tinha chance.

Pensando na alegria de saborear uma comida gourmet depois de tanto tempo, Vera passou o bife que ele havia cortado para Renee.

“Experimente isso também.”

“Ah, obrigada.”

Renee sorriu, pegou o garfo, cuidadosamente mergulhou o bife com a orientação de Vera e o colocou na boca.

Ela mastigou lentamente, parando um momento para mastigar e sentir o sabor do bife.

‘É delicioso, mas…’

O gosto era meio sem graça.

Tal impressão lhe veio à mente.

Se ela tivesse que expressar isso, poderia ser avaliado como um ‘gosto caro’.

‘Acho que a sopa que Marie fez é mais saborosa.’

Eu gostei porque era estimulante.

‘Devo pedir para ela fazer mais uma vez antes de irmos?’

Parafraseando Vera, a ‘gourmet pervertida’ Renee mastigou e engoliu o bife enquanto relembrava tais pensamentos, mas logo os afastou.

‘Bem, mas o ambiente é bom.’

Talvez a razão pela qual este lugar seja famoso seja por causa da atmosfera.

O som suave de uma música ou a sensação de calor. Segundo Vera, o interior também era muito bem feito, então seria justo dizer que este restaurante era um lugar que criava a atmosfera para celebrações.

Renee sorriu um pouco com esses pensamentos.

Foi um sorriso que surgiu da excitação de saber que Vera havia levado o passeio de hoje a sério.

Claro, Vera, sem saber dos seus sentimentos, estava no meio de um julgamento de se Renee gostou da refeição enquanto sorria comendo o bife.

“Com licença.”

A garçonete disse enquanto se aproximava.

Vera perguntou enquanto observava o sorvete servido na mesa pela garçonete.

“Do que isso é feito?”

Era uma pergunta que ele fez porque a cor era muito única. Um sorvete espumante com um brilho branco. Quando ele fez uma pergunta que surgiu porque ele nunca tinha visto isso aqui em sua vida anterior, a garçonete sorriu e respondeu.

“Este é um novo menu desenvolvido pelo Chef. Foi inspirado pelo milagre que apareceu no céu da Capital Imperial há pouco tempo.”

Vacilar—

Os ombros de Renee estremeceram com as palavras da garçonete, pois ela se sentiu um pouco envergonhada.

“…Obrigada.”

Ela disse isso sem querer quando ouviu que o sorvete foi inspirado nela, mas a garçonete, que não sabia que Renee era a Santa, apenas inclinou a cabeça.

“Por favor, diga a ele que gostamos da comida.”

“Oh, sim. Então divirta-se.”

A garçonete foi embora aos cuidados de Vera e, logo depois, um clima estranho começou a surgir entre os dois.

“Hm, é constrangedor.”

“Acho que é algo para se orgulhar.”

“É mesmo assim?”

“Sim, para um chef, um menu é como uma arte que contém uma filosofia pessoal, então não seria o mesmo que dizer que, ao criar este menu, a Santa se tornou a musa dessa arte?”

Uma musa.

Renee, que ficou ainda mais envergonhada com os elogios excessivos, mudou de assunto com um sorriso estranho.

“Então vamos provar.”

Sentindo como se fosse morrer de vergonha se continuasse ouvindo, Renee pegou o sorvete com uma colher e colocou na boca. De repente, ela abriu bem os olhos e exclamou.

“Hm! É muito bom!”

O sabor picante e salgado lhe deu uma sensação emocionante.

Era um sabor que combinava perfeitamente com suas preferências.

Um sorriso natural e brilhante surgiu em sua boca.

“Vera, experimente rápido também. É muito bom.”

Então, esse lugar tem boas sobremesas.

Enquanto Renee brincava com a colher com esse pensamento, Vera assentiu levemente e fez o mesmo, pegando o sorvete.

Logo depois…

“Eup…!”

A expressão de Vera se contraiu.

“É uma delícia, não é?”

Vera olhou para Renee com uma expressão perplexa.

Era estranho que ele ficasse bravo ao vê-la esperando uma resposta com o rosto cheio de expectativas?

Incapaz de encarar Renee, Vera baixou o olhar para o chão e lutou para responder.

“…Sim.”

Não consigo entender os gostos de Renee, não importa o quanto eu tente.

Vera estava tendo tais pensamento.

Capítulo 105: Festival (3/5)

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