Capítulo 106: Festival (4/5)

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Foi uma refeição que deixou ambos satisfeitos de maneiras diferentes.

Ao saírem do restaurante e voltarem para a rua, os dois continuaram a conversa em um ambiente muito mais tranquilo do que quando chegaram.

“Vamos ao mercado noturno agora?”

“Sim, estamos indo ver as apresentações ao ar livre primeiro, já que as áreas de alimentação estarão lotadas. Tudo bem para você?”

“Eu vou confiar em Vera.”

Os lábios de Vera se franziram com força diante da resposta que Renee deu com um sorriso.

Por que esse sorriso é tão perturbador hoje?

Franzindo a testa diante da confusão em sua cabeça, Vera rapidamente prendeu a respiração e acalmou seu coração acelerado antes de falar novamente.

“Então vamos lá.”

“Sim.”

Eles continuaram seu caminho.

Nas ruas onde o pôr do sol desaparecia lentamente, o som de uma bengala batendo e passos pesados se misturavam, criando uma batida única.

***

4ª Rua, o centro do festival.

Ao entrarem no local onde todos os tipos de barulhos altos e aromas perfumados se misturavam, Renee sentiu um sorriso brotar em seus lábios.

Embora ela não pudesse ver, havia uma vivacidade clara no ar.

“Há tantas pessoas.”

“Sim, parece especialmente lotado este ano.”

Ele não estava apenas dizendo palavras vazias. Na verdade, mais pessoas estavam inundando a Capital Imperial este ano em comparação aos anos anteriores.

O motivo foi… por causa de Renee.

Boatos sobre o milagre que Renee realizou no dia do ataque terrorista se espalharam por todo o continente, gerando um maior fluxo de pessoas.

Todos os tipos de pessoas, desde pedestres esperando ver a santa pessoalmente, até doentes que sofriam de doenças incuráveis e até mesmo descendentes de famílias falidas que desperdiçaram a riqueza de seus ancestrais e buscavam o poder da santa, vinham aqui para ver Renee.

É claro que Renee não sabia desse fato.

Seria mais correto dizer que Vera escondeu isso deliberadamente, para não sobrecarregá-la com qualquer pressão desnecessária.

Deixando esses pensamentos de lado, Vera levou Renee em direção à área lotada e falou.

“Por favor, segure minha mão com força para que não nos separemos.”

Ele apertou ainda mais a mão dela enquanto falava, fazendo com que o rosto de Renee ficasse vermelho de vergonha.

Renee concordou com a cabeça, mas de repente pensou que esta era uma oportunidade.

– Santa, lembre-se disso. Os homens, não importa o quão inteligentes e bonitos sejam, tornam-se idiotas quando se trata de ataques físicos. Então você deve ir com tudo e unir seus braços, mover seu corpo contra o dele, e como há tantas pessoas, é perfeito! ‘Ah~ Não há espaço suficiente nem para segurar minha bengala~’ Grudar nele assim e… Hein? É constrangedor? Oh, nossa! Santa!!! Se você se importa com isso, você vai morrer de velhice sozinha, sabia?! Pare de se preocupar com isso e pense que você está no meio de uma guerra!!!

As palavras furiosas de Annie ecoavam em sua cabeça.

Renee sentiu como se seu cérebro estivesse fervendo com esse pensamento e hesitou.

‘Fazer isso? Devo fazer isso? Devo mesmo fazer isso?’

Não, ela tinha que fazer isso. Assim como Annie disse, tudo daria em nada se ela continuasse preguiçosa assim.

Ela teve que usar todos os meios possíveis.

Renee sentiu o coração batendo forte e a boca seca, mas então se decidiu, respirou fundo e parou de andar.

“Santa?”

É agora. Tenho que fazer isso agora. Tenho que ter certeza de que ele me reconheça como uma mulher! Lembre Vera do que aconteceu hoje, mesmo em seu sono! Faça-o sonhar comigo!

Gole.

Mais uma vez, ela engoliu saliva seca.

Em meio a todos os barulhos ao redor, Renee falou tão baixo que apenas Vera conseguiu ouvi-la.

“…Vera, tem tanta gente.”

“Sim, então segure minha mão só por precaução…”

“Não.”

Pat—

Renee soltou a mão que estava segurando. Ela tinha colocado muita força no movimento, pois estava nervosa, então parecia que ela estava se livrando da mão dele.

Diante disso, Renee estremeceu enquanto Vera ficou surpreso.

‘A-Acalme-se!’

Enquanto isso, Renee, que havia recuperado a compostura primeiro, deu um grande passo em direção a Vera e colocou o braço em volta do braço dele em um movimento rápido.

Então, ela acrescentou o outro braço, que segurava uma bengala, aos braços entrelaçados.

Em vez de entrelaçar os braços, Renee agarrada a Vera… era mais preciso.

Em meio ao seu constrangimento, Renee nem percebeu o que estava fazendo e se justificou, dando uma desculpa enquanto apertava mais forte o braço dele.

“É-É porque tem muita gente! Não deveríamos nos separar! Se eu me perder, vai ser difícil me encontrar, então temos que ficar perto assim, certo? Você não acha?”

Enquanto falava, Renee sentiu que seu coração estava prestes a explodir ao sentir o antebraço de Vera, que era mais grosso e duro que o dela.

“Responda-me!”

Por isso, ela o instou a responder.

Enquanto Vera se encolheu de surpresa com a explosão de Renee, a sensação suave apertando seu braço o fez enrijecer como uma pedra mais uma vez.

Para explicar… Ele tinha paralisado. Era muito vergonhoso e vulgar para dizer em voz alta porque o gesto de Renee, que o deixou inseguro se eles estavam de braços dados ou fazendo outra coisa, estava atualmente pressionando seu braço.

Uma presença enorme que lembra uma grande montanha. Um toque distante que faz a cabeça ficar em branco.

Cada vez que Renee era empurrada pela multidão, a situação piorava e confundia a mente de Vera.

“Sim, sim… sim. Você não pode se perder. Certo… Isso é verdade.”

Sua cabeça virou para o céu.

Ele viu o céu negro e as lanternas amarelas iluminando as ruas. Ele viu as luzes coloridas.

Vermelho, laranja, amarelo, verde, azul, índigo, violeta.

Ah, é um arco-íris.

Vera, que de repente percebeu que a disposição das cores das luzes era a de um arco-íris, fez uma cara de quem não entendeu.

“E-então devemos ir?”

Renee perguntou.

Vera rangeu os dentes com uma expressão indescritivelmente estupefata.

***

No teatro ao ar livre na 4ª Rua, onde a apresentação de rua estava a todo vapor.

Albrecht estava ali, controlando a multidão com um largo sorriso.

“É o príncipe!”

“Kyaaaah!”

“Por favor, olhe para mim também!!!”

“O príncipe me viu!!!”

“Nãooooooo!! Ele me viu!!!”

O motivo de toda a comemoração foi porque eles o avistaram enquanto ele patrulhava a área para manter a segurança pública.

Ah, que som lindo é esse.

O prazer de receber elogios das massas era indescritivelmente estimulante.

“Ah! Isso mesmo! Eu sou o Segundo Príncipe deste Império! Comandante dos Cavaleiros Imperiais, Albrecht van Freich!”

“Kyaaaaah!!!!!”

Ao seu poderoso grito, aplausos irromperam mais uma vez.

Sentindo a excitação percorrer todo o seu corpo com a resposta, os brilhantes olhos dourados de Albrecht se curvaram delicadamente e ele mostrou seus dentes brancos perolados enquanto gritava.

“Deixe a segurança da capital comigo, Albrecht! Divirtam-se, todos!!!”

Seria apropriado chamá-lo de ‘som celestial’.

À medida que a bela e doce voz de Albrecht se espalhava, a rua inteira era tomada pela excitação.

“Simmm!”

Albrecht acenou com as mãos no ar e se virou, sua capa vermelha balançando em um movimento exagerado.

‘Ah…’

Ele estava feliz.

Ele sentiu como se finalmente tivesse retornado ao seu devido lugar e estava cheio da sensação de segurança que alguém teria no ventre de sua mãe.

Parecia que sua autoestima, que havia despencado enquanto explorava as favelas e interagia com o povo do Reino Sagrado, estava sendo restaurada.

‘Este é o meu lugar!’

Este é Albrecht Van Freich!

Ao ver Albrecht andando pela rua com o rosto vermelho, o Conde Baishur, que o seguia, suspirou.

‘Uma pessoa que supostamente mantém a segurança…’

E se ele fizer uma bagunça nas ruas?

Ao ver a força de segurança bloqueando a multidão que se aglomerava em direção ao Príncipe, o Conde Baishur sentiu uma dor no pescoço.

***

O barulho da rua movimentada estava abafado pela música.

O som suave dos instrumentos de cordas, o estrondo dos instrumentos de sopro e os sons alegres dos instrumentos de percussão se misturaram bem e entraram em harmonia.

No entanto, o som mais proeminente que podia ser ouvido, apesar do volume da música, era a batida de seus próprios corações.

“…É bom.”

Quando Renee falou levemente, a resposta de Vera veio.

“Sim, parece ser uma banda com habilidade considerável.”

“É incrível. Eu esperava algo mais leve quando ouvi que era uma performance de rua, mas nunca esperei que pessoas tão habilidosas aparecessem…”

Renee disse essas palavras o mais rápido possível e sem pensar muito.

As palavras que ela falou sem pensar foram uma tentativa de abafar o som do seu próprio coração. Vera respondeu com um tom um tanto rígido, como se ele estivesse tentando esconder o fato de que seu coração também estava batendo muito alto.

“…É devido à natureza especial da performance ao ar livre do festival. Há apenas um número limitado de salas em comparação ao número de bandas, então ele foi atualizado, pois as bandas têm que competir para se apresentar nas salas.”

“A competição é tão acirrada?”

“Durante esse período, muitas pessoas influentes do mundo todo se reúnem aqui, então as bandas tendem a competir ferozmente para chamar a atenção delas. Este salão é uma espécie de local de reconhecimento, de certa forma. Na verdade, a Orquestra Imperial foi reconhecida aqui há 10 anos, então você pode imaginar o quão importante a apresentação nesse salão é para eles.”

“Ah…”

Vera estremeceu novamente quando Renee assentiu com a cabeça em afirmação.

Era por causa daquela coisa que mostrava sua presença toda vez que Renee se movia.

Ele estava tentando manter a compostura e sem gaguejar, mas naquele momento seus pensamentos estavam confusos e ele achou difícil manter a compostura.

Eu não deveria ter pensamentos tão perversos.

Enquanto Vera tentava recuperar a compostura, uma comoção se espalhou entre as pessoas.

Suas vozes sussurrantes penetraram nos ouvidos de Vera e Renee.

“Príncipe!”

“É Sua Alteza o Segundo Príncipe!”

Vacilar—

O corpo de Renee tremeu e sua expressão também ficou sombria.

Tudo está indo bem, mas por que essa pessoa tem que aparecer?

Foi porque ela teve esse pensamento.

No entanto, diferentemente de Renee, que estava ficando irritada, Vera ficou aliviado por ter uma desculpa para acalmar sua mente confusa enquanto isso.

“…Não deveríamos pelo menos dizer olá?”

“Nós realmente temos que fazer isso?”

Os lábios de Renee fizeram beicinho.

O ambiente era agradável, então não podemos fingir que não o conhecemos?

Sentindo que Vera estava se tornando insensível, Renee continuou a falar em tom de reclamação.

“Somos apenas turistas agora. Não seria melhor fingirmos que não o conhecemos?”

Por alguma razão, sua cabeça girando inventou uma desculpa plausível.

Vera ficou chocado com as palavras de Renee e suas pupilas tremeram como se um terremoto tivesse ocorrido, sentindo-se perturbado.

Ele precisava se acalmar, mas sua condição atual era muito diferente do normal e não havia saída.

O suor escorria pela sua testa e ele desviou o olhar, incapaz de responder.

“Aah! Por favor, acalmem-se! Espero que todos consigam manter a ordem!”

Uma voz doce reverberou pelo espaço.

Era uma voz que penetrava na música da banda que enchia o salão.

Renee estalou a língua levemente.

Isso porque ela sentia que a presença de Albrecht estava se aproximando.

Ela esperava que eles não fossem descobertos, mas em pouco tempo, aquela presença os encontrou.

“Oh, são os sacerdotes! Vocês devem ter vindo para ver o festival! Como é? Estão gostando?”

A irritação cresceu dentro de Renee.

“Sim, de qualquer forma…”

Ela deu uma resposta curta.

Albrecht estremeceu com a resposta dela, e Vera, que finalmente aproveitou a oportunidade, soltou o braço de Renee e sussurrou para ela.

“Vou pegar algo para beber por um momento.”

Whoosh—!

Vera, que se levantou antes que Renee pudesse dizer qualquer coisa, passou por Albrecht.

“Por favor, cuide dela por um instante.”

“Hm? Certo.”

Vera desapareceu na multidão.

Só então Renee percebeu que Vera havia fugido e soltou uma risada amarga.

Um olhar de raiva surgiu em seu rosto.

Albrecht engoliu seu constrangimento diante da cena.

“Isso… hum.”

Um suor frio brotou da testa de Albrecht.

A atmosfera ficou muito estranha.

Enquanto Albrecht tentava pensar em algo para dizer, ele ouviu os murmúrios ao seu redor.

“Quem é essa mulher? Ela conhece o Príncipe?”

“Ela é bonita…”

“Eles estão namorando talvez? Ela é a noiva do príncipe ou algo assim?”

Vozes de transeuntes ligavam ele e Renee, criando um escândalo.

Com isso, Albrecht sentiu uma enorme sensação de desconforto.

Foi porque ele tinha medo de que Renee, que ficou ofendida com os comentários deles, pudesse condená-lo.

Albrecht observou atentamente a expressão de Renee e tentou falar alegremente.

“Hmm, parece que interrompi um bom momento.”

“…”

Não houve resposta. Renee apenas ficou sentada ali com um olhar curto no rosto.

“Isso, eu acho que há um mal-entendido! O Senhor Vera deve voltar logo! Não é bom se esse escândalo ficar maior…”

“Príncipe.”

“Ah…! Por favor fale!”

“Você está sendo barulhento.”

Baque—

Albrecht ficou rígido como uma pedra.

Os murmúrios ao redor deles ficaram mais altos.

“O quê, o príncipe foi rejeitado?”

“Meu Deus!”

“O que devemos fazer com nosso príncipe…”

O Conde Baishur, que estava a um passo de distância e observava a cena, cobriu os olhos com a mão.

Ele se sentiu miserável.

Nas ruas da Capital Imperial em meio a um festival e com um grande número de testemunhas.

Seu estômago começou a revirar ao pensar que amanhã os rumores de que o Príncipe havia sido rejeitado já teriam se espalhado pela Capital Imperial.

Capítulo 106: Festival (4/5)

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