Capítulo 112: Baile (2/4)

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A cerimônia de maioridade terminou com segurança.

Caminhando pelo corredor em direção à sala de espera, Vera de repente deixou escapar essas palavras enquanto segurava a mão de Renee.

“…Acho que foi demais.”

Seu tom foi curto.

Renee inclinou a cabeça ao ouvir as palavras dele.

“O que?”

“Acho que foi demais também usar seu poder.”

“Ah, é apenas do tamanho de uma unha. Provavelmente tem pouco efeito na realidade, sabia?”

Então, Vera está preocupado.

Enquanto Renee respondia casualmente pensando nisso, a expressão no rosto de Vera ficou um pouco mais sombria.

Era porque ele não tinha como contestar.

Afinal, não havia como ele ter algo a refutar, pois as palavras que ele disse fingindo estar preocupado eram apenas uma reclamação dizendo que ele não gostava daquilo.

Seja Renee usando seu poder para Albrecht, ou Albrecht, que apenas sorriu e o recebeu alegremente, ou os nobres que elogiaram a cena, ele não gostou de nada disso.

Vera mordeu os lábios diante da emoção crescente e rapidamente a ignorou.

“…Se for esse o caso, então é uma sorte.”

Era certo acreditar que o poder de Renee deveria ser usado para o bem do mundo. Era o suficiente considerar tudo isso apenas um show.

Vera se repreendeu por ser excessivamente sensível a coisas triviais.

…Não, ele acrescentou outra desculpa à emoção fervente.

‘É porque não gosto do rosto sorridente do Segundo Príncipe.’

Era uma desculpa próxima da autojustificação, mas ele não se importava. Contanto que lhe trouxesse paz de espírito, era o suficiente.

Enquanto ele ainda estava perdido em pensamentos, Renee falou mais uma vez.

“O baile é em uma hora?”

“Sim. Não há necessidade de entrar logo que começa, então você pode levar seu tempo para se preparar, Santa.”

“Vera também vai trocar de roupa, certo?”

“O uniforme de sacerdote é suficiente para mim.”

“O que?”

A cabeça de Renee se levantou bruscamente. Havia uma pitada de decepção em seu tom.

“Mesmo que você esteja me fazendo usar um vestido?”

“Sou ajudante da Santa, então não há razão para eu me vestir assim.”

As sobrancelhas de Renee franziram diante da resposta indiferente de Vera.

“Eu não gosto disso.”

“…Não?”

“Vera também deveria mudar de roupa.”

Essas foram palavras um pouco… muito fortes, mas Renee era teimosa. Ela não tinha qualquer outro motivo.

Ela simplesmente desejou que Vera usasse um fraque, já que ela usaria um vestido. Era uma razão emocional sem lógica alguma. Mesmo que ela não fosse conseguir ver Vera depois que ele se trocasse, não era importante.

A única coisa importante era ‘Vera de fraque’ e ‘ela ao lado dele’.

Renee não conseguia expressar seus sentimentos como eles eram, então ela acrescentou uma desculpa plausível em um tom levemente resmungão.

“…Você deve se vestir apropriadamente para a ocasião. Então, você tem que usar um fraque no baile.”

“No entanto…”

“Se Vera não se trocar, então eu vou assim também.”

A mão de Renee começou a apertar a mão de Vera. Era um movimento com a intenção de dizer ‘vamos ver se você ousa dizer não’.

O rosto de Vera ficou nublado, como se estivesse incomodado com o aperto cada vez maior, e, por fim, ele assentiu.

“…Tudo bem.”

Renee sorriu por baixo do véu, satisfeita com a resposta que recebeu.

Enquanto conversavam, eles chegaram em frente à sala de espera.

Renee soltou a mão de Vera, tateou a parede para encontrar a maçaneta e então desapareceu na sala de espera depois de deixar algumas palavras.

“Então te vejo em breve. Vou me certificar de verificar se você trocou-se.”

Baque—

A porta se fechou.

Naquele momento, Vera não pôde deixar de se perguntar como ela iria verificar isso.

***

Sala de espera de Vera.

Dentro da pequena sala. Vera, que estava examinando a parede onde vários trajes estavam pendurados, franziu as sobrancelhas e começou a se preocupar.

Como Renee queria que ele usasse um fraque, ele teve que escolher bem.

Não havia ninguém para ajudá-lo a se trocar, mas estava tudo bem.

Não era ele, Vera, alguém que havia lidado com vários nobres e manuseado objetos de valor em sua vida passada? Ele era capaz de escolher um traje apropriado para esta ocasião sozinho.

‘Nada de cores brilhantes.’

Vera sabia que ele tinha uma aura escura. Usar roupas de cores brilhantes poderia criar uma sensação de discordância devido ao seu tom de pele pálido.

‘Sem cores primárias.’

Era uma questão de preferência. Vera não queria usar nada que chamasse muita atenção.

Então, tudo o que restaram foram três trajes pretos.

Vera examinou os designs de perto e escolheu o traje mais elegante e sem adornos entre eles.

Para o acessório, ele optou por um broche que pudesse dar um ponto sem ser excessivo. Ele foi escolhido e adornado em forma de cruz para provar seu status como uma figura do Reino Sagrado.

Ele cuidadosamente escovou para trás o cabelo, que sempre caía na frente dos olhos. De pé diante do espelho com aquela aparência, Vera ajustou suas roupas com satisfação.

‘Isso serve.’

Seu físico naturalmente excelente o fazia parecer bem com pouco esforço.

Poderia ser visto como um autoelogio, mas ele não se importava. Afinal, uma modesta audácia poderia ser uma boa fonte de confiança.

‘20 minutos.’

Após conferir o tempo restante até o baile no relógio pendurado na parede, Vera respirou fundo e saiu da sala de espera, indo em direção à sala de espera de Renee.

***

Sala de espera de Renee.

Sentada em uma cadeira no centro da sala, Renee encolheu o corpo e disse com o rosto vermelho.

“O-o corte não é muito profundo…?”

Ela deixou escapar essas palavras, pensando que o vestido que havia colocado era muito revelador.

Seus ombros, pescoço e costas estavam todos expostos, permitindo que o ar tocasse sua pele nua. O tecido era tão fino e pegajoso, fazendo-a se sentir envergonhada sobre o quão perto ele abraçava seu corpo.

Felizmente, a parte da saia se espalhou amplamente e a parte inferior do corpo não ficou exposta. Mas, ainda assim, o constrangimento de exibir sua figura era avassalador, disparando sem qualquer senso de limite.

Percebendo que a proteção de pele das vestes sacerdotais era enorme, Renee ficou sem saber o que fazer. Annie negou as palavras de Renee com uma expressão satisfeita.

“Santa, você não deveria fazer isso. Hein? Confiança! Seja confiante! Você é bonita, sabia? Com isso, o Senhor Vera ficaria simplesmente pasmo!”

Annie falou num tom que lembrava o de um bandido de terceira categoria de esquina.

“Eu te disse. Homens são fracos para estímulos visuais. A Santa, que nunca usou roupas reveladoras antes, de repente revela seu corpo assim e boom!!! É mais do que o suficiente para fazer seu olhar virar de ponta cabeça!”

O punho de Annie se fechou.

“Ugh…! Claro, essa pode não ter sido sua intenção, mas valeu a pena esconder bem nos últimos três anos! Charme inesperado! Reversão é importante. Reversão!”

A cabeça de Renee continuou caindo. Se ela fosse um pouco mais longe, ela não cavaria o chão? Ela não adotaria uma postura parecida com uma toupeira chamando seus irmãos? Foi a ponto de Annie ter tais pensamentos.

“Volte!”

Ao ouvir as palavras de Annie, Renee rapidamente levantou a cabeça e endireitou as costas.

“Pescoço!”

Ela também endireitou o pescoço.

Sua postura ficou tão rígida que ela parecia uma boneca de madeira.

Annie sentiu uma sensação de desconforto crescendo diante daquela visão.

‘Vai ficar tudo bem, certo…?’

Renee estava mais envergonhada do que o esperado. Quando alguém exibe seu corpo, precisa da audácia de exibi-lo com orgulho, mas essa tímida Santa não tinha esse tipo de ousadia.

Continuando seus pensamentos, Annie imediatamente sobrepôs sua preocupação com outra emoção.

‘…Não.’

É ótimo. Uma atitude tímida, e seu corpo assertivo em contraste. Isso também pode ser considerado uma ‘reviravolta’ à sua maneira.

“Santa, repita comigo. Fingir cair!”

“F-fingir cair!”

“Ser confiante!”

“E contato físico sutil!”

“E-E contato fí…sico sutil!”

Os lábios de Renee tremeram. O rubor que havia subido às suas bochechas havia se espalhado por todo o seu corpo, transformando sua pele antes branca em um tom profundo de vermelho.

Enquanto isso.

Toc toc—

O som de alguém batendo ecoou pela sala de espera.

– Santa, você está pronta?

Era Vera.

Renee enrijeceu-se como uma estátua de pedra. A tensão cresceu no rosto de Annie, enquanto Hela bocejou.

“Sim, sim!”

Renee respondeu nervosamente. Em resposta, Annie deu um tapinha nas costas de Renee e sussurrou palavras de encorajamento.

“Vá.”

Renee assentiu.

***

A porta da sala de espera se abriu, e a primeira coisa que Vera fez foi direcionar o olhar para o teto.

“….”

O silêncio encheu o ar.

Numa tentativa de recuperar de alguma forma sua mente do choque, Vera despejou sua intenção assassina em direção ao teto e acalmou seu raciocínio.

‘…Agora mesmo.’

Parecia que ele tinha testemunhado algo bem embaraçoso. Não, não exatamente, mas verdadeiramente, realmente, muito embaraçoso.

“…Você ficou esperando?”

A voz suave e trêmula de Renee penetrou nos ouvidos de Vera.

“Nem um pouco.”

Vera deu uma resposta parecida com a de um robô. Enquanto isso, todo o seu corpo gradualmente enrijeceu com a tensão.

Embora tenha sido por um breve momento, Vera não conseguiu esquecer a imagem de Renee que ele tinha visto naquele instante.

Um vestido branco puro. Cabelo branco ondulado, olhos azuis abatidos. Um lado do cabelo dela estava preso atrás da orelha, assim como estava no festival, revelando uma nuca descoberta. Sua clavícula. Abaixo disso…

‘…Não.’

Ele tentou não pensar em nada. Ele não viu tal coisa.

Ele fechou os olhos com força.

Ele teve que fechar os olhos de alguma forma.

Ele não tinha visto nada.

Enquanto ele se consolava com esse pensamento…

– Cabeça…dura?

– Você é um estúpido!

As palavras de Aisha que de repente vieram à sua mente apunhalaram Vera no estômago.

Contração—

O corpo de Vera tremeu.

Ele não sabia por que aquelas palavras lhe vinham à mente naquele momento, naquele momento e naquela situação.

No entanto, as palavras que lhe vieram à mente diante do constrangimento eram tão intensas que parecia que ele as admitiria se se virasse daquele jeito novamente.

Sentindo seu orgulho ferido por algum motivo, Vera proferiu essas palavras enquanto escondia o tremor o máximo possível.

“…Você está linda.”

Foi a primeira vez que Vera disse uma coisa dessas sem que ela perguntasse primeiro.

O corpo de Renee estremeceu. Sua boca se abriu ligeiramente e seus olhos se arregalaram de surpresa.

Annie, que estava observando a cena pela fresta da porta ainda aberta, cerrou os punhos e soltou um grito silencioso. Hela exclamou ‘oh’.

Um momento de silêncio fugaz. Dentro dele, Renee falou, sua voz tremendo.

“…Obrigada.”

Renee deu um passo à frente. Vera hesitou.

“Vamos?”

“…Sim.”

A mão de Vera se sobrepôs sob a mão estendida de Renee. Enquanto seguravam as mãos daquele jeito, Renee formou uma forma peculiar entrelaçando apenas um dedo, sem entrelaçar e nem segurar as mãos.

O gesto pareceu tão estranho quanto a atmosfera.

Baque.

A porta da sala de espera bateu.

Os gritos de Annie de “é isso!!!” podiam ser ouvidos de dentro.

“…Vamos.”

Renee insistiu com Vera, sentindo-se desnecessariamente envergonhada ao ouvir a voz de Annie.

“…Sim.”

A cabeça de Vera ainda estava voltada para o céu e seus olhos estavam bem fechados.

Os dois cegos avançaram. Felizmente, entre eles, Vera era alguém que havia treinado o suficiente para se mover sem esforço, mesmo com os olhos fechados.

Se eles caminhassem assim por 10 minutos, chegariam ao salão de banquetes.

Em outras palavras, eles tiveram que andar assim desajeitadamente por 10 minutos.

Mais uma vez, a voz de Aisha ecoou na cabeça de Vera.

Cabeça dura e estúpido.

Essas duas palavras condenaram Vera. Elas implacavelmente encurralaram Vera como um espadachim habilidoso, dizendo-lhe para dizer algo e parar de se comportar como um tolo covarde.

Vera ponderou. A provocação de Aisha não foi um golpe imediato, mas sim uma provocação que causou uma forte reação. Poderia ser uma arma bastante útil em batalhas prolongadas.

Vá e elogie… Não, ele não podia elogiar Aisha. Parecia que o treinamento de amanhã seria um pouco mais intenso.

Na crescente impaciência e com a consciência pesada, Vera abriu a boca novamente.

“Quem escolheu o vestido?”

Quem no mundo deu roupas tão horrendas para Renee? Vamos fazer essa pergunta.

“Marie e Annie trabalharam duro para escolhê-lo.”

Renee apontou dois culpados.

Vera se arrependeu interiormente. Ambos eram oponentes que ele não podia tocar.

“…Não é muito revelador?”

“É maravilhoso.”

Foi uma resposta que ele deixou escapar sem entender do que ela estava falando.

Isso deixou a mente de Renee complicada.

‘Maravilhoso? O quê? Por quê? De repente?’

Dizer que é maravilhoso em resposta à pergunta de se é revelador… Parecia impuro por algum motivo.

O corpo de Renee esquentou.

Sua pele avermelhada agora lembrava a cor dos anões bêbados do extremo norte das montanhas.

“…A-ainda assim, as pessoas não achariam constrangedor para uma Santa usar um vestido revelador como esse?”

Quando Renee, cujo cérebro estava aquecido pelo calor, deixou escapar suas preocupações internas, os olhos de Vera se abriram rapidamente.

Foi porque ele teve um pensamento maluco.

‘Os nobres.’

Eles estavam quase no salão de baile agora. Haveria nobres lá.

Essas coisas insolentes conseguiriam ver o traje de Renee.

Suas costas estremeceram e a raiva cresceu dentro dele.

Faltando cerca de 20 passos para a entrada do salão de baile, Vera parou no meio do caminho.

“…Vera?”

“Um momento.”

Vera soltou a mão dele e tirou o traje que ele estava usando até pouco tempo atrás. Em seguida, colocou-o sobre o ombro de Renee.

Naturalmente, por meio de uma série de processos, Vera passou a ver a roupa de Renee de forma muito mais explícita do que da primeira vez.

Preciso tirar os olhos. Preciso olhar para o teto ou para o ar.

…Mesmo pensando assim, seus olhos, que não conseguiam entender a situação, involuntariamente captaram a roupa de Renee e sua pele exposta. Havia uma pinta abaixo da clavícula, logo acima do peito.

Somente depois de gravar tudo isso em sua mente, Vera fechou os olhos com força e disse.

“…O tempo ainda está frio.”

Bobagem saiu da boca dele. O baile estava acontecendo em um ambiente interno e quente.

Felizmente, Renee respondeu alegremente à desculpa sem sentido.

“Obrigada.”

Pfft. Uma risada escapou dos lábios de Renee. Ela estava começando a se sentir à vontade.

De qualquer forma, mostrei tudo para a pessoa que precisava ver, então vamos cobrir agora.

Esse sentimento pode ser considerado a base de suas emoções atuais.

Vera estava olhando para Renee, que finalmente tinha se tornado um pouco ‘menos’ embaraçosa, quando ele notou o cabelo branco ondulado enfiado dentro do traje enquanto o casaco caía bem sobre seu corpo. Ele estendeu a mão.

“Com licença.”

Quando a mão dele cravou em sua nuca, Renee sentiu um arrepio percorrer sua espinha.

Srrr—

Vera estendeu a mão e puxou o cabelo por cima do traje.

Como ondas agitadas, seus cabelos brancos caíam sobre o traje preto.

Renee sentiu a mão áspera de Vera em seu pescoço, e Vera sentiu a nuca quente de Renee em sua mão.

Naquele momento, ambos sentiram uma sensação de aperto no coração.

“…Acho que podemos entrar agora.”

“…Sim.”

Como se nada tivesse acontecido, os dois ficaram lado a lado como antes e seguiram em frente.

Virando a esquina, eles seguiram em direção à entrada do salão de baile.

O atendente que guardava a entrada arregalou os olhos assim que os viu e então abriu a porta após fazer uma reverência.

De dentro, vinham sons de música, vozes e inúmeros passos.

Era uma atmosfera animada, digna de um baile.

O atendente gritou em direção ao salão de baile.

“A Santa e o Apóstolo do Juramento do Reino Sagrado estão entrando!”

Todos os sons que eram ouvidos cessaram.

Capítulo 112: Baile (2/4)

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