Capítulo 69: Galatea (1/2)

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“Kehahahaha….”

Risadas ecoaram por toda a tenda.

Um som que poderia ser chamado de uivo de uma fera, como se estivesse arranhando suas cordas vocais. Todd deitou-se no centro do círculo mágico, rindo.

Salpico—

Sua carne se abriu e uma fonte de sangue jorrou. A explosão de sangue permaneceu no ar por um momento antes de pingar de volta para seu corpo.

Ele sentiu uma dor ardente no local onde o sangue jorrou, mas Todd sentiu prazer nisso.

A vitalidade que emanava da carne dilacerada e regenerada dava-lhe uma sensação de onipotência que o fazia sentir que podia fazer qualquer coisa.

Wooooooo—

Houve um grito sinistro. Quando Todd olhou ligeiramente para cima, ele avistou o círculo mágico que tinha ficado completamente vermelho.

“Quanto tempo mais temos que fazer isso?”

“E-espere um momento…”

A voz do soldado tremeu enquanto ele olhava para o círculo mágico.

Todd esperou por uma resposta, saboreando a dor que atravessava seu corpo.

“O-o círculo mágico foi ativado suavemente, mas você ainda não tem poder. Vossa Majestade… V-Vossa Majestade não deveria retornar para completar seu corpo real mais profundamente…?”

“Não.”

Todd interrompeu o soldado e continuou.

“Isso não vai dar certo. O Apóstolo não está aqui. Esse maldito Apóstolo acha que pode esconder o Descendente Imperial de mim, e do exército também?”

Isso não era para ter acontecido.

O Descendente Imperial tinha que morrer.

Pelo bem de sua grande unificação e pela glória que seria somente sua, Todd não deixaria o menor risco para trás.

“Poder… É por causa do poder…”

Grrk—.

Suas veias se dilataram e se misturaram ao sangue regurgitado dos intestinos rompidos.

Todd expressou um pouco de arrependimento por essa carne mal construída que ainda estava inacabada.

“Ainda não foi o suficiente, mesmo depois de adicionar o corpo do general.”

Um feitiço que adicionava a vida e o poder de outra pessoa à sua própria carne.

Ele pensou que com esse feitiço, ele finalmente seria capaz de atingir a unificação. Ele acreditava que a unificação estava bem ao seu alcance, mas a conclusão de seu corpo era muito lenta.

Seu corpo foi fundido com o de seu próprio general, Baretta, que era considerado o de corpo mais forte entre os generais dos Cinco Reinos, mas seu corpo ainda estava incompleto

“Estou insatisfeito.”

“Eu farei o que você deseja, Vossa Majestade…”

“Não há tempo a perder.”

Dududuk—.

O corpo de Todd foi dilacerado novamente. Os pontos em seus olhos se abriram e lágrimas de sangue fluíram. Todd olhou para o soldado, seu rosto irreconhecível.

“Ajudante.”

“S-sim, Vossa Majestade…”

“Há um Apóstolo.”

“É verdade…”

“O que você quer dizer com ‘é verdade’? Há um Apóstolo além desses picos, você não entende o que eu quero dizer?”

Ele quis dizer que seu desejo há muito acalentado também poderia falhar, que os esforços de todas as pessoas que foram ‘sacrificadas’ poderiam ser em vão.

Todd não disse nada, mas olhou para seu ajudante em silêncio.

O soldado caiu de joelhos com um baque, abaixou a cabeça e disse:

“P-por favor, tenha misericórdia…”

Quando essas palavras repentinas saíram de sua boca, o corpo inteiro do ajudante começou a tremer. Suas mãos que estavam segurando o chão agora estavam na frente dele, suas palmas esfregando uma na outra.

“Tenha misericórdia… Tenha misericórdia…”

Todd olhou para o soldado, que repetia as palavras ‘tenha misericórdia’ várias vezes.

“Do que você está falando? Eu não estava te culpando, então por que você está chorando tanto?

“Tenha misericórdia… Por favor…”

O tremor do ajudante se intensificou. Como se esfregar as mãos não fosse o suficiente, ele começou a bater a testa no chão.

Todd observou e emitiu um som tardio de ‘ah’.

“É assim mesmo?”

Os cantos da boca de Todd se ergueram quando ele de repente percebeu o motivo do comportamento do ajudante.

Uma linha rasgava suas bochechas até o canto dos olhos, como o sorriso de um palhaço. Os cantos de sua boca começaram a rasgar, não figurativamente, mas literalmente, até chegar às pálpebras.

Todd disse: “Sim, suponho que era isso que você estava tentando dizer.”

Todd se levantou.

“Misericórdia, hein? Você estava implorando por misericórdia.”

Todd pensou que estava sendo racional naquele momento e conseguiu perceber as intenções do ajudante.

“Você tem medo de ser morto pelo Apóstolo e, portanto, tem medo de não poder me ajudar em meu desejo há muito acalentado, não é?”

“Keuheu….”

A cabeça do ajudante bateu no chão novamente com força crescente, até que o som passou de um ‘baque’ para um ‘estrondo’.

Baque. Baque. Estrondo. Estrondo.

“Tenha misericórdia, tenha misericórdia…!”

“Eu entendo. Eu entendo a vontade do meu ajudante, e a vontade dos meus orgulhosos soldados.”

Ah, que rei abençoado eu sou, com tantos soldados tão dedicados ao serviço de seu reino. Que vida gloriosa é essa.

“Nunca esquecerei seu compromisso de servir seu reino.”

“Ahhhhhh!!!”

O ajudante levantou-se rapidamente e correu para a saída do quartel.

Todd olhou para suas costas.

“Obrigado, vou lembrar de você.”

Todd balançou o braço.

Salpico—

O corpo do ajudante em fuga foi partido em dois.

O passo de Todd ressoou com um baque.

Baque.

Com um gorgolejo desumano, ele abriu a boca e engoliu o ajudante inteiro.

Enquanto Todd moía sua carne, esmagava seus ossos e o engolia, ele se lembrou da promessa que havia feito.

Nunca esquecerei esse sacrifício.

Nunca esquecerei esta causa nobre.

Todd estremeceu com o eco ressonante em sua mente antes de se fazer uma pergunta.

‘Mas….’

Qual era o nome dele?

Ele tentou se lembrar.

Gole.

A mão do ajudante caiu no fundo da garganta.

Rachadura.

A carne se rasgou e se regenerou. Antes que os jorros de sangue pudessem escorrer, a ferida sarou.

Todd chorou e riu ao mesmo tempo enquanto a energia surgia dentro dele.

“Khh…!”

O olhar de Todd se voltou rapidamente para a entrada da tenda.

“Eu… eu nunca esquecerei nada meu.”

Um murmúrio surgiu e desapareceu.

Baque.

Todd saiu do acampamento.

Sua garganta estava seca.

****

Na forja de Dovan.

Vera estava lá, puxando a Espada Demoníaca inacabada.

“Isso é…”

O olhar de Vera se voltou para Dovan, seu rosto estava surpreso e hesitante ao mesmo tempo.

“Por favor.”

A cabeça de Vera inclinou-se para baixo.

Claramente, Orgus havia mostrado a ele aquela cena com uma intenção. Embora ele não soubesse muito ainda, Vera supôs que tinha algo a ver com a conclusão da Espada Demoníaca.

“Não foi Dovan quem completou a Espada Demoníaca.”

Já que o ressentimento de Aisha completou o processo, isso deve ter significado que ela também poderia ser completada de outra maneira.

‘Se a obra-prima estiver concluída…’

As probabilidades estavam a seu favor.

Vera não olhou para cima. Ele manteve a cabeça baixa, esperando por uma resposta, como se fosse continuar a fazê-lo até que Dovan lhe desse permissão.

Dovan olhou para ele e sua expressão ficou turva.

“Você vai lutar?”

Só um tolo não teria feito tal suposição. Não havia outra explicação para o porquê de ele querer de repente pegar uma espada emprestada no meio da noite, dada a maneira como ele falava com tanta determinação.

O Vera que ele tinha visto não era assim.

Ao ouvir as palavras de Dovan, Vera levantou a cabeça baixa e falou.

‘Eu vou lutar.’

Errado.

“Eu vou proteger.”

Não foi pela batalha que ele desembainhou sua espada, mas como um meio de terminá-la.

Eu sei sobre a espada que protege? Se alguém me perguntar isso, eu ainda vou balançar a cabeça em negação.

Eu seguro a luz na minha mão? Se alguém me perguntar, eu ainda direi não.

Mas se alguém me perguntar por que estou segurando a espada neste momento…

“Porque sei que há um dever a ser cumprido e vou cumpri-lo.”

Ele responderia assim.

O olhar de Dovan perfurou o de Vera.

Ele olhou para ele por um longo momento, tentando descobrir suas intenções, e então fez outra pergunta.

“…Você não informou a Santa, não é?”

“Sim, eu não informei a Santa, pois retornarei antes que ela acorde.”

Ele certamente venceria, então não havia motivo para preocupá-la.

“…Eu entendo.”

Com isso, Dovan se virou para Vera.

Segurando uma espada de cor escura e vestido com uma túnica, ele poderia facilmente ser visto como alguém com intenções duvidosas, mas a determinação em seu rosto apagou essa impressão, deixando outra diferente em seu lugar.

Dovan pensou consigo mesmo. É assim que um cavaleiro pareceria.

Enquanto isso, Vera se virou para ele.

“Por favor, durma confortavelmente. Eu retornarei antes do nascer do sol.”

Vera, que estava parado no fim de sua visão, deixou essas palavras enquanto ele se afastava.

****

O acampamento do exército do Terceiro Reino estava em ruínas quando ele chegou.

Todos os postes de madeira foram derrubados, e as tendas dos soldados, que estavam densamente amontoadas, foram derrubadas.

Enquanto Vera observava de longe, ele percebeu uma coisa quando viu a poça de sangue lá dentro.

Todd comeu seus soldados.

Foi assim que Galatea agitou o campo de batalha, então era facilmente compreensível.

O predador e a presa.

Ele deve ter devorado tanto inimigos quanto aliados como um truque para restaurar seu mana.

Vera mordeu o lábio enquanto tentava se lembrar.

‘Ele está completo?’

Galatea foi concluído?

Vera expirou bruscamente enquanto pensava nisso, limpando a garganta da ansiedade que vinha com isso.

‘…Não.’

Não importa.

Não há nada a temer.

Qual é o significado do dever se você se acovarda diante do seu inimigo?

Vera se recompôs e deu um passo à frente.

Naquele momento.

Kwoong—!

A tenda central desabou.

Um gigante estava no meio dela.

Era Todd. Não, era o demônio chamado Galatea.

Uma besta três vezes maior que ele. Seu corpo inteiro estava banhado em sangue, brilhando em um tom carmesim.

Três chifres coroavam sua cabeça. Havia um buraco aberto onde deveria estar seu rosto. Talvez fosse a boca. Ele só podia supor isso enquanto o buraco borbulhava e derramava pedaços de carne.

Baque—

Galatea deu um passo à frente com suas duas patas dianteiras. Era um pé sem dedos, em forma de uma única maça abaixo dos joelhos.

Vera franziu os lábios enquanto observava Galatea, que ainda não o havia notado, e apenas olhou para o céu mastigando carne humana.

“Eu declaro.”

Huaaaaaak—!

Uma divindade acinzentada foi sobreposta ao espaço acima. Um vasto espaço em forma de domo que envolvia o acampamento e a floresta ao redor, além de Vera e Galatea, estava cheio de divindade.

Galatea estremeceu e virou a cabeça na direção de Vera.

“Grrrrrrr—“

O som de catarro fervente ecoou por toda parte.

Vera sacou a Espada Demoníaca inacabada e recitou as regras.

“A partir de agora, todas as batalhas neste espaço não cessarão até que um lado vença ou perca.”

Acima do espaço, uma regra de ouro foi gravada.

Ouviu-se um barulho metálico quando Galatea deu mais um passo à frente.

“Você não deve recuar. Você não deve quebrar suas crenças. E você não deve ir contra seu dever.”

Três regras foram recitadas em rápida sucessão.

A que ele inscreveria no Santuário era a sua.

“Enquanto isso for mantido, aqueles dentro do Santuário nunca cairão.”

Foi sua determinação como ser humano lidar com uma fera que havia esquecido seu dever.

Vera levantou sua espada. Seus pés estavam separados na largura dos ombros, seu olhar focado diretamente para a frente, e sua lâmina apontada na mesma direção.

Galatea se agachou. Seus músculos se expandiram, sua boca se abriu mais e suas costas se ergueram.

“Todas essas regras são aplicadas em nome de Lushan.”

Quando o Juramento foi concluído, o Santuário brilhou.

O espaço cinzento estava coberto com regras douradas gravadas nele, iluminando e obscurecendo o luar.

Baque—!

Galatea avançou.

Em resposta, Vera deu um passo à frente.

A distância diminuiu em um instante.

No meio dela, um leve brilho dourado emergiu da Espada Demoníaca.

Capítulo 69: Galatea (1/2)

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