Índice de Capítulo

    Na 5ª Rua da Capital.

    Ao sair para as ruas onde as festividades deveriam estar a todo vapor, os olhos de Vera se arregalaram diante da visão diante dele.

    “Gaaaah!”

    As ruas estavam cheias de cadáveres ambulantes, seus cabelos rosados ​​balançando ao redor. Ele conseguia ver mais de trinta deles.

    Os cadáveres destruíram as ruas decoradas para o festival e atacaram os transeuntes. Houve alguns que pegaram em armas para lutar contra eles, mas a situação era sombria. Era porque a força de um único cadáver era muito maior do que a dos cidadãos armados.

    Quando Vera encontrou um cadáver atacando um transeunte bem na sua frente, ele rapidamente sacou sua Espada Sagrada e o decapitou.

    Depois de ver a cabeça girar e voar no ar, Vera não perdeu tempo e começou a correr e cortar todos os cadáveres que via.

    Estava indo bem, mas sua expressão era sombria.

    ‘Não posso usar o Santuário.’

    Havia muitas pessoas por perto. Usar o Santuário em um espaço tão lotado colocaria as pessoas que ele deveria proteger em suas restrições.

    Além disso, eles estavam com falta de pessoal.

    Só havia ele, Albrecht e o Conde Baishur. Eles eram os únicos que conseguiam parar os cadáveres porque deixaram os outros dois Apóstolos com Renee, que não conseguia se mover rápido o suficiente.

    ‘Os Guardas Reais…’

    Os olhos de Vera se voltaram para o centro da Cidade Imperial da Capital, onde ficava o Palácio Imperial.

    ‘…teria ido lá.’

    Mesmo da 5ª Rua, ele podia ver que a Cidade Imperial estava envolta em chamas vermelhas brilhantes.

    Eles já tinham lidado com o príncipe herdeiro? O pensamento o deixou mais ansioso.

    Ele balançou sua espada novamente. Cortou, esfaqueou, partiu e avançou. Ele limpou os corpos na frente dele, mas não havia tempo para descansar.

    O festival estava acontecendo em todas as áreas da 3ª Rua até a 10ª Rua. Além disso, eles tinham que pegar a Mestra da Torre que causou esse desastre.

    A situação não podia ser pior.

    No meio de tudo isso, o desespero surgiu no rosto de Albrecht enquanto ele olhava para a Cidade Imperial em chamas à distância.

    “Irmão…”

    Seus olhos dourados tremeram. Seu aperto na Sangue Puro afrouxou, e a espada caiu no chão. Sua mandíbula começou a tremer, e seu rosto estava vermelho de desespero.

    Vera franziu a testa e se aproximou de Albrecht, que estava em choque, e lhe deu um tapa no rosto.

    Bum—!

    A cabeça de Albrecht estalou para trás. Seu corpo cambaleou para trás com o impacto repentino.

    Vera estalou a língua ao ver aquilo, agarrou Albrecht pelo colarinho e então falou.

    “Coloque sua cabeça no lugar. O príncipe herdeiro pode ainda estar vivo.”

    “O-o Castelo Imperial está pegando fogo! Já é tarde demais…”

    “Quem está no Castelo Imperial? Os Guardas Reais estão lá. Os Cavaleiros estão lá. Além disso, os melhores curandeiros do Império estão lá.”

    Havia urgência na voz de Vera, e ele tinha uma expressão severa.

    ‘Ele ainda é uma criança?’

    Embora ele fosse considerado um herói no futuro, sua capacidade de lidar com situações repentinas era limitada devido à sua pouca idade.

    Vera de alguma forma conseguiu acalmar Albrecht e lhe contou o plano.

    “Pare de enrolar e corra para o Palácio Imperial. Encontre o Príncipe Herdeiro e solte os guardas e cavaleiros nas ruas. Eu cuidarei das ruas até os guardas saírem. Depois disso, eu irei encontrar a Mestra da Torre. Você entendeu?”

    Ele explicou o plano o mais brevemente possível, dizendo apenas as partes essenciais. Albrecht cerrou os dentes e assentiu em resposta.

    Vera observou a luz retornar aos seus olhos dourados, e ele falou enquanto o empurrava para o lado.

    “Corra.”

    Vera sacou sua espada e liberou divindade por todo seu corpo.

    Ele teve que limpar os mortos antes de se mudar para outra área. Com isso em mente, ele teceu uma única arte divina.

    Feitiço de Regeneração de Grande Área [Berço].

    Uma luz dourada da divindade caiu sobre as ruas, envolvendo os transeuntes gemendo.

    Vera franziu a testa enquanto inalava, uma grande quantidade de divindade fluindo dele.

    ‘Vou fazê-los dormir.’

    Enquanto eles estivessem respirando, Renee seria capaz de curá-los mais tarde.

    Vera tensionou todos os músculos do corpo e então se lançou para frente.

    Ele foi até a 4ª rua, local onde ouviu gritos e explosões altas.

    ***

    Em frente ao ferro-velho.

    Um arrepio percorreu o corpo de Renee quando ela se lembrou do que Vera havia dito antes.

    –Vou primeiro para a rua principal para avaliar a situação. Por favor, siga até lá depois e cuide das coisas na retaguarda.

    Vera, que sempre pedia sua opinião e seguia seus desejos, a notificou assim e foi embora. Era tão urgente assim.

    Ela tinha que ir. Do jeito que as coisas estavam indo, ela tinha que ir rápido e ajudar Vera.

    Se por acaso Vera estivesse enfrentando os inimigos, ela tinha que ir até lá e rezar ou usar seus poderes.

    Mas…

    “Ugh…!”

    Ela não conseguia se mover.

    A náusea, a sensação de vômito e as emoções que ela sentiu ali não deixaram seu corpo, preenchendo-a inteira de medo, tornando-a incapaz de se mover.

    Era um horror que ela nunca havia sentido na vida. Sua imaginação, que sempre fora elogiada, estava pintando um quadro vívido da cena. Um inferno feito de cadáveres. O fedor nauseante e o som de insetos voando ao redor.

    Talvez, se Vera não tivesse o estigma, se ele ainda estivesse nas favelas e se ele não tentasse mudar…

    O pensamento de que Vera também poderia estar lá. O pensamento de que algo assim poderia ter acontecido entre as possibilidades que ela desconhecia.

    O medo que isso causou corroeu todo o seu corpo. Não tinha acontecido. Vera ainda estava vivo. Esses pensamentos não tinham sentido.

    “Ugh…!”

    Ela sentiu náuseas de novo. Seus pensamentos estavam ficando nublados. Renee agarrou sua bengala firmemente e deu um passo à frente.

    Respingo—!

    Enquanto a água lamacenta espirrava, seus pensamentos disparavam.

    Ela tinha que ir. Depois desse pensamento, perguntas se seguiram.

    ‘…E se eu for?’

    O que devo fazer lá?

    Ela tinha que tratar os feridos. Se Vera estava lutando contra um inimigo, ela tinha que usar seu poder para ajudá-lo.

    Isso ficou claro.

    No entanto, em meio a tudo isso, havia uma preocupação que não parava de surgir em sua mente. “E se algo além do meu controle acontecesse?” O pensamento não saía de sua mente.

    Era uma vibração tão grande que podia ser sentida até nas favelas, que ficavam na periferia da Capital. Vera disse que o príncipe herdeiro estava em perigo e que poderia haver um ataque terrorista.

    Eu conseguiria salvar todos os feridos ali? Posso salvá-los e ajudar Vera?

    Se eu tivesse que escolher entre os dois, se eu tivesse que escolher entre ajudar as pessoas ou ajudar Vera…

    Seu pensamento se tornou estranho, e seu coração ficou pesado de medo.

    Poderei escolher?

    Deixar as pessoas morrerem e salvar Vera, ou vice-versa.

    Eu conseguirei fazer isso?

    …Não, ela definitivamente escolheria Vera. Ela amava Vera mais do que cem estranhos. Ela era apenas um ser humano, afinal, e ela faria essa escolha.

    Mas mesmo assim, ela estava pensando nisso porque estava preocupada que sua escolha pudesse decepcionar Vera.

    Depois que tudo foi dito e feito, ela ficou preocupada que Vera criticasse sua decisão.

    Ela tinha medo de que Vera, que estava perseguindo a luz e a seguia por isso, percebesse que ela não era a sua luz.

    Ela tinha medo que ele a deixasse para trás.

    Era uma preocupação que surgia de seu medo.

    “Você deveria ir imediatamente, Santa!”

    O grito de Rohan ecoou em seus ouvidos.

    “Santa? Você está bem? Sua pele não parece boa.”

    As palavras preocupadas de Marie ecoavam em seus ouvidos.

    Finalmente, em uma encruzilhada, Renee cambaleou para a frente, sentindo seu coração derreter.

    Salpico, salpico.

    A água lamacenta espirrou. Sua bengala balançou na lama.

    Foi um movimento mecânico. Impulsionada pelo pensamento subconsciente de que ela não deveria revelar seu coração trêmulo, ela seguiu em frente.

    Sua mente continuava a mil com outros pensamentos.

    Então, devo salvar as pessoas?

    Em seu coração, ela queria. Ela queria salvar a todos.

    Mas se Vera morrer, qual o sentido dessa escolha?

    …Renee ficou ressentida.

    Ela se ressentia dessa situação que a testava, e se ressentia de si mesma por ficar tão abalada diante de tal decisão.

    Ela estava cheia de auto-aversão. Ela estava extremamente enojada com sua ousadia quando disse a Vera que ela era sua luz. Ela se odiava por não ser capaz de controlar suas emoções em um momento tão crítico.

    Todos se referiam a ela como uma Santa que iluminaria o mundo com sua luz, então ela se considerava assim.

    Mas só naquele momento em que ela teve que fazer uma escolha, diante de uma ameaça iminente, Renee percebeu.

    Que ela não passava de uma criança de dezoito anos. Que ela era uma idiota que não conseguia fazer nada além de tremer diante de coisas que estavam fora de seu controle.

    A ideia de pesar a vida e a morte era dura demais para uma tola como ela.

    Ela precisava cair em si.

    ‘Eu…’

    Deve haver algo que só eu posso fazer. Tenho que me tornar a luz, só então poderei estar ao lado de Vera.

    Todas as suas frustrações reprimidas vieram à tona.

    Em sua mente, uma espécie de obsessão por ser a luz, e que se ela não fosse a luz, então ela não seria capaz de estar com Vera, surgiu em meio aos seus pensamentos desintegradores.

    Ela ainda não sabia o que tinha que fazer. Ela não conhecia a fé, ela não conhecia os humanos, e ela não conhecia seu dever.

    Ela apenas fez o que queria. Tudo o que aconteceu até agora estava em sua capacidade. Renee não pensou muito profundamente sobre isso.

    Ela não confrontou o poder que lhe foi concedido.

    Ela nem tentou suportar seu peso.

    Tudo o que ela fazia era choramingar como uma criança.

    Enquanto ela choramingava, Vera já estava bem à frente dela, e ela estava com saudades dele.

    No entanto, ela queria ser párea para ele. Ela pensou sobre isso, mas não agiu.

    Mas ela nem tentou entender por que Vera estava tão desesperado.

    Congela-

    O corpo de Renee parou.

    No meio da favela, na lama, Renee descobriu para onde havia se afastado.

    …Ela se recusou a encarar a tristeza dos outros.

    E só sabia culpar o mundo.

    Ela só sentia pena de si mesma, muita pena dessa vida onde ela perdeu a visão e não conseguia nem andar direito sozinha. Ela só sabia como se consolar.

    No momento em que ela percebeu isso, ela sentiu seu coração apertar.

    Ela percebeu que estava se iludindo pensando que era uma boa pessoa.

    Mas ela não é.

    Ela percebeu que não tinha feito nada de bom até então.

    Ela estava bêbada consigo mesma.

    Embriagada pela sensação de cuidar dos outros enquanto sente pena de si mesma.

    Sua cabeça trêmula se inclinou para baixo.

    Instantaneamente, seus pensamentos ampliados começaram a assimilar as informações ao seu redor.

    O som de gritos, um novo grito e vibrações ecoando.

    Como se estivesse enfeitiçada, Renee lançou uma divindade branca e pura em sua bengala e golpeou o chão.

    Respingo—

    A bengala cravou-se na lama e gemeu. As ondas se espalharam e voltaram. Uma informação mais clara começou a aparecer na mente de Renee.

    Ainda havia pessoas nas favelas.

    Havia crianças encolhidas em um canto, abraçadas umas às outras.

    Havia um recém-nascido sendo segurado por um adulto grande.

    Eles estavam em um beco em algum lugar da favela, tremendo de medo.

    Nenhum deles estava pensando em fugir.

    ‘…Um lugar para onde correr.’

    Porque não havia lugar para eles.

    Para aqueles que já haviam sido expulsos, não havia mais para onde correr.

    Ao contrário dela, eles não tinham um lugar para serem mimados.

    Ela sentiu uma grande vergonha. Sua auto-aversão começou a se formar novamente.

    Suas emoções estavam à flor da pele.

    Por fim, a tola percebeu que não era nada sozinha, fez uma expressão vazia e levantou a cabeça.

    ‘Por que?’

    Por que vim aqui?

    Por que estou fazendo isso?

    O que eu queria fazer? O que eu queria ser, e para que vim a este lugar?

    Naquele momento, um pensamento me veio à mente.

    Tique-

    O ponteiro dos segundos de um relógio soou.

    Tique-

    Sua percepção se expandiu infinitamente.

    Tique-

    “Saaant…”

    O grito de Rohan se arrastou. Respingo, o som de água lamacenta espirrando no chão, prolongou-se indefinidamente.

    Tique-

    Eventualmente, todos os sons cessaram. Foi como se o mundo tivesse parado.

    Tique-

    No meio de tudo isso, o ponteiro dos segundos do relógio soou mais uma vez.

    Tique-

    No silêncio.

    “Vera. De agora em diante, seu nome é Vera.”

    Essas palavras ressoaram por toda parte.

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