Índice de Capítulo

    Arrepio—

    O corpo de Renee estremeceu. Foi uma reação inconsciente à voz repentina que ela ouviu. Renee rapidamente teceu divindade em sua bengala e atingiu o chão.

    Respingo—

    Junto com o som, as ondas se espalharam e retornaram, reunindo informações sobre o espaço dentro da cabeça de Renee.

    ‘…Não tem ninguém?’

    Ela ouviu uma voz bem na sua frente, mas o ambiente não havia mudado nem um pouco. A voz não pertencia a ninguém.

    Enquanto isso, a voz ecoou mais uma vez.

    “Bem, você vê esse álcool? Só tem uma coisa que você precisa fazer. Só ganhar dinheiro suficiente, para que eu possa beber essa ‘Vera’ todo dia.” 1

    A voz riu e o rosto de Renee se contraiu diante da voz cheia de más intenções.

    “…Sim.”

    A voz era muito jovem, mas um tanto familiar.

    Renee imediatamente soube de quem era a voz, e seu rosto ficou cheio de choque.

    ‘…Vera.’

    Isso a fez entender qual era a situação.

    Ela se lembrou dos livros que Vera leu para ela na biblioteca logo após chegar à Capital Imperial.

    “Orgus.”

    Um Caminhante do Tempo. Uma espécie antiga que mostra aos outros visões de um período de tempo diferente.

    A voz continuou, pois ela tinha uma estranha confiança de que essa magia estava envolvida.

    “Qual é a dessa resposta sem entusiasmo, seu punk?!”

    Bater—!

    “Kugh…!”

    “Huh? Um pouco mais alto! Com mais entusiasmo! Responda-me assim!”

    O rosto de Renee ficou branco com a voz que ela ouviu. Seu corpo se debateu involuntariamente enquanto ela examinava os arredores, mas não havia nada em que se segurar. O mesmo fedor ainda permanecia no ar, e o ar pegajoso grudava em sua pele.

    “Vera, Vera, Vera! Apenas viva de acordo com seu nome. Entendeu? Deixe-me beber isso como o preço por elevar você!”

    Havia raiva em sua voz. Sua voz estava tingida de raiva e felicidade, e uma malícia indescritível.

    Renee percebeu o momento no tempo que essa visão estava lhe mostrando.

    Era o jovem Vera. Estava mostrando a origem do nome Vera.

    Estava lhe mostrando que Vera, o nome do seu amor, foi feito a partir de uma frase com intenções tão malignas.

    “Sim, sim…!”

    A voz do jovem Vera estava cheia de terror, desespero e dor. Renee sentiu dor como se suas entranhas estivessem sendo dilaceradas.

    Tique-

    O som do ponteiro dos segundos do relógio soou e acelerou. Sua percepção e pensamentos ficaram distorcidos. Quando a cambaleante Renee recuperou o equilíbrio, ela ouviu outra voz.

    “Chefe… Tommy não vem.”

    A garotinha parecia estar à beira das lágrimas. Então, o som da voz arrepiante de um garoto se seguiu.

    “Ele deve estar morto.”

    Como esperado, era a voz de Vera. Renee sentiu a respiração presa na garganta.

    Ela não sentiu nada na voz de Vera enquanto ele falava sobre a morte de alguém que devia ser próximo a ele.

    Sua voz era seca e fria.

    “Um idiota morreria. Fuja se quiser viver. Eu não sempre te disse isso?”

    “Hic…”

    A voz fria e sarcástica empurrou a garota para um canto.

    “Se você não quer morrer também, então corra. Se você continuar amuada aí, você é quem vai morrer amanhã.”

    Atrás da voz havia um som de ‘pancada’, e o grito ‘kyaa!’ da garota se seguiu, provavelmente indicando que houve uma agressão. O corpo de Renee tremeu.

    Tique-

    O mundo se inclinou novamente. Sua percepção estava distorcida.

    “Kugh…!”

    Ela ouviu um gemido do homem que havia dado um nome a Vera.

    “Seu inseto.”

    Ela podia ouvir a voz de Vera. Sua voz soava… encantada.

    “Você não tem tenacidade e é por isso que vai morrer, seu retardado.”

    Vera falou com uma risadinha na voz, seguida de um som de ‘pancada’. O corpo inteiro de Renee enrijeceu.

    ‘…Ele o matou.’

    Ela sabia apenas pelo som. Era o som de uma pessoa sendo esmagada. O corpo inteiro de Renee enrijeceu.

    Tique-

    O ponteiro dos segundos se moveu.

    “Ve-Vera… Eu cuidei de todas as outras divisões. Então, por favor, por favor, por favor, deixe-me viver…”

    Esmaga-

    Ele foi esmagado.

    Tique-

    O ponteiro dos segundos continuou correndo.

    “Chefe, eu peguei Pomil. Esse cara está se comunicando com outro cartel…”

    Esmaga-

    Outro foi esmagado.

    “…Sim, isso é revigorante.”

    Tique-

    O ponteiro dos segundos tiquetaqueou novamente.

    “Croden roubou as drogas. Chefe, puni…”

    Esmaga-

    “…punição, sim, eu o puni.”

    Tique-

    “Chefe, chefe? Todo esse tempo, eu fui leal pra caralho a você…!”

    Esmaga-

    “É, você escutou bem, mas ficou ganancioso. Seu retardado.”

    Tique-

    O ponteiro dos segundos tiquetaqueou, um humano foi esmagado e o ponteiro dos segundos tiquetaqueou novamente.

    Antes que ela percebesse, Renee estava caída de bruços na lama, atordoada.

    Os pecados que Vera uma vez mencionou estavam agora sendo revelados. O passado do Paladino, que sempre foi intransigente e sempre seguiu a luz, estava finalmente sendo exposto.

    Tique-

    O ponteiro dos segundos inclinou-se.

    “Marquês, pensei que tínhamos um acordo.”

    “Ve-Vera, me escute por um segundo. Ok?”

    Esmaga-

    Mais uma vez, houve um grito, e alguém aterrorizado teve todos os ossos quebrados.

    Renee queria tapar os ouvidos. Ela não queria ouvir mais nada. Ela estava assustada. Ela estava assustada com a frieza de Vera, o vazio em sua voz e o fato de que ela não podia fazer nada além de ouvir enquanto isso continuava.

    Abraçando seu corpo com movimentos trêmulos, ela fechou os olhos com força.

    Esmaga-

    “Retardado.”

    Renee se sentiu desconfortável e levantou a cabeça.

    ‘…Essa voz.’

    Em determinado momento, a voz de Vera assumiu a de um adulto.

    Certamente, Vera chegou ao Reino Sagrado quando tinha quatorze anos, mas a voz que ela ouvia agora era a mesma que ela sempre ouviu.

    O que está acontecendo? Ela não estava vendo o passado? Mas por que ela estava ouvindo a voz adulta de Vera agora?

    Enquanto ela sentia arrepios no corpo só de pensar nisso, algo ainda mais bizarro aconteceu.

    Tique-

    O ponteiro dos segundos girou para trás.

    “—–.”

    “Bip—”

    Ela ouviu um som bizarro ecoando em seus ouvidos. Ela sabia que era uma voz humana, mas não tinha ideia do que significava.

    Depois disso, ela ouviu uma voz familiar.

    “—–, este é o território de Vera do qual estávamos falando, então você não deve ir lá…”

    …Era a voz de Rohan.

    “—–.”

    “O quê? Oh, por favor! —–! Eu realmente vou ser morto por Sua Santidade!?”

    A voz de Rohan soou como se ele estivesse implorando a alguém.

    Quem era? Ela não conseguia distinguir pelo barulho.

    A expressão de Renee endureceu.

    O que estava acontecendo? O que era esse fenômeno?

    A única pessoa a quem Rohan mostraria tal respeito seria Sua Santidade, mas não era Sua Santidade quem estava falando com ele agora. Renee estava confusa.

    “Ah, sério! Eu não sei! Eu realmente não sei o que fazer! Eu avisei você!”

    Depois do grito, Renee ouviu um bipe que assumiu a forma de uma risada.

    Tique-

    O ponteiro dos segundos se moveu novamente.

    “Kugh…!”

    Desta vez, ela ouviu uma tosse. Com isso, Renee sentiu todos os pensamentos que ela estava tendo antes se dispersarem com o som.

    “Vera!”

    Foi porque o que ela ouviu foi a tosse de Vera. Era um som de dor e tingido de morte.

    “—–…”

    A voz estava abafada, mas ela soube imediatamente que era Vera.

    A expressão de Renee se contraiu e ela ficou chocada com as palavras que se seguiram.

    “—–.”

    A voz abafada era porque Vera estava falando com a mesma pessoa com quem Rohan estava falando antes.

    Quando ela se sentiu confusa, o ponteiro dos segundos se moveu novamente.

    Tique-

    “—–, você certamente é fiel.”

    “…—–.”

    Vera soltou uma risada. O que era tão absurdo? Ele estava falando em um tom tão sarcástico.

    Sua voz era fria.

    Tique-

    “Pare de fazer coisas tão inúteis. A —– não percebe que não há esperança?”

    “— —– —-.”

    Houve raiva.

    Sua voz estava um tanto fria.

    Tique-

    “—–, nas favelas, eles chamam essas pessoas de idiotas.”

    “— – ——–. — — — —–, — —–.”

    Havia sarcasmo. Havia medo.

    Sua voz era morna.

    Tique-

    “…Você não se arrepende?”

    Vera perguntou.

    Com isso, o corpo de Renee enrijeceu.

    Ela sentiu algo na voz dele. Era uma forma flagrante de tristeza que ele nunca havia demonstrado a ela antes. Era medo.

    “…Uma lunática.”

    Era remorso.

    Tique— Tique—

    O ponteiro dos segundos se moveu mais rápido. Seu senso de percepção estava em todo lugar enquanto ela lutava repetidamente para encontrar seu equilíbrio. Sua respiração parou, então ela respirou novamente. Os sentidos de todo o seu corpo se aguçaram.

    No final, a voz de Vera soou novamente.

    “…Você está horrível.”

    Desta vez, um ruído estático interrompeu no meio, tornando as palavras quase irreconhecíveis.

    Mas mesmo assim, a emoção na voz ficou gravada no coração de Renee como uma marca.

    “O que eu disse? Eu disse que você morreria.”

    Sua voz estava tensa, como se ele fosse parar de respirar a qualquer momento.

    A voz dele estava mais quente do que nunca. Ela sentiu como se fosse uma raiva que poderia queimar o mundo inteiro, mas também parecia o grito de um monstro queimando a si mesmo.

    “…Eu vivi para mim mesmo a minha vida inteira. No entanto.”

    E arrependimento.

    Renee percebeu.

    A emoção transmitida na voz de Vera naquele momento era de arrependimento. Era tristeza, era desespero, era desgosto. As palavras eram como um grito, como um som que poderia ser encerrado a qualquer momento.

    Era a voz de alguém que falava de uma perda.

    Lágrimas escorriam pelo rosto de Renee. As lágrimas que escorriam por suas bochechas eram claras, ao contrário da lama das favelas.

    Era uma situação incompreensível.

    Por que ela estava ouvindo sua voz adulta, e por que Vera parecia estar morrendo? Com ​​quem Vera estava falando, e com quem Rohan estava falando?

    Nada disso fazia sentido, mas havia uma emoção que fazia. Era a tristeza que continuava a crescer dentro de Renee.

    Era porque Vera, que sempre falava de arrependimento e luz, estava tendo sua vida vagamente revelada.

    Ela só tinha visto pedaços, então não podia dizer que o entendia completamente, mas isso a deixou ainda mais triste.

    Deve ter sido uma vida que não terminou assim.

    O passado de Vera que a fazia tremer de raiva, fosse o passado ou o futuro, era muito devastador.

    Renee ficou triste com isso.

    Ela então percebeu que a tragédia em sua vida era apenas uma entre muitas tragédias.

    Que ela não foi a única que passou por tragédias.

    Que todos no mundo têm suas próprias tragédias e que sofrem, se arrependem e se levantam em meio a essas tragédias.

    …Que Vera se levantou com isso.

    Sua percepção distorcida tornou-se estável mais uma vez. O mundo que havia parado, começou a se mover novamente.

    “Saaaan…”

    A voz de Rohan ficou cada vez mais curta.

    Respingo—!

    Ela podia ouvir o som de água lamacenta caindo.

    Enquanto tudo isso acontecia, Renee ouviu uma voz estranha que parecia estar falando diretamente em sua mente.

    [Três.]

    Quando a voz terminou, o mundo se moveu novamente.

    “Santa!”

    1. É o nome de uma bebida na obra
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