Os três se aproximavam cautelosamente da grande porta de metal, com a vegetação densa cobrindo boa parte do terreno ao redor. Galhos secos estalavam sob seus pés e folhas antigas espalhavam-se como um manto esverdeado e úmido, sufocando os sons da floresta. A entrada, escondida pela natureza e pelo tempo, era um verdadeiro enigma.

      Kaito olhava ao redor, observando os detalhes. Ele notou que nas pedras ao redor da porta haviam inscrições, esculpidas em uma língua que ele não reconhecia. Era algo antigo, diferente do idioma comum falado por todos os povos do continente.

    – O que está escrito aqui? – Kaito perguntou, seu olhar fixo nas inscrições.

      Hiroshi se aproximou, analisando as marcas nas pedras. Ele passou a mão pelo contorno das letras gastas pelo tempo, e após um longo silêncio, finalmente respondeu:

    – “Somente os que não buscam poder entenderão a grandeza que aqui dorme…” – disse Hiroshi, sua voz grave ecoando levemente. – Um aviso filosófico… ou talvez uma ameaça.

      Kaito franziu a testa. O que aquilo significava? Antes que pudesse fazer mais perguntas, Haruki colocou a mão em seu ombro, puxando-o suavemente para o lado. O olhar de seu pai era sério, mais sério do que Kaito estava acostumado a ver.

    – O que você está prestes a descobrir deve ficar entre nós. – A voz de Haruki estava firme, mas havia uma ponta de urgência. – Há segredos que a história não conta, Kaito. E alguns desses segredos são perigosos demais para serem compartilhados com o mundo.

      Kaito sentiu um arrepio percorrer sua espinha. Ele olhou para Haruki e depois para Hiroshi, ambos visivelmente tomados pela seriedade da situação. Um silêncio pesado pairava entre eles, e então, finalmente, Hiroshi quebrou a tensão com o início de uma história que parecia arrancada dos mitos antigos.

    – Após a derrota do invasor e o triunfo dos heróis lendários, havia algo…  – Hiroshi começou, escolhendo cuidadosamente suas palavras. – Algo que nunca foi contado. O antigo herói, que liderou a resistência contra as forças das trevas, não apenas destruiu os inimigos, mas também roubou a Pedra Negra, um artefato que ninguém sabia existir, exceto ele.

      Kaito estava atento, os olhos fixos no avô enquanto ele continuava.

    – Essa pedra não era um mero troféu, ela continha um poder imensurável, capaz de dobrar a realidade e corromper qualquer um que tentasse controlá-la. Ele sabia que, se a Pedra Negra caísse em mãos erradas, todo o continente estaria em perigo.

    – Então, o herói a escondeu – completou Haruki. – Mas ele não fez isso sozinho.

    – Quem o ajudou? – Kaito perguntou, intrigado.

    Hiroshi suspirou antes de responder.

    – Uma outra heroína. Ela era  alguém com um talento incomparável para a magia de selamento. Esses dois herois planejavam pegar a pedra e escondê-la, sem que os outros heróis soubessem de sua existência. Eles temiam que, se os outros soubessem, a cobiça pelo poder os consumisse.

    – E assim, – continuou Haruki, – eles trouxeram a Pedra Negra para este lugar, longe dos olhos do mundo. A heroína construiu este santuário, uma fortaleza secreta no coração da floresta, selando a pedra para que ela nunca mais fosse usada para o mal.

      Kaito olhava para a porta diante de si, seus pensamentos confusos e seu coração acelerado. O que ele estava prestes a descobrir ali?

    – Esse lugar… foi esquecido pela história. Mas nós o guardamos em segredo. – Hiroshi completou, colocando a mão sobre a porta de metal. – E agora, você vai entender o porquê.

      Kaito deu um passo à frente, sentindo o peso das palavras de seu avô, Hiroshi se aproximou da imponente porta de metal, agora coberta pelo tempo e pelos elementos da floresta. Suas mãos experientes tocaram a superfície fria, e ele respirou fundo, Kaito observava com atenção, enquanto Haruki mantinha-se em silêncio, como se aquilo fosse um ritual que ele já conhecia bem.

    – É hora de mostrar por que viemos aqui, Kaito. – Hiroshi disse, com um tom grave.

      Ele concentrou sua energia mágica, deixando que uma leve aura dourada envolvesse sua mão. A energia pulsava suavemente, aumentando à medida que ele recitava palavras em um idioma arcaico, semelhante à inscrição nas pedras ao redor da porta.

    – Ancillae Sigillorum… Resonet vocem antiquorum… – murmurou Hiroshi, sua voz grave e cheia de poder. As palavras ecoaram ao redor, como se a própria natureza ao redor reagisse à sua magia. O ar pareceu vibrar e a temperatura na área caiu ligeiramente.

      Enquanto ele continuava o encantamento, as runas esculpidas ao redor da porta começaram a brilhar com uma luz esverdeada, revelando padrões ocultos que haviam estado inativos por séculos. A luz se espalhou lentamente, conectando-se às partes ocultas da construção subterrânea.

    – Isso… isso é incrível – Kaito sussurrou, impressionado com o poder que seu avô demonstrava. Ele sabia que Hiroshi era um grande mago, mas nunca o vira conjurar algo tão antigo e poderoso antes.

      O chão sob seus pés pareceu tremer levemente, e com um último comando, Hiroshi abriu os olhos, mirando a porta de pedra com determinação.

    – Aperi viam claudendam… – ele terminou.

      A porta, então, respondeu com um estrondo baixo. As engrenagens que estavam escondidas na rocha começaram a se mover lentamente, o som do metal se arrastando ecoando pela floresta silenciosa. Aos poucos, a imensa porta se abriu, revelando uma escadaria escura e íngreme que descia para as profundezas da construção subterrânea.

      Hiroshi deu um passo para trás, respirando profundamente após o esforço. Ele olhou para Kaito e Haruki com um olhar de satisfação.

    – Está na hora de conhecermos o que foi deixado para trás. – Haruki falou, caminhando em direção à entrada aberta. – Mas lembre-se, Kaito, tudo o que virmos aqui não deve sair daqui.   

      Kaito concordou, ainda impressionado com o que acabara de testemunhar. Ele não sabia o que encontraria lá dentro, mas sabia que aquela viagem mudaria tudo.

      Com os corações pesados de expectativa, os três entraram, prontos para encarar o que estava escondido nas sombras daquela antiga construção esquecida.

      Enquanto desciam pelas escadas, a escuridão parecia engolir os três, com apenas o som de seus passos ecoando pelas paredes de pedra. A temperatura caía, e o ar tornava-se cada vez mais denso, carregado de uma energia antiga que Kaito sentia se infiltrar em sua pele. Após alguns segundos, uma luz roxa começou a brilhar no final da escadaria, um brilho suave e misterioso que os chamava como se quisesse revelar o segredo escondido por séculos.

      Ao chegarem ao fim, Kaito finalmente pôde ver o que emanava aquela luz. No centro da sala estava a Pedra Negra, acorrentada ao chão com correntes que brilhavam com a mesma luz roxa. A pedra era maior do que ele imaginava, com um brilho sombrio e pulsante, como se estivesse viva. Era uma visão ao mesmo tempo magnífica e assustadora.

    – Essa é a pedra negra? – Kaito perguntou, confuso e um tanto alarmado. Ele se virou rapidamente para Haruki e Hiroshi, buscando respostas.

    – Sim– respondeu Haruki, com um tom grave. 
    – Aquela que o antigo herói roubou para salvar a humanidade, mas que se tornou um fardo perigoso demais para permanecer livre. Ela tinha o poder de corromper até os mais nobres de coração, e por isso precisou ser selada.

    – Mas por que está acorrentada? – Kaito perguntou, com o olhar fixo nas correntes que prendiam a pedra ao chão.

    Hiroshi deu um passo à frente, analisando a luz roxa que emanava do círculo no chão.

    – Depois que o herói roubou a pedra, ele e sua companheira, uma poderosa maga especialista em selamentos, souberam que algo tão perigoso não poderia ser destruído… mas poderia ser contido. – Hiroshi indicou o círculo mágico que brilhava suavemente ao redor da pedra.
    – Este círculo foi desenhado com o sangue dela. Ela usou um encantamento extremamente poderoso, um selamento feito sob medida para esta pedra.

      Haruki continuou a explicação:

    – Quando ela ativou o encantamento, as correntes surgiram do chão, conectadas à própria essência da pedra. Estas correntes foram forjadas com o poder do círculo de sangue, impedindo a Pedra Negra de liberar sua magia corrompida.

    Kaito olhou para a pedra com olhos arregalados. A aura que ela emitia era opressora, como se estivesse viva e tentando lutar contra as correntes que a prendiam.

    – Então, por que me trouxeram aqui? – Kaito perguntou, começando a sentir o peso da situação.

      Hiroshi e Haruki se entreolharam por um momento antes de Hiroshi falar, sua voz carregada de uma seriedade que Kaito nunca ouvira antes.

    – Porque, Kaito, esta pedra não deve permanecer escondida para sempre. Um dia, sua magia pode ser necessária novamente, para proteger o continente de Crystalia… ou destruir tudo o que conhecemos. Você precisava ver isso com seus próprios olhos.

      Kaito não tinha percebido uma estante de livros antigos no canto, atrás do círculo de selamento e ao lado uma mesa ela era de madeira gasta, cheia de marcas e cicatrizes do tempo, coberta de poeira. No centro da mesa repousava um livro velho, com uma capa de couro desbotada e páginas amareladas. Ele se aproximou, intrigado.

    – O que é aquilo? – perguntou, com o olhar fixo no livro, sentindo uma estranha atração por ele.

      Haruki, com um semblante sério, respondeu:

    – Esse livro pertenceu ao antigo herói. Ele passou anos estudando a Pedra Negra e anotou tudo o que descobriu aqui. Se você abrir o livro, talvez entenda o que ele aprendeu.

      Com cautela, Kaito colocou a mão sobre a capa e a abriu. Assim que o fez, uma forte luz brilhou de dentro do livro. O brilho foi tão intenso que ele instintivamente recuou, mas logo percebeu que algo estava acontecendo. Um tipo de magia foi ativada, e no meio da sala surgiu uma figura holográfica feita de pura energia mágica. O brilho formava a imagem de um homem alto, de cabelos vermelhos como fogo. Ele usava uma armadura de batalha antiga e tinha um olhar resoluto.

    – Saudações – disse o holograma, com uma voz forte e ecoante. – Eu sou Thaldris Ignihall. Se você está ouvindo isso, então encontrou o segredo que escondemos do mundo. Eu sou um dos heróis que enfrentaram o caos, mas o que fizemos foi apenas adiar o inevitável.

      Logo, uma segunda figura começou a se formar ao lado de Thaldris. Era uma mulher, com longos cabelos prateados e olhos brilhantes de sabedoria. Ela usava vestes que emanavam poder, suas mãos cobertas por runas antigas.

    – Eu sou Elionor Voriel  disse ela, com uma voz suave, porém firme. – Fui a companheira de Thaldris nessa jornada. Fomos nós que selamos a Pedra Negra, mas antes disso, passamos anos estudando suas propriedades, e tudo o que descobrimos está escrito nos livros que estão na estante.   

      Elionor deu um passo à frente, seus olhos de cor Âmbar cintilando com a lembrança de seus esforços.

    – Criamos este lugar para esconder a pedra e selá-la com a magia mais forte que conhecíamos. Usei meu próprio sangue para criar este círculo mágico, e foi necessário um encantamento complexo para convocar as correntes que a prendem. No entanto, este selamento não é eterno. Ele pode enfraquecer com o tempo… e você precisa estar preparado.

      Kaito sentiu o peso das palavras, o fardo que havia sido passado de geração em geração. Ele observava com atenção enquanto a figura holográfica de Thaldris e Elionor brilhava à sua frente. Thaldris, de olhos escuros e intensos, começou a falar novamente, sua voz firme, mas com uma certa serenidade agora.

    – Depois que selamos a pedra – Thaldris começou, – não pudemos simplesmente abandoná-la. Passamos anos estudando seu poder e sua natureza. O que descobrimos foi que a pedra em si não é necessariamente maligna. Não acreditamos que tenha sido criada para destruir ou conquistar o mundo, como muitos pensam. Mas ainda não sabemos seu verdadeiro propósito.

      Elionor, com seus olhos âmbar cheios de sabedoria, o interrompeu suavemente.

    – O que sabemos é que a pedra carrega um poder vasto, além de qualquer compreensão comum. Nós encontramos uma maneira de usá-la, mas nunca ousamos tentar. Há um preço a se pagar por esse poder… um preço que nós, mesmo como heróis, não estávamos dispostos a aceitar.

      Thaldris concordou  balançando a cabeça.

    – O método de uso está escrito nestes livros, e se você está vendo essa mensagem que dizer que é nosso sucessor e este segredo é apenas para aqueles que compartilham do nosso sangue. A linhagem que criamos… a linhagem que carrega a responsabilidade de proteger o mundo desse poder.

      Elionor deu um passo à frente, os traços de seu rosto suavizando ao falar da parte mais pessoal de sua história.

    – Enquanto estudávamos a pedra, Thaldris e eu fomos nos aproximando. Não demorou muito para nos apaixonarmos e, eventualmente, nos casamos. Sabíamos que, para garantir que nossa linhagem perdurasse, precisávamos de um nome que atravessasse os séculos.

    Thaldris sorriu ligeiramente, como se recordasse de um momento especial.

    – Meu segundo nome é Ignihal, e o dela, Voriel. Quando unimos nossos nomes, formamos algo novo. Criamos o nome “Ignivor” para nossa nova família. E com ele, nossa linhagem teria um propósito que duraria para sempre.

      Elionor fez uma pausa antes de continuar, seu tom suave, mas solene.

    – Logo depois, tivemos nossa primeira filha –  ela pegou a criança de um cesto que estava ao lado, uma menina de alguns meses de vida, com cabelos vermelhos – Essa é a nossa primeira filha, a primeira Ignivor. Ela se chama  Aelith, e com ela nossa linhagem começou. Esse segredo será passado a ela e, por gerações, a tarefa de proteger o mundo deste poder será transmitida.

      Kaito absorvia cada palavra, sentindo o peso da herança que carregava. Ele olhou para o livro em suas mãos, agora muito mais significativo do que qualquer outro objeto que já segurou.

    – Mas não era o fim – continuou Thaldris, com um brilho de determinação nos olhos. – Depois de selar a pedra e começar nossa família, sabíamos que nosso trabalho estava longe de terminar. Precisávamos estudar ainda mais, entender a origem deste poder.

    Elionor completou:

    – Decidimos, então, daqui a alguns anos queremos viajar para o mar em busca de respostas. Havia rumores sobre a origem do homem que trouxe a pedra para este continente. Achamos que, ao descobrir sua terra natal, poderíamos entender mais sobre a pedra e seu verdadeiro propósito. Quando voltarmos, planejaremos registrar tudo nos livros.

      Thaldris fez uma última pausa, seu olhar agora mais suave e cheio de esperança.

    – A verdade sobre essa pedra e seu potencial está em suas mãos agora, O que você fará com esse conhecimento depende de você.

      A luz começou a desvanecer, e os hologramas desapareceram, deixando Kaito sozinho com seus pensamentos, o livro e o fardo de sua linhagem.

      Kaito ficou em silêncio por alguns instantes após as imagens de Thaldris e Elionor desaparecerem. O peso da revelação ainda pairava no ar, e ele sentiu sua mente fervilhando com dúvidas e incertezas. Finalmente, ele quebrou o silêncio, sua voz um pouco hesitante, mas cheia de curiosidade.

    – Então… – Kaito começou, olhando para Hiroshi e Haruki, que observavam atentamente suas reações. – Isso significa que… a nossa linhagem foi fundada por esses dois heróis? E… essa pedra? Ela realmente pode ser usada? O que acontece se alguém decidir usá-la? E o que é esse “preço” de que eles falaram?

      Haruki deu um sorriso leve, enquanto Hiroshi parecia contemplativo antes de responder.

    – Sim, Kaito – começou Haruki, sua voz firme. — Nossa linhagem vem diretamente de Thaldris e Elionor, os heróis da era antiga. Eles fundaram a família Ignivor para proteger este segredo e garantir que a pedra nunca caísse em mãos erradas.

      Hiroshi cruzou os braços, o olhar sério fixo em Kaito.

    – Sobre a pedra, sabemos tanto quanto você agora. O que Thaldris e Elionor descobriram sobre o uso dela está registrado nesses livros, mas… – ele suspirou. – Nunca tentamos usá-la. O preço que mencionaram? Não temos certeza do que seja, mas qualquer coisa que exija tanto poder não pode ser algo simples ou fácil. Eles evitaram a utilização por uma razão.

      Kaito ainda estava processando tudo, mas sua mente continuava acelerada.

    – Mas… e quanto a essa linhagem? – ele perguntou, erguendo o livro. – Como ninguém mais descobriu sobre isso? Como nenhum outro membro da nossa família tentou acessar esse poder?

      Haruki trocou um olhar com Hiroshi antes de responder.

    – É exatamente por isso que essa missão é tão secreta – disse Haruki, sério. – Apenas alguns poucos membros da linhagem Ignivor chegarm a  conhecer a verdade. A maioria dos descendentes pensa que nossa história é só um conto heroico, algo glorioso do passado, mas não sabem a verdadeira natureza do que protegemos. A responsabilidade recai apenas sobre os mais próximos… aqueles que podem realmente carregar o fardo.

    – Isso não impede que curiosos ou ambiciosos apareçam – Hiroshi acrescentou. – Ao longo dos séculos, houve alguns que chegaram perto demais da verdade, mas sempre lidamos com essas situações. Acreditamos que a própria pedra repele aqueles que não são dignos de tocá-la.

      Kaito franziu a testa, absorvendo cada detalhe.

    – E vocês? – ele perguntou. – Algum de vocês já tentou usar a pedra? Ou pensaram em quebrar o selo? Como vocês dois lidam com o fato de que isso está… bem aqui?

      Haruki e Hiroshi trocaram um olhar pesado, e Haruki foi o primeiro a responder.

    – Nunca tentamos quebrar o selo, Kaito. Sabemos que o poder da pedra é imenso, e sabemos que pode ser tentador. Mas o risco é grande demais. Estamos aqui para proteger, não para usar. Esta foi a escolha que Thaldris e Elionor fizeram, e seguimos seus passos.

      Hiroshi, com uma expressão mais endurecida, adicionou:

    – A tentação existe, mas ser um Ignivor significa entender o fardo que carregamos. A pedra foi selada para que nunca pudesse ser utilizada para o mal, e, se algum de nós ousasse tentar usar seu poder… bem, a história da humanidade nos ensinou o suficiente sobre o perigo de ambições desmedidas.

      Kaito balançou a cabeça, sentindo-se dividido entre a honra de sua linhagem e a curiosidade crescente dentro de si.

    – Então, eu sou o próximo, certo? – Kaito perguntou, seus olhos indo de Haruki para Hiroshi. – Cabe a mim agora carregar esse segredo, essa responsabilidade?

    – Sim – Haruki respondeu com seriedade. – Cabe a você, assim como coube a nós. É um fardo, mas também é o legado da nossa família. Um legado que só os mais fortes de coração podem carregar.

    – E, Kaito – Hiroshi interrompeu, sua voz mais suave agora. – Não há pressão para tomar qualquer decisão imediata. Você ainda tem muito a aprender, muito a entender. E quando chegar a hora, saberá o que fazer.

      Kaito respirou fundo, tentando processar as palavras de seu avô. A sensação de que algo imensamente maior do que ele estava em jogo pesava em sua mente. Ele olhou novamente para o livro, ainda brilhando em suas mãos, e então para a pedra acorrentada.

    – Eu… eu preciso de tempo para pensar – ele admitiu, seus olhos voltando para o chão.

    – E você terá – disse Haruki, colocando uma mão no ombro do filho. – Agora, vamos sair daqui por enquanto. Este lugar pode ser… opressor.

      Hiroshi fez um gesto para Kaito, e os três começaram a se afastar da sala, com a mente de Kaito ainda fervilhando com as revelações daquele dia. Enquanto subiam as escadas e voltavam para o mundo exterior, uma coisa estava clara: nada seria como antes.

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