Capítulo 16 – Até Logo, Meu Neto
O sol mal começava a despontar no horizonte, tingindo o céu de uma cor dourada suave, quando o som do vento acariciou as folhas das árvores do jardim da Mansão Ignivor. O dia estava nascendo, e com ele, o peso da missão que aguardava Hiroshi e sua família.
Hiroshi já estava em movimento, caminhando com passos firmes até a entrada da mansão. Ele vestia uma armadura de batalha, um conjunto imponente que refletia sua posição e sua experiência. A armadura era de um metal escuro, com detalhes em dourado que delineavam sua figura. O peitoral, robusto e cuidadosamente trabalhado, ostentava o brasão da família Ignivor, uma fênix flamejante. O elmo, com uma crista de ferro, cobria sua cabeça, deixando à mostra apenas os seus olhos intensos. As ombreiras eram largas, quase imponentes, e os detalhes minuciosos nas proteções de seus braços e pernas refletiam o prestígio de um herói que havia enfrentado inúmeras batalhas.
Ao lado dele, Haruki o acompanhava, os dois prontos para iniciar a jornada que os separaria, pelo menos por um tempo.
Ao chegarem aos portões da mansão, Hiroshi parou e olhou para o capitão Vance, que aguardava com postura rígida, ao lado de uma fileira de soldados.
– Capitão Vance, reúna a cavalaria. Eles devem estar prontos para partir imediatamente. – Hiroshi disse com a voz firme, sua expressão intransigente, como sempre.
Vance acenou com a cabeça, tomando a ordem sem hesitar. Em instantes, os soldados começaram a se movimentar, preparando seus cavalos e armamentos, enquanto o capitão organizava as tropas.
Haruki observou o pai, seu olhar cheio de respeito e preocupação. Ele sabia que Hiroshi estava deixando a capital por um motivo maior, mas ainda assim, a responsabilidade de liderar a casa e proteger sua família recaía sobre os ombros de Haruki.
– Pai… – Haruki começou, sua voz grave. – Eu sei que esta missão é importante, mas você não acha que eu deveria lhe acompanhar? Ficar aqui em Pyronia me deixa preocupado.
Hiroshi virou-se lentamente, o peso de suas palavras pairando sobre o ar ao redor deles. O vento balançava levemente seus cabelos grisalhos.
– Meu filho, você tem razão em querer vir. Porém, minha presença é necessária em Fiamoria. Esta missão é minha e, por mais que queira estar ao seu lado, é você quem precisa cuidar da capital. A segurança de Imperion depende de você agora. Não posso deixar a cidade vulnerável enquanto estou fora.
Haruki ficou em silêncio por um momento, absorvendo o significado das palavras do pai. Ele sabia que Hiroshi tinha razão, mas isso não tornava a separação mais fácil.
– Eu entendo, pai. Vou cuidar de tudo por aqui. Prometo que vou fazer o melhor para a família e para o reino.
Hiroshi pousou a mão no ombro do filho, com um sorriso firme, mas carregado de um calor que só um pai poderia transmitir.
– Eu sei que você fará, confio em você. E lembre-se, o que quer que aconteça, a honra e o dever vêm sempre em primeiro lugar. Não permita que ninguém a desonre.
Com essas palavras, Hiroshi se voltou para Kaito, que observava em silêncio ao fundo, com os olhos fixos no avô. O jovem Ignivor aproximou-se, e Hiroshi pôs a mão sobre sua cabeça, com um gesto afetuoso e firme.
– Kaito, cuide da casa enquanto estou fora. E se algo acontecer, lembre-se do que te ensinei sobre responsabilidade e respeito. A família Ignivor não deve jamais vacilar.
Kaito assentiu, seus olhos refletindo a seriedade da conversa, embora sua expressão carregasse um toque de tristeza.
– Sim, avô. Eu vou fazer o meu melhor. E… obrigado pelas lições.
Hiroshi sorriu levemente, um sorriso de orgulho e carinho, e então se afastou.
– Eu vou mandar um soldado até a capital com um presente para você e para Lianna. Algo para lembrá-los de que, não importa a distância, estou sempre pensando em vocês.
Kaito e Haruki trocaram olhares silenciosos, mas Hiroshi não os viu. Ele já estava se afastando, subindo na montaria, pronto para partir. A viagem até Fiamoria levaria cerca de um dia, e ele sabia que a noite seria o momento de descanso, antes de enfrentar os desafios que aguardavam a cidade governada por Hizuke.
– Até logo, vô – disse Kaito, quase em um sussurro, mas com a voz carregada de significado.
Hiroshi olhou para trás, e sua expressão suavizou ainda mais.
– Até logo, meu neto. Cuide de sua casa.
E com isso, Hiroshi seguiu seu caminho, montado em seu cavalo negro, desaparecendo pela estrada, as figuras familiares desapareceram lentamente em sua visão, mas suas palavras ecoaram em sua mente. Ele tinha uma missão a cumprir, e sabia que, ao final da viagem, as respostas que tanto buscava estariam mais próximas.
Enquanto o sol subia mais alto no céu, a mansão Ignivor permanecia silenciosa, aguardando o retorno de um herói, mas também de um avô, um pai e um líder.
A estrada para Fiamoria era longa e silenciosa, quebrada apenas pelo som ritmado dos cascos dos cavalos contra a terra batida. O vento frio da manhã atravessava os campos abertos, mas Hiroshi Ignivor mal sentia o frio. Seus pensamentos estavam longe, perdidos em um tempo em que sua vida era mais simples, mas não menos carregada de responsabilidades.
Ele se permitiu um momento de nostalgia, fechando os olhos enquanto cavalgava, e as memórias de sua juventude surgiram com força. O cenário mudou em sua mente, voltando ao ano 410 do Calendário de Zephyrus, um tempo em que Imperion estava em guerra com os reinos vizinhos de Aethernia e Regalius.
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