Capítulo 170: O Covil do Dragão
Conforme Arran e Crassus seguiam pelas montanhas, o terreno se tornava cada vez mais hostil. Anteriormente, as encostas rochosas das montanhas tinham pelo menos algumas árvores e arbustos, se bem que quanto mais longe e mais alto eles viajavam, mais esparsa a vegetação se tornava, até que finalmente só restavam grama e musgo.
No entanto, para surpresa de Arran, ainda era possível ver uma grande quantidade de vida selvagem nas montanhas, com vários animais conseguindo se desenvolver apesar do ambiente hostil. Entre eles, os que mais se destacavam eram as cabras montesas, que subiam até mesmo as encostas das montanhas mais íngremes com aparente facilidade, mas havia também ovelhas, lebres e vários pequenos roedores.
Isso respondeu a uma das perguntas mais importantes que Arran tinha sobre os dragões: como eles podiam encontrar alimento suficiente para o seu enorme volume em uma área tão inóspita. Mas parece que, sem a presença de caçadores, não faltava vida selvagem para o banquete dos dragões.
Enquanto avançavam, Crassus sempre ficava de olho nos céus acima deles, agarrando seus cobertores com firmeza para o caso de um dragão aparecer.
Inicialmente, Arran ficou zombando um pouco da confiança do homem em seus cobertores, mas agora já entendia que o simples disfarce não era motivo de piada. Ele aprendeu que os dragões caçavam pela visão e a falta de inteligência deles tornava os simples cobertores cinza um instrumento surpreendentemente eficaz.
É claro que Arran não precisou de um cobertor – ele tinha seu Manto do Crepúsculo, o qual seria ainda mais útil para se esconder dos dragões que encontrassem.
Mesmo assim, as viagens foram tranquilas, mas Arran tinha uma dificuldade enorme em pensar em uma maneira de matar um dragão adulto.
Por vários dias, ele refletiu sobre o assunto, mas por mais que pensasse, não encontrava soluções. Apesar de ter certeza de que deveria haver alguma forma de matar um monstro quase invulnerável,
Finalmente, ele pediu conselhos a Crassus.
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“A outra maga”, ele começou, “Você diz que ela matou um dragão derrubando uma montanha sobre ele. Como ela fez isso exatamente?”
“Não faço ideia”, respondeu o homem gordo. “Havia um dragão atrás de nós – não um adulto, mas perto o suficiente – e em vez de se esconder, ela simplesmente acenou com a mão. Um instante depois, várias rochas grandes se desprenderam da encosta da montanha. Isso causou o maior deslizamento de pedras que já vi, mas como ela fez isso…” Crassus deu de ombros. “Provavelmente algum tipo de magia.”
Depois de ouvir as palavras do homem, Arran travou na hora e se amaldiçoou por ter deixado passar uma solução tão óbvia.
Ele e Snow Cloud não possuíam o poder de enfrentar um dragão adulto com suas próprias habilidades, mas provocar um deslizamento de rochas era outra questão. Era algo que eles podiam fazer, ainda por cima com facilidade.
É claro que Arran tinha consciência de que não seria tão fácil como jogar algumas pedras no dragão. Para matá-lo, precisariam encontrar uma maneira de posicioná-lo corretamente, e matar um dragão adulto iria precisar de pedras do tamanho de casas, se não maiores.
Mesmo assim, o fato de saber que havia uma solução para o problema deixou Arran aliviado.
Por um tempo, ele havia considerado que a tarefa poderia ser impossível para ele e Snow Cloud – uma coisa que eles não teriam como realizar com os poderes atuais. Mas agora ele sabia que poderia ter pelo menos uma chance de sucesso.
No decorrer dos dias que se seguiram, eles percorreram uma boa distância, mas Arran já não via nenhum sinal de outros dragões.
Quando perguntou a Crassus sobre isso, ele assentiu com a cabeça. “Perto do covil de um dragão grande, não se encontra nenhum dos menores”, explicou. “Qualquer um que se aproxime demais acaba sendo comido.”
Arran sentia certa preocupação quando Crassus falava. O dragão juvenil que ele enfrentou já era uma criatura terrivelmente poderosa e, caso os maiores vissem uma criatura como essa como nada além de uma refeição, ele não conseguia nem imaginar o quão poderosos eles seriam.
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Por fim, cerca de duas semanas depois de terem saído de Relgard, alcançaram um vale amplo e vazio. O vale era coberto de rochas, com apenas alguns trechos de musgo verde e grama amarelada nas bordas. Para os olhos de Arran, ele não tinha nada de especial, porém Crassus o observava com entusiasmo.
“É aqui”, disse Crassus, apontando para o espaço vazio. “O covil do dragão.”
“Não há nenhum dragão”, disse Arran.
“Os dragões costumam passar a maior parte do tempo caçando”, explicou Crassus. “Só retornam ao covil para dormir. Ele aparecerá ao pôr do sol.” Ele lançou um olhar cauteloso para o céu e acrescentou: “É claro que quero estar bem longe até lá.”
“Como você sabe que há um dragão?” Arran perguntou, franzindo a testa. Pelo que podia ver, era um vale normal e vazio.
“Há merda de dragão”, respondeu Crassus, indicando a borda do vale, na qual havia várias pilhas enormes que pareciam ser pedregulhos enormes. “E vê que não há um único pedaço de grama no centro? É onde o dragão dorme.”
Arran observou o vale e, após as palavras de Crassus, percebeu que as pilhas de pedras pareciam incomuns – pareciam mais bolas de terra ressecadas do que pedras de verdade – e que o centro do vale estava, de fato, excepcionalmente vazio.
Ainda assim, ele lançou um olhar cético para Crassus. “Como é que eu sei que você não está planejando levar o ouro e depois me deixar em um vale aleatório onde nunca vi a sombra de um dragão?”
Crassus riu. “Posso não ser o homem mais honesto do mundo, mais não sou burro o bastante ao ponto de tentar enganar um mago. Eu vi o que você fez com o dragão há muito tempo e prefiro não saber o que você pode fazer com um homem. O dragão estará aqui – eu apostaria minha vida nisso”.
Após um momento de reflexão, Arran assentiu. “Tudo bem”, disse ele ao entregar a Crassus um punhado de ouro. “No entanto, há outra coisa que preciso que você faça.”
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“Outra coisa?” Crassus olhou para ele com desconfiança.
“Minha companheira teve alguns negócios para terminar em Relgard”, disse Arran, “Mas deve estar pronta no momento em que você voltar. Se você puder trazê-la aqui, eu lhe pagarei o dobro do que acabei de lhe dar.”
Crassus hesitou, mas por pouco tempo. Então, ele balançou a cabeça. “Nada feito.”
Essa resposta pegou Arran de surpresa. Ele já tinha dado a Crassus uma pequena fortuna em ouro e, pelo dobro disso, o homem poderia comprar metade de Relgard – ele poderia passar os últimos dias tomando banho de conhaque, se quisesse.
No entanto, o olhar astuto de Crassus apareceu nos olhos de Arran. “Eu não quero seu ouro”, disse ele. “Eu quero que você me ensine um pouco dessa sua mágica.”
Arran piscou os olhos de surpresa. “Você está querendo que eu lhe ensine magia?”
Crassus assentiu fervorosamente com a cabeça. “Eu vi parte do que você pode fazer, mas aposto que há muito mais. Eu levarei seu companheiro, mas só se você prometer que vai me ensinar magia quando voltarmos.”
Por um instante, Arran permaneceu sem palavras. Independentemente do que pensara anteriormente de Crassus, com certeza não o considerava um aspirante a mago.
Finalmente, ele suspirou. “Tudo bem”, disse ele. “Eu posso ensinar o básico, mas depois disso, se você terá sucesso, vai depender de sua própria sorte e talento.”
“Muito bem”, respondeu Crassus, esticando a mão gorducha para que Arran a apertasse. ” Agora que isso foi resolvido, eu vou buscar seu amigo de Relgard.”
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“Antes de você ir…”
Arran logo informou a Crassus onde encontrar a Snow Cloud, e depois instruiu o homem a contar a ela o que sabia sobre a maga que havia conhecido uma década antes. Se era de fato a mãe da Snow Cloud, Arran imaginou que ela deveria saber disso o mais rápido possível.
Depois que Crassus finalmente saiu, Arran se escondeu em algumas rochas e se cobriu com sua capa de crepúsculo. Se o guia estivesse certo, o dragão iria aparecer dentro de algumas horas. Arran já sentia a excitação crescendo dentro dele com o pensamento de finalmente ver um dragão adulto de verdade.
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