Capítulo 120: A Tentação da Floresta
O esquilo parecia um tanto chocado. O pequeno roedor ficou petrificado na grade, seus olhinhos escuros e brilhantes fixos em Yu Sheng, imóvel por um bom tempo.
Honestamente, ser encarado assim por um esquilo falante era bem estranho.
Yu Sheng não pôde deixar de se perguntar: qual era a origem daquele esquilo?
Se aquela Floresta Negra era de fato o “Domínio Anômalo dos Contos de Fadas” que a Chapeuzinho Vermelho mencionara, o domínio que lhe trouxe a maldição, então aquele esquilo seria uma Entidade gerada ali? Uma Entidade com emoções e razão tão ricas? Os lobos também eram Entidades do domínio? No mesmo domínio, poderiam existir Entidades com posições tão diametralmente opostas?
Yu Sheng sentiu que seu conhecimento sobre Domínios Anômalos ainda era muito superficial.
“Estranho, estranho”, o esquilo saiu de seu torpor. Ele andava de um lado para o outro na grade, sua grande cauda varrendo o ar, inquieta. “Isso nunca aconteceu! Nunca aconteceu! Só a Chapeuzinho Vermelho pode vir aqui, eu nunca ouvi falar de nenhum ‘amigo’… Muito estranho, algo sem precedentes está acontecendo na floresta! Vai dar problema, sinto que vai dar problema… Como você entrou? Como diabos você entrou?”
O esquilo de repente pulou no braço de Yu Sheng, agarrando sua manga, parecendo tão ansioso que estava à beira da loucura, repetindo sem parar: “Como diabos você entrou?”.
“…Eu também não sei”, Yu Sheng balançou a cabeça.
Ele não contou a verdade ao esquilo. Ao perceber que aquele esquilo, aparentemente racional e amigável, poderia ser, em essência, apenas uma “Entidade” gerada pela Floresta Negra, ele teve que manter um certo grau de cautela.
Afinal, ele ainda não conhecia todas as “regras” dessa floresta. Quem sabe se a atitude que o esquilo demonstrava agora era genuinamente racional ou apenas uma “simulação” da Floresta Negra.
“Você não sabe… tudo bem, você não sabe”, o esquilo subiu para o ombro de Yu Sheng. “Você ouviu uma história de ninar? Teve um sonho com florestas, flores e doces? Teve?”
O coração de Yu Sheng se moveu instantaneamente. “A Chapeuzinho Vermelho entrou nesta floresta depois de ouvir uma história de ninar e ter um sonho desses?”
“É sempre assim, sempre assim”, o esquilo parecia um pouco ansioso. “Mas só acontece com crianças, não com adultos. Em tese, não deveria acontecer com adultos…”
Yu Sheng franziu a testa. “Por que você diz isso?”
“Como eu vou saber, como eu vou saber, eu sou só um maldito esquilo!”, o esquilo parecia cada vez mais ansioso. Enquanto falava rapidamente, ele coçava o rosto com a pata. “Não podemos mais conversar, as luzes estão ficando fracas, este caminho vai desaparecer. Precisamos ir para o próximo lugar seguro… Vamos, vamos, rápido, antes que eles nos alcancem…”
Enquanto o esquilo falava, Yu Sheng também notou que os “postes de luz” de fantasia ao longo do caminho estavam de fato escurecendo a uma velocidade visível a olho nu. E, à medida que cada luz se apagava, o caminho, que antes era claramente visível sob a luz, também se tornava embaçado, como se a própria escuridão da floresta estivesse gradualmente os engolindo. Uma malícia fria e pegajosa invadiu lentamente o caminho, e a atmosfera perigosa da floresta se espalhou de todas as direções.
Yu Sheng instintivamente começou a andar, perguntando rapidamente enquanto se movia: “Para onde vamos?”
“Siga o caminho, apenas siga o caminho”, a voz do esquilo era aguda e tensa. “Contanto que você continue seguindo o caminho, verá outros caminhos com postes de luz, ou a luz de uma cabana. As cabanas às vezes são perigosas, mas às vezes podem te dar um descanso. Mas tome muito cuidado, cuidado com as coisas que te tentam ao lado do caminho. Quando as luzes ficam fracas, essas coisas vão te atrair para fora da estrada, para as profundezas da floresta. É uma armadilha dos lobos…”
Yu Sheng imediatamente se lembrou dos avisos que o esquilo dera quando apareceu — não se deixe atrair pelas lindas flores e cogumelos.
“Fique tranquilo, não serei atraído por flores e cogumelos”, ele balançou a cabeça. “Eu não sou criança.”
Enquanto falava, ele não pôde deixar de pensar no que aconteceria se uma criança de verdade ficasse presa nesta Floresta Negra sem fim. Quando a Chapeuzinho Vermelho caiu nesta floresta pela primeira vez? Quantos anos ela tinha? Será que ela já foi atraída pelas flores e cogumelos ao lado do caminho, saindo da trilha?
Afinal, segundo o esquilo, ser caçado pela matilha de lobos podia acontecer mais de uma vez. A “criança” presa nesta floresta afundava gradualmente ao ser caçada repetidamente pelo Lobo Mau.
Até mesmo um “adulto” como ele tinha dificuldade em escapar daqueles lobos. Uma criança assustada e perdida na floresta devia ter sido engolida pelo lobo inúmeras vezes para obter um poder como o da Chapeuzinho Vermelho…
“Espero que você não seja atraído”, resmungou o esquilo. “Sempre aparecem coisas confusas na escuridão. A floresta tem seus truques, sempre tem…”
Yu Sheng sorriu, apressou o passo e caminhou rapidamente pelo caminho da floresta, onde os postes de luz ficavam cada vez mais fracos e a estrada mais embaçada, enquanto observava atentamente os arredores com o canto do olho.
E então, ele parou de repente.
Na sombra escura ao lado da estrada, Yu Sheng vislumbrou um brilho. Olhando mais de perto, ele viu que era uma placa de vídeo de última geração, novinha em folha, deitada silenciosamente na grama.
Então ele olhou de novo e viu que na grama também havia um notebook novo, e um controle de videogame profissional de sexta geração com feedback inteligente, edição especial com kit de iluminação RGB e estojo.
Yu Sheng esfregou os olhos e viu, pendurado na árvore ao lado, um conjunto de ferramentas elétricas profissional de dezoito peças, edição limitada com maleta, caixas de chá gelado e um kit de vara de pescar de fibra de carbono…
Do outro lado do caminho, ouviu-se o som de água corrente. Yu Sheng se virou e viu um lago aberto. Na beira do lago, havia um pequeno abrigo de pedra que mal protegia do vento e da chuva, com uma cadeira dobrável, uma caixa de equipamentos de pesca, meio engradado de cerveja, um guarda-sol e um pescador que parecia estar arrumando suas coisas para ir embora.
O esquilo no ombro de Yu Sheng ficou boquiaberto, seus olhinhos escuros quase saltando das órbitas. “…Que porra é essa?!”
“São as ‘flores e cogumelos’ de um adulto”, Yu Sheng sentiu um grande choque em sua mente, quase tendo que se dar um tapa para desviar o olhar. Ele então abaixou a cabeça e continuou a andar, rangendo os dentes. “Perigoso demais, essa floresta é perigosa pra caralho…”
Ele andou por um tempo que não soube precisar, enquanto inúmeras armadilhas de tentação traiçoeiras e malignas surgiam ao lado do caminho. Finalmente, as ilusões pararam de aparecer. E, ao mesmo tempo, as luzes ao longo do caminho já haviam escurecido a ponto de desaparecerem quase completamente, restando apenas alguns pontos de luz vagos, como vagalumes, flutuando no ar, mal delineando o contorno do caminho.
Na frente, nas profundezas da mata, Yu Sheng viu uma luz tênue.
“Ali, ali! É um lugar para descansar!”, o esquilo pulou em seu ombro, soltando um grito excitado. “Rápido, rápido, espero que tenha uma lareira quentinha e uma sopa de legumes quente.”
Yu Sheng acelerou o passo sem perceber.
Os “postes de luz” ao seu lado já haviam se apagado completamente. A escuridão voltou a envolver tudo, e a malícia da floresta sussurrava no vento, trazendo uivos de lobo distantes e vagos.
Os uivos estavam se aproximando gradualmente. Depois que o caminho desapareceu, os lobos invisíveis mais uma vez farejaram a presa. Um novo cerco se formou lentamente e começou a se aproximar do intruso na floresta.
Mas Yu Sheng já havia chegado perto daquela luz quente — ele viu uma cabana.
Uma cabana de madeira, que parecia ter alguns anos, estava silenciosamente nas profundezas da floresta.
Uma luz aconchegante saía das janelas da cabana de madeira. Em uma floresta tão escura e fria, aquela luz era incrivelmente acolhedora.
Yu Sheng chegou à porta da cabana. Ele viu um pedaço de pano vermelho rasgado pendurado na porta, e muitas cordas finas, também vermelhas, enroladas na moldura da porta, nas janelas e na madeira sob o beiral. Ele não sabia se tinham um significado especial ou se eram apenas decorações.
“Não entre ainda”, o esquilo o alertou rapidamente. “Vá até a porta, tem uma fresta, está vendo? Aproxime-se, dá para ver a cama lá dentro. Veja se tem alguém nela. Se não tiver ninguém, a cabana é segura, podemos entrar para descansar. Mas se a ‘Vovó’ estiver lá dentro, teremos que continuar adentrando a floresta.”
Yu Sheng franziu a testa e, seguindo a instrução do esquilo, aproximou-se da porta e olhou para dentro através da fresta.
Um fogo acolhedor queimava na lareira. Sobre a mesa de madeira simples, havia pão, um buquê de flores e uma vela. A cama estava mais ao fundo do cômodo, e não havia ninguém nela.
“Não há ninguém na casa”, disse Yu Sheng ao esquilo.
“Ótimo, podemos entrar”, o esquilo se animou. “Que sorte! Podemos descansar aqui por um bom tempo, talvez até você acordar!”
Yu Sheng assentiu. Com os uivos dos lobos se tornando cada vez mais claros e próximos, ele estendeu a mão e abriu a porta de madeira da cabana.
Os uivos dos lobos desapareceram quase instantaneamente.
Yu Sheng e o esquilo entraram na cabana, fechando a porta atrás de si.
A luz e o calor da lareira dissiparam com uma força incrível a ansiedade e a opressão trazidas pela floresta. O crepitar do fogo trouxe um aconchego quase irreal, fazendo com que o coração de Yu Sheng, sempre um tanto tenso, relaxasse um pouco.
“Relaxe, relaxe um pouco. Uma cabana sem a Vovó é o único lugar na floresta onde você pode relaxar completamente”, o esquilo notou a mudança na expressão de Yu Sheng e saltou agilmente para a mesa ao lado. “Espero que não ouçamos passos ou batidas na porta de repente…”

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