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    Não havia necessidade de continuar atuando nos cenários. Todos os que estavam reunidos na fortaleza estavam cautelosos.

    — O que diabos isso quer dizer?

    Algumas pessoas ouviram suas palavras, mas a maioria não. 

    “Ele deve ser um vigarista”.

    “…Ele deveria fazer sentido. O quê? Não precisamos mais atuar nos cenários?”

    “Esse é um truque para ele devorar as recompensas sozinho”.

    Essas pessoas eram encarnações que sobreviveram até o nono cenário.

    Havia muitos golpistas em Seul, mesmo se não levássemos em conta Cheon Inho, da estação Geumho; e Gong Pildu, de Chungmuro. As encarnações aqui eram um desses golpistas ou aqueles que vieram para cá depois de derrotá-los.

    É por isso que nenhum deles foi facilmente conquistado por falas macias. O homem no parapeito abriu a boca como se tivesse lido seus pensamentos.

    — 「 Vocês não acreditam. É compreensível. Nove cenários não é muito tempo, mas também não é pouco. Posso adivinhar o que vocês passaram e a vida que devem ter tido para chegar até aqui. 」

    O básico de um golpista era fingir que entendia a outra pessoa. As pessoas já estavam cansadas disso.

    — Você acha que vou me deixar enganar por isso?

    — Qual é o seu objetivo? O que você quer dizer?

    As pessoas que não aguentavam mais começaram a gritar. Então o homem riu. Era uma risada tão bonita que era difícil pensar nele como um golpista.

    — 「 É literalmente o que eu disse. Vocês não precisam mais lutar. Vocês devem ter ouvido a explicação do dokkaebi. Esse cenário do Castelo Negro não tem limite de tempo ou punições por falhar. Se vocês forem espertos, já devem ter entendido o que isso significa. 」

    Olhei para o lado e vi que os olhos de Kim Yongpal estavam brilhando.

    — 「 Vocês podem continuar vivendo nessa área do cenário. Podem comer, dormir e fazer o que quiser. Respeitem os direitos de sua vida e esqueça a compulsão de quebrar o cenário… vocês podem terminar sua vida aqui, exatamente como era antes do início da “destruição”. 」

    — Os direitos de nossa vida? Não fale besteira!

    — Como podemos viver em um lugar onde os demônios estão à solta?

    — Temos um lugar para onde voltar!

    As pessoas gritavam como se estivessem refutando o mal.

    Então o homem perguntou: 

    —「 Voltar? Para onde vocês voltarão? 」

    — Claro, o lugar onde vivíamos…

    —「 Você está se referindo ao planeta destruído? 」

    — Ele não foi destruído! Ainda não!

    —「 Todo mundo já sabe. No momento em que o cenário começou, seu planeta está trilhando o caminho da destruição. Se vocês voltarem, verão apenas ruínas. Mesmo que vocês rompam o cenário… a última coisa que verão será a destruição. 」

    — Quem é você para dizer isso? O que você sabe?

    —「 O planeta onde eu vivia já foi destruído pelo cenário há muito tempo. 」

    A multidão abalada ficou em silêncio. Essa pessoa perdeu sua casa há muito tempo para os cenários. O homem que ficou no Castelo Negro por mais tempo do que qualquer outro estava falando com eles agora.

    —「 É por isso que posso dizer com confiança que não há lugar mais seguro na Transmissão Estelar do que aqui. 」

    Pela primeira vez, o ânimo das pessoas enfraqueceu. Seus olhos ainda estavam incrédulos, mas estavam ouvindo a história dele.

    Alguém perguntou em voz alta:

    — Quem é o senhor?

    — 「 Meu nome é Reinheit von Djerba. Sou alguém que veio para esta terra 800 anos antes de vocês… Sou o proprietário desta fortaleza, Paraíso. 」

    Então a porta da fortaleza se abriu. As expressões das pessoas mudaram quando viram o cenário lá dentro. Reinheit viu suas expressões e sorriu.

    — 「 Mais uma vez, dou as boas-vindas a vocês. Bem-vindos ao Paraíso. 」




    Paraíso.

    Havia várias referências a ele em ‘Maneiras de Sobreviver’.

    A tumba de cenários. O ninho das encarnações. Flores nas planícies do desespero… essas eram algumas das descrições desse lugar.

    De fato, a maioria delas era verdadeira.

    — Esse lugar é…

    Todos os membros do grupo, com exceção de mim, estavam encantados com as paisagens à sua frente. Lee Jihye, Lee Gilyoung, Shin Yoosung e até mesmo Lee Hyunsung. Em particular, Lee Hyunsung esfregou os olhos várias vezes, como se a visão à sua frente fosse inacreditável.

    Havia áreas residenciais e de mercado em ambos os lados da rua principal. Podiam ser ouvidas vozes cheias de uma energia sem precedentes.

    — Vendo as pernas do inseto demônio! Experimente! Recupera seu cansaço!

    — Vendo bagas de Sancho, cultivadas na fazenda! É útil para recuperar a resistência!

    Os comerciantes do mercado eram amigáveis e os clientes que pagavam por suas mercadorias ficavam satisfeitos. Pessoas de várias raças e nacionalidades se reuniam, mas ninguém parecia discriminar ou ameaçar os outros.

    Todas as encarnações que entraram na fortaleza ficaram impressionadas com a atmosfera repentinamente brilhante.

    — Que diabos…

    Até um momento atrás, as palavras “paraíso” e “paz” eram apenas um absurdo para eles. No entanto, esse absurdo estava sendo apresentado na frente deles.

    — …Paraíso?

    Algumas pessoas ficaram tão surpresas que caíram no chão. Uma das encarnações apressadas gemeu enquanto deixava cair uma arma.

    Uma mão amiga foi estendida para ele.

    — Você está bem? Todos os feridos, venham aqui! A Clínica Paraíso trata todos os feridos de graça!

    — Nós lhe ensinaremos as técnicas medicinais! Aprendam sobre a diferença entre éter e poder mágico! Qualquer pessoa que queira usar a energia da espada pode aprender! Todos são bem-vindos!

    As pessoas que viviam no Paraíso não eram mesquinhas ao compartilhar. Elas trocavam seus conhecimentos e consideravam ajudar alguém uma virtude. Havia até mesmo comunicação entre as espécies.

    Um demônio com chifres na cabeça sorriu e acenou para nós.

    — Ah, um demônio!

    Algumas encarnações surpresas sacaram suas armas e os guardas da fortaleza se aproximaram rapidamente.

    — Por favor, guarde isso.

    — Do que está falando? Ele é um demônio…!

    — Esse ódio é proibido aqui. Ele também é um residente do Paraíso.

    — R-Residente?

    As encarnações perplexas hesitaram e o demônio que acenava para elas se aproximou.

    — Eu sou um demônio, mas não vou machucá-los. O preconceito de que todos os demônios comem humanos me deixa triste.

    As encarnações fizeram expressões de perplexidade diante das palavras. Seus olhos mostravam que não conseguiam entender o que estava acontecendo.

    Cenas semelhantes continuavam ocorrendo. Demônios, humanos e outras espécies uniam forças para construir casas, iam ao bar juntos ou sentavam-se lado a lado em terraços ao ar livre… Eles frequentemente enviavam gestos de boas-vindas para este lado.

    Os membros do grupo se distraíram com as paisagens que pareciam uma propaganda turística.


    O personagem ‘Lee Hyunsung’ é abalado pelo cenário ao redor.

    A personagem “Lee Jihye” está agitado pela atmosfera ao redor.

     

    Os corações de meus companheiros foram transmitidos em tempo real. Essa foi a primeira paz que eles encontraram depois que o cenário começou. Não era estranho que suas mentes tremessem.

    As pessoas que viviam vidas comuns não mudavam sua essência só porque carregavam uma faca.

    Tudo era resultado de uma força externa. Agora, pela primeira vez, eles poderiam escapar dessa força externa. Era natural ser seduzido.

    Vimos a figura de Jung Heewon ao longe. Jung Heewon estava conversando com alguém. Era uma mulher que eu já havia visto antes.

    — Muito obrigado por aquele momento. Não tenho palavras para agradecer…

    — Não é nada! Fico feliz que esteja indo bem.

    A jovem que estava conversando com Jung Heewon olhou para mim e seus olhos se arregalaram. Seu estado emocional mudou rapidamente.

    Surpresa, medo e… gratidão.

    — Talvez essa pessoa seja…

    — Ah, Dokja-ssi…

    A mulher exclamou:

    — Você é a pessoa daquela época! Não me esqueci de sua graça em salvar minha vida.

    No começo, fiquei um pouco confuso, mas me lembrei quando vi a criança segurando a mão da mulher.

    — Você é da Estação Geumho…?

    — Você se lembra? Dayoung, você deveria dizer olá.

    — Olá…

    Elas eram a mãe e a filha que lutaram contra o Grupo Cheoldoo, na Estação Geumho.

    Elas não se juntaram ao nosso grupo, mas conseguiram sobreviver até agora. A mãe e a filha estavam trabalhando em uma fazenda aqui e nos deram uma linda cesta. Tentei recusar, mas foi inútil.

    — Nunca teríamos conseguido chegar até aqui se não fosse por sua ajuda. Graças a você, pude começar de novo. Eu realmente agradeço.

    A mãe e a filha tinham um novo lar e pareciam ter ganhado uma nova vida.

    Olhei para a mãe e a filha indo embora e as lembranças da Estação Geumho passaram pela minha mente. O arrependimento de não ter salvado mais pessoas e a maneira covarde como me confortei dizendo que era melhor assim.

    A criança ao longe de repente se virou e olhou para mim. Um sorriso se espalhou pelo rosto da criança.

    Uma leve culpa me inundou. Minha hipocrisia recebeu uma recompensa imerecida. Talvez Jung Heewon também tenha se sentido assim.

    Jung Heewon olhou para a mãe e a filha antes de me dizer:

    — Parabéns pela sua ressurreição. Demorou um pouco mais dessa vez.

    — Sua resposta não é muito comum? Jihye e Gilyoung começaram a chorar.

    — Devo fazer isso?

    — Eu não quero.

    Olhei em volta com um sorriso, enquanto uma expressão de dúvida aparecia no rosto de Jung Heewon.

    Ela hesitou por um momento antes de abrir a boca.

    — …Dokja-ssi, podemos conversar por um minuto?




    Jung Heewon havia chegado aqui há quatro dias. Ela usou o poder da Ignição das Chamas do Inferno para limpar o primeiro andar no menor tempo possível e subiu rapidamente para o segundo andar.

    Então, ela chegou ao Paraíso. Era um lugar onde os grilhões do cenário podiam ser removidos.

    É claro que Jung Heewo não acreditou nas palavras do homem. No primeiro dia, ela sentiu descrença e, no segundo dia, duvidou de tudo. Ela ficou abalada no terceiro dia e, então, eu cheguei no quarto dia. Jung Heewon disse:

    — De repente, pensei no que significava continuar com os cenários.

    Jung Heewon não sofreu uma lavagem cerebral. Antes, o próprio Paraíso era uma droga doce.

    Eu sorri amargamente e perguntei a ela:

    — Você não foi sacudida muito rapidamente?

    — …Talvez sempre tenha sido assim. — Jung Heewon sorriu amargamente.

    — Me soltem! Eu pagarei em moedas! Pagarei o valor do que roubei! Me soltem!

    Enquanto caminhávamos pela rua, viam-se cenas de prisioneiros sendo arrastados pelos guardas. Alguns deles eram pessoas que entraram na fortaleza comigo.

    Parecia que eles não conseguiam abandonar o velho hábito de pegar as coisas de outras pessoas. Jung Heewon olhou para o homem que estava sendo arrastado e disse:

    — Este lugar é melhor do que Seul.

    — Sim.

    — As espécies não discriminam umas às outras e trabalham duro juntas. Há casas para todos viverem e locais para trabalhar.

    Ela falou como se estivesse dando desculpas.

    — Não precisamos ser traídos pelos colegas nem nos preocupar com os monstros que aparecem à noite.

    Observei Jung Heewon, que estava dizendo essas palavras. A Juíza da Destruição, Jung Heewon.

    Ela era uma espada que eu mesmo criei neste mundo. Talvez Jung Heewon tenha sido a mulher que mais matou pessoas em meu grupo. Uma pessoa que teve que matar todo mundo para proteger meu princípio de “não matar”.

    — Não precisamos viver perseguindo o cenário. Não precisamos ter pesadelos porque matamos alguém. Também não há mais necessidade de perder ninguém.

    A lâmina mais dura era a mais fácil de quebrar. Por ser a mais dura, era a mais usada. Portanto, era a mais danificada e a que mais perdia a afiação. É por isso que ela quebrava mais rápido do que as outras espadas.

    — Este é um bom lugar. — Minhas palavras fizeram os olhos de Jung Heewon tremerem. Olhei fixamente para aqueles olhos enquanto continuava a falar. — Acho que este é um lugar seguro.

    Não era uma mentira.

    — Não há lugar mais seguro no Castelo Negro do que aqui. Não, talvez… não é fácil encontrar um lugar mais seguro em todos os cenários.

    Eu não queria admitir isso, mas era verdade. O paraíso era realmente um lugar assim.

    — Dokja-ssi, talvez…

    Eu me apressei como se soubesse o que ela diria.

    — Sim, eu não vou ficar aqui.

    — Por quê?

    — Este lugar não é o “fim”.

    — …Dokja-ssi conhece o futuro.

    No passado, conversei com Jung Heewon na Dungeon do Cinema. Jung Heewon me perguntou sobre o futuro e eu lhe disse que ela não existia lá. Era porque ela não estava na história original. Uma personagem do qual eu não sabia o futuro…

    Eu disse a ela:

    — Preciso continuar com os cenários.

    Jung Heewon pensou em minhas palavras. Ela olhou para as pessoas do Paraíso. Havia pessoas sorrindo, conversando e dispostas a viver novamente.

    — Dokja-ssi, qual é o “fim” em que você está pensando?

    — Não sei lhe dizer.

    — Então esse fim… é melhor do que este lugar?

    Não consegui responder com facilidade porque era uma pergunta de Jung Heewon, não de qualquer outra pessoa.

    — Se você não continuar com o cenário, todos ficarão infelizes?

    Eu me perguntava se o final que eu queria era um lugar mais bonito do que este paraíso. Será que todos poderiam ser felizes quando esse final fosse alcançado?

    Ficamos olhando para o céu sem falar. Parecia que havia algo precioso ali, mas eu havia esquecido o que era. Como se tivesse acordado de um breve sonho, Jung Heewon abriu a boca.

    — O mestre deste lugar está procurando por você, Dokja-ssi.

    Assenti com a cabeça.

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