Capítulo 74 - A mãe vai mostrar tudo agora
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Dona Jabá mexeu a boca algumas vezes, antes de conseguir articular qualquer som. Décadas organizando eventos sociais não a haviam preparado para gerenciar uma situação onde a mãe do noivo se autocandidatava para ser a própria nora.
A mulher à sua frente não apenas havia rejeitado todas as candidatas sem nem ao menos olhar para elas, mas também se autoproclamou a única pessoa adequada para… para o quê, exatamente?
Dona Jabá tentou protestar:
— Mas… A senhora não pode…
A mãe do jovem Maximus gritou apontando o dedo indicador na direção da sindicalista:
— SILÊNCIO! Você foi quem SEDUZIU meu filho com IDEOLOGIA COMUNISTA! E eu, a última a saber?! Não sei se me sinto traída ou se, sinceramente, isso é só mais um daqueles pesadelos em que ele esqueceu até o próprio nome. Eu ainda achava que ele estava no auge da virgindade! Mas agora… olha, vou precisar de um chá.
Quintus enterrou o rosto nas mãos e deixou escapar mais uma apelo:
— Mãe, pelo amor de Deus…
Glorizelda se virou para Dr. Zaratustra, a expressão de quem foi traída por seu melhor amigo e disse:
— E VOCÊ! Eu te confiei meu filho, te trouxe até a minha casa, te mostrei os meus maiores medos e agora… agora você está aí, tentando fazer o “match” com o meu filho na frente de todo mundo!
Dr. Zaratustra tentou se defender:
— Senhora Glorizelda, posso explicar que se trata de um estudo científico…
— CIENTÍFICO O CARALHO! — ela explodiu, tirando do outro seio um celular com capinha de unicórnio
A produção rapidamente percebeu que talvez fosse melhor manter uma distância segura entre a progenitora do jovem Maximus e os outros participantes e mais rapidamente ainda, dois seguranças, do tamanho de caminhões de carga, apareceram do nada, posicionando-se ao lado dela.
A poltrona de Glorizelda foi movida com uma leveza desconcertante para o canto, a vários metros dos outros participantes, com a gentileza de quem move um objeto de valor muito frágil.
Enquanto era movida pela sala como se fosse um troféu de exposição, a mãe de Quintus bufou e lançou um olhar fulminante para o segurança mais alto:
— Você acha que vai me silenciar assim? Vai me colocar numa jaula também? Só faltava isso agora!
Dawana, com seu sorriso inquebrável, acenou para a câmera, exibindo a mesma tranquilidade de sempre, e explicou:
— Não se preocupe! Isso vai ajudar a manter as coisas ‘calmas’ por aqui.
Vento Leste sussurrou para Nimsay:
— Cara, a mãe dele é mais assustadora do que o meu ex-relacionamento com o aspirador de pó da casa da minha tia… e olha que aquele aspirador já me perseguiu uma vez por toda a cozinha.
Glorizelda, com ouvidos de radar militar, se virou imediatamente:
— E VOCÊ, menino das GARRAFAS! Querendo transformar meu filho em HOMOSSEXUAL! Você acha que mãe não VÊ? Você acha que mãe não SABE que você quer PERVERTER meu menino?
Vento Leste engasgou ao ser pego em seu comentário indelicado e tentou se defender:
— Perverter? Eu só ofereci uma alternativa filosófica ao…
A mãe de Quintus levantou-se da poltrona, mas teve a sua frente bloqueada pelos seguranças, mas mesmo assim gritou:
— FILOSOFIA DO CAPETA! Meu filho vai namorar MULHER! Mulher de VERDADE! Mulher que eu APROVAR!
Nimsay, com a calma de quem explica um conceito complexo, tentou uma abordagem acadêmica para diminuir a fúria da mãe do jovem Maximus:
— Senhora Glorizelda, pedagogicamente falando, talvez seria interessante deixar Quintus fazer suas próprias escolhas…
O riso da progenitora do jovem Maximus, que havia começado com força, desapareceu instantaneamente. Ela não se aguentou e gritou:
— PEDAGOGICAMENTE? Você é a professora que mandou meu filho mandar FOTO PELADO? Você acha que eu nasci ONTEM? Você acha que não sei que professora não pede EXERCÍCIO DE BIOLOGIA por WhatsApp?
Quintus tentou se esconder atrás de uma poltrona, mas seus pés pareciam grudados no chão. Mesmo assim, com um esforço quase sobrenatural, conseguiu encontrar forças para balbuciar:
— MÃE! Foi um mal-entendido!
— MAL-ENTENDIDO, NADA! — ela gritou, tirando agora do sapato direito um envelope amarelo — EU IMPRIMI as conversas! EU IMPRIMI os áudios! EU IMPRIMI até os EMOJIS!
Snowbear, observando o caos, sussurrou para Dawana através do ponto eletrônico apenas compartilhado entre as duas:
— Essa mulher é um furacão categoria 5… Dawana, você acha que meu seguro de vida do nosso contrato cobre “morte por mãe possessiva”? Porque eu to pensando seriamente em atualizar as cláusulas.
Dawana balançou a cabeça negativamente com uma leveza quase provocadora e, ao ver os números da audiência subindo em velocidade absurda, explodiu de rir. Ela se virou para a câmera, segurando a gargalhada, e anunciou para todos:
— Pessoal! Nós acabamos de entrar para o Guinness! Isso aqui virou o programa mais assistido da história da televisão brasileira! — ela se virou para as câmeras, os olhos brilhando — BRASIL! Vocês estão assistindo ao FENÔMENO Glorizelda ao vivo!
A plateia, que até então assistia boquiaberta, começou a se agitar. Uma senhora na primeira fila sussurrou para a amiga:
— Meu Deus, Conceição, isso é melhor que novela das oito!
Outra gritou:
— É ISSO AÍ, GLORIZELDA! MOSTRA QUEM MANDA!
A energia da mãe do jovem Maximus cresceu ao ponto de ela subir na poltrona, exibindo a empolgação de uma líder de torcida em pleno jogo decisivo. Os seguranças tentaram, mas não conseguiram evitar. Com um grito digno de um grande espetáculo, ela exclamou:
— BRASIL! VOCÊS QUEREM VER O ÁLBUM COMPLETO DA INFÂNCIA DO MEU QUERIDO FILHO? EU TROUXE TUDO!
A plateia gritou “SIM!” em uníssono.
Quintus desmaiou.
Dr. Zaratustra estava anotando freneticamente num bloco.
Foi quando Dawana recebeu uma mensagem no ponto eletrônico e sua expressão mudou completamente e ela anunciou para o público:
— Gente… acabamos de receber uma ligação. A assessoria do… — ela pausou, incrédula — A ASSESSORIA DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA quer falar com a Dona Glorizelda.
O estúdio inteiro, a plateia, os telespectadores, a internet… tudo parou. O silêncio se fez tão absoluto que até parecia que o ar havia congelado, e até Nyck, trancado em alguma sala remota do cassino, ficou curioso.
Ninguém se mexia, ninguém respirava. O tempo parecia ter dado uma pausa, como se o próprio universo estivesse aguardando um sinal. E no centro daquele caos controlado, o único som que se ouvia era a respiração dos presentes, todos ansiosos, todos curiosos, todos aguardando: o que o presidente queria.

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