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    Do lado de fora desse ambiente onírico, a figura de Evangeline parece imergir em sombras, com seu rosto abaixado, ocultando suas fisionomias para Vívika em sua frente. 

    — Majin, eu percebo que julguei você mal, por isso lhe presenteio com o meu respeito. Eu me chamo Vívika, sou uma guerreira que dedicou a vida para a luta. Espero que se lembre do meu nome após sua morte. — Sua declaração cortante é complementada com a espada longa que, sem perder muito tempo naquela luta, a guerreira investe contra a meio-elfa. Ela sabe que a majin em sua frente é um perigo contra ela. 

    Talvez com seu estado normal, ela poderia ter uma luta equilibrada com ela, mas com seu braço machucado, apenas podendo mexer devido a sua técnica, uma luta prolongada pode ser sua ruína.

    Movendo sua longa espada em um movimento em vertical na direção da meio-elfa, Vívika percebe que o semblante dela está cabisbaixo, fazendo a alusão de que desistira da luta.

    ‘’Tsk… que pena! E pensar que eu esperava que ela reagisse, mas se entregou ao medo ao sentir a morte se aproximar” notando a figura fraca de sua adversária faz sua lâmina tremular por um breve segundo, ao perceber tal ato, que a distrai por alguns segundos, faz a força do seu ataque diminuir no caminho até a meio-elfa, que em um movimento rápido, ergue a adaga e defende o ataque da espada da guerreira.

    Tchiiiiing! — Um tinido ensurdecedor ecoa pela sala, seguido de um fssshhht de grande arco de massa de ar pressionando todos os lugares. 

    O solo revela rachaduras, intensificando o choque dos golpes, mas algo surpreende Vívika, sendo a majin em sua frente, que bloqueara o ataque com apenas uma adaga. 

    Surpresa invade seu corpo em uma torrente energizante que parece formigar os poros de sua pele.

    ”Nem… fudendo… Com essa adaga pequena ela se defendeu da minha espada…?” Uma gota de suor escorre por sua bochecha ao presenciar a capacidade de sua oponente, mas isso não a amedronta, mas a enche de um ânimo que apenas um guerreiro possui em seu interior; — O desejo de uma luta emocionante.

    ”Hah! É desse jeito… era isso que eu esperava!”

    Todavia, a voz de Evangeline quebra o silêncio naquele lugar, indicando que sua defesa não fora o fruto de seu reflexo corporal, mas sim de sua própria vontade. 

    — É uma honra para mim usar este embate para lapidar minhas técnicas, por isso lhe darei a honra de saber o meu nome também! — Deslisando a pesada espada em um movimento em elipse, ela escapa de Vívika, saindo de perto dela. 

    Sem perder muito tempo, a meio-elfa se agacha sob o solo, suas mãos encostando nos fluidos pútridos enquanto canaliza uma força sobre-humana em suas pernas. O ar pare circular a área, que logo após a empurra em direção à guerreira em uma investida precisa.

    — Você pode me chamar de Linn. — Se apresentando para a guerreira, ela rapidamente chega ao seu encalço, porém, Vívika usando a lâmina da espada grande, se defende no último segundo, mas o golpe não fora totalmente defendido, empurrando Vívika para alguns metros para longe, enquanto recobra sua posição de combate.

    — Q-Que ataque… pesado…! — Ela percebe que Linn possui uma grande força física, se não fosse o caso ela não teria demostrado uma defesa com aquele tamanho de arma, e nem teria a empurrado após sua investida, porém o que mais a surpreende é um sentimento estranho que faz a perceber que a Majin que a pouco estava querendo evitar o combate, parece ter imergido totalmente na ideia de uma luta.

    Olhando para as mãos vibrando em adrenalina após desferir o golpe, Linn os cerra em punhos com afinco, revelando pequenos estalos de ar que se desdobram pelo espaço. 

    ”Estou no controle novamente… Faz muito tempo que não sinto isso… essa… liberdade… porém isso não é permanente, não posso demorar muito…” Ela finalmente conseguiu por completo o controle do corpo, mas não sabe por quanto tempo isso pode durar. ‘’… Contudo, usarei essa oportunidade, menos que breve… para fortalecer ainda mais este corpo… para o futuro.”

    Investindo novamente contra Vívika, sua lâmina cortando o ar em um brilho esmeralda vibrante, faz a guerreira focar novamente em seu embate, jogando-se de cabeça na luta. 

    Seus golpes se cruzam, refletindo ataques pesados e certeiros. Cada ataque reverbera uma incrível pressão, tanto mágica quanto física, um reflexo da capacidade das duas. 

    Linn por sua vez, usa seu último ataque bloqueado para abrir espaço contra a guerreira, freando seu movimento ao firmar os pés no chão enquanto segura o solo.

    — Vamos ver o que você acha dessa! — Ela aponta para frente e três esferas medias de fogo esmeralda surgem em suas costas, que rapidamente voam na direção de Vívika que apenas começa a refletir a magia com sua espada grande enquanto a curta corta o resto. 

    Aproveitando a instabilidade no foco em si, a meio-elfa aproveita o momento para avançar contra a postura leviana de sua oponente, investindo em um ataque certeiro.

    ”Não posso deixar ela descansar, preciso pressioná-la a todo instante! Ela é forte e eu preciso dessa força ao meu lado nessa masmorra.” Linn sabe que não é uma boa ideia matar Vívika nessa luta, ter alguém para ajudar na masmorra é sempre uma boa ideia, mas ela precisa firmar algo na mente da guerreira, antes que seu controle nesse corpo se esvaia, ela precisa deixar claro para Vívika que é a mais forte entre as duas.

    Enquanto foca na defesa das esferas de fogo, a lâmina sorrateira de Linn a alcança, surpreendendo-a, porém, com precisão ela a defende em cima da hora. Todavia, algo muda, seu braço cercado pela camada de mana, tremula levemente, enfraquecendo um pouco o controle de seu membro lesionado.

    ”Droga… isso não é bom…”  a guerreira compreende que sua energia está se esvaindo, a qualquer momento a mana em seu braço lesionado irá se dissipar, fazendo a perder a mobilidade e talvez morrer nas mãos de sua oponente. 

    A cada golpe de lâminas, defesas e esquivas, Vívika percebe o quão capaz é Linn, além de tudo, ela percebera que ela possui outros atributos mágicos que sequer usou na sua luta até o momento, a deixando um pouco frustrada por ser ainda fraca para completar o objetivo de sua vingança. 

    ”Fogo, ar… quanto mais atributos elementais ela ainda tem na manga? Majins podem usar a maioria dos atributos elementais, mas ela ainda insiste lutar com apenas o elemento de fogo…”

    ”Mesmo sendo mais nova que aqueles majin da guerra, ela ainda é muito forte…” Para Vívika, Linn é apenas uma jovem Majin, e mesmo assim ainda é muito forte, ela sequer pode imaginar como seria um dos majins responsável por dizimar seu vilarejo e sua infância feliz.

    ”Eu não sou forte o suficiente ainda… Droga…!” Fechando os olhos ela retorna as memórias da destruição que varreu seu vilarejo, apesar de embaçado, ela tenta buscar o semblante dos majins que aniquilaram todo sua infância. 

    ”Eu quero me vingar… preciso me vingar… de todos aqueles… Majins… DESGRAÇADOS!’’  Um ódio ardente pulsa no peito da guerreira, que no momento seguinte joga sua espada curta ao chão e ergue sua grande ao alto.

    — Opa, opa… algo diferente… — Linn observando a cena, freia seu próximo avanço, observando o que irá se desenrolar a seguir. 

    A guerreira abre seus belos olhos azuis, lágrimas escapando inconscientemente. Ela aprendera que, se não der tudo de si agora, ela irá perder e não conseguirá vingar seu povo.

    ”Dessa vez eu irei com tudo, mesmo que custe caro para meu corpo!” Repentinamente uma pressão invisível parece empurra tudo ao redor de Vívika, um calafrio percorre a espinha dorsal de Linn, que recua por reflexo. 

    ”O que é isso?! O que ela está fazendo…? Uma energia parece está saindo dela…” Ela observa que, do peito da guerreira, parece surgir uma aura estranha que parece preencher todo o ambiente com melancolia e ódio.

    Sendo pouco a pouco preenchida por esse sentimento intrusivo, Linn aprende que esse pode ser um poder que nunca vira antes, se preparando para o que está por vir. 

    ”Isso pode ser perigoso… Parece que agora ela levará essa luta a sério… mesmo que não parecesse que ela não estava antes de fazer isso…” Se a guerreira até esse momento não tinha usado essa técnica antes, talvez sua luta até agora não passara de um teste para a mesma.

    ”Preciso me preparar para o que seja lá o que for isso!” Ela entra em guarda.

    Vívika sorri ao perceber que Linn entra em uma postura completamente defensiva, suas camadas de mana cada vez mais grossas, formando uma espécie de armadura de pele. 

    — Majin… não. Linn, não esquenta, esse é meu poder é um trunfo nessa luta. Durante este embate, você me mostrou ser mais forte do que imaginava e, me obrigou a usar isso, algo que eu raramente uso. Mesmo que eu vença, meu corpo…

    Ela afirma que, essa técnica é a sua cartada final, revelando que ela não conseguirá lutar por muito tempo, e se surpreende que teve que usar tudo de si para lutar com uma majin.

    — Linn, como uma guerreira, eu aprendo sobre os sentimentos dos meus oponentes quando cruzo lâminas com eles. Já senti todo o tipo de coração, porém o seu, diferente dos da sua raça, não revela hostilidade contra os outros… Tudo que senti foi uma determinação de aço emanando do seu espírito, e isso ascendeu algo em mim.

    Ela complementa que quase compreendeu o desejo no coração de Linn enquanto cruzava suas lâminas no combate e aprendeu que a majin que lutara nessa sala não possui um coração turvo e perverso. 

    Porém, ela não pode fraquejar nesse momento. 

    — Por isso peço que não me subestime como eu a subestimei! — A energia de Vívika toma um tom e uma textura similar de uma chama voraz, com um vermelho tremeluzente com um interior escuro como trevas. 

    Todo a sala se preenche com mais força de um sentimento melancólico. A energia se guia para a espada grande, a cobrindo por completo. Uma pressão sutil surge em volta do corpo de Vívika.

    — Está completa… — Com certa calma, ela abaixa sua espada, prosseguindo com sua declaração. — Agradeço por não ter me atacado quando ativava minha técnica, aprendi um pouco mais de sua honra durante nessa luta. Mesmo que essa técnica seja a minha mais forte, assumo que ainda não a compreendi por completo e isso pode mais me machucar do que me fortalecer.

    A guerreira agradece a Linn por não atacar ela neste momento frágil, ela admite que ainda não compreendeu como usar sem se machucar com isso, porém ela usará isso para terminar essa luta em um último ataque. 

    ‘’De um momento para o outro, sua personalidade mudou… De fato ela parece ser algum tipo de bipolar… Até a pouco tempo ela queria cortar minha cabeça, mas agora até revela que esse poder pode feri-la se usar de forma errada…” uma breve pausa surge no limiar de seus pensamentos, seus olhos rubis virando-se levemente ao alto, enquanto um suspirar escapa de seus lábios, “Argh…! Quem em uma luta revelaria sua fraqueza, ainda mais para seu oponente…?”

    “Contudo, estamos onde eu queria estar.” Linn percebe que seu plano funcionou, apesar de ter gastado quase toda sua mana na luta, ela conseguiu sobrepujar até o limite da Guerreira.

    ”Apesar das casualidades, finalmente chegamos no final disso. Mesmo que eu tenha gasto quase toda a meu mana contra ela, mesmo após ter me acostumado em conjurar as esferas de fogo esmeralda de forma rápida, ainda gasta uma boa parte da minha energia, porém, finalmente posso finalizar isso agora.”

    Como uma forma para validar o esforço de Vívika, Linn a presentei também com seu melhor ataque final. 

    — Mesmo abrindo seu coração para mim nesse momento, você ainda é minha inimiga, porém como um meio de validar seu esforço nesse final, também não irei subestimá-la. Não tenho nada tão interessante como esse poder que você tem para oferecer, mas, ainda posso utilizar algo que me privei há um tempo quando entrei nesse lugar. — Apontando a lâmina para frente, Linn, fecha seus olhos brevemente, formando uma pequena pressão de ar surgir em volta de si.

    O ar gira velozmente e começa a comprimir em volta da lâmina enquanto uma pressão parece trazer uma luz quase cegante e palpável. 

    As chamas, antes presente na lâmina, se extinguem quase imediatamente, enquanto um pequeno punhado de raios surgem cobrindo completamente a lâmina da adaga, coberta por completo, sua forma se torna curva e um pouco maior do que anteriormente.

    — Chamo de… 『Lightning Cut』!

    Como uma fera chamada em um campo de batalha, um rugido de raios irrompe na pequena sala, ressaltando a ferocidade do poder estagnado em torno da lâmina da adaga.

    Vívika com um sorriso amargo percebe que, além do feitiço de chamas que ela invoca sem proferir encantamento nenhum, ela também pode conjurar o elemento de raio fazendo o mesmo. 

    ”Essa é a diferença entre nossas habilidades? Uma maga de batalha que usa seus feitiços com uma agilidade impressionante e, uma guerreira que mesmo treinando todos os dias, nem ao menos consegue usar seu trunfo sem abrir sua guarda…”

    ”Mas isso vai além de mim…” Dois de seus colegas do grupo surgem em sua mente, um com a capacidade de controlar o elemento de raio e outro de fogo. ”Até mesmo eles não seriam páreos contra ela sozinhos…” Ela observa Linn em sua frente e percebe que ela possui um controle com mais potencial que seus colegas.

    — Então é isso?

    — Sim.

    Ambas concordam estarem prontas e investem uma contra a outra. 

    Enquanto se aproximam, o tempo parece ir congelando junto ao som que, antes vivido, jaz mórbido como se nunca houvesse existido ali. Tudo que resta são as respirações e o tambor rítmico de seus corações.

    As chamas negras na espada de Vívika tremeluzindo com o pacto de ar enquanto se aproxima de sua oponente, no mesmo momento uma linha de raios jaz atrás de Linn revelando a trajetória de seu caminho.

    Ambas as armas, antes de se encontrarem, geram uma pequena esfera no limiar de suas lâminas. 

    Nesse momento o tempo parece se desacelerar centenas de vezes e essa pequena esfera começa a crescer a medida que a lâmina das duas se aproximam cada vez mais, até que por fim, quando ambas se encontram, uma explosão enorme assola completamente a sala. 

    SHHHH-BOOOOM! 

    O som reverbera por todos os quatro cantos da sala, fazendo até mesmo o som escapar da sala fechada e ecoar pelos corredores da masmorra. Em uma das salas a distância, uma figura de orelhas pontudas agachada em posição fetal, que levanta brevemente o rosto, revelando o brilho azul de seus olhos ao ter seu foco para uma explosão sonora ao longe dali.

    De um lado, Vívika encara sua grande espada perder a aura de poder que a cercava, enquanto seu braço por fim perde os movimentos e torna-se mole. Do outro lado, Linn permanece em pé indiferente de Vívika, encarando a parede logo a sua frente. 

    A guerreira olha para trás e encara a meio-elfa. 

    — Heh…! — Um sorriso provocado por um arfar de sua boca surge. Ela move sua mão até seu abdômen relembrando de segundos antes do choque dos golpes.

    Após a lâmina das duas se chocarem e uma explosão anérgica ressoar naquele lugar, a lâmina de Linn escorregou pela espada de Vívika, fazendo a perceber que naquele momento morreria, todavia, antes de perfurar a guerreira, Linn trocou a posição da lâmina para o cabo da adaga, fazendo com que o golpe fosse direcionado para o abdômen da guerreira.

    Rapidamente, relembrando desse fato, ela se ajoelha e cai no solo desacordada. Linn, ainda estoica encarando a parede em sua frente, por fim sede o cansaço e encara seu braço, que possui um corte feito pela espada de Vívika. 

    — Isso foi mais perigoso do que pensei… — Mesmo que a lâmina não tenha a atingido, a aura daquela espada fez um corte capaz de ignorar sua armadura e atingir sua pele, fazendo a perceber o quão forte é aquela energia estranha.

    ”Diferente da outra, não posso me dar o luxo dela morrer nesse lugar… Não ao presenciar na pele o poder que ela liberou a pouco.”

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