Capítulo 87.2 ❃ A Força nos Une.
Em meio ao vasto campo esmeralda, onde a relva ondula como um oceano sob o toque suave do vento ocidental, uma figura solitária se destaca.
A luz dourada, fragmentada ao passar pelas nuvens majestosas que adornam o céu, envolve a mulher com um brilho quase celestial, contrastando com o sorriso pérfido que se insinua em seus lábios.
Linn, em trajes de monarca, exibe uma presença desafiadora e provocante; sua pele exposta cintila, mas há algo em seu porte que afasta qualquer ousadia de admiração, impondo respeito por capricho e desejo.
Seus olhos dançam pelo horizonte, fingindo procurar algo invisível aos olhos comuns. A mão erguida sobre a fronte intensifica a pose, enquanto murmura com voz lânguida e jocosa.
— Hmmm… curioso, jurava que tinha sentido algo por aqui… — A expressão brincalhona logo se transforma em desânimo forçado, seu corpo se inclinando como o de alguém que desiste após longa procura. — Ah… que peninha… não há ninguém aqui…
Ela pausa, os olhos cintilando de um prazer malicioso.
A falsa decepção se dissolve num sutil riso predatório, como o de uma caçadora a quem foi negada sua presa apenas momentaneamente.
— Bom, se não há ninguém nesse lugar… — As palavras saem como mel, arrastadas e impregnadas de um desafio implícito. — Talvez eu deva… testar algo… — E, com um sorriso afiado, ela declara o que pretende.
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— Algumas árvores, animais… talvez eu remodele completamente esse lugar, afinal, não há, ninguém, aqui, que, possa, me, impedir! — Cada palavra ecoa com uma provocação calculada, uma ameaça velada à tranquilidade do ambiente.
— Argh…! — Como se o céu respondesse ao seu chamado, um suspiro exasperado preenche o ar, e uma figura finalmente se revela.
Metatron surge, seu rosto belo marcado por linhas de irritação, e o desgosto reluz em suas feições. Os olhos de Metatron se estreitam, encarando Linn com um cansaço que fala mais do que qualquer palavra.
Por um instante, ambos permanecem imóveis, as atenções entrelaçadas como duas forças opostas em um único ponto de convergência.
O sorriso de Linn, calculadamente encantador, se alastra por seu rosto, contrastando com o brilho frio de seus olhos. Suas mãos repousam na cintura, em uma pose que destila confiança e uma certa indiferença premeditada, mas seu sorriso, por mais que pareça doce, carrega a sutileza de uma lâmina oculta.
À sua frente, Metatron permanece impassível, cada linha de seu rosto marcada pela austeridade de quem já viu demais, resistindo ao espetáculo como uma muralha intocada.
— Mhmm — ela murmura, quase como um gemido de tédio, tentando provocar qualquer reação que rompa a superfície calma de Metatron. Seu sorriso se amplia, mas o outro apenas a encara, sem ceder ao jogo.
— Tsk! — Um estalo de língua irrompe o silêncio, sua paciência se esvaindo como um fio de areia. — Você não vai dizer nada? Nadinha? — Sua voz é uma lâmina suave, cortando o ar com precisão, enquanto um pulso de irritação surge em sua têmpora, revelando a insatisfação mascarada por seu sorriso.
Metatron suspira. — O que tenho para dizer, afinal? Eu nem sei o que você quer.
O rosto de Linn se contorce por um momento, a veia em sua têmpora latejando, refletindo uma raiva contida.
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Com um pisão feroz, o chão sob seus pés treme, liberando uma onda de pressão que se espalha pelo campo como uma onda devastadora.
O impacto espalha folhas e espanta os animais próximos, que fogem em terror ao sentir o poder destrutivo.
— Eu não estou brincando, Senhorzinho da Mana. — Sua voz emerge baixa e cortante. — Apenas diga… onde ela está!
Metatron suspira de novo, um longo e pesado suspiro de cansaço. Seus olhos vacilam, mas ele ergue a mão ao rosto, como se tentasse reunir paciência para decifrar a turbulência que o cerca.
O olhar de Metatron desliza pelo cenário desfigurado com a precisão de um observador de eras, e, em meio à perturbação causada pelo pisão de Linn, ele sente o eco de um mistério profundo.
Ele sempre soube que Evangeline abrigava duas almas, mas o fenômeno de ambas manifestarem-se como consciências distintas é um enigma que desafia sua compreensão milenar.
“Mesmo após tanto tempo tentando desvendar essa dualidade, a clareza me escapa,” ele reflete, seus pensamentos profundos como o abismo de eras que cruzou. “Cada alma de Evangeline traz sua própria mente, e esta segunda… É algo oposto, algo que existe como uma sombra inversa da primeira.”
Seus olhos dourados, penetrantes como lâminas, vagam pela devastação.
As árvores, inclinadas em desordem, as gramas antes vibrantes agora pálidas e fracas, e no chão, uma cratera curva testemunha o poder descontrolado que Linn invocou.
E então, em um gesto sereno, Metatron eleva a mão, e o caos ao redor começa a se dissolver; as árvores endireitam-se, as folhas retornam ao verde luminoso, e o solo, antes dilacerado, recompõe-se.
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Toda a vida parece suspirar em alívio com o toque restaurador dele.
Seu rosto, porém, permanece marcado por uma gota de suor.
Ainda que tenha atravessado eras de eras, jamais presenciara nada como a presença dual e antitética de Evangeline.
— Argh… — Ele inspira suavemente, aceitando, ainda que com relutância, a realidade que se apresenta. — Venha comigo — diz, sua voz ressoando como uma ordem velada, mas ela, como um relâmpago insubmisso, o acompanha em silêncio.
Num instante, ambos surgem diante de uma cabana modesta, de madeira rude e troncos desgastados pelo tempo.
— Oh…! — murmura Linn, os olhos fixos na construção, completamente alheia ao deslocamento. Seu fascínio é tão puro que Metatron se vê tomado por uma hesitação incômoda.
“Se fosse Evangeline”, ele pensa, “ela ficaria espantada com o movimento, talvez até pedisse para aprendê-lo. Mas esta, esta não apenas ignora como se fixa, despreocupada, na cabana que repousa à nossa frente.”
Linn estreita os olhos, seu olhar de rubi, afiado como uma lâmina bem forjada, cintila ao fitar Metatron. Uma centelha de confusão e curiosidade atravessa seu rosto ao notar a cabana que, ao seu ver, não deveria estar ali.
“Dez minutos, talvez vinte…” pensa ela, uma descrença interna oscilando em seus pensamentos. “Mas nesse breve intervalo, uma estrutura inteira se ergueu neste lugar… O tempo aqui se distorce, dilata-se e parece fluir em ritmos impossíveis, escapando das leis que governam o mundo exterior.” A constatação pesa em seu peito como uma verdade opressora, enquanto o olhar predatório retorna a Metatron, silencioso sob sua observação.
— Muito bem, onde está ela? — Sua voz rompe o silêncio como um estalido frio, enquanto um sorriso sutil, mas venenoso, curva seus lábios. — E por que, exatamente, há uma cabana aqui?
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Metatron ergue um olhar calmo, mas algo em sua postura revela o peso de uma dúvida persistente. Ele hesita, e um suspiro sutil lhe escapa antes da resposta.
— Como você já percebeu, por razões que escapam ao meu entendimento, as duas almas que compartilham seu corpo não permanecem no mesmo espaço neste reino. Evangeline… Ela se manifestou separadamente. Esta cabana — ele aponta, com um movimento quase reverente — foi obra dela.
A revelação parece ecoar em Linn.
— Mhmm… — Ela cruza os braços e absorve a informação, seu semblante se contorce entre surpresa e ponderação. As sobrancelhas arqueiam-se ligeiramente, e a linha de sua boca se aperta enquanto o olhar percorre novamente o entorno.
— Quanto tempo se passou quando estive fora?. — Ao indagar sobre o tempo que passou, sua expressão endurece ao ouvir a resposta.
— Três meses.
— Três… meses… — A palavra sai quase num sussurro, o peso do tempo comprimindo-se em seu interior, como se o próprio ar ao redor dela ficasse mais denso.
Descruzando os braços, leva a mão ao queixo, perdida em um emaranhado de pensamentos.
O reino de Metatron é uma armadilha de temporalidades, um domínio onde a realidade se desenrola em compassos próprios, arrastando-a para uma correnteza de sensações que a deixam exaurida, como em um sonho do qual não se pode despertar.
Observando a cabana, Linn sente algo estranhamente familiar e, ao mesmo tempo, profundamente alienígena.
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Linn reflete, com uma calma que esconde uma tempestade interna, sobre o fluxo distorcido do tempo no reino de Metatron. “Minutos de combate lá fora, mas aqui dentro, meses passaram como areia escapando de uma ampulheta quebrada… haah…”
Ela suspira, um som leve e quase inaudível, enquanto seus pensamentos desenham cenários onde a paciência de Evangeline se fragmentava, a alma companheira encarando a solidão de uma espera infinita.
A meio-elfa consegue quase visualizar o momento exato em que Evangeline, em sua exasperação frustrada, cedeu. Compreende agora, como se uma névoa se dissipasse em sua mente, que Evangeline tentara se reconectar ao corpo, mas com Linn no controle, a tentativa foi em vão.
O peso dessas descobertas recai sobre ela com a dureza de uma rocha, seus olhos semicerrados fixos na cabana, símbolo silencioso da espera e da adaptação involuntária de Evangeline ao passar implacável do tempo.
“Então… suponho que, agora que aqui estou, sua consciência retornou ao corpo. E que as memórias compartilhadas lhe sejam suficientes para manter-se longe de encrencas com aquela guerreira.”
Decidida, Linn dá meia-volta, abandonando o cenário e dirigindo-se diretamente para Metatron, a quem ignora como se ele fosse pouco mais que uma árvore esquecida no campo.
Metatron, confuso, quase gagueja em sua incredulidade.
Ele observa os passos da meio-elfa se afastarem com elegância, o ar de indiferença desenhado em cada movimento. Finalmente, ele rompe o silêncio com um tom de súplica:
— Eh? E-espere! Era só isso que queria saber? Não se importa em perguntar onde ela está?
As palavras atravessam o ar e fazem Linn pausar, seu corpo virando-se lentamente para ele, o rosto virando preguiçosamente, com um olhar de irritação resignada que lança uma sombra sutil sobre seu sorriso.
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— Não sou ignorante a esse ponto. Sei muito bem somar um com um e saber que o resultado é dois. Além disso, você mesmo disse que, se estou aqui, claramente ela não está.
A voz de Linn ecoa pelo ar, seca como as dunas de um deserto e afiada como a lâmina de um punhal. Metatron sente a rudeza das palavras, quase como uma repreensão ao impulso tolo de sua pergunta.
Um calor denso se acumula em seu peito, misto de vergonha e fascínio. Ele observa a figura da meio-elfa à sua frente, a aura de mistério e poder que parece emanar dela a cada palavra e olhar.
No entanto, a curiosidade o consome. — E para onde vai? O que planeja fazer agora?
Por um instante, apenas o silêncio responde. Mas então, um sorriso sutil, quase pérfido, surge nos lábios de Linn, e seus olhos rubis cintilam, revelando um brilho astuto e sombrio.
Ela reflete sobre o que Evangeline conseguiu realizar ali, apenas com lembranças vagas, recriando feitiços de Sephyra e construindo uma humilde cabana neste reino.
A expressão de Linn é engolida por uma excitação contida, uma promessa oculta de caos e descoberta.
Seus olhos, antes calmos como o espelho do lago, assumem por um instante um tom gélido e cruel.
Metatron, confuso e intrigado, percebe que sua pergunta é ignorada. Linn encara a cabana à frente com um olhar que mistura desafio e antecipação.
“Se ela consegue fazer tal coisa com pouco conhecimento,” pensa, o sorriso ampliando-se, “o que eu poderia fazer com o meu próprio?”
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Num instante, como o clarão de um relâmpago, Linn desaparece do mesmo modo que chegara. Metatron a observa, estupefato, seu corpo rígido diante da realização de que ela reproduziu seu movimento com precisão perturbadora.
Ele ergue os olhos para o vasto céu, uma pontada de incerteza pesando-lhe na mente.
“E pensar que esta… essa em particular… possui um aprendizado mais assustador do que a outra… Argh…!” Um leve arrepio percorre seu ser.
‘’Será que foi benigno ajudá-la no final de tudo…?’’ A dúvida se enraíza, questionando se sua própria ajuda talvez tenha sido um erro, uma brecha para algo que nem mesmo ele conseguirá controlar.
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