Índice de Capítulo



    [Sistema]

    《A habilidade ⌈ Invencível ⌋ foi ativada.》

    O ar vibra em um crescendo selvagem, como se o próprio ambiente ao redor respirasse a tensão que paira. 

    A escuridão da sala escura, carregada de sombras opressoras, agora é atravessada por ciclones brilhantes e ferozes que dançam ao redor dos braços de Evangeline. 

    Cada giro é um grito do vento, cada sopro uma promessa de destruição iminente. 

    A pressão no ar aumenta, tornando o ambiente denso como se o próprio espaço fosse uma maré invisível, empurrando tudo para trás. 

    A magia manifesta-se como uma força viva, e os ventos uivam em uma sinfonia caótica.

    Com a ativação de 『Invencível』, o mana de Evangeline, que já era drenado em ritmo frenético, agora é consumido em um turbilhão insano. 

    Seus olhos arregalam-se em descrença, refletindo o temor de quem percebe o peso do próprio ato. O calor em seus braços, antes um desconforto ardente, transforma-se em um abrasamento intolerável. 

    O suor escorre por sua testa, misturando-se à poeira e aos fragmentos de pedra que flutuam no ar, sugados pelo vórtice de seu poder crescente.

    Seus pensamentos explodem em um redemoinho de dúvidas e cálculos, a mente lutando para manter a lucidez enquanto o corpo é exigido além dos limites. 

    “Droga… ativar o 『Invencível』 junto a este feitiço foi imprudente. É como colocar uma tocha acesa em um barril de óleo… Ambos consomem o mesmo combustível — o meu mana.” A consciência da sua imprudência pesa como uma lâmina gélida em sua mente, mas no âmago de sua determinação surge uma centelha de teimosia. 

    Ela pressente uma possibilidade, uma chance remota, como uma estrela perdida na vastidão da noite.

    Enquanto a tempestade mágica ao seu redor ruge com intensidade, uma tela translúcida surge abruptamente em sua frente, projetada pela interface mágica que governa suas habilidades. 

    Linhas brilhantes descrevem a natureza de 『Invencível』, expondo a verdade que ela ignorara: uma habilidade poderosa, mas traiçoeira, que amplifica seu potencial ao custo de consumir vorazmente seu mana.

    Seus olhos percorrem rapidamente as palavras na tela, as mãos ainda trêmulas enquanto mantém o foco no feitiço que quase a consome.


    ⓘ 『 Invencível: Envolve o corpo do usuário em energia feito de mana, o tornando capacitado a receber qualquer espécie de golpe a “baixo do seu nível” sem levar dano algum.

    A skill libera toda a mana acumulada no seu corpo multiplicando os seus atributos mágicos e físicos. Pode ser canalizado numa arma ou nos membros do usuário. A ação libera um massivo ataque de mana.

    A Habilidade durará até que a mana do usuário se gaste por completo.

    Atenção! A Habilidade Invencível apenas lhe proporcionará força contra inimigos acima do seu estado atual, inimigos abaixo não lhe aumentará seus atributos. A habilidade ainda consumirá a mesma quantidade do Mana nos dois casos! 』


    ”Minha habilidade única…” começa, com a voz áspera como pedra arranhada.  ”Só funciona eficientemente em combate direto. Posso ativá-la em qualquer momento, mas…” Ela pausa, os olhos movendo-se rapidamente pela tela translúcida à sua frente. 

    O aviso em letras pulsantes parece zombar de sua situação. 

    Evangeline estreita os olhos, o queixo tenso enquanto a compreensão se crava como uma lâmina em sua mente.  

    ”… É como abrir uma torneira de mana e assistir tudo se esvair.”

    Seu punho aperta-se ao ponto dos nós dos dedos empalidecerem, enquanto fecha os olhos. 

    O mundo ao seu redor desaparece, e em sua mente ela convoca uma imagem: um inimigo imenso, implacável, com força além da razão. 

    Ela sente a pressão imaginária esmagando-a, o mesmo tipo de opressão que enfrentou no corredor espiralado da masmorra.

    “Será que posso enganar minha própria habilidade? Visualizar a ameaça… e fazer isso funcionar?”

    Ao lado, Vívika observa com dificuldade, os olhos ainda fundos pelo cansaço. Sua respiração é irregular, o peito sobe e desce em ritmos descontrolados, mas sua atenção não desvia. 

    O poder que emana de Evangeline é sufocante, uma maré que arrasta tudo à sua volta.

    ”Linn…” murmura Vívika, a voz trêmula.  ”Que tipo de monstro você é?”

    O ar ao redor de Evangeline se condensa em um turbilhão feroz, como se a própria atmosfera estivesse sendo devorada por sua presença. 

    Cada respiração de Vívika torna-se mais pesada, seus pulmões comprimidos pelo peso esmagador da energia que a meio-elfa libera. 

    Os fragmentos de carne pútrida e pedra são arrancados do chão em espirais grotescas, misturando-se ao vento em uma dança macabra que transforma a câmara num caos palpável.

    — Isso é… poder bruto — murmura Vívika, a voz quase engolida pelo uivo ensurdecedor ao redor. 

    Seus pensamentos, porém, seguem um ritmo diferente, um misto de fascínio e espanto preenchendo sua mente. 

    “Como alguém assim pode ser tão monstruosa e, ao mesmo tempo… tão metódica? Sua força parece inumana, mas seu controle… isso é o que realmente me assusta.”

    Enquanto isso, Evangeline mantém os olhos cerrados, mergulhando na vastidão opressiva de sua própria mente. 

    A escuridão detrás de suas pálpebras forma o palco para sua visualização: uma criatura colossal, erguendo-se de memórias recentes. 

    O som de ossos rangendo e entrelaçando-se ecoa em sua mente, enquanto o peso dos passos daquela monstruosidade ressoa como trovões surdos.

    — Foco… — sussurra ela para si mesma, as palavras perdendo-se entre o rugido do vento. 

    A imagem do Golem de Ossos solidifica-se em sua mente, os detalhes nítidos como se ele estivesse presente. 

    A carne morta, unida por magia profana, o odor pútrido, os olhos vazios e famintos… tudo recriado com precisão cruel.

    De repente, ela inspira profundamente, arrastando o ar contaminado do ambiente para seus pulmões, como se sugasse a própria essência da câmara. 

    Ao expirar, sua voz ecoa como uma lâmina cortando o caos:

    — Ativar habilidade… 《Prevision》!

    [Sistema]

    《A habilidade ⌈ Prevision ⌋ foi ativada.》

    Em sua cabeça as paredes da câmara parecem oscilar como um véu distorcido, moldando-se à força da simulação mental de Evangeline. 

    Cada batida de seu coração, cada instante em que a imagem do guardião undead toma forma em sua mente, faz sua habilidade única, 《Invencível》, se intensificar. 

    O peso da magia a consome como uma tempestade, arrancando-lhe o Mana com violência. A energia flui para seus braços, fervilhando como um rio de lava prestes a romper sua contenção.

    — Maldição… — murmura ela entre dentes trincados, sentindo o Mana ser sugado como sangue de uma ferida aberta. 

    O suor escorre de sua testa, misturando-se ao frio cortante do vento ao seu redor. 

    A poder do feitiço cresce exponencialmente, o som agudo e quase imperceptível de um assobio reverberando em seus ouvidos como uma faca fincada em sua audição.

    Evangeline abre os olhos, a respiração pesada e irregular, os pulmões queimando como se o próprio ar tivesse se transformado em fogo. 

    A aura mágica ao seu redor pulsa, um campo vibrante que estremece as paredes da câmara, fazendo pedaços de pedra se soltarem em cascatas mortais.

    — Se eu não me controlar, vou cair antes mesmo de abrir essa porta… — Ela dá um passo à frente, o chão rachando sob seus pés enquanto se concentra em redirecionar a energia apenas para seus braços. 

    O fluxo brutal de mana parece deixar suas veias em brasas, seus músculos gritam em dor, mas ela continua, ajustando o poder.

    Girando a cintura em um movimento elegante e poderoso, ela lança o primeiro tornado. 

    O feitiço ruge como uma besta faminta, desfragmentando o chão e triturando tudo em seu caminho. 

    Pedras e ossos explodem em uma nuvem de poeira e carne desintegrada. O impacto com a comporta reverbera pelo ambiente, o som profundo quase quebrando a consciência de Vívika, que observa em fascinação e medo.

    Sem hesitar, Evangeline lança outro ataque, um segundo tornado cortando o ar com selvageria implacável. 

    Suas forças se esgotam rapidamente, e ela desativa sua habilidade única, o brilho de mana restante envolvendo-a como um véu pálido.

    O segundo ciclone colide com uma força apocalíptica, ampliando o caos já instaurado no local. 

    O impacto é devastador, e a explosão de ar resultante reverbera como o grito de um titã em agonia, empurrando tudo para longe. 

    Fragmentos de pedra são lançados a velocidades insanas, cortando o ar como balas disparadas de um revólver. 

    Até mesmo o chão, outrora sólido, cede sob a pressão, desintegrando-se em cascatas de rocha e poeira que se elevam em uma tempestade caótica.

    Evangeline ergue os braços, seu corpo tremendo sob o peso da energia restante em seu interior. 

    A cortina de mana que conjura é frágil, quase translúcida, mas sólida o suficiente para suportar o impacto inicial dos destroços. 

    A dor que percorre seus braços é lancinante; os músculos ardem como se estivessem sendo rasgados por dentro, enquanto cada gota de energia mágica é arrancada de suas reservas já escassas. 

    O suor escorre de sua pele pálida, misturando-se à poeira que tinge seu rosto, e seus olhos, brilhantes de determinação, fixam-se no caos à frente.

    Ao lado, Vívika observa a meio-elfa com um misto de fascínio e culpa. 

    O estalo de sua língua ecoa em sua mente como um martelo batendo em uma bigorna.

    ‘’De novo… um fardo…’’ murmura, a voz interna impregnada de autodepreciação e impotência. 

    Mas, ao olhar para meio-elfa, vê não apenas uma protetora, mas uma guerreira lutando até o limite. 

    Seu semblante endurecido dá lugar a algo inesperado: um sorriso amargo de determinação.

    Com o pouco de força que lhe resta, ela move a mão trêmula até o ventre de Evangeline. Uma onda de calor flui de sua palma, e o último resquício de energia mágica que mantinha seu corpo de pé é transferido para a meio-elfa.

    — Você… deve… permanecer acor…dada… — balbucia, antes de sua cabeça pender para o lado, seu corpo finalmente cedendo ao sono pesado.

    Evangeline sente o fluxo de mana pulsar dentro dela, renovando a barreira mágica que a envolve. 

    O escudo, antes opaco e hesitante, brilha agora com uma intensidade feroz, quase como uma extensão de sua vontade inabalável.

    — Muito bem, Vívika… — ela sussurra, a voz carregada de gratidão e força. — Não deixarei seu esforço ser em vão.

    A barreira resiste ao impacto dos destroços, que explodem contra ela em uma chuva de destruição impotente.

    Os ventos uivantes dos ciclones cessam, como uma fera selvagem finalmente domada. 

    O ar no ambiente é denso e sufocante, carregado com partículas de poeira e o resquício de energia mágica que paira como uma neblina translúcida. 

    O silêncio que se instala é perturbador, preenchido apenas pelos sons dos destroços ainda rolando pelo chão e o martelar insistente do coração de Evangeline.

    Os tampões mágicos que protegiam seus ouvidos se desfragmentam com um estalo seco, suas partículas caindo como areia entre os dedos. 

    A barreira que a envolvia desaparece em um suspiro exausto de mana, e a ausência da proteção faz sua pele arrepiar, sensível à poeira abrasiva que continua a rodopiar em pequenas correntes.

    Os olhos rubros de Evangeline, brilhantes e implacáveis, cravam-se na comporta à sua frente. Seu peito sobe e desce em ritmo frenético, o ar escaldante queimando suas vias respiratórias. 

    Cada batida de seu coração soa como o rufar de tambores em uma marcha de guerra, a tensão acumulada implorando por uma resolução.

    Gradualmente, a cortina de poeira começa a ceder, revelando traços tênues de luz que escapam pelas frestas da comporta. 

    Uma abertura, pequena, mas inconfundível, surge em meio ao caos. Evangeline sente um misto de alívio e triunfo florescer em seu peito, apesar da exaustão que ameaça dobrar seus joelhos.

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