Capítulo 23 ❃ Um novo Objetivo!

— O se-senhor t-tem certeza disso? — indaga, se dirigindo a Ivan o curandeiro ao seu lado.
— (…)
— Sim… Eu e a Áurea analisamos completamente o corpo dela, e não há dúvidas que ela possui essa enfermidade — esclarece Ivan, um pouco receoso com o comportamento da jovem.
Evangeline levanta sua face e, o encarando com seus profundos olhos rubi, pergunta com uma voz trêmula: — M-Mas você é um curador nã-não é? Você disse que é o melhor curador de-dessa cidade, com certeza você pode curá-la disso. Não é?
Ivan inspira fundo e solta todo ar preso em seus pulmões, por fim, responde: — Sinto muito… A minha magia não é forte o suficiente para curar esse tipo de enfermidade, estou limitado pelo meu atributo.
Confusa com o que o senhor disse, a meio elfa questiona: — O quê você está falando? Vocês não deveriam curar qualquer tipo de doença? Como assim, ”limitado pelo seu atributo”?
O homem se espanta com as diversas perguntas da garota e, sem muitas escolhas, responde às questões da jovem: — Bem, parece que você não entende a funcionalidade do atributo para com a cura, mas em resumo, cada atributo possui uma limitação no quesito “curar ou restaurar” algo.
— No meu caso, que sou do atributo fogo, estou limitado em curar apenas lesões e fraturas ósseas, e em alguns casos doenças brandas. Em relação à enfermidade de sua irmã, não poderei curá-la totalmente, tudo que posso fazer é curar seus hematomas — explica, com um olhar sereno, dirigido para a jovem, que está angustiada.
…
Uma imensa tristeza toma conta de Evangeline em seu interior, que cai ajoelhada no chão, sua expressão está totalmente séria e focada, porém lágrimas começam a jorrar sem que a mesma percebesse. Em seus pensamentos…
”O que está acontecendo? Por que estou chorando de novo? Sinto uma tamanha tristeza que vem do meu interior, mas eu não entendo o porquê disto. Tudo que sinto é uma vontade imensa de chorar, mas eu não sou assim.” pensa a jovem, ao estranhar tamanho descontrole emocional.
Ivan, o curandeiro, observa a jovem expressar tamanha tristeza com a sua notícia, porém um pouco receoso, terminar da anunciar o que descobriu da enfermidade de sua paciente.
— Evangeline, você precisa saber o resto, essa enfermidade é bem séria… E parece que ela não tem muito tempo de vida pela frente, por conta disto… — finaliza, enquanto teme o comportamento instável da garota.
A jovem se levanta, enxuga sua lágrimas com o seu pulso, em seguida olha para o homem, e fala: — Quanto tempo de vida você acha que ela tem? — pergunta, ao cruzar os seus braços, por conta do frio.
— Não muito tempo. O melhor futuro possível com o meu tratamento, é que ela tenha de 2 a 3 anos de vida, isso se ninguém conseguir curá-la.
A jovem descruza os seus braços, levanta o seu braço direito e cerra seu punho. Com um olhar que demostra ira e revolta, pronuncia: — Entendo a situação… Sei exatamente o que devo fazer agora…
Com um pouco de medo, o senhor fala: — O que você planeja fazer? — indaga, ao se afastar um pouco da meio elfa, temendo o pior.
— Caçarei os que fizeram isso com ela. Uma garota tão boa e inocente como Karenn não merece isso, logo ela que possui um desejo tão bonito de ajudar os outros. Por isso me vingarei, e farei que cada um sofra mil vezes a dor que ela suportou naquele beco, farei eles desejarem a morte — responde, ao expor sua aura novamente, porém totalmente densa e pesada, que faz com que o chão da sacada rache com a pressão imposta.
O homem se impressiona com tamanha mana liberada pela jovem. Ao olhar para baixo, observa alguns soldados que circulam as ruas perto de sua casa, e em seguida pede para a jovem entrar no quarto novamente.
…
No quarto, agora com as portas da sacada fechadas, Evangeline, vai até próximo a Karenn e se senta no seu lado, em seguida, pergunta: — Senhor Ivan, posso perguntar uma coisa para o senhor?
Enquanto ainda observa o movimento dos soldados pela rua, o senhor responde, com um tom de voz rápido: — C-Claro!
— (…)
— Porque o senhor decidiu nos acolher? Nós não nos conhecemos, e nunca nos vimos, porém o senhor nos convidou para entrar na sua casa, e ainda por cima ajudou a curar minha irmã. Então lhe pergunto, por quê? — indaga, ao olhar para o homem e esperar sua resposta.
— Bem, eu já fui uma pessoa horrível tempos atrás. Participei da guerra contra os elfos, e usei a minha magia para destruir famílias e lares, porém isso tudo eu deixei para trás, larguei as lutas e foquei em ajudar as pessoas.
— Estudei o máximo que pude sobre o meu atributo, e nele descobri que não podia apenas machucar pessoas, mas também curar. Foi nesse período que encontrei Áurea e firmei um contrato com ela.
— Quando vi você sentada em baixo daquela tenta em meio a chuva, me lembrei de uma família de elfos que fugia do exército humano, enquanto carregavam os seus familiares feridos nos braços, eles estavam totalmente assustados e sem o que fazer.
— Ao ver aquela cena, pela primeira vez em todo o tempo matando, e destruindo naquela maldita guerra sem sentido, eu congelei. Observei o desespero dos incapazes, e pela primeira vez eu senti pena de outra raça sem ser a minha.
— Porém, o meu superior ao me ver parado em frente aos “inimigos” de guerra, me obrigou a matá-los, sem muito o que fazer, eu apenas fechei os meus olhos e os matei ali mesmo. Pouco tempo depois, reabri meu olhos e vi que o seus corpos queimado estavam totalmente juntos e abraçados.
— Depois de ver aquela cena, e após ver o horror de tirar uma vida inocente, decidi nunca mais abandonar ninguém que precisasse de ajuda, independentiza de raça ou riqueza — esclarece, ao fechar as cortinas da janela, e acender as luzes do lampião para iluminar o local.
— Entendi, então o senhor é um ex-combatente de guerra. Então deixe que eu agradeça de novo. Obrigada senhor Ivan, por nos acolher em sua casa, e curar os ferimentos de minha irmã Karenn — agradece a meio elfa, ao abaixar sua cabeça como forma de respeito, para com o senhor em sua frente.
— Mas outra coisa senhor Ivan, por acaso o senhor conhece outro curador de atributo fogo nessa cidade? É porque ela veio para essa cidade com o intuito de reencontrar o avô dela — pergunta a jovem, ao voltar sua visão novamente para sua irmã.
— Curador de atributo fogo né? Bom, além de mim, tem mais dois nessa cidade, porém um deles partiu um ano atrás, o seu nome é Aspher — responde, e continua.
— Antonya, Aspher e eu, somos os 3 curadores de atributo fogo que vive nessa cidade, porém com a partida dele, alguns trabalhos que eram seus vieram para mim. Se sua irmã estava procurando o avô dela, com certeza deve ser Aspher.
— Sugiro que o procure em Athenas, pois ele foi para lá lecionar — finaliza Ivan, de modo a puxar uma cadeira próxima a si, e se senta na frente da meio elfa.
Evangeline põe sua mão esquerda na cabeça de Karenn, e começa a cariciar seus cabelos, em seguida, diz: — Que pena, ela veio de tão longe para ver seu avô, e ele nem estava na cidade, além disso teve a má sorte de acontecer isso…
— Não se preocupe Karenn, eu vou encontrar quem fez isso com você, e fazê-lo sofrer, eu juro… — a jovem afirma, ainda com o seu punho cerrado, coberto de raiva pelo que aconteceu.
…
Algumas horas se passam, e Evangeline adormece ao lado de sua irmã Karenn. Ivan por outro lado começa a procurar alguma solução que pudesse ajudar ambas no seu problema, pois se lembrara de um conto que lhe foi dito há muito tempo.
…
Ao retornar para o quarto que está Karenn, Ivan chama atenção da meio elfa, e lhe mostra um medicamento para ser dado para sua irmã, porém por se tratar de uma poção, fala.
— Senhorita Evangeline, isso é uma poção diluída de cura, ela vai ajudar a retardar um pouco o progresso da enfermidade de Karenn. Então por você ser a irmã dela, peço que você mesmo a dê — pede, ao entregar o frasco para a jovem.
Evangeline, pega o frasco de poção em suas mãos, em seguida o direciona para sua boca, e tira um pouco do líquido de dentro. Ao olhar para Karenn, observa uma jovem totalmente inocente desacordada, e nos seus pensamentos…
”Karenn realmente é uma garota muito linda, não entendo por que teve que passar por tudo isso para encontrar seu avô, e mesmo assim não o encontrou nessa cidade. Se eu tivesse pelo menos o meu corpo normal, até que seria compreensível eu fazer o que estou prestes a fazer, mas isso não é o meu foco”
Pensa, enquanto aproxima o seu rosto para perto de jovem adormecida na cama.
A meio elfa com o seu rosto próximo com a de sua irmã, se encanta com a beleza da mesma, e solta um pequeno suspiro, que quase por um instante engole a poção, porém se controla.
Abre a boca de Karenn e direciona seus lábios para com os dela. Os seus longos cabelos fecham a visão do curandeiro para tal cena, e os dois lábios se encontram, junto a pele de sus rostos. Por fim, Evangeline despeja a poção na boca de sua irmã.
Rapidamente, se retira dos lábios de sua irmã de outro mundo, afasta seu cabelo de sua face, e retorna ao seu assento. Ivan, o curandeiro, ao observa tamanho apresso que uma meio elfa tem para com uma humana, pergunta.
— Você realmente gosta dela não é, e eu não digo da forma de uma irmã para com outra…
A jovem olha para o senhor e fala, de modo a interromper sua declaração: — Senhor Ivan, peço que pare por aí, pois isso não é de sua conta, o que eu sinto ou deixo de sentir. O fato é que ela é minha irmã, e tamanho sentimento é sobre isso, e nada mais — afirma, porém Shirogane queria dizer que o senhor estava certo, mas o seu corpo não o deixava.
Totalmente envergonhado com o que estava insinuando, o senhor abaixa sua cabeça, e se desculpa: — Minhas sinceras desculpas, por um momento eu perdi a postura ao ver essa cena, porém eu não voltei para cá apenas por conta dessa poção, mas vim lhe chamar para a sala — conclui, ao sair do quarto, e chamar a jovem para vir consigo.
…
Na sala o senhor se encontra sentado na mesa, e ao seu lado está Amice sua criada que o serve um chá. Evangeline que está na sua frente, também sentada, pergunta: — Então senhor Ivan, o que o senhor que me dizer — indaga, ao receber também uma xícara de chá da criada, que se retira do local.
— …
— Evangeline, talvez haja uma maneira de curar completamente a enfermidade de sua irmã — declara o homem, enquanto encara seriamente a garota a sua frente, que diz.
— O senhor realmente está falando sério? Então que tipo de cura será essa, que nem você, o mago mais eficiente da cidade consegue fazer? — questiona, de modo a voltar sua atenção totalmente para o curandeiro.
— …
— Você disse que veio de um vilarejo ao norte da vila, logo eu lembrei de uma história que acabei lendo uns anos atrás, de uma grande floresta que possui uma masmorra. E nessa masmorra, possui um item lendário capaz de curar qualquer doença ou ferimento imaginável — cita o homem, e continua sua fala.
— Esse item é um colar, no conto diz que uma deusa, para poder ajudar seu amado mortal, que tinha uma doença severa em sua alma, criou uma colar para presenteá-lo, a deusa colocou um imenso poder nesse colar, capaz de curar a enfermidade de seu amado.
— No entanto, quando ela finalizou seu presente, o homem já havia falecido, porém não pela sua doença mas sim de velhice, pois ela havia demorado algumas centenas de anos para produzir o item. Angustiada por perder seu amado, e com raiva da vida curta dos mortais, ela jogou o seu presente em uma densa floresta negra, e lá no local do impacto, criou um novo tipo de monstro. Os draugrs — conclui o seu conto.
Evangeline, termina de escutar a pequena história de Ivan, e em seguida, fala: — Então o senhor está me dizendo que, existe um colar feito por uma “deusa” na masmorra, que está localizada na Grande Floresta Negra de Arrow, é isso? — questiona, ao direcionas as suas mão para frente da sua face, e entrelaçar os seus dedos.
— Sim, o conto diz que esse colar pode curar qualquer coisa, e quando observei sua intensa aura de mana, pensei que você pudesse adentrar nesse lugar. Isso se você ainda tiver o interesse de abandonar a sua vingança e focar em achá-lo — declara, enquanto se levanta e se aproxima da jovem, e diz.
— Então, o que você me diz, Evangeline? — indaga, de modo a esperar uma resposta.
— Entendo sua preocupação senhor Ivan, mas não me entenda errado, eu ainda vou me vingar desses sujeitos, entendo como senhor está preocupado, não é atoa que está sempre vigiando a janela, como se acolhesse uma criminosa e sua casa. Eu me vingarei das pessoas que fizeram isso com ela, mas só se eu as encontrar primeiro.
— E, se esse colar estiver naquela masmorra, eu irei atrás, pois é a única chance atual de cura para Karenn, e eu não posso abandonar essa chance por conta de uma vingança rápida.
— Então sim, irei atrás desse colar lendário, e trarei a cura para a minha irmã, e eu prometo que, não importa os meios nem os fins, custe o que custar, a salvarei — anuncia, ao se levanta da cadeira, elevar seu punho e o fechar, intensificando sua determinação.
…
Em um cenário diferente, se encontram duas pessoas que conversam, dentro de uma sala fechada. Nessa sala a uma grande janela apontada para o oeste, uma grande cortina de cor vinho que cobre suas laterais. Ao redor a quatro abajures, localizada em cada ponta do comodo.
Há um extenso carpete sob o piso do chão, feito com madeiras de bétulas descascadas que refletem a luz feita pela larga janela. Próximo à janela, se encontra um homem que observa por ela, a paisagem de uma extensa floresta e montanhas.
O homem veste um smoking de cor vinho, que é da mesma cor da sua calça, porém os seus sapatos são pretos. Ao lado do homem se encontra uma pequena mesa, e em cima há uma taça de vinho branco.
A segunda pessoa se encontra sentada em um sofá de cor branca, atrás do primeiro. Se trata de um segundo homem, que veste uma grande túnica branca, detalhada com linhas douradas, e o seu rosto é ofuscado pelo seu capuz.
…
O homem da túnica, se dirige ao de smoking, e fala: — Ficou sabendo? O dispositivo que instalei na entrada da masmorra foi destruído…
O homem de smoking se vira, e com um olhar de ira, responde: — O quê?! Destruído? Por quem? Responda senhor L! — grita, intensificando sua raiva.
— Haha! Calma senhor Crowley, ainda não recebi informações de quem destruiu o aparelho, só apenas que foi destruído, além de terem pegados as gemas de mana do seu interior — anuncia, e continua.
— Mataram até os animais mutados que custei criar. Você sabe quanto tempo demorei para criar aquele miasma específico? — indaga o homem, também frustrado com o acontecimento.
— Então você acha que foram as dríades que destruíram o aparelho e mataram os monstros? Eu disse que não se devia brincar com esses espíritos — frisa Crowley, ao voltar sua atenção para janela novamente e tomar um gole do seu vinho.
— Creio que não foram as dríades que fizeram isso. Eu misturei substancias prejudiciais a elas no miasma. Qualquer uma que entrasse em contato, também se transformaria junto aos animais — argumenta o homem encapuzado, continuando sua fala.
— Talvez tenha sido algum mago em busca de poder entrar na masmorra, que o destruiu. Senhor Crowley, isso pode acabar com os nossos planos de entrar naquela masmorra — afirma, ao apoiar seu braço sobre a mesa e despejar vinho da garrafa em sua taça.
— Não importa mais! Se descobriram sobre o miasma e a entrada da masmorra, não levará muito tempo de nos descobrirem, isso se nós mesmos entrarmos lá — conclui o homem, enquanto pensa numa solução.
— Então o que o senhor planeja fazer, senhor Crowley? — questiona.
— Ainda não sei, mas só sei de uma coisa… Eu não abrirei mão daquele colar — finaliza, de modo a se virar para o homem sentado no sofá, ao esboçar raiva em sua face, enquanto cerra seus punhos.
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