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    No dia seguinte, às 11 horas da manhã, após o dia estressante do reencontro de Karenn e Evangeline, as ruas da cidade se movimentam intensamente, com diversos soldados e cavalos que vasculham e perguntam aos cidadãos sobre algo.

    Enquanto caminha pelas ruas, com um capuz tampando o seu rosto, Evangeline, vai de encontro a algumas barracas e lojas, com o intuito de adquirir peças de roupas, para levar para a sua irmã.

    No portão norte da cidade, que vai de caminho até o sul do vilarejo, Anastácia e sua filha Isabel, chegam. Com um pouco de dificuldade para adentrar em Nakkie, a ferreira observa a meio elfa de longe caminhando próximo das barracas, ao passar pela aprovação do soldado, solta um pequeno grito, a fim de saber se é a sua amiga.

    — Ei! Senhorita Evangeline! Aqui! — exclama, com o intuito de chamar a atenção da jovem, enquanto balança seu braço direito. 

    A meio elfa, ao notar que seu nome foi chamado de longe, para sua caminhada, e em seguida se vira e nota sua amiga Anastácia, que balança seu braço sem preocupação alguma. Alguns guardas que passam pelas ruas começam a observar a cena peculiar.

    Ao notar que a ferreira está chamando muita atenção para si, a jovem, em alguns instantes, aparece na frente da moça, de modo a segurar a seu braço e tampar a sua boca. Em seguida diz.

    — Shhhh! Não fique gritando meu nome pelas ruas Anastácia! — repreende.

    — Mas porquê não? Aconteceu algo que eu não saiba nessa cidade? Pois os guardas da entrada ficaram nos encarando por um tempo até entrarmos — indaga a moça, confusa com o que está acontecendo.

    — (…)

    — Aconteceu sim, me siga até a casa de um amigo, lá contarei tudo para você — declara a jovem, ao chamar sua amiga para vir consigo.

    — (…)

    — Bem… está bem senhorita, eu e Isabel iremos te acompanhar então — concorda Anastácia, enquanto segura a mão de sua filha, e segue sua amiga até a casa de Ivan.

    Após o reencontro das três, Anastácia, Isabel e Evangeline chegam a casa de Ivan, o curandeiro da cidade. Pela janela, observa que a meio elfa traz consigo duas pessoas, em seguida pede para sua criada Amice, abrir o portão, enquanto continua a observar pela janela no andar superior.

    Enquanto entram, a criada recolhe os pesos que ambas trazem, e os coloca numa estante.

    No andar superior, a meio elfa nota que Ivan, observava ela e suas companhias, e sem alardes, Evangeline as apresenta para o senhor.

     — Senhor Ivan, essas são Anastácia e Isabel, elas são do meu vilarejo. Eu as pedi para vir caso eu não voltasse essa manhã… mas parece que chegaram muito cedo — finaliza, ao olhar para expressão sem graça que a ferreira faz, ao olhar para o canto.

    O curandeiro se aproxima das visitas, e fala: — Ah! Então vocês são amigas de Evangeline, então deixe que eu me apresente. Sou Ivan Mihael, e está… — para de falar para criar um suspense na apresentação, porém seu espirito de fogo não aparece.

    O senhor estranha que o seu espírito não aparece, após a sua pausa e mentalmente pergunta para Áurea: ”Áurea? O quê está acontecendo? Você sempre gosta de entradas de suspense.” indaga, confuso.

    Então o espirito responde: ”Não posso sair agora… Essa garota… a mana dela… me assusta… ” responde.

    ”Garota? O quê?” termina sua conversa mental, ao olhar para Isabel com uma feição confusa, e por sua mão direita no queixo, que faz a garota se esconder atrás de sua mãe, com vergonha do homem.

    Ao notar a expressão curiosa que o curandeiro faz para Isabel, Evangeline fala: — Senhor Ivan, algum problema? Você parou de falar de repente e começou a encarar a Isabel. Não vai me dizer que você é um… Lolicon?

    — Quê? O quê? Eu não! Espera, o que é um Lolicon? — questiona, confuso com a declaração da jovem.

    A jovem encara o senhor com uma feição de análise, em seguida, retruca: — Nada não… Só não fique encarando ela que ficaremos entendidos — declara, com um sorriso maléfico no seu rosto, a fim de ameaçar o homem.

    Ivan se espanta com a ameaça da meio elfa, e para sair daquela situação tenta mudar de assunto: — É… então… Deixe que eu mostro onde está Karenn e aí…

    O homem é interrompido, após a ferreira rebater: — Obrigada pela hospitalidade senhor Ivan, mas deixe que a senhorita Evangeline nos mostre o lugar — declara, ao esboçar um sorriso maléfico em seu rosto, pois a mesma não gosto do jeito que o homem encarou sua filha.

    Um pouco decepcionado, o homem concorda: — Ah… ok… Deixo isso nas suas mãos Evangeline… — finaliza, ao  demonstrar desânimo, e andar em direção até  a sua cozinha.

    Evangeline leva as duas para o quarto, onde se encontra Karenn, que está desacordada. Anastácia, após observar o estado de sua amiga na cama, vai de encontro até ela e segura sua mão, em seguida volta seu olhar para a meio elfa, e pergunta.

    — Diga Senhorita Evangeline, o que aconteceu com ela? Me conte tudo que aconteceu ontem, logo após sua partida do vilarejo — diz, ao olhar fixamente para a meio elfa, esperando sua história.

    — Bem, o que aconteceu foi… 

    Então Evangeline contou tudo que aconteceu logo após sair da loja da Anastácia… 

    Ao cruzar com Trevor no caminho até o sul do vilarejo. Pegar uma carruagem com um cocheiro que lhe tentou passar a perna por ser uma “demônio”.

    Conta o que aconteceu após chegar na cidade, a dificuldade de encontrar sua irmã, e logo após encontrar, ser insultada dentro de uma estalagem e quase atacar os clientes do local.

    Explica que após a confusão na estalagem, ficou em baixo de uma tenda no meio da chuva, que Ivan a acolheu em sua casa, e curou sua irmã Karenn.

    Finaliza dizendo que por arrumar confusão, está sendo procurada pelos guardas da cidade, e não pode aparecer exposta em público, não até as coisas se acalmarem.

    — Nossa! Então foi isso que aconteceu na sua viagem para cá? Você teve que aguentar ser ofendida por esses babacas, e ainda está sendo procurada por se defender? — reclama, e continua sua fala.

    — Mas me responde uma coisa, senhoria Evangeline, a senhoria disse que destruiu a carruagem, e veio correndo até a cidade, certo? Mas, pelo que eu sei, a carruagem demora 10 horas daqui até o vilarejo. Como a senhorita chegou antes, apenas correndo? — questiona, ao cruzar seus braços.

    Sem escolhas e mais nada a perder, conta como ficou tão rápida: — Bem, se lembra quando eu fui caçar aquele taelho? Em resumo quando fui caçá-lo, no caminho tive que lutar com um, numa versão gremilim.

    — Quando eu o derrotei, acabei passando de nível, logo após isso eu me encontrei com uma dríade e…

    A meio elfa para por um momento, ao notar a expressão eufórica da sua amiga, que em seguida, diz: — O quê! Uma Dríade?! Você se encontrou com uma dríade!? — espanta-se, ao descobrir do envolvimento de sua amiga, com um espírito da floresta.

    — Sim… Algum problema com isso, Anastácia? — questiona, com um pouco de dúvida com a surpresa da moça.

    — Senhorita Evangeline, você não sabe o quão raro é encontrar uma dríade na floresta? Elas quase não se mostram para ninguém, exceto para os líderes de aldeias, para fazer os rituais de… — para sua fala, ao notar a expressão sem graça da meio elfa, que esboça um pequeno sorriso e vira seu rosto para o lado.

    — Não vai me dizer, que a senhorita fez esse ritual né? — indaga.

    — Bem… Eu meio que não tive escolhas e…

    Anastácia se aproxima da meio elfa, põe as suas duas mão no seu ombro, e com grande empolgação, fala: — Senhorita Evangeline, me conte tudo, tudo mesmo.

    O tempo se passa, e após as duas conversarem sobre tudo que aconteceu na floresta, em relação à dríade e ao miasma na entrada da masmorra, a meio elfa chama a atenção de Isabel e Anastácia, para revelar algo.

    — Olha, agora que vocês já sabem de tudo, tenho que contar mais uma coisa. Eu conversei com o senhor Ivan, e ele me disse sobre um colar lendário que cura qualquer doença — acentua a jovem, e continua sua fala.

    — Eu decidi ir atrás desse colar, desse modo poderei curar a Karenn, e fazê-la feliz novamente… como antes — finaliza, ao revelar seu plano para as suas amigas, que estão próximas à cama que Karenn está deitada.

    — (…)

    Ao saber do plano de sua amiga, a ferreira rebate: — Me desculpe pelo que eu vou dizer, mas, a senhorita não durará muito tempo em uma masmorra…

    Confusa com a insinuação de Anastácia, a jovem pergunta: — O que você está falando Anastácia? Eu não acabei de te contar, que eu recebi a bênção de Teldra e ganhei dois espíritos inferiores dela?

    — Então, por que você está dizendo, que eu não conseguiria durar dentro de uma masmorra? — questiona, um pouco frustrada, com a pouca fé que a ferreira tem sobre si.

    — Bem, então deixe eu refrescar a tua memória, senhorita Evangeline. Como você me contou, nas lutas com o taelho mutante e a lacraia na caverna, nessas duas vezes você acabou desmaiando após usar mana em excesso.

    — E eu não sei se você sabe, mas em masmorras a milhares de monstros que perambulam cada espaço e corredor visível. Se por algum momento você gastar sua mana e desmaiar no lugar, é muito provável que você morra, bem antes de concluir seu objetivo — explica Anastácia, ao apontar as falhas não vistas pela meio elfa.

    Zangada com a afirmação correta de sua amiga, Evangeline, reclama nos seus pensamentos: ”Droga Anastácia! você não sabe nada sobre mim, ou algo como entrar numa masmorra, com meu conhecimento do outro mundo, eu sei muito bem o que tem na masmorra, porém, você tem razão, eu não controlo muito bem minha mana, pois ainda não me acostumei com esse corpo, e não sei como posso melhorar isso.”

    Amice, a criada de Ivan, ao escutar a conversa das garotas, bate na porta e entra. Em seguida se pronuncia: — Com a licença das senhoritas, mas eu não deixei de escutar a vossa conversa, e eu acho que… Ah! Não! Deixe para lá, eu não deveria me intrometer nisso.

    Anastácia, ao perceber que a criada possui alguma solução, responde: — Deixe disso garota, não se sinta culpada, nós que estamos falando muito alto mesmo, então não ligue para isso. Não é mesmo, senhorita Evangeline? — indaga.

    — Isso! Relaxe, e diga o que você tem em mente — conclui, ao aceitar a fala de Amice.

    A criada se aproxima para mais próximo das três, e em seguida, continua: — B-Bem, como eu ia dizendo, acho que eu sei como solucionar o seu problema de controle de mana, senhorita Evangeline — esclarece, e continua.

    — O meu patrão, senhor Ivan, leciona aqui na cidade de Nakkie, na escola de magia. Com certeza ele poderá resolver esse problema — conclui, ao revelar sua ideia para ambas.

    Anastácia, ao ouvir a ideia de Amice, imagina: ”Hmm… A senhoria Evangeline, não consegue controlar direito a sua mana, e o senhor Ivan, por ser um curandeiro eficiente da cidade, talvez ele consiga mesmo ajudar com esse problema.”

    Na sala, Ivan e seu espírito de fogo Áurea sussurram um para o outro, o que o espírito havia notado ao sentir a presença de Isabel, porém são interrompidos, após notarem que, Amice, Anastácia, Evangeline e Isabel se aproximam de si, o que faz o espírito entrar novamente no núcleo do homem.

    Um pouco ainda envergonhado, com o que houve antes com a isabel, o homem se curva para Anastácia, e pede perdão pelo que aconteceu: — S-Senhorita Anastácia, me perdoe pelo mal-entendido com a sua filha, eu não estava a desejando, pelo contrário, o meu espírito notou algo irregular na mana dela, porém ainda não descobri o que é.

    Anastácia, um pouco culpada pelo que fez com o homem, que está cuidando de suas amigas, também se desculpa: — Ah! Senhor Ivan, quem deve pedir desculpa sou eu, que acabou levando a sério a brincadeira da senhorita Evangeline, eu sou muito mal-educada em tratá-lo mau em sua casa, então me perdoe — finaliza, também curvando a sua cabeça.

    Amice, a criada, se aproxima de Ivan, e lhe conta tudo o que escutou no quarto, e também a ideia que teve para ajudar a meio elfa. O homem a encara e acena com a cabeça, e diz.

    — Bem, como minha criada disse, eu leciono aqui na cidade, então sim, eu posso ajudar com o seu controle de mana, mas isso pode levar algum tempo — explica, de modo a chamar a atenção da meio elfa para si.

    Evangeline, acena com a cabeça, em seguida, diz: — Não se preocupe com o tempo senhor Ivan, pois eu decidi ir para a masmorra em uma semana, e nesse tempo aprenderei tudo o que o senhor me ensinar — anuncia, ao esboçar um sorriso e encará-lo com confiança em seu rosto.

    O homem confuso com a afirmação leviana da jovem, coça atrás de sua cabeça, pois não acreditou no que ela disse, porém ao olhar para Anastácia, muda sua postura, após escutar o que a ferreira diz.

    — Não se preocupe senhor Ivan, se a senhorita Evangeline disse que consegue em uma semana, é porque ela consegue. Ela é uma pessoa muito inteligente e forte, a mais forte que eu conheço — declara, e continua

    — Ontem na minha loja, ela acabou desenvolvendo um aparato que eu nunca vi na minha vida, tal objeto conseguia emitir um ar gélido em seu interior, sem vazar para fora. Nem imagino o que ela poderia fazer, se soubesse controlar e manusear totalmente o seu poder mágico — finaliza, ao deixar o homem surpreso com as habilidades de sua amiga.

    Sem muitas escolhas, o homem retruca: — Então… está bem, eu não lhe conheço muito, para decidir se você vai conseguir ou não nesse tempo, mas se você e sua amiga confia na suas habilidades, depositarei a minha fé em vocês também.

    — E em uma semana, você terá que aprender do básico até o meu nível, e nesse meio tempo também te ensinarei a curar, pois isso poderá ser útil para você na masmorra — conclui, ao concordar com os termos da jovem.

    Após a declaração do homem, Anastácia se vira, e fala: — Senhorita Evangeline, a roupa que você pegou emprestada de Karenn ficou toda rasgada na luta certo? — pergunta.

    — (…)

    — Sim… Por quê? — indaga a jovem, com um pouco de dúvida de onde a conversa vai se encaminhar.

    — Como assim por quê, senhorita Evangeline? Esqueceu? Eu sou uma ferreira! Deixe que eu faça a sua armadura, para você adentrar na masmorra. Eu Anastácia Lingothar, farei para a senhorita, a melhor armadura que poderei fazer — anuncia, com a sua mão apontada para o teto, de modo a intensificar a sua afirmação.

    — Wow! Isso é ótimo Anastácia, obrigada por isso — agradece, ao abaixar sua cabeça em forma de respeito.

    Após os três conversarem e almoçarem, momentos depois Anastácia e Isabel retornam para o vilarejo. momentos depois as visitas partirem, Ivan, agora professor de Evangeline, agarra seu ombro e diz: — Vamos minha aluna, o seu treino começa agora!

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