Índice de Capítulo

    Após os três conversarem e almoçarem, momentos depois Anastácia e Isabel retornam para o vilarejo e, das visitas partirem, Ivan, agora professor de Evangeline, agarra seu ombro e diz: — Vamos minha aluna, o seu treino começa agora!

    Com grande entusiasmo, ela responde em seguida: — Certo, vamos lá — declara enquanto o segue.


    Senhor Ivan e a meio-elfa, direcionam-se para a sala de estar. Após chegarem no local, o homem pronuncia: — Certo senhorita, peço que preste bem atenção no que farei, pois assim você terá liberdade de entrar e sair deste lugar sem dificuldade.

    ”Entrar e sair deste lugar? Do que ele está falando?” pensa a jovem, confusa com a declaração do homem.

    O curandeiro, Ivan, com os olhos fechados começa a concentrar uma densa aura em volta do corpo.

    A jovem, ao notar a pressão da mana irradiando o local, se impressiona, pois não esperava que o homem aparentasse ser forte, mesmo que soubesse de sua participação na guerra, tempos atrás.

    ”Incrível, que grande quantidade de mana! Bem acima do que imaginei. Ele deve ser proficiente em ocultá-lá! Desde que cheguei nesta casa, em nenhum momento consegui sentir tamanha dimensão.”

    Após ter se concentrado o suficiente, o curandeiro chama seu espirito em voz alta: — Áurea, apareça! Já não é mais hora de se esconder, vamos ir para aquele lugar! — exclama, a fim de evocar seu espirito para fora do seu núcleo.

    Áurea, por fim aparece. Porém começa a se desfragmentar ao entrar em contato com o senhor, e de repente uma pequena fenda no espaço na sua sala surge, o ar e a mana condensada que o homem emite começam a ser sugada para o buraco. No final, a fenda some e no mesmo lugar, um portal alaranjado aparece.

    Confusa e surpresa com a figura do portal, a jovem se aproxima de Ivan e pergunta, ainda incrédula com a cena: — S-Senhor, o que é isso que acabou de surgir?

    Finalmente o homem cessa sua mana, e o seu espirito de fogo surge novamente ao seu lado, após isso levanta seu olhar para a jovem e responde: — Ah… isso… é um… portal es-espiritual… — declara com certa dificuldade, pela mana usada em demasia.

    — Senhor Ivan, você está bem? Parece um pouco exausto por usar essa quantidade imensa de mana — pergunta a jovem, ao notar a voz pausada do senhor, que acabara de ajoelhar em sua frente.

    O homem se levanta, ao se apoiar em uma cadeira próxima, em seguida retruca: — Sim, estou bem… isso não foi nada de mais, apenas… se foque em entrar nessa sala — finaliza, enquanto abre o portal, pondo sua mão coberta de chamas na entrada, que a faz abrir em seguida.

    Evangeline e Ivan, se direcionam para dentro do portal. No local, a jovem se depara com uma grande sala, e nas suas paredes diversas runas que emitem mana por todo o local. 

    O local é fechado a 4 paredes, todas com diversas runas que brilham em cores como; azul, verde, vermelho, branco, dourado e preto, que alternam um após o outro. Não há janelas ou uma porta visível, somente alguns cajados, varinhas, estantes de livros e um grande quadro em um tripé.

    Após entrarem, o portal atrás de ambos se fecha, e o homem se pronuncia: — Certo, já que estamos aqui dentro, não preciso mais me preocupar com o gasto de mana excessivo — declara, enquanto começa a sugar uma quantidade significativa de mana, que as runas da parede expelem fazendo a meio-elfa impressionar-se novamente com as habilidades do curandeiro, que continua sua fala.

    — Evangeline, como você notou, eu canalizei e uni a minha mana com a de Áurea, e abri um portal para esta sala. Este portal se chama Passagem Espiritual, ocorre quando um espírito conecta ou deixa uma parte de sua mana em um espaço distinto — explica, ao finalizar de absorver a mana das runas.

    — Hmm… Deixa eu ver se eu entendi, você está me dizendo que seu espírito deixou nesta sala uma parte de sua mana, e, já que os espíritos elementais são feitos de mana, significa que ela deixou uma parte dela para trás — frisa, e continua.

    — Logo, a união de mana que você faz com ela, ao juntar as suas manas, é um meio de localizar esta parte e criar uma passagem até este local. Certo? — indaga, de modo a notar surpresa na feição do homem.

    Impressionado com a dedução da jovem, o homem a responde com um sorriso meio animado: — Nossa! Não é atoa que a sua amiga lhe chama de gênio, você simplesmente analisou e supôs corretamente o que aconteceu, isso apenas com uma pequena informação que dei.

    A meio-elfa se anima após descobrir que sua dedução está correta, porém ainda impressionada com a habilidade de absorver mana, indaga: — Mas senhor Ivan, o que é isso que você usou para absorver a mana do local?

    — (…)

    — Ah! Então você notou? Isso é uma habilidade de absorver mana, é usada em lutas por magos de batalha, mas só é possível usar caso o mago controle totalmente sua mana — esclarece, e continua.

    — Mas o que me surpreende, é você ter enxergado a minha aura de mana. Por acaso você já conseguia ver antes de entrar aqui? — questiona, confuso com a capacidade da jovem.

    ”Então realmente são auras! Isso é o mesmo tipo de coisa que eu vi naqueles soldados, será que eu devo contar para ele? Bom, não é como se isso fosse um “segredo de estado”.” pensa a jovem.

    — Bem, eu havia visto nos soldados que visitaram o vilarejo outro dia, mas o que me chamou mais atenção foi a cor de um deles, que era bem escura e esfumaçada — responde ao por sua mão esquerda no seu queixo, e lembrar da cena do dia em sua mente.

    — (…)

    ”Hmm… Então ela consegue notar cores nas auras? Nem mesmo eu consigo ver isso. Lembro que li isso em algum lugar, mas não consigo lembrar aonde.” pensa o curandeiro, curioso com a descrição da garota.

    — Aura escura, você diz? Bem, eu não sei o que dizer em relação a isso, pois eu não consigo distinguir cor de aura de cada mago. Tudo que posso supor é que seja a cor de seu atributo mágico, ou de seu espírito.

    ”Curioso, até mesmo Ivan que é um professor aqui de Nakkie, não consegue ver a cor das auras. Ainda não sei o que é, talvez seja porque eu não sou desse mundo, quero dizer, a minha alma no caso, ou seja outro motivo… ”

    — Então senho Ivan, quero dizer Professor, vamos ficar de papo furado ou vamos me treinar? — pergunta a meio-elfa, de modo a por as suas mãos na cintura e esboçar um longo sorriso em sua face.

    Retirado de sua linha de pensamentos com a voz alta da jovem, o homem gagueja e concorda: — Ce-Certo! Vamos começar!

    Ivan se aproxima de um quadro em cima de um tripé, e nele começa a desenhar hieróglifos1 que significam o aspecto físico dos atributos elementais. Enquanto desenha em seu quadro, complementa com uma explicação.

    — Bem, como você provavelmente sabe, existe 6 atributos mágicos nesse mundo. Água, ar, fogo, terra, luz e sombra. Cada raça pode possuir 3 desses atributos, porém o que não é dito é que, raças mistas como a sua, pode possuir de 4 a 6 atributos, dependendo de qual raça você é mestiça — explica, e continua.

    — Magos nascentes com mais de 1 atributo mágico, na maioria das vezes se tornará um divergente, pois ao combinar 2 ou mais atributos, se criará uma magia nova. E suas capacidades de criação são infinitas, dependendo apenas da imaginação e utilização do mago em si — conclui a sua explicação, e volta a sua atenção para a jovem atrás de si.

    Surpresa com mais informações sobre os atributos, pergunta: — Bem, eu já sabia que cada raça nascia com 3 atributos, e que magos com mais de um atributo poderia se tornar um divergente, porém o que me surpreende é a informação de que eu poderia ter mais de 3 atributos — constata, ao notar surpresa na face do homem.

    — Es-Espera aí! Você está dizendo que possui 3 atributos mágicos? O que eu soube é que tinha a água e o ar, então seu terceiro é a luz, certo? — questiona, a fim de saber mais sobre a jovem.

    — Na verdade não, o meu terceiro é o fogo, e até agora eu não senti nada além desses 3 atributos em mim, eu até tentei realizar uma técnica de encontrar meu atributo, igual eu fiz com a Isabel, porém, só encontro os que já possuo — esclarece.

    Um pouco desanimado, o homem fala: — A que pena, achei que você possuía esse atributo por ser metade elfo. Eu sempre quis trabalhar com esse atributo, já que o mesmo possui uma das melhores curas possíveis…

    Evangeline se aproxima do homem de forma eufórica, e questiona: — Uma das melhores curas? Quer dizer que esse atributo pode ajudar na cura de Karenn?

    — Bem… eu não sei direito, pois como eu disse, eu sempre quis trabalhar com esse atributo, porém o tratado entre elfos e humanos, não permite contato entre si…

    — (…)

    — Mas voltando aos conceitos, peço que se sente, pois explicarei agora  tudo que aprendi em Soffione, a capital mágica — alerta, de modo a retornar o foco de sua aula com a garota. 

    — Você sabe tanto quanto eu sobre os atributos e os espíritos mágicos, porém eu lhe pergunto, o que seria mana, a energia que temos nos nossos núcleos? — fala, enquanto puxa uma cadeira e se senta próximo do quadro.

    — Bem, a mana seria algo como um poder, que se usa para curar e lançar magias, certo? — ironiza a meio-elfa, a fim de saber mais sobre a mana deste mundo.

    — (…)

    — Então… a senhorita não está totalmente errada, porém também não está certa. A mana não pode só ser classificada como uma fonte de poder — informa, e continua a sua fala, a fim de ajudar na dúvida da garota.

    — A mana é a força vital de todos os seres, porém não é como uma fonte espiritual igual ao dos espíritos elementais, ou dríades, mas algo como uma energia viva que carregamos em nós.

    — E com o treinamento constante, se pode manusear essa “energia viva”, a fim de utilizá-la para, como você disse, curar e lançar feitiços — explica, um pouco animado com a sua aula.

    ”Bem como eu esperava, o conceito de mana desse mundo é o completo oposto do Sephyra, já que ela é criada pelos jogadores e não uma parte de cada um.”

    — Hmm… Então, o senhor diz que, todos que tem mana até mesmo animais e monstros, podem utilizá-las? — indaga a jovem, ao dirigir a sua dúvida para o senhor a sua frente.

    Ivan puxa sua cadeira, e a leva para frente de Evangeline, e diz: — Todo ser vivo possui mana. Não direi que animais ou monstros podem manejá-la como nós, porém isso é apenas casos raros.

    — Você já teve uma experiência de lutar com 2 monstros, algum deles arremessou uma bola de fogo ou cortes de vento? — ironiza, de modo a esboçar um sorriso.

    — (…)

    1. Hieroglifo é um extinto modelo de escrita pictográfica, utilizado principalmente pela antiga sociedade egípcia e por alguns grupos indígenas americanos, como os maias e os astecas.[]

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