Capítulo 27 ❃ A revolta de Áurea.

Empolgada com a notícia de que irá começar o seu treino prático, a jovem senta apressadamente na almofada que está de frente a Ivan. Em seguida, o homem fala.
— Bom, como você sabe, cada atributo pode usar a magia de cura, porém com as suas limitações. No meu caso, por eu ser do atributo fogo, sou auxiliado pelo meu espírito elemental Áurea, que me empresta metade do seu poder — explica, com uma bola de fogo criada na palma da mão e mudar sua coloração para uma chama branca.
— Evangeline, você disse que possui 2 espíritos elementais, água e fogo. Porém, por serem espíritos inferiores, eles não possuem um corpo físico, mas isso não os impede de emprestar seus poderes.
— Então, te pergunto, alguma vez você já conseguiu criar algo com uma dessas magias? — questiona, esperando ouvir uma resposta apropriada.
— Bem, depois que consegui meus espíritos da Teldra, ganhei 2 feitiços novos, o Manto de chamas e o Corte de Água. Esses dois feitiços eu não consegueria usar sem a posse dos espíritos, antes eu não possuía um domínio sobre esses atributos — informa a jovem.
— Hmm… compreendo… Então parece que você não controlava muito bem seus outros 2 atributos, e com a adição dos espíritos começou a controlá-los totalmente, certo?
— Sim! Isso mesmo — concordar, com a suposição que o homem faz.
— Então… me parece que você não precisa aprender como retirar o poder dos seus espíritos. Pois, pelo que me parece, eles já estão dando o poder deles — afirma com certa exatidão.
Surpresa com a declaração de Ivan, ela pergunta logo em seguida com os braços cruzados.: — Como assim, já estão me dando seus poderes?
O homem cessa a bola de fogo de sua mão, e começa a sua explicação, sobre o que acaba de teorizar da situação de sua aluna.
— Bem, vamos fazer desse modo… Você disse que antes não controlava totalmente seu atributo, e depois começou a fazer isso quando recebeu seus dois espíritos — ressalta, ao ver que a jovem acena com a cabeça, concordando com a afirmação.
— Então, é como se o seu domínio fosse apenas de 60% para seus atributos de fogo e água, enquanto seu atributo de ar estivesse sempre no 100%. Após adquirir os espíritos, essa lacuna de 40% se preencheu com as suas essências, lhe dando a possibilidade de usar todo o potencial dos seus atributos.
— Porém, o que sobra são 60% da mana do espírito, sendo essa porcentagem equivalente ao poder que você deveria pegar emprestado, isso se eles estivessem com esse poder trancado — finaliza seu entendimento, a fim de explicar o que entendeu da situação da jovem.
— (…)
— Então… você tá me dizendo que… os meus “60%” se uniu com os “100%” dos meus espíritos? E esses 60% que sobraram eles não trancaram. Pois estão liberando todo o seu poder para mim. Então isso significa que posso usar o resto dos poderes deles? — questiona, confusa por ficar falando de diversos números e porcentagens um atrás do outro.
O curandeiro cruza seus braços e olha para cima, um pouco confuso com a sua explicação enrolada, fala: — Bem…
Áurea, o Espirito de fogo surge ao lado de Ivan, e com fumaças saindo de seus ouvidos, começa a gritar: — AH!! Para com esses trecos de números! Mesmo dentro do seu núcleo eu consigo escutar tudo!
— Olha garota demônio, o que esse velho lerdo aqui tá tentando dizer é que nós espíritos quando não temos corpos físicos, e nos unimos a um mago, passamos todo o poder que temos para ele, pois é como se o corpo do mago fosse o nosso próprio. Entendeu? — termina a explicação, revoltada com a enrolação das falas de seu contratante.
— Ah! Então não preciso pedir emprestado o poder, pois ele já está em mim, logo eu já posso usar as magias de cura, mas como? — questiona, ao voltar sua visão para o espírito que flutua ao lado do homem.
Ainda chateada com a confusão, cruza os seus braços, empina seu nariz, e responde.
— Hum! Curar não é algo difícil, você só precisa depositar a sua mana espiritual no local, enquanto imagina a doença se curando, mas não é algo fácil como apenas querer, você precisa ter em mente os estágios de um modo a outro — finaliza, pondo um fim no assunto da magia de cura.
— Entendi, muito obrigada Áurea, você é uma ótima professora — A jovem curva sua cabeça e agradece, enquanto o espirito de fogo cora com vergonha da jovem.
— Be-Be-Bem, de nada! Mas eu não vim aqui para te ensinar — insinua, ao chamar atenção de Ivan, que fala imediatamente.
— O que quer dizer com isso Áurea?
— Hum! Esqueci que vocês mortais são lerdos para essas coisas. Não sei se perceberam, mas vocês ficaram mais de 12 horas aqui dentro, e já são 11 horas da noite! Se vocês não saírem daqui, eu mesmo chuto vocês para fora! Seus malucos fissurados em magia! — reclama, de modo a chamar a atenção dos dois, pois estavam tão focados no treino que esqueceram do tempo.
Surpreso por ficar várias horas conversando e lecionando com a jovem, o homem se levanta abruptamente de onde está sentado, e com as suas mãos na cabeça, exclama: — Meus deuses! Como o tempo passou tão rápido! A Amice deve estar maluca me procurando por toda a casa.
— Não se preocupe com isso, ela é jovem, no máximo vai fazer uma festa na sua casa — retruca Áurea, com um tom irônico, que faz até mesmo Evangeline rir, já que ela havia entendido.
Confuso com a resposta de seu espírito, indaga: — O que quer dizer com “fazer uma festa na minha casa”? Ah, quer saber? Deixe pra lá. Evangeline, vamos sair, você precisa jantar assim como eu.
Ainda sentada na poltrona, ela responde: — Com a sua licença senhor Ivan, mas eu pretendo ficar e treinar a magia de cura. Eu já consigo ter uma ideia de como realizar isso, então ficarei aqui.
— Ah! E não se preocupe com a minha alimentação, será como um… teste de mentalidade — finaliza, enquanto misteriosamente seu estomago começa a roncar.
O homem, após ouvir o som alto que a barriga da jovem faz, pergunta: — É… Você tem certeza disso?
Envergonhada e com suas orelhas pontudas abaixadas, abaixa sua cabeça e responde: — Si-Sim! E-Eu tenho certeza…
”Droga, droga, droga! Porque tinha que roncar logo agora! Maldição, isso estragou a minha pose toda de “maga suprema de nazaruck”… ” pensa a jovem, apertando sua barriga com o seus braços, para não sair mais nenhum barulho.
Ivan, ao notar a determinação e situação engraçada que a meio elfa gerou, apenas aceita o seu desejo, e sai da sala junto a seu espírito, que mostra sua língua esboçando uma careta.
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