Índice de Capítulo

    Concluído a sua revisão com Evangeline, os olhos de Ivan retornam para Áurea, que percebe a evolução do espírito para um novo nível.

    — Áurea, você evoluiu! Finalmente, agora você se tornou um Espírito Alto — exclama com empolgação, deixando-a envergonhado pela exaltação.


    — Espírito Alto? Como assim ela virou um Espírito Alto? O que é isso?  — questiona Evangeline, confusa com a nomeação que ouviu.

    — Ah! Então você não sabe como funciona a evolução dos espíritos? Bom, cada espírito possui uma fase, ou rank, nomeados de acordo com a quantidade de mana que possuem. Existem 4 estágios para cada evolução. 

    — No seu caso, você possui 2 espíritos no rank inferior. Espíritos que estão nesse estágio ainda não possuem corpos, porém, isso não os impede de realizar um contrato com um mago. A maioria dos magos curadores possuem espíritos inferiores consigo, e outros usam o próximo rank, o Espírito Grande — explica, e continua.

    — Áurea encontrava-se no rank Grande. Espíritos neste estágio possuem corpos físicos, porém com características do estado anterior ressaltadas, como por exemplo a cor do brilho de suas manas transparecendo na pele. Além de possuírem estaturas menores.

    — O próximo é o mais peculiar, um estágio no qual Áurea está no momento, o estágio de Espírito Alto. Neste estágio, os espíritos não mudam a sua aparência ou personalidade, entretanto a sua mana aumenta exponencialmente. Os espíritos altos são raros de serem encontrados, e mais raros ainda de submeterem-se em um contrato de mago — prossegue com a explicação, sem perder a linha de raciocínio.

    — E, falando de raridade, encontra-se um que é mais difícil de se encontrar. Espíritos do estágio superior, todos os espíritos nesse estágio são altamente independentes, mesmo que os outros estágios se adéquem a independência de si, por outro lado, os superiores geralmente não realizam contratos com magos, preferindo viver suas vidas isolados ou com outros espíritos.

    — Outros espíritos superiores que não são elementais são as Dríades, que quase não aparecem para ninguém, mas no seu caso foi algo bem raro — finaliza sua explicação, a fim de retirar a dúvida da meio elfa.

    A jovem direciona sua mão para o queixo e se questiona mentalmente: ”Hmmm, então os espíritos podem evoluir do mesmo modo que nós evoluímos os ranks, isso quer dizer que os meus também podem evoluir e ganhar corpos… ”

    — Entendi agora, obrigada por explicar, senhor Ivan — agradece.

    — Não seja por isso, afinal você é minha aluna — declara.

    Aproximando-se da meio-elfa, Áurea, agora com uma expressão seria e uma forte aura, comenta: — Agora que você revisou passo a passo o que fez antes, está na hora de começar a praticar a absorção da mana da atmosfera.

    — Vo-você tem certeza disso? Eu meio que destruí a sala antes, caso eu me descontrole novamente, eu…

    — Não vai acontecer de novo. Eu restruturei toda a sala por conta do seu “descontrole”. Adicionei algumas gemas de manas nas paredes para se regenerarem toda vez que forem atingidas, e apliquei um piso no chão capaz de absorver excesso de mana, ou seja, aquilo não acontecerá de novo.

    — E mesmo que a volte acontecer, Ivan estará aqui para colocar você para dormir de novo, ou seja, relaxe — aponta, de modo a acalmar a meio elfa.

    — Certo… Então… por onde eu começo? Como eu realizo essa técnica?

    — Tenha calma e preste bastante atenção. O processo de absorção de mana pode ser bastante complicado e perigoso. Qualquer descuido pode afetar diretamente na geração de mana do mago — alerta, ao esboçar uma expressão seria.

    — Ok-Okay… — Evangeline começa a entender os riscos dessa técnica, porém ainda desconhece as falhas que nela abrigam.

    — Agora que você já consegue unir e fundir sua mana com a mana espiritual, talvez consiga sentir algo diferente ao ativar sua Pele de Mana novamente. Tente fazer isso.

    Evangeline, fecha seus olhos e se concentra, a fim de reativar sua habilidade. Alguns segundos se passam e a mana começa a envolver o seu corpo. Após a ativação da técnica, a jovem sente algo totalmente diferente de antes.

    Sua pele começa a formigar, uma sensação de um vento forte e constante que a toca a deixa inquieta. Ao abrir os olhos, percebe que toda a mana na atmosfera está visível à sua frente, diferente de poucos minutos atrás, quando tinha que guiar e concentrar a mana em seus olhos. Entretanto, com a habilidade agora atividade, consegue enxergar sem grandes esforços.

    Áurea, aproxima-se da jovem a fim de chamar a sua atenção para a seguinte pergunta: — Então, você agora consegue ver, não é?

    — Sim… eu consigo enxergar a mana claramente agora, além disso, sinto ela revestir minha pele de um jeito que posso sentir até no fundo dos meus ossos.

    — Esse é o caminho certo, porém não desfoque sua atenção dessa sensação, pois agora você ativará a técnica de absorção de mana — declara.

    — …

    — Feche seus olhos e respire bem fundo, encha completamente seus pulmões de ar, faça do mesmo modo como se fosse mergulhar em um imenso e fundo lago. Agora imagine que em sua frente há este lago, e com sua respiração presa, se imagine mergulhando nele — guia.

    Com imensa concentração, a jovem começa a ser guiada pela orientação do espírito. Em seus pensamentos, uma imagem é construída de um belo e vasto lago com proporções inalcançáveis, tão denso e profundo quanto o seu interior, não sendo possível enxergar o seu fundo. Imaginando-se em sua extensa borda, ela se joga dentro dele, deixando que todo o peso em seu corpo e a gravidade a guiem para o fundo.

    Áurea, por fim, senta-se na cabeça da meio elfa novamente, e, pondo a sua mão na cabeça da jovem, continua: — Agora no lago, tente sentir a água na sua pele, a pressão em seu peito, e a sensação das ondas chocando-se no seu cabelo. Todas essas sensações precisam ser sentidas na atmosfera, pois são essenciais para absorver a mana natural — explica.

    Na mente da jovem, ela sente uma movimentação ao seu lado. Ao abrir seus olhos e visualizar um enorme peixe, que a assusta e a faz perder a concentração de sua respiração. Confusa sobre o que aconteceu, o espírito pergunta: — Qual é o problema? O que aconteceu? 

    Espantada com o que acabara de ver, a imagem do peixe enorme retorna novamente em sua mente. Similar a uma imensa baleia cinza, com enormes olhos amarelos e profundos, possuindo uma extensa boca com enormes presas laterais à vista. Tal projeção faz a meio-elfa ficar paralisada por alguns minutos, até que leva um belo tapa na testa.

    — Aii!! — solta um pequeno grito.

    — Vamos garota, me explique. O que foi esse susto? Um minuto você está totalmente calma e no outro se assusta — indaga Áurea.

    — Não sei direito, talvez eu tenha me empolgado em imaginar o lago, mas por um momento eu enxerguei um grande peixe nadando no fundo… — esclarece.

    — Um peixe é? Bom, fique tranquila, pois afinal isso é um treinamento de controle e absorção de mana. Geralmente a mana adota uma forma diferente para cada um, e no seu caso se formou como um enorme peixe.

    — Espera! Você não disse nada sobre isso antes! Eu tomei um susto, caramba! — exclama a jovem.

    — Mas me explique, por que a mana adota uma forma para cada mago? — questiona.

    Quando escuta a indagação da meio-elfa, Ivan aproxima-se dela e senta por perto, pondo-se a responder imediatamente o questionamento: — Veja bem, o mago não necessariamente absorve a mana, ele a toma para si. Essas formas que a mana adota é um meio de defesa. No meu caso não foi um peixe, mas sim uma enguia gigante.

    — Para cada mago há um desafio, e o vencedor desse desafio recebe a mana do perdedor, ou seja, você precisa vencer esse peixe que você viu em sua mente, para que você consiga absorver sua mana, mas para isso necessita de multa cautela — alerta.

    — Como assim cautela? — pergunta, confusa com o alerta do homem.

    — Caso você perca esse embate, ele tomara a sua mana de si, e isso pode ocasionar em algo pior do que o desgaste de mana — finaliza, com uma expressão séria em seu rosto, que coloca um pouco de medo na meio-elfa.

    ”Então, eu preciso passar por um desafio para eu conseguir acessar e absorver a mana da atmosfera, mas aquele peixe… é enorme… ” pensa, com medo pelo que pode acontecer caso perca no embate.

    Áurea se ajoelha na cabeça da meio elfa, e direciona sua face para os olhos da mesma: — Como eu disse antes, absorver mana não é algo fácil, até agora você passou pelos processos de acessar a mana espiritual, de unir às duas manas, e fundi-las. Então, não se preocupe, caso ocorra algo de errado, eu puxo você de volta — declara, a fim de deixar a jovem um pouco mais aliviada.

    — Cer-Certo… deixa eu tentar — declara, ao reativar sua pele de mana, e se concentrar em criar novamente o cenário de antes em sua mente.

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