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    No mundo mental, um pouco antes da confusão provocada pelo aviso de Amice. Evangeline, encontra-se no centro do grande lago desferindo pequenos ataques contra o seu desafiante. 

    Fadigada por lutar incansavelmente durante os três dias do seu teste, sem ter tempo para descansar, carrega um ataque de pressão direcionado ao seu alvo. A pressão gerada pelo ataque empurra o peixe para bem longe de onde está, a deixando sozinha por um breve momento.

    A descarga de mana que fizera, a faz hiperventilar:

    — Arhh! Arhh…

    Notando que ganhara um pouco de tempo, distancia-se do local com um pequeno impulso de ar, com o objetivo de descansar um pouco:

    — Tsc! Já faz um… tempo que estou… lutando com esse bicho… aqui dentro… Não sei… quanto tempo se… passou lá fora…

    A meio-elfa inspira intensamente guiando muito ar para seus pulmões, e em seguida, os libera. Seu objetivo é tomar o máximo de folego possível, antes que a criatura retorne.

    — Durante esse tempo, poucas vezes senti pequenos toquem em mim, na minha pele e cabelo. E outras vezes, ouvi som de vozes e pequenas discussões… Com certeza deve ser Áurea, repreendendo o senhor Ivan…

    Evangeline esboça um leve sorriso em seu rosto, porém seu momento de recordação é interrompido abruptamente pelo seu desafiante.

    A silhueta do animal marinho surge a alguns metros da jovem, e visualiza que a mesma está distraída conversando sozinha. Ao notar uma brecha para um possível ataque surpresa, ele cria uma espécie de chifre de unicórnio em sua cabeça, o deixando similar a um narval de pequeno porte.

    Com uma grande velocidade de nado, a criatura avança rapidamente contra Evangeline. Estando bem próximo do seu alvo, chama a sua atenção, com o objetivo de assustá-la com seu ataque imediato. 

    — Aviso: Nunca se abre a guarda durante um combate!

    Contudo, é surpreendido com a esquiva impecável da jovem, que nem mesmo se vira para o olhá-lo e desvia do seu ataque, o fazendo passar direto por ela.

    — Indignação: Pensei que desta vez eu a acertaria de surpresa…

    — “Indignação”, ”Aviso”, ”Indagação”, mas que droga de jeito de falar é esse afinal?

    — Confusão: huh?

    — Afe… Olha, as suas investidas já estão bem repetitivas, além disso, ficaram muito mais previsíveis depois que você começou a diminuir…

    — Frustração: Como ousa! 

    — Huh?

    Durante esses três dias de puro embate, tanto a Evangeline, quanto a grande criatura marinha sofreram diversos danos.

    A cada dano que a criatura disferia nela, absorvia parte de sua mana, porém quando a meio-elfa assim fazia, tornava-se visível diversas feridas no peixe. Para que isso não o prejudicasse durante a luta, ele se regenerou com a sua própria mana, diminuindo o seu tamanho no processo.

    Atualmente, o que antes era uma enorme baleia, encontra-se bem perto de um tubarão-branco.

    — Veja bem, isso não foi uma ofensa. Eu só estou bastante cansada de ficar lutando aqui nesse lugar onde eu não sei como o tempo funciona.

    No espaço mental criado pelo desafio, o tempo fica relativamente mais lento comparado com o mundo de fora. Enquanto no lado de fora se passa 1 dia, nesse espaço é por volta de uma semana. Durante esses dias, em sua concepção, passaram-se semanas, que a fez ficar mais frustrada com a própria incapacidade.

    A criatura marinha esboça um pequeno sorriso, como se concluísse algo em sua mente, em seguida, nada em círculos em volta da jovem, a visualizando por inteiro.

    — Indagação: O que te motiva, criança? O que te trouxe aqui?

    O grande peixe, que não é tão grande como antes, direciona sua pergunta para a jovem, com o objetivo de saber mais sobre ela. A pergunta em si não possui nenhuma intenção maliciosa, porém, por estar totalmente exausta física e mentalmente por conta do desafio, descontrola-se com a pergunta.

    — Do que está falando? Por que estou aqui? Por que eu vim para cá? Não é obvio? Eu vim salvá-la. Então, não se ache o…

    Interrompendo a revolta da meio-elfa, o grande peixe a golpeia em uma velocidade não vista por ela. Tal movimento a deixa totalmente surpresa e ofegante. Em seguida, ele refaz a sua pergunta:

    — Indagação: O que te motiva, criança? O que te trouxe aqui?

    — Droga! De novo essa pergunta? Eu já respondi! Eu vim…

    Novamente, com outro golpe em uma alta velocidade, agora direcionada em sua cabeça, o grande peixe a golpeia, a empurrando para o fundo do enorme lago.

    Confusa com a enorme velocidade que não consegue acompanhar, em pensamentos declara:

    ”Mas que merda! Que velocidade é essa? Será que ele ficou mais rápido depois que ficou menor? Não, não… isso não faz sentido. Até pouco tempo atrás, ele estava na mesma velocidade, e em nenhum momento mudou o jeito de atacar. Todo a vez que investia, ele vinha com o mesmo ataque repetidas vezes, até que ficou fácil de desviar. Será que essa coisa mudou seu jeito de atacar depois que eu apontei seu erro? ”

    ”E essa pergunta? O que ela quer dizer?”

    Enquanto martela diversas vezes a pergunta que o seu desafiante a fez, a fim de entender a real intenção dela, o grande peixe aproxima-se novamente dela, e de novo refaz a sua pergunta.

    — Indagação: O que te motiva, criança? O que te trouxe aqui?

    ‘’Droga, de novo isso! Se eu disser a mesma coisa, ele vai me acertar… ’’

    Receosa por ser golpeada novamente em uma velocidade que não consegue acompanhar, Evangeline, cruza os seus braços frente ao corpo, com o intuito de se proteger de um ataque futuro, e em seguida, realiza a resposta:

    — Meu objetivo e ter força para me vingar…

    Assustada com um possível ataque surpresa, reforça a sua defesa com mana, e fecha os seus olhos por reflexo, porém o ataque não chega. Por um momento, Evangeline, se pergunta se um ícone gigante de ponto de interrogação aparecera sobre sua cabeça, pois aparenta está bastante confusa, visto que o ataque do peixe não a acertou novamente.

    Abrindo os seus olhos vagarosamente, o observa totalmente estático em sua frente. Algo havia mudado. A sede de sangue que antes cobria todo o local, é cessada após a sua resposta. Ainda em dúvida do que acontecera, Evangeline, repete a sua resposta e retoma novamente para a sua defesa.

    — E-Eu disse que quero ser forte para me vingar! E se, e se eu não conseguir curá-la? A única coisa que vai me restar é a vingança!

    Porém nada acontece.

    Logo depois da resposta da jovem, o peixe novamente esboça um leve sorriso e realoca-se para a superfície do lago em uma velocidade bem maior do que havia atacado antes. A criatura nadara tão rápido que a olho nu seria algo como um teleporte. A meio-elfa nota que o seu desafiante começa a nadar para cima, e o segue logo atrás com pequenos impulsos de pressão de ar.

    Na superfície do lago, Evangeline, encara seu desafiante e questiona o porquê dos ataques após as respostas que deu:

    — O que foi aquilo? O que foi aquela velocidade? Por que me atacou daquele jeito diferente de antes?

    — Esclarecimento: A dúvida que você carrega em suas ações a deixou mais lenta…

    — Dúvida? Do que você está falando?

    Ignorando por um breve momento a indagação da jovem, o peixe, dirige-se para as margem do lago. Evangeline, confusa de como a criatura iria se locomover fora d’água, tenta o questioná-lo sobre isso, no entanto, é surpreendida com um brilho, seguido de pequenas modulações no corpo dele.

    Ele começa a mudar de forma.

    Sua altura e formato começam a comprimir e esticar. Uma silhueta humanoide surge em meio a luz que emite dele. Pequenos braços e pernas mostram-se na criatura. Com uma figura parcialmente concluída, ele começa a caminhar pelo solo gramado do local, dirigindo-se para próximo das árvores.

    Notando que agora à figura pode caminhar livremente pela terra, assumi que seria um meio de escapar de sua pergunta, então, Evangeline, com um forte impulso de ar, joga-se para fora da água, e aterriza no solo a frente da silhueta. No entanto, ao observar a face dele…

    — Vo-Você, como você conhece esse… corpo…

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