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    Como um cântico de salvação em meio ao caos, a obstinada voz da meio-elfa ecoa por toda a sala. Áurea, que está quase perdendo suas forças, olha subsequentemente para a jovem, e um raio de esperança surge para ela. Ivan, por sua vez, ao perceber que sua aluna despertou, cessa seus passos e a encara de longe com uma grande alívio.

    O pânico gerado por Áurea, ao saber que seu amigo Ivan, iria sacrificar-se some. Um turbilhão de coisas para falar surge em sua mente, ao se deparar com a cena da meio-elfa acordada e sentada a sua frente, no entanto, uma sensação de alívio a toma, e a única frase que pensa é:

    “Graças aos deuses! Agora que ela despertou, poderá convencer Ivan, a abandonar essa ideia estupida…”

    Evangeline, após recobrar a consciência, realoca sua mão para a sua cabeça, pois por um breve momento sente uma pequena enxaqueca, causado pelo excesso de tempo que ficou no espaço mental e a inatividade no seu corpo físico.

    — Tsc! Mas que dor é essa?

    A jovem concentra-se e respira profundamente. Nesse breve tempo, observa que a sala está totalmente diferente de quando começou o seu teste mental. Dando uma boa olhada por todo o local, nota alguns móveis cuidadosamente postos próximo onde ela está e, de repente, uma sensação de agrado surge em si.

    Um leve sorriso mostra-se sorrateiramente em seu rosto, após perceber que seus professores, que ela tanto confiou seu corpo, estavam a todo o momento cuidando dela:

    ”Então aqueles toques que eu senti, eram eles o tempo todo… ”

    O carinho que sente por Áurea e Ivan, é interrompido ao perceber que Amice está desacordada em um dos assentos, esse fato a enche de dúvida, que a faz olhar para os rostos deles, em busca de alguma resposta, todavia, o que encontra são expressões desanimadas e de espanto

    ”O que será que está acontecendo?”

    A jovem questiona-se. “O que poderia deixá-los tão preocupados assim?”, “O que será que houve enquanto estive parcialmente fora?”. Evangeline, começa a apalpar todo o seu corpo, em busca de encontrar alguma coisa errada, porém não há nada que é referente a seu corpo que está os deixando daquele jeito.

    Em um ato rápido, ela levanta-se do chão, no entanto, uma sensação de tontura a toma, que a faz cambalear por um breve momento. Ivan, ao notar que a sua aluna ainda não está pronta para andar, dirige-se para a sua posição e a segura fortemente em seus braços. Contudo, o seu apego não é apenas para não deixá-la cair, mas sim para abraçá-la.

    Até o exato momento, tanto Ivan quanto o seu espírito, estavam preocupados com Evangeline durante o seu teste. Em suas cabeças tudo poderia dar errado. O fato de Áurea não ter dado a real visão para a jovem antes dela adentrar no desafio, corroeu muito as mentes deles. Porém, mesmo que isso abalasse um pouco o seus psicológicos, fizeram de tudo para não chamar a atenção de Amice e preocupá-la no processo.

    Evangeline, ao recobrar um pouco suas forças após a sua tontura momentânea, percebe que Ivan, que a segurou de cair no chão, começa a circular seus braços em torno dela e a apertar no processo.

    Como um ato de reflexo em sua mente, imagina-se empurrando o homem para bem longe, contudo, lembra-se das expressões deles e conclui que esse aperto não é um ato de perversão, mas sim:

    “Esse é um abraço de preocupação…” 

    Em sua mente, tenta desesperadamente juntar as peças para tentar entender o que está acontecendo, de todo modo, foi em vão. Mesmo que ela ficasse horas e horas a finco tentando bolar alguma teoria que explicasse àquela situação, não resolveria nada, pois para ela não se tratava mais de seu teste, mas de outra coisa.

    Depois de poucos minutos que tentava entender o que aconteceu antes do seu despertamento, Evangeline, chama a atenção do curandeiro:

    — E-É… s-senhor Ivan, es-está tudo b-bem?

    Durante todo esse tempo, Ivan, não notou o que está fazendo. A massa de informações que recebeu de sua criada, além de experimentar fortes sentimentos, um atrás do outro, o fez agir por puro extinto. Logo após perceber que está violando o espaço de sua aluna, o homem afasta-se dela e se desculpa imediatamente:

    — M-Me desculpe p-por isso E-Evangeline… Veja bem, e-e-eu p-posso explicar, eu só…

    — Ivan, seu tarado! Deixa-a em paz!

    Áurea finalmente começa a falar. O breve momento que percebera que Evangeline havia retornado bem em cima da hora, a deixou estática por alguns minutos.

    Um sorriso descontraído mostra-se na meio-elfa, e, em sua mente, ela declara:

    ”Eu senti falta disso… ”

    Porém, isso não era o momento certo para relembrar os velhos hábitos, mas sim, entender o que estava acontecendo. Tudo que ela se lembra e a súplica que Áurea fez durante sua passagem pelo corredor. Porém, se ela tentasse revelar esse fato, talvez eles não compreenderiam.

    Um olhar afiado em busca de uma resposta dirige-se para Ivan, Evangeline quer saber tudo que aconteceu para deixá-los daquele estado, então, novamente repete a sua indagação de antes:

    — Então, senhor Ivan, que papo é esse de se sacrificar?

    O ar de descontração feito por Áurea cessa abruptamente após a sua pergunta. Ivan, espanta-se com a indagação, e um pouco envergonhado, pelo fato de sua aluna ter escutado o que queria fazer, tenta mudar de assunto:

    — Ah! Você escutou isso… be-bem, e-eu só… mas e você, Evangeline, como…

    Porém sua tentativa de fugir da pergunta falha miseravelmente, ao notar os olhares sérios voltados para si. 

    — Ivan, conte tudo para ela agora!

    Áurea eleva sua voz, revelando a sua frustração que até o momento não cessou. Mesmo que Ivan tenha parado por um momento para cumprimentar Evangeline, ele ainda não mudara de ideia em relação o que queria, e isso a faz ficar um pouco apreensiva.

    Sendo encarado por sua aluna, e depois sendo repreendido por seu espírito, o curadeiro, encontra-se em um beco sem saída. Sem escolhas do que fazer em relação a isso, cede e começa a contar tudo que descobriu pela boca de Amice:

    — Ok, ok… bem, vejamos, isso é uma história complicada, então, preste bem atenção.

    — Quando Áurea e eu, estávamos vigiando o seu corpo, Amice, surgiu entrando na sala com uma expressão séria e suando frio. Então…

    O curandeiro começa a contar tudo que sua criada havia dito. Tudo que acontecera na cidade, e depois o que ele decidiu fazer para ajudar. Evangeline, durante as revelações feita pelo seu professor, enche-se de uma queimação no seu peito, e a sua ira começa a transborda-se do seu ser, ao saber o que o prefeito, armou contra ela.

    — Aquele miserável! Ele colocou a cidade inteira contra mim! E agora? Como vou sair nas ruas?

    Porém, mesmo que isso a abale um pouco, se impressiona com a ideia estúpida de Ivan, para poder resolver as coisas.

    — E você, senhor Ivan, que ideia mais maluca é essa que você inventou? Se sacrificar para me ajudar escapar?

    Evangeline, abaixa sua cabeça e expira todo o ar de frustração que recebera, direciona as mãos para quadril e balança sua cabeça, negando as ações radicais de seu professor.

    — Olha, senhor Ivan, veja bem, eu não estou menosprezando a sua compaixão para mim e minha irmã, mas isso está além dos limites. Eu nunca iria te perdoar se fizesse uma coisa dessas, muito menos Karenn a mim se ela soubesse que eu havia deixado isso acontecer.

    Enquanto a meio-elfa realiza sua bronca contra a ideia de seu professor, Áurea, com os seus braços cruzados, assente com a cabeça concordando com todas as coisas que ela diz, e Ivan, com seu semblante abaixado, aceita toda a repreensão sem pestanejar.

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