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    Ao oeste dos grandes portos da cidade mercantil de Nakkie, — mais precisamente no alto mar, o poderoso brilho solar desce vagarosamente, — encostando a sua bela e virtuosa luminescência alaranjada sob as ondas calmas das águas. 

    A cada momento que a grande esfera de fogo cede no horizonte, pequenas estrelas surgem, para socorrer o mundo da grande escuridão iminente.

    Uma das duas luas, destaca-se com seu belo e virtuoso brilho turquesa, que despeja raios suaves perante as ondas. Contudo, uma grande estrutura surge no limiar do ocidente. 

    Maior que qualquer monstro conhecido, ou casa. Mais rápido que qualquer carruagem ou barco pesqueiro.

    Feito inteiramente de madeiras negras e um casco ainda mais escuro, um enorme navio de guerra, — que tem por volta de 60 metros de comprimento, surge em alto mar, — esbanjando não uma ou duas velas, mas três enormes mastros com quatro velas cada. Tal velocidade exercida pelo grande navio é incomum comparado com seu grande tamanho. Porém, não é só sua quantidade de velas e o seu tamanho que chamam a atenção, mas sim os seus numerosos canhões, — que esbandalham agressividade e imponência.

    Ao todo são 124 canhões; quatro na proa, oito na popa e 56 em cada lateral. Todos esses canhões exigem três conveses de bateria para mantê-los, mais do que qualquer navio de gerra comum. 

    Mesmo ressaltando uma enorme hostilidade com sua presença, a cantoria dos tripulantes, — que expressam grande alegria, quebra totalmente a visão imposta pelo navio.

    Enquanto alguns limpam o convés com seus esfregões e outros distribuem e alternam o peso das velas, todos em uma única voz cantam animadamente, aumentando a autoestima do primeiro imediato que guia o grande navio pelas águas com o timão.

    Tendo por volta dos 27 anos, pele bronzeada por conta da exposição solar. Cabelos negros, semelhantes a pedras obsidianas e olhos castanhos, — tão afiados como uma espada, o primeiro imediato, que aparentemente revela um sorriso tímido a cada momento em seu rosto, o extingue ao receber uma chamada de um pequeno espelho ao lado.

    Possuindo 15 centímetros de comprimento, contornado com uma grande quantidade de adornos prateados, o espelho, — que flutua no ar como se a gravidade não passasse de apenas uma ilusão, chama a atenção do imediato, para a pessoa do outro lado.

    Com uma voz forte e calma, como as ondas que o cercam, o primeiro imediato parece entender a situação da pessoa do outro lado do espelho.

    — Entendo. Então a senhorita recorreu ao 《Mirror Messege》. Irei levá-la até ele imediatamente…


    Em um dos interiores do navio, um homem, de aparência forte, destaca-se arrumando uma pilha de documentos sob uma mesa retangular.

    Um forte homem, — que retem por volta dos 35 anos, cabelos ruivos carmim. Olhos turquesa, semelhante ao mar do caribe, pele clara, trajando um casaco sobretudo do império humano, está sentado, em uma espécie de cadeira de couro.

    Ele aparenta está arrumando alguns documentos sobre o navio, e os guardando no pequeno baú ao lado do assento. 

    Sem mais nenhuma papelada em cima de sua mesa retangular de mogno, um grande mapa-múndi, — segurado por alguns pesos de ferros nas pontas, destaca-se, cobrindo quase que completamente a mesa.

    Levantando despreocupadamente do assento, o homem, retira seu casaco e o pendura em um cabideiro próximo, em seguida, dirige-se para a extremidade do alojamento, que abriga outro baú, porém um pouco maior que o outro, que guarda uma boa quantidade de ouro em moedas. Ao lado do baú de tesouros, um pequeno globo e um envelope chama sua atenção.

    Movendo a mão até o envelope, ele visualiza que ele já está aberto, — rasgado na parte superior. Ele alisa o pequeno documento com muito esmero, até que de repente é interrompido por alguém que entra no local sem aviso prévio.

    Um rapaz alto, de aparência forte, com um chapéu de imediato e, olhos castanhos tão afiados quanto uma espada, adentra no local parcialmente escuro, junto das últimas luzes alaranjadas do sol. 

    Mesmo em um local parcialmente escasso de luz, o primeiro imediato, semelhante ao homem, parece não se importar muito com isto.

    Já no local e com a entrada fechada, o imediato apresentá-se, — entrando em pose de continência, — ao mover a mão direita ao peito e a outra para atrás das costas, com um comunicado que parece importante.

    — Boa noite, capitão Vermilion! Peço permissão para entregar meu comunicado.

    Contudo, o capitão parece não ter ouvido a voz do rapaz. Algo que o faz estranhar, dado o tato que o homem não para de fazer em cima daquela carta.

    — C-capitão?

    — Está tudo bem, imediato Altair. Pode entregar seu comunicado.

    Por um breve momento, Altair sentira uma aura extremamente triste saindo do seu capitão. No entanto, mesmo não entendendo o motivo, ele aceita a sua oportunidade e entrega o que veio dizer.

    — Desculpe atrapalhar o senhor, capitão Vermilion, mas há uma mensagem muito importante de sua filha.

    Movendo os olhas sorrateiramente até o imediato, Vermilion observa o pequeno espelho, flutuando atrás do homem.

    — Entendo… então ela finalmente veio entregar seu relatório. Mas por que ela está se comunicando com o 《Mirror Messege》?

    — Bom, eu não sei lhe informar sobre isto.

    — Tudo bem, então. Deixe o espelho aí e retire-se.

    — Como o senhor ordenar, capitão.

    Retirando-se do alojamento do capitão, Altair, abre a porta e segue rumo ao timão do navio outra vez., enquanto o espelho permanece no local.

    Aproximando-se vagarosamente até o pequeno objeto flutuante, Vermilion o pega sem rodeios. 

    Ao colocar a palma da mão sob o vidro reflexivo do espelho, o homem recita a frase de liberação da mensagem, com a finalidade dele também conseguir ver a pessoa do outro lado.

    Eu, Adarlain Bareris Vermilion IV, aceito o comunicado da habilidade 《Mirror Messege》.

    Em um passe de mágica, a forma do espelho começa a mudar. Uma silhueta oval é formada, junto da mudança que ocorre na sua coloração, — de prata para dourado. No meio deste processo, uma silhueta feminina pouco a pouco começa a surgir na visão do capitão, — visível apenas para ele.

    Vislumbrando a troca de forma com uma expressão surpresa, o capitão, que não se cansa de ver tal mudança perante si, tem sua atenção realocada para a pessoa que o chama no espelho

    ” — Papai?”

    O capitão retorna aos seus sentindo ao terminar de vislumbrar a modulação da habilidade em suas mãos.

    — Ah… desculpe… É sempre algo novo quando uso isto.

    ” — Papai! Isto é sério!”

    A voz feminina do outro lado aparenta estar nervosa, mas não com o seu pai, dado a insegurança que ela esbanja em sua voz.

    O capitão aproveita da situação para sentar-se novamente em seu assento. No mesmo momento a isto, ele começa a escutar uma pequena música do lado de fora da cabine, — cantada pelos tripulantes do navio, algo que gera um leve sorriso em sua face com o ânimo dos seus subordinados.

    Em seguida, movendo o olhar para o espelho, ele questiona a comunicação da jovem, visto que ela aparenta está se escondendo de alguém enquanto faz a ligação.

    — Então, minha filha, conte-me tudo que está acontecendo aí. Preciso saber se minhas deduções estão mesmo de acordo…

    ” — Aparentemente o senhor estava certo, papai. Nakkie não está mais como antes…”

    — Continue…

    A jovem limpa a garganta e começa a revelar tudo que descobrira na cidade mercantil e portuária de Nakkie.

    ” — Aham!… Bem… vejamos. Existem três pontos que não correspondem com o documento que me dera. O primeiro é a segurança. Aparentemente depois da posse do poder politico por parte de Algust, a única guilda de aventureiros que reforçava a segurança da cidade junto aos guardas teve suas portas fechadas. Tentei descobrir o real motivo disto e, como resposta, o motivo foi a falta de verba, mais precisamente, eles tiveram sua verba por parte do governo negligenciada. Não recebendo uma única moeda pelos serviços prestados.”

    ‘’ — O segundo é a conduta na economia do povo. Não há muitas mudanças por parte da economia da cidade ao todo, devido à prática e a força que Moira Hanatsu tem feito durante esses oito anos. No entanto, se for comparar como era antes, com o poder exercido por Wagner Hanatsu, a economia tem suas falhas e quedas.”

    O capitão move sua mão ao queixo, logo após, pergunta o fator de queda exercida pela economia.

    — Entendo. Comparado com o de oito anos atrás e o deste exato momento que conversamos, qual é a taxa de queda que a economia sofreu?

    ” — Bem… deixa eu ver…”

    A jovem aparenta está procurando algo, dado o excesso de barulho de alguns papéis durante a ligação.

    ” — Ah! Aqui está! Bom, a taxa de queda na economia, de acordo com meus cálculos, é de 60%. A queda é devido à falta de monopólio distribuído aos cidadãos. Visto que a parte leste de Nakkie está completamente precária. Papai, você deveria ver aquilo! Há muitas pessoas totalmente magras jogadas sob as ruas, enquanto outras parecem estar mortas… E, mesmo com uma visão horrível dessa, o governo não aparenta demostrar nenhum apoio nisto…”

    — E, por que isto está ocorrendo?

    ” — A verba dada pelo senhor, meu pai, que serve para revitalizar completamente a cidade, está sendo desviada diretamente para o prefeito. E não é só o distrito leste que está sofrendo por isso. Pelo que percebi neste semana, o distrito sul, a zona comercial, também parece demonstrar os mesmos indícios…”

    Uma forte angústia desce em forma de lâmina no ser do capitão. Como resposta a esse sentimento, ele move sua mão ao rosto e, com os dedos, ele espreme os olhos em frustração.

    Descobrir que a força distribuída por ele, para ajudar o povo da cidade, está sendo desviada por um homem ganancioso, o irrita profundamente. Contudo, mesmo com um extremo ódio por parte do prefeito, seu semblante permanece imparcial durante a ligação com sua filha.

    ”Isto é imperdoável. Como aquele homem sem escrúpulos tem a audácia de desviar a verba usada para manter a cidade somente para seu bolso. Como não percebi na época que este homem sem caráter tinha tal índole?!”

    ” — Papai? Você ainda está aí?”

    Retornando para a ligação, o homem continua a escutar o relatório de sua filha.

    — Sim, minha filha. Só tive um devaneio, nada de mais.

    ” — Okay… então, voltando aos pontos. O terceiro ponto está interligado com o segundo, dado o que lhe informei agora. É referente a precarização por parte do governo ao povo da cidade. É muito comum ver pelas ruas muitos mendigos jogados, além de crianças que roubam comida de algumas lojas por aqui. Até mesmo as escolas, que deveriam abrigar estas crianças, adotaram o esquema de cobrarem por suas tutelas, deixando o conhecimento comum apenas para que tem dinheiro. Além, é claro, de não ter o devida ação de reconstruir as estruturas por parte do distrito sul, mas isso deve ser por causa do reboliço que ocorreu essa semana…”

    — O que exatamente aconteceu no distrito sul?

    ” — Ah, bom, foi por pouco tempo, mas teve uma criminosa que havia movimentado muito a guarda da cidade. Uma majin de cabelo ruivo. O prefeito mobilizou todos os soldados para capturá-la. Não havia motivos pela captura, pois ele havia afirmado que ela destruiu uma das estalagens da cidade. Contudo, a estalagem em si não foi destruída, mas sim começou uma reforma. Creio que a vontade de pegá-la seja devido à peculiaridade da raça e…”

    — Então, presumo que, ele não só desvia quase todo o dinheiro que disponibilizo para o povo, como também, usa a guarda da cidade para bolar tramoias como esta. Os elfos e humanos criaram um pacto de não agressão, e isso engloba os majins indiretamente por serem filhos dos elfos e humanos. Então, para que ele queria capturá-la? Isto iria contra o pacto!

    ” — Como eu disse, papai. Os majin tem a peculiaridade de evolução maior que qualquer raça. Talvez ele estivesse tramando algo contra o senhor e…”

    A jovem freia a declaração antes de finalizar sua dedução. Alguns barulhos de passos são ressoados e no mesmo momento. E, notando isto, uma grande insegurança aflora no semblante do capitão.

    O silêncio da jovem pendura por alguns minutos, até ser cortado pelas falas do homem.

    — Alexandra, filha? O que está acontecendo?!

    A ausência da resposta dela pendura por mais alguns minutos, até que de repente ela retorna.

    ” — Ah…! Perdoe-me, papai. Houve uma movimentação aqui perto, e tive que ir para outro lugar para não me escutarem…”

    — Escutarem? Você está se escondendo? Por quê?

    ” — Bom… eu meio que tive que me infiltrar na guarda da cidade para investigar. No entanto, devido à comoção feita para capturar a majin, eu tive meu destino alterado, e agora estou na residência dos Hanatsu…”

    Um forte alívio predomina no ser o capitão. Por um breve momento imaginara que acontecera algo muito crítico com sua filha, por causa da falta de resposta. Porém, ao descobrir o real motivo da ausência de sua falas, se acalma por completo.

    — Certo… entendo. Tome cuidado, a missão que está em suas mãos é altamente secreta. Ninguém além de você e meu pelotão deve saber sobre ela. Caso alguém que faz parte do governo souber sobre isto, conseguirão bolar algo para ir contra tudo que estou fazendo. E, eu não quero ser obrigado a usar poder militar na minha própria província.

    ” — Compreendo, meu pai…”

    — Agora, referente a majin, onde ela está agora?

    ” — Pelo que eu soube, ela acabou fugindo pelo portão sul da cidade. Aparentemente um dragão terrestre deu uma espécie de apoio nisso. Contudo, tanto a majin quanto o dragão tem suas localizações desconhecidas neste momento.”

    ” — Mas meu pai, não há só notícias ruins! Devido a esta palhaç… quero dizer, este movimento pela procura pela majin, pude observar a façanha e controle que Moira Hanatsu teve ao movimentar e comandar toda a guarda da cidade em prol de capturar a majin. É claro que ela não teve exito, no entanto, a destreza que você vira nela antes foi verdadeira, papai.”

    — Mmm… Realmente, eu não devia ter aceitando o pedido dela para pôr aquele infeliz no poder da cidade. Fui apressado naquela época. Wagner havia acabado de falecer e eu, sem muitos rodeios, ofereci o posto do marido para ela. Era claro que ela recusaria e jogaria o fardo para outra pessoa. Devia ter esperado mais tempo antes de oferecê-la e, por causa dessa pressa que tive, a minha cidade está pagando o preço.

    Cerrando o punho com estrema ira, o homem prepara-se para levantar-se do assento. 

    Algust, o homem que ela pensara ser justo como seu colega Wagner está arruinando completamente sua província e, agora, ele irá tirar sua satisfação perante isto.

    Já de pé, Vermilion move a mão até o pequeno espelho, para finalmente despedir-se de sua filha.

    — Agradeço pelo relatório, Alexandra. Tenha cuidado até minha chegada.

    ” — Não precisa me agradecer, papai. Foi apenas o mínimo que pude fazer para ajudá-lo”

    Por fim, a ligação é finalizada. O espelho dourado começa a se partir e quebrar, — jogando seus pequenos fragmentos dourados sobre a mesa, que somem em seguida.

    Com grande destreza, Vermilion move a mão até o cabide, — onde está seu casaco de capitão, o remove e, em um único movimento, o veste.

    Com largos e pesados passos, o homem sai do seu alojamento.

    Do lado de fora, ele visualiza as duas grandes luas no céu, uma vermelha e a outra atrás azul-turquesa. A raiva que ele estava sentindo a poucos minutos começa a cessar, dando lugar a um olhar completamente afiado e convicto.

    — Altair!

    O capitão chama seu primeiro imediato, enquanto move-se para o lado, onde possui uma escada que da em direção ao leme do navio. 

    Estranhando por um momento a entonação na voz do seu capitão, Altair o responde imediatamente.

    — Si-sim, meu capitão… Algum problema?

    Movendo seu olhar sério em direção a Altair no leme do navio, — uma ação que o faz entrar em uma pequena insegurança ao ser encarado daquela forma, Vermilion, anuncia seu novo destino.

    — Um problema? Ah, sim… temos um problemão, mas não aqui. O problema está na nossa nova parada.

    — E-e… onde será…?

    Guiando-se em direção ao leme, o capitão, — do lado de Altair que controla o navio, põe a mão em seu ombro e, o encarando, o responde ainda com seu olhar sério.

    — Nakkie, meu caro amigo! Vamos para Nakkie!

    — Si-sim, senhor! Atenção homens, iremos em direção a Nakkie! Estejam apostos!

    — YEEEH!

    Todos os tripulantes berram animadamente ao descobrirem o destino da próxima parada, enquanto o capitão, — com os braços cruzados, declara em pensamentos.

    ”Está na hora de purgar os pecados de alguém…”

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