Capítulo 67 ❃ Avançando contra o inimigo.

”O que será que é aquilo?”

Estreitando os olhos com grande dúvida perante a figura envolto em sombras que aparecera em poucos segundos na entrada da sala, Evangeline, sem se levantar do chão com a mais pura cautela, começa a observar a sala a frente com grande concentração, — aguardando novamente outra movimentação da figura desconhecida.

Poucos minutos se passam do momento que ela montara sua vigília e, neste processo, uma silhueta, semelhante a outra envolta em sombras, passa vagarosamente próximo da entrada, trocando um pé pelo outro, bem semelhante a um bêbado. Todavia, sem perder a firmeza e postura no andar.

Observando tal figura estranha passar pela sala duvidosamente, a jovem entra em um sentimento ponderativo, guiando a palma até o queixo, — e o agarrá-lo, questionando-se do que se trata tal figura, e o fato dela ter um corpo humanoide.

”De acordo com que lembro, dentro daquela sala tinha três sombras, porém nenhuma delas possuía silhueta humanoide igual a esta. Se for para chutar, não só esse, mas o outro de antes também tem um corpo similar. Então, posso concluir que todos os três possuem corpos humanoides e a luz da sala possa ser algum tipo de tocha, que muda a forma da sombra com a frequência do vento?” 

”Porém me pergunto, mesmo sendo monstros humanoides, quais tipos de monstros nesse gênero não possui partículas de mana? Já q…”

— YARHHHHHHHHH!

Nesse exato momento um grito melancólico e estridente ressoa de dentro da sala, — fazendo de imediato Evangeline tampar os ouvidos em resposta e expressar desordem em sua face, enquanto olha para o chão tentando procurar um buraco pra enfiar a cabeça.

”Mas o que… caralhos foi isso!? Que grito estridente… foi esse? Tem tal criatura ali… dentro…?”

Abaixando vagarosamente as mãos de suas pequenas orelhas pontudas, Evangeline, continua a sua ponderação, agora com extrema cautela para com o próximo grito.

”Eu já tinha ouvido alguns grunhidos estranhos a pouco tempo na minha meditação, porém esse de agora…”

Nesse momento, a silhueta de antes passa novamente na entrada da porta, todavia, diferente de antes, em sua mão direita, um brilho metálico é refletido com a luz do interior da sala, — revelando imediatamente para a jovem que o objeto é…

”Uma espada? Uma espada média de uma mão, para ser mais exato. Se um deles tem armas consigo com certeza o outro também deve ter, mas me questiono se o dono do grito de antes também tem armas, pois isso pode complicar na hora de um embate… Pois sem as partículas de mana…” 

De repente, no meio de sua ponderação, um cintilar de clareza surge em sua mente. O fato de a todo momento não conseguir sentir as partículas de mana dos monstros brota em sua cabeça como resposta.

”Portam armas… formas humanoides… presença suprimida… sem partículas de mana… A única criatura que eu posso formar com isso são mortos-vivos! Então, se eu for considerar que todos naquela sala são mortos-vivos, o dono do grito, ou mais preciso, a dona do grito é uma banshee! No entanto, isso não resolve nada se eu não saber a força deles antes de agir…”

Revelando um semblante desanimado após perceber que ainda falta muito a se concluir sobre os monstros dentro da sala, Evangeline, apoia as duas mãos sob o chão atrás das costas, revelando uma postura cansada.

— Argh…!

— Bom, pelo menos, agora que eu sei que são só mortos-vivos e não draugrs, então posso focar na minha magia de fogo, já que eles são fracos a esse elemento.

Elevando a palma da mão direita na altura do peito, Evangeline invoca uma 「Fire Ball」, — fazendo a crescer até o tamanho de uma cabeça humana e, iluminando a região com um brilho alaranjado.

— Esse tamanho é meu limite, mas mesmo que seja grande o suficiente para cobrir um corpo inteiro em um ataque, ainda demanda tempo e mana. E durante uma luta, até curar duas pessoas é mais rápido que criar isso.

Olhando para a bola de fogo em sua mão com uma expressão analisadora, Evangeline a faz flutuar no ar, para que assim coloque a mão em seu queixo para pensar no que pode fazer a seguir com ela. 

No entanto, ao fazer tal ação, uma ideia brilha em sua cabeça como um farol em meio uma escuridão no meio de um vasto oceano. Pois a bola de fogo suspensa no ar a faz relembrar da outra de horas atrás.

— Espera aí! Se eu fazer o mesmo que eu fiz com a outra bola de fogo, eu posso acabar usando elas como um tipo de arma de fogo, porém sem a arma e só o fogo… Se eu fazer deste modo, as bolas de fogo ficarão concentradas em minha volta e só serão usadas quando eu enviá-las nos meus alvos, poupando tempo de eu ter que invocá-las no meio da luta…

Cerrando os punhos com grande felicidade ao demonstrar um sorriso confiante no rosto, Evangeline agarra a 「Fire Ball」flutuando e começa a se concentrar nela, com o intuito de fortalecê-la mais.

Pressionando a bola de fogo em sua mão, — sem queimá-la, Evangeline começa a depositar toda mana do seu espírito elemental de fogo, — Ken, na esfera de fogo. Contudo, em vez da bola de fogo aumentar seu tamanho, uma aura avermelhada começa a cercá-la. — deixando-a mais quente que antes.

— Se eu combinar minha mana natural com a mana espiritual do Ken, as 「Fire Ball’s」ficarão mais quentes e mais poderosas, contudo, esse é o meu limite atual com meu atributo de fogo. Porém, esse não é o limite da minha capacidade!

Movendo a bola de fogo para junto de outra mão, Evangeline começa a invocar seu atributo de ar, injetando gases inflamáveis dentro da bola de fogo. Neste instante, uma variação de gases da cor cinza e amarela começam a entrar na esfera em chamas, — a fazendo mudar de cor gradualmente.

A cada segundo a 「Fire Ball」passa da cor laranja avermelhado para um roxo azulado, — terminando em um verde com bordas amarelas com um núcleo azul-claro. 

De repente, logo após concluir a criação da bola de fogo, uma pequena ponta de estalactite racha-se e cai em direção a jovem. Devido à erosão do local cavernoso e a alta dose de calor que crescera em um curto espaço de tempo, as chamas da bola de fogo, — indiretamente, fez a ponta da estalactite rachar e cair rapidamente.

Percebendo a pequena ponta de minério ir em direção a sua cabeça, com o auxílio do seu sentido espiritual, a meio-elfa afasta-se da posição da queda da ponta. Porém, por estar segurando 「Fire Ball」 modificada em suas mãos, faz com que o alvo mude, fazendo a ponta da estalactite cair em direção a bola de fogo.

Neste meio segundo, a expressão da meio-elfa se contorce em angústia. Ela passou um bom tempo montando esta bola de fogo, só para ser apagada por um pedaço pedra aleatória.

‘’Nãããoooo! Eu passei uma hora inteira fazendo isto!!’’

Entretanto, quando a ponta encosta um pouco a cima da superfície da bola de fogo modificada, derrete-se completamente, antes mesmo de atingi-la, — surpreendendo a meio-elfa que revela uma expressão assombrada.

— …!

— Acho que… exagerei um pouco demais em injetar Amônia no fogo…

Após longas quatro horas no interior do corredor cavernoso, que termina em uma entrada para uma sala desconhecida, — abrigando três monstros morto-vivos, — uma jovem, sentada no chão, com um anel feito exclusivamente de bolas de fogos verdes, — que rodam no sentido horário em suas costas, termina de criar sua última 「Fire Ball」modificada.

— Pronto, essa é a sétima 「Fire Ball」aprimorada! Depois da primeira acabei pegando jeito com as outras… ainda bem…

Após finalizar sua declaração, a pequena bola de fogo, que não é tão pequena, entra na formação do cinto de outros bolas de fogos, começando a girar em sintonia com o resto.

— Meu limite de controle é de sete bolas de fogo como essa e dezenove das normais. Porém eu prefiro estas sete potentes do que as normais que causam pouco dano. Porra! Umas dessas bolas derreteu uma lasca grande de um espeleotema, não há nem comparação!

Ainda admirada com o feito da bola de fogo que derreteu a ponta da estalactite como se não fosse nada, Evangeline encara a região do chão que tem um amontoado de um minério derretido da cor preta, — ainda quente. 

Um grande sentimento de encostar no amontoado cruza seu entendimento, porém ela ignora, pois ela sabe se tocar nisto queimará a mão. No entanto, o desejo de tocar não cai em nenhum grão, aumentando cada vez mais.

Resistindo a curiosidade de que tipo de minério se criou ao derreter a estalactite, Evangeline retira o olhar da pequena coisa derretida no chão, ao encarar a entrada da sala com os olhos estreitos, — levantando-se do chão em sincronia.

— Bom, agora só me resta entrar lá e testar a sorte… Eu poderia jogar uma das bolas de fogo primeiro dentro da sala e explodi-la, só para atordoar os monstros antes de eu entrar… mas não posso desperdiçar essas bolas de fogo em vão, pois cada uma tem mana suficiente para criar trinta 「Fire Ball’s」 comuns, além da amplificação com magia espiritual…

— Não posso usar a magia espiritual para atacar, mas ainda posso usar para curar e buffar minhas magias…

Rebatendo a parte traseira para retirar a terra presa, Evangeline começa a se preparar para invadir a sala, — retirando por último suas adagas, que ressaltam um brilho característico azul que ilumina fracamente o lugar.

Caminhando vagarosamente, com muito cautela pelo corredor até a entrada da porta, Evangeline enche-se de proteção, envolvendo o corpo com 30% de toda a sua mana natural, tornando tão resistente quanto uma pedra.

Enquanto caminha, dirige parte de sua magia de fogo para a ponta das adagas, com o intuito de ajudá-la no embate que estar por vir. E, por último, levanta a gola do pescoço até acima do nariz, criando uma espécie de máscara de couro.

— Devo agradecer a Anastácia depois por criar essa armadura para classe rogue, pois com essa máscara me ajudará a ignorar a fumaça e o gás dentro da sala…

Por fim, ela põe o pé dentro da sala, e com o outro, chuta fortemente a porta pendurada na entrada, arremessando violentamente para a parede a frente, — chamando a atenção das entidades mortas-vivas do local.

— Como dizia o patriarca dos Silva Sauros, Dino…” Querida, cheguei!” ¹

1. “Querida cheguei” é um bordão famoso em uma série televisiva dos anos 90 chamada, Família Dinossauros.[↩]