Índice de Capítulo


    4º dia do mês, Grande Inverno. Vilarejo – 05:45 AM. 

    Na entrada do vilarejo, dois jovens trajando roupas elegantes e máscaras que cobrem metade de seus rostos caminham pelas ruas de terra batida. Suas posturas rígidas e imponentes dão a entender que ocupam posições de destaque na sociedade.

    Enquanto seguem em direção a um destino específico em suas mentes, o rapaz à direita afrouxa sua gravata borboleta no pescoço, enquanto seu colega à esquerda alisa as mangas de suas roupas, parecendo desconfortável com o tecido em contato com a pele.

    À medida que passam pelo vilarejo, os aldeões os observam com curiosidade, intrigados com a verdadeira identidade desses jovens. Alguns estão ocupados com o trabalho e não têm tempo para especulações, mas outros que passeiam pela região começam a criar suas próprias teorias sobre esses misteriosos rapazes.

    Alguns sugerem que são militares aposentados em busca de recrutas para seu exército, mas há discordâncias. Alguns argumentam que suas poses não condizem com as de militares, mas sim com nobres de alta classe. Outros apontam para suas roupas de servos, sugerindo que podem ser empregados de uma pessoa importante que visitou o vilarejo.

    Nesse momento, um pequeno boato se espalha rapidamente pelo vilarejo, como fogo em palha seca. Dizem que os rapazes são membros de uma casa nobre e estão acompanhados por um nobre importante.

    Os aldeões passam a observá-los com mais respeito e temor, evitando provocar qualquer possível ira dos nobres. As máscaras não conseguem esconder completamente as expressões faciais dos rapazes, que parecem satisfeitos com a disseminação do boato.

    O rapaz à direita, de aparência comum, chama seu colega para conversar sobre o rumor.

    — Parece que está tudo indo conforme planejado. Agora que o boato está se espalhando, não precisamos mais perder tempo aqui.

    O rapaz à esquerda, de físico robusto, concorda com um aceno de cabeça e acrescenta com seriedade.

    — Com certeza. Já perdemos tempo demais. É melhor resolver isso o mais rápido possível. As coisas estão complicadas, como você me disse ontem.

    — Com certeza.

    À medida que os rapazes mudam de direção na estrada, sua caminhada acelera, atraindo ainda mais atenção ao seu redor.

    Alguns aldeões, que não ouviram suas conversas anteriores, começam a espalhar outro boato, sussurrando que eles são estrangeiros de uma terra distante e provavelmente pertencem a uma casa rica e privilegiada.

    Esse rumor se espalha rapidamente pela região, e muitos olham para eles com curiosidade e fascínio, tentando descobrir a verdadeira origem desses estranhos e do suposto nobre que os acompanha.

    Após alguns minutos, os rapazes finalmente chegam ao seu destino, parando a poucos metros de uma loja que possui uma residência no andar de cima. A propriedade pertence à Anastácia, a habilidosa ferreira do vilarejo, conhecida por sua perícia em forjar armas, armaduras e utensílios domésticos.


    Dentro da modesta loja da ferreira, encontra-se uma jovem de cabelos escuros, vestindo um simples vestido verde que realça sua beleza natural. Ela está curvada perto do balcão, com um olhar triste e angustiado em seu rosto.

    Anastácia, a dona da loja, está ao seu lado, ouvindo com atenção as palavras da jovem. A voz da garota é suave e sincera enquanto compartilha seus sentimentos com a ferreira.

    — Por favor, Anastácia! Foi minha culpa que você ficou perturbada ontem. Considere o que eu disse apenas uma brincadeira de mau gosto. Eu estava desesperada e acabei transferindo minha responsabilidade para você. Sei que você já tem suas tarefas como ferreira e mãe, e não deveria ter feito isso. Então, por favor, me perdoe.

    Anastácia, ao ouvir as palavras de Kamila, mostra surpresa e inquietação. Ela realmente não esperava que a jovem estivesse tão abalada emocionalmente. Para acalmar a atmosfera tensa, Anastácia responde balançando as mãos no ar, como se quisesse dissipar as nuvens negras que pairam sobre o local.

    — Kamila, não precisa se preocupar. Entendo que você não fez isso de propósito e não considero aquela ação como a causa do meu desconforto ontem. Foi uma combinação de coisas. Além disso, aquele pedido foi muito audacioso da sua parte, mas eu não teria aceitado de qualquer maneira. Como você mencionou, tenho meu trabalho como ferreira.

    — E mais uma coisa, não precisa se preocupar. Já disse que estou me sentindo melhor agora.

    — Mas..

    Enquanto Anastácia e Kamila continuam conversando, os dois rapazes elegantemente vestidos aparecem na entrada da loja. Sua chegada interrompe o diálogo, anunciada pelo som da sineta da porta. Anastácia e Kamila se viram para encará-los, com expressões de surpresa e confusão.

    As vestimentas dos rapazes, com smokings negros e máscaras que cobrem parte de seus rostos, aumentam o mistério em torno de suas identidades.


    A tensão domina a loja da ferreira.

    Cada respiração e batida do coração ecoam no silêncio que envolve o local. Qualquer ruído mínimo poderia quebrar a calmaria que se estabeleceu ali.

    O rapaz à direita dos viajantes assume uma postura de respiração profunda, fixando o olhar em Anastácia, como se tentasse decifrar seus pensamentos.

    Kamila, incomodada com a situação, considera deixar a loja imediatamente para evitar confrontos ou desconforto.

    “A que se deve essa tensão estranha? Seriam eles servos de alguém? Parece que não querem ninguém por perto agora… Talvez seja algo importante relacionado a Anastácia. É melhor sair e deixá-los à vontade…”

    Enquanto isso, o outro rapaz, em silêncio, examina minuciosamente os objetos expostos na loja. Seu olhar percorre cada detalhe, enquanto seu companheiro permanece imóvel, demonstrando uma postura mais relaxada.

    A atmosfera estranha na loja torna-se ainda mais intensa quando os rapazes se movem.

    As máscaras que cobrem metade de seus rostos impedem uma comunicação clara. Seus gestos e movimentos são estranhos e desconexos.

    Kamila, observando a cena, sente-se cada vez mais impotente. Percebe que não tem nada a dizer ou fazer naquele momento, sua presença é dispensável. É como um peixe fora d’água, afastada de seu cardume e colocada perto de uma briga de tubarões.

    Os rapazes continuam fazendo gestos estranhos, limpando a garganta ou respirando profundamente. A incapacidade de se comunicarem claramente devido às máscaras torna o ambiente cada vez mais desconfortável.

    De repente, Kamila, não suportando mais o desconforto, decide partir. Despede-se rapidamente de Anastácia e sai da loja às pressas, tentando se afastar o mais rápido possível.

    — Eh… Ah… Ahem…! Anastácia, estou indo. Parece ser algo relacionado a você.

    — Espera, Kamila, eles são…

    Kamila, confusa e surpresa com a atmosfera estranha dos rapazes na loja, sai apressadamente sem ouvir o que Anastácia iria dizer, seguindo diretamente para casa com passos largos.

    Enquanto percorre a rua de barro do vilarejo, murmúrios sobre os rapazes se espalham, mencionando sua origem nobre e importância no continente. Essa informação congela Kamila instantaneamente, fazendo-a sentir um arrepio de medo por ter saído abruptamente sem cumprimentá-los.

    Kamila pragueja consigo mesma, sentindo a pressão aumentar em seus ombros.

    “Merda! Se eles são mesmo servos de algum nobre visitante, eu deveria ter me apresentado como a chefe interina primeiro… Droga, droga, droga! Não posso voltar agora, seria ainda mais estranho. Vou deixá-los sair para fazer isso, provavelmente com o mestre deles.”

    Sua mente acelera, imaginando todas as possibilidades de como os rapazes podem estar relacionados a uma casa nobre importante. O medo de ter causado uma má impressão a atormenta, aumentando sua ansiedade.

    No entanto, ela tenta se tranquilizar.

    — Certo. Como Lukas disse, devo assumir minha responsabilidade e honrar o nome do meu avô!

    Determinada, Kamila ergue a cabeça e corre para casa, pensando em escolher uma roupa adequada para se desculpar com os rapazes. Enquanto isso, na loja de Anastácia, a ferreira esboça um sorriso falso para esconder outro que ameaça se formar em seu rosto.

    Ela se pergunta se Kamila percebeu a verdadeira identidade dos rapazes e se ouviu o que ela disse antes de sair. No entanto, para não pensar demais nisso, ela direciona uma pequena repreensão aos convidados, com uma expressão sem graça.

    — Sinceramente, vocês a assustaram… Coitada, ela realmente achou que vocês eram “pessoas importantes”… Olhem para essas roupas chamativas! Planejam algum evento ou algo assim?

    Um dos rapazes, de aparência comum, começa a remover sua máscara e tira um par de óculos do bolso do seu terno, ajustando-os em seu rosto enquanto responde.

    — É a coisa certa a se fazer. Se muitas pessoas estiverem envolvidas, pode ser preocupante. Além disso, um evento chamaria muita atenção, então é melhor evitar.

    Colocando as mãos na cintura, Anastácia balança a cabeça em negação, não concordando totalmente com toda aquela atuação.

    — Olha, Lukas. Eu entendo que esse assunto é complicado e novo, mas não seria melhor envolver Kamila nisso? Não vejo razão para desconfiar dela. Além disso, ela é uma mulher e poderia facilitar as coisas, ao contrário de vocês dois… vocês me entendem?

    — Eu entendo o seu ponto de vista, Anastácia, e compreendo a sua preocupação com nosso gênero nessa missão. Mas precisamos manter isso em segredo e impedir que se espalhe. Eu entendo que você confia em Kamila, mas ela não parece ser a pessoa mais confiável. Não duvido dela ou da sua confiança, mas sim da sua ingenuidade.

    — Já pensou no que aconteceria se ela deixasse escapar algo sem querer?

    Anastácia fica pensativa por um momento, olhando para o teto da loja enquanto coloca a mão no queixo, mergulhada em profundos pensamentos.

    — Bem… para ser honesta, ela…

    No entanto, sua linha de raciocínio é interrompida por uma voz jovem que invade o recinto, chamando a atenção de todos no andar superior.

    — Mãe Anastácia, essas roupas são grandes demais para mim. Não preciso de tanto volume no busto, sério!

    Após o embaraçoso comentário de Isabel sobre o corpo de Anastácia, a ferreira fica corada e sem jeito, tentando disfarçar seus atributos físicos. Lukas, acostumado com a aparência da mãe, dá de ombros, enquanto Trevor mantém-se em silêncio, com uma expressão duvidosa.

    Em seguida, Lukas dá um passo à frente e segura um saco de papel, estendendo-o para Anastácia. Com um gesto elegante, ele o entrega à ferreira, revelando o conteúdo logo em seguida.

    — Dentro deste saco há roupas adequadas para Isabel. Com elas, ela poderá sair de casa e se juntar a nós sem chamar muita atenção. Temos várias opções, mas certifique-se de que ela use o véu para ocultar o rosto. Ele possui um encantamento que esconde a identidade.

    — Quando ela estiver pronta, peça para descer e a levaremos até um certo ponto para drenar sua mana.

    Anastácia olha para o saco e depois volta seu olhar para Lukas, com uma expressão confusa. Ela questiona sua última afirmação, tentando entender o que ele quer dizer com isso.

    — Espera aí, vocês descobriram um método para drenar a mana dela?

    Acenando com a cabeça e ajustando os óculos com o dedo, Lukas apresenta algumas ideias básicas que obteve do estudo aprofundado do livro sobre acúmulo de mana.

    — Bem, encontrei algumas opções para liberar a mana. Passei a noite meditando e lendo alguns livros, e descobri três métodos simples e rápidos que podem drenar a mana dela, de maneira limpa e indolor.

    — Quais são eles?

    — Encontrei três métodos que se encaixam em nossas habilidades.

    Empolgada, mas confusa, Anastácia observa Lukas enquanto ele explica os métodos, enquanto Trevor tenta remover sua máscara com certa dificuldade.

    — O primeiro método é a dispersão de mana através de feitiços. Nesse processo, Isabel terá que lançar uma grande quantidade de feitiços de uma vez até esgotar sua reserva de mana. Será como um jejum. Seu corpo voltará ao estado anterior, buscando mais mana para se sustentar. O único inconveniente é que ela pode ter enxaquecas durante o processo de recarga, mas isso pode ser resolvido com poções de cura.

    — O segundo método é a criação e reparação de itens. Isso é algo do seu interesse, Anastácia, então não preciso explicar como funciona.

    Cruzando os braços com energia, Anastácia compreende completamente o que ele quer dizer.

    — Se você está falando sobre ela usar sua magia para me ajudar a criar itens mágicos, com certeza consumiria muito mais mana do que liberar com feitiços. Seria como estar com sede e ter apenas um copo d’água, mas bem na boca do vulcão. No entanto, qual é o terceiro método?

    Trevor, finalmente lidando com sua máscara, a rasga com certa raiva, chamando a atenção de Lukas e Anastácia, que o encaram com expressões desconcertadas. Isso deixa o rapaz um pouco desconfortável por ter interrompido a conversa.

    — Ah… continuem… vou pegar outra máscara…

    Enquanto revira os bolsos em busca de uma máscara reserva, Lukas prossegue com sua explicação.

    — Ahem! Bem… voltando ao assunto. O terceiro método segue a mesma ideia do segundo, que é guiar a mana para algo. Porém, dessa vez, ela direcionaria a mana para algo de seu interesse. Uma joia, uma pessoa… qualquer coisa.

    — Uma pessoa? Mas não seria muita mana para uma única pessoa lidar? Afinal, Isabel acumulou tanta mana que ficou amadurecida, não é?

    Lukas solta um sorriso malicioso, esperando por aquela pergunta, e ajusta os óculos antes de responder rapidamente.

    — Não exatamente. A mana concedida a uma pessoa é como uma bênção ou um poder emprestado, um Buff, para ser mais preciso. A pessoa não absorveria a mana diretamente da outra, mas seu corpo a converteria em algo útil para ajudar. Acredito que Isabel já tenha aprendido a “buffar” os outros como uma forma de apoio, afinal, magos do atributo terra geralmente são suportes ou defensores. Portanto, a coisa mais proativa que ela pode fazer é…


    4º dia do mês, Grande Inverno. Vilarejo – 06:30 AM. 

    Passos apressados ecoam no andar de cima, seguidos por exclamações de surpresa e fascínio. Enquanto isso, Lukas e Trevor aguardam na área de recepção da loja, esperando que Anastácia desça com Isabel pela escada.

    Não demora muito até que a ferreira desça, trazendo consigo uma roupa um tanto chamativa para os rapazes. Ela está vestindo uma roupa que costumava usar quando se apresentava como ferreira. Uma calça de couro volumosa, uma blusa cinza de algodão macio que deixa à mostra seus fartos seios, e um par de óculos com um encantamento para proteger os olhos de luz intensa. É uma vestimenta comum para um ferreiro.

    No entanto, o que chama mais atenção depois dela é a jovem angelical que a segue, fazendo as sobrancelhas dos rapazes se arquearem instantaneamente diante de sua graça e beleza de outro mundo.

    Isabel está vestindo um longo vestido branco com faixas azuis e douradas, que cobrem completamente suas pernas, deixando apenas suas canelas visíveis. Ela se dirige primeiro a Lukas, curvando-se imediatamente em sinal de gratidão.

    — Muito obrigada, professor Lukas. Graças a você, consegui evitar de destruir completamente meu quarto ontem. Se não fosse por você, estaria cheia de remorso agora.

    Sua voz límpida e direta, cheia de maturidade e inocência, ressoa nos ouvidos de Lukas, deixando-o sem palavras.

    — Eh… ah…

    Impressionado com a postura de Isabel, Lukas tenta aceitar que diante dele não está mais uma garotinha, mas sim uma mulher que está prestes a entrar na fase adulta, algo que ele está ali para evitar que aconteça.

    — B-bom… Não precisa me agradecer por isso. De qualquer forma, você está pronta para isso? E já decidiu o que quer fazer?

    Assentindo calmamente, a jovem de cabelos alvos como neve responde de forma direta sobre sua decisão durante a troca de roupas.

    — Sim, senhor. Minha mãe me explicou tudo corretamente sobre minhas possibilidades. Portanto, escolhi a terceira opção.

    — Entendo. Então você já decidiu qual objeto vai querer…

    — Apenas um momento, professor Lukas, mas não vou usar um objeto ou pessoa como mencionado.

    Surpreso com uma resposta que não esperava, o rapaz de óculos a questiona sobre o que ela fará.

    — Então, se você não vai usar um objeto para depositar a mana e nem vai buffar alguém, o que pretende fazer então?

    Nesse momento, Isabel se lembra das palavras de sua mestra Evangeline. Quando estava prestes a desistir de seu sonho após ser rejeitada por ela, Evangeline pediu que ela treinasse e fosse reconhecida por todos no vilarejo por seu poder e habilidade.

    Com essa lembrança em mente, Isabel revela um sorriso gentil e responde rapidamente a Lukas.

    — Planejo fazer o que sempre faço: ajudar meu avô Balmor com a plantação.

    Lukas, Anastácia e Trevor ficam atônitos com as palavras de Isabel. O fato de ela querer fazer algo assim não apenas chamaria muita atenção, mas também seria benéfico para todos no vilarejo. No entanto…

    — Isabel, você entende que não pode ser reconhecida por ninguém, não é?

    — Entendo perfeitamente.

    — Então, por que…

    — Meu primeiro passo para ser reconhecida pela minha mestra é ajudar a todos no vilarejo. E se posso ajudá-los com meu poder, nada melhor do que revitalizar o solo da plantação, assim como meu avô Balmor faz todos os dias. Além disso, entendo que não querem que ninguém me veja assim, mas é para isso que o véu serve, não é?

    Colocando o véu sobre sua cabeça, que cobre seu delicado rosto, Isabel conclui sua explicação, deixando Lukas com uma expressão pensativa.

    “Entendo o que ela quer fazer, mas isso pode ser um pouco arriscado. No começo, pensei em levá-la para outro lugar e fazer o necessário lá, mas fazer aqui no vilarejo…”

    Sentindo um toque em seu ombro direito, Lukas percebe que é Trevor, que o acena em confirmação. Em seguida, ele olha para Anastácia, que exibe um semblante confiante, deixando-o sem palavras.

    — Muito bem! Você fará isso, mas ficará perto de nós o tempo todo e só se afastará quando for despejar mana no solo.

    Com um sorriso, Isabel assente animadamente em concordância.

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