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    6º dia do mês, Grande Inverno. Masmorra [Sala do Boss] – 07:25 AM.

    Dois dias se passaram desde a épica batalha de Evangeline contra os desafiantes do andar da Masmorra. A sala final deste andar, agora irreconhecível, está em completa ruína. 

    Fragmentos colossais de pedra jazem em todas as direções, as paredes laterais destruídas pelos Troll e Ogro undeads. 

    O chão exibe crateras profundas, vestígios dos ataques brutais dos monstros na tentativa de esmagar a meio-elfa. 

    Um cheiro nauseante de carne podre queimada paira no ar, enquanto as chamas esmeraldas, lançadas durante o combate, ainda crepitam, como se buscassem purificar a presença da morte no ambiente.

    Evangeline, jogada ao chão, permanece inconsciente, seu rosto e corpo exibindo algumas feridas marcantes. 

    Cortes em seu traje e arranhões em seu rosto, manchados com traços de sangue seco, contam a história da brutal luta. 

    — Hmmph…~! — Seu semblante se contrai, revelando o início de sua recuperação.

    Num lampejo, seus olhos rubros se abrem com intensidade.

    — Droga, eu apaguei! — A lucidez retorna em um piscar de olhos, e um grito escapa de seus lábios, ecoando o choque da realidade. 

    Seus olhos se abrem abruptamente, piscando freneticamente em busca de compreensão após seu colapso.

    Ela olha ao redor, seus olhos brilhando, vasculhando cada canto e recanto da sala em busca de qualquer ameaça. Mas nada encontra, exceto a devastação ao seu redor e as chamas esmeraldas ainda ardendo.

    — Argh… já está terminado… finalmente derrotei aqueles três merdinhas… — Um suspiro suave escapa de seus lábios ao constatar a ausência de ameaças no ambiente.

    Sentindo-se aliviada, ela retoma seu diálogo:

    — … E agora preciso continuar meu percurso… — Um sentimento estranho a invade; é como se o chão sob ela fosse uma pequena ilha solitária em meio a um vasto oceano, completamente isolada.

    “Como estão seus restos? Ainda… inteiros…?”

    Seus olhos se fixam nas chamas. 

    Ela se lembra das expressões dos monstros, o Troll e o Ogro, quando perderam o controle da masmorra. 

    Parecia que tudo o que fizeram até então era resultado de um controle maior, uma força que os obrigava a agir.

    ”Será que é assim que é morrer nesse lugar? Perder completamente a razão e ser controlado para sempre por alguém? Aquele Troll e Ogro demostraram clareza em seus olhos quando despertaram brevemente do controle da masmorra… Eles não tiveram escolhas a não ser obedecer cegamente às regras desse lugar, dessa maldição e dessa deusa maldita…!”

    — Argh…! — Um suspiro escapa de seus lábios. 

    ”Mesmo assim… eu continuo aqui…” Ela compreende a enormidade da missão que a aguarda. Cada passo mais fundo na masmorra parece carregar um peso insuportável, tornando-se mais difícil à medida que se aproxima de seu objetivo.

    ”Será que realmente esse é o melhor caminho que posso seguir atrás de uma força? Será que realmente existe um item que pode curar a Karenn nessa masmorra… cercada desses monstros mortais…?” Evangeline reflete sobre sua missão, sua motivação vacilando. 

    Ela nunca enfrentou desafios tão extremos em sua vida anterior, quando se afundava em mangás e jogos de RPG. 

    A ideia de atravessar a morte repetidamente é esmagadora.

    Mas então, ela se lembra de Karenn, da doçura que emanava dela e de seu objetivo de criar um lugar melhor onde todos pudessem contribuir com suas magias. 

    ”Preciso fazer isso por ela, mesmo que seja um esforço em vão e não encontre uma cura aqui, ainda poderei me vingar por ela… ainda poderei encontrar algo nesse lugar que possa ajudá-la a resistir… Seu sonho não pode ser esquecido, seu desejo nobre não pode ser vencido por sua enfermidade…” Ela relembra o impacto que Karenn teve no vilarejo e como isso a inspirou.

    Evangeline também considera seu desejo de vingança contra aqueles que causaram tanto sofrimento.

    ”A força que eu tenho agora é superior aos soldados que me seguiram em Nakkie, talvez seja o suficiente para me vingar de seja lá quem tenha feito aquilo com a Karenn naquela cidade, ou talvez, não seja o suficiente…” Ela sente uma obrigação de confrontar esses indivíduos e garantir que não escapem impunes.

    — Ah… certo… certo, é melhor eu parar de vaguear minha mente e continuar meu progresso — Evangeline, habilidosa, faz um esforço para se erguer do chão. Seus membros estão doloridos após a batalha, e ela se sente consideravelmente mais fraca. 

    — Tsk! Ma-Maldição… — As marcas de cortes em seu corpo e os hematomas ainda doem intensamente. 

    Ela observa o teto da sala, com seu padrão circular, e pensa nas pessoas do vilarejo que depositaram sua fé nela, o que a ajudou a sobreviver.

    ”Como será que eles estão agora? Estão ocupados com seus trabalhos? Será que Trevor ainda tá trabalhando naquela chaminé? E Lukas, o que será que ele ta fazendo, ele sempre age como alguém misterioso, mesmo não parecendo nenhum pouco? E Isabel? Será que ela está treinando mais dessa vez…? Talvez eu tenha sido um pouco dura com ela naquela hora, mas ela deve ter entendido o recado. Todos eles confiam em mim nesse lugar, se não fosse por eles, talvez eu já estaria morta aqui dentro, sem ninguém para se importar comigo…”

    A meio-elfa ergue sua mão até seu abdômen. Sua palma exibe duas cores distintas, vermelho-alaranjado e um azul-turquesa. 

    Pequenas partículas de mana começam a se reunir ao redor de sua mão, enquanto uma fina camada de aura roxa envolve seu corpo. Ela inicia uma cura em suas feridas, sentindo um calor reconfortante seguido de um frescor revigorante percorrendo seu corpo. 

    A dor vai se dissipando, substituída por uma sensação de alívio.

    Depois de alguns minutos, Evangeline se levanta do chão e sacode sua vestimenta suja de poeira. 

    — Esse lugar tá uma bagunça… e essa poeira no meu traje épico de aventureira… Se Anastácia visse seu estado, tenho certeza que ela surtaria… Bem, não posso fazer nada, estou arriscando minha vida, a única coisa que não quero e ficar nua nesse lugar! Tudo que posso fazer agora e tirar a poeira e seguir em frente. — Nesse instante seus olhos brilham com energia prateada, e uma brisa suave começa a circular ao seu redor, varrendo a poeira para longe. 

    — Hhhhh…! Huhhh…! Perfeito! — Com suas roupas parcialmente limpas e as feridas curadas, ela respira profundamente, enchendo seus pulmões de ar para enfrentar os desafios que a masmorra ainda reserva.

    Evangeline se dirige às chamas que ainda crepitam nas pilhas carbonizadas que antes eram os corpos dos monstros undeads, evitando as crateras e destroços deixados por eles. 

    Ela observa as pilhas carbonizadas que antes eram cadáveres podres.

    — Nossa, mesmo que tenha passado um bom tempo depois da luta, esse cheiro de churrasco podre ainda continua nesse lugar… Fracamente, que deselegante! — Sua mão se ergue instintivamente em direção ao nariz, numa tentativa desesperada de bloquear o odor repugnante de carne em decomposição queimada, que penetra em suas narinas como uma faca afiada.

    Não obstante, enquanto ela luta para afastar essa sensação avassaladora, um pensamento crucial retorna à sua mente, relacionado à morte dos monstros naquela sala.

    — Espera! Lembrando agora… tinha uma missão sobre derrotar esses pamonhas! Deixe eu dar uma olhada melhor nisso! — Ela lembra-se da missão que a trouxe aqui e abre rapidamente a tela do sistema para verificar seu progresso.

    A tela azul característica se ilumina, confirmando a conclusão da missão e mostrando as recompensas. 


    《Você passou de Nível!》



    《Você passou de Nível!》



    《Missão》

    Confronto Decisivo(Completado).

    《Objetivo》

    Lute e Derrote os guardiões de andar e Elimine o Boss Banshee para liberar acesso ao próximo estágio da masmorra.

    ➤ Banshee Corpórea: 1/1 Eliminados ☠.

    ➤ Troll da Perseguição (Undead): 1/1 Eliminados ☠

    ➤ Ogro da Perseverança (Undead): 1/1 Eliminados ☠


    《Recompensa》

    50 pontos de Habilidade;

    Liberação para o Nível 2 na Masmorra;

    Bônus de 45% em XPE


    Seus olhos se fixam nos cinquenta pontos de evolução e nos dois níveis que ganhou ao derrotar os chefes de andar. 

    — Isso! Eu consegui completar e ainda upei dois níveis! E, além de tudo isso, a missão me deu cinquenta pontos de habilidade para distribuir. Seria ótimo se isso se somasse com os pontos que eu ganho ao passar de nível e ao derrotar os monstros, mas parece que o sistema preveniu isso e me entregou somente cinquenta. 

    Os olhos, a pouco ofuscados pelo fedor na sala, agora se iluminam com entusiasmo ao contemplar a recompensa obtida na missão. Parece que nada, nem mesmo o ambiente repugnante, pode interromper a euforia que a domina.

    — Bom, eu só ganharia dois pontos nesses níveis que passei, e agora tenho cinquenta. É bem melhor cinquenta do que míseros dois pontos de habilidade. Hah, convenhamos! 

    Ela agradece pelo bônus de experiência da missão e pondera como usar seus pontos de evolução para se fortalecer ainda mais. 

    Com destreza e celeridade, Evangeline inicia a operação de abrir a tela de status, preparando-se meticulosamente para a alocação de seus tão estimados pontos de evolução. 

    — Vamos ver… — Nesta ocasião, dotada de um saldo mais substancial de pontos à sua disposição, suas escolhas adquirem um peso ainda mais significativo, uma vez que podem repercutir de maneira notável em seu desempenho futuro. 

    Com sabedoria, a meio-elfa decide destinar um total de vinte pontos à esfera da magia, plenamente consciente de que esta medida resultará na expansão notável de seu domínio das artes mágicas, ao mesmo tempo em que elevará exponencialmente a potência subjacente a seus feitiços.

    — Nessa ultima luta usei demais a minha 『Emerald Sphere of Desolation』, porém quando ativei minha habilidade 《Invencível》, percebi que posso fortalecer ainda mais um feitiço já criado. Se eu adicionar mais pontos ao meu atributo mágico, posso conseguir realizar algo desse porte em um combate. 

    A subsequente ação de Evangeline consiste na alocação de quinze preciosos pontos em sua capacidade de resistência, uma medida tomada após uma reflexão profunda e fundamentada. 

    Embora os feitos adquiridos em batalhas anteriores não tenham atingido a mesma severidade observada durante o conflito contra o quarteto de mortos-vivos na sala principal, a jovem está ciente da importância crítica de aprimorar sua resiliência física. 

    — Ainda penso da mesma forma que antes na sala principal. No começo minha resistência era muito baixa, algo que quase me matou na luta contra aqueles… quatro undeads… — Ela interrompe sua fala por um breve momento, movendo sua mão direita em direção às costelas. 

    A aguda dor e a sensação de queimação que experimentou naquele momento continuam gravadas em sua memória, como se tivessem ocorrido há apenas alguns segundos.

    A lembrança daquela sensação de impotência, da quase perda de sua vida, ainda ecoa em sua mente, alimentando sua determinação férrea pela sobrevivência.

    — Mesmo que nessa luta final não tenha me ferido tanto quanto anteriormente, ainda preciso aumentar o máximo que puder a minha resistência, minha sobrevivência vai depender disso, e não posso contar muito com a sorte de continuar inteira no final de cada luta arriscada.

    A experiência adquirida nessas provações anteriores ressoa de forma inequívoca em sua mente: a capacidade de resistir assume uma relevância inegável, representando uma escolha que pode potencialmente estender sua longevidade nos iminentes embates que se apresentarão.

    Evangeline, num ato estratégico e ponderado, reserva um total de dez pontos destinados ao aprimoramento de sua agilidade, uma escolha que se revela de suma relevância em seu percurso de crescimento. 

    Esta decisão visa conferir-lhe um domínio ainda mais notável na arte da esquiva e uma mobilidade superior. 

    — A minha agilidade se tornou uma aliada, graças a ela, pude esquivar com tranquilidade dos ataques do Ogro e Troll, além de ter me tornado mais rápida do que os dois. Se não fosse aqueles portais esquisitos da Banshee, creio que poderia ter sido mais fácil essa ultima luta.

    A meio-elfa rememora, com clareza, a ocasião em que sua agilidade fez a diferença em uma corrida contra um Troll e um Ogro, compreendendo que tal habilidade será agora refinada de maneira ainda mais abrangente e precisa.

    Por fim, após as alocações meticulosamente ponderadas e deliberadas, a jovem Evangeline direciona os cinco pontos remanescentes para a categoria da força, uma escolha fundamentada na compreensão de que a busca pelo equilíbrio entre seus atributos é uma base crucial para triunfar frente a seus adversários. 

    — Agora, a força. — Seus dedos deslizam suavemente sobre a tela brilhante de alocação de pontos, parando decisivamente sobre o atributo de força.

    — Dessa vez não foquei em aumentar muito a minha força, apesar de que ser mais forte é uma boa tática para terminar um combate mais rápido, porém, eu não uso só este atributo numa luta, tive que pensar em situações em usar meu Mana e agilidade. — Evangeline ergue seu braço esquerdo com precisão, focando seu olhar no próprio punho. Ela o fecha com grande afinco e determinação, como se estivesse determinada a medir sua força atual. 

    O couro de suas luvas rangem, emitindo um som agudo que ecoa pelo ambiente quieto, como um sinal de sua evolução.

    — Creio que não adicionar muitos pontos em força agora vai me ajudar a equilibrar um pouco as coisas, algo mais natural pode me beneficiar no futuro… Ou é o que espero…

    Ainda que não seja sua prioridade preeminente naquele momento, a sagaz percepção da jovem permanece firme. 

    Ela tem plena consciência de que cada atributo, por menor que seja sua contribuição, desempenha um papel significativo na formação de sua habilidade global para superar seus inimigos.

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