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    6º dia do mês, Grande Inverno. Masmorra [Corredor] – 11:36 AM.

    No final do corredor, Evangeline se defronta com mais uma curva, freando ágil e se amalgamando à parede que conduz ao próximo trajeto. 

    Ela observa o lugar, onde os resquícios de seu último feitiço permeiam a atmosfera, agora marcados por destroços de pedras e pilhas de cinzas de esqueletos. 

    ”Então… esse é o resultado daquele teste de antes… Não há nada além desses restos de ossos jogados por aí… além desse… Urgh!… Cheiro…” O ambiente é impregnado pelos odores de decomposição e carbonização dos ossos dos monstros mortos-vivos que lá foram reduzidos a nada. 

    — Não sei exatamente de onde eles vieram, se de alguma ala escondida ou sala ao longe, mas uma coisa é certa, preciso encontrar a origem deles, para assim saber onde está o Necromante que os invocou. 

    ”E outra… preciso ver se existem outros mortos-vivos nesse lugar. Não será vantajoso para mim se tiver mais do que as invocações daquele Necromante por aqui… mesmo sendo alguns zumbis ou até alguns possíveis draugrs, preciso guardar o máximo de mana que eu puder. Me dá o luxo de perder antes do combate, pode ser perigoso…” 

    Da esquerda para a direita, ela examina em busca de esqueletos se aproximando ou de qualquer possível ameaça, como um Draugr ou um zumbi, impressionando-se ao perceber que o local se resume a lamparinas, paredes e teto.

    — Argh… parece vazio… Talvez se tivessem alguns teriam sido arrastado com aquela horda e morrido junto a eles… — Suspirando com um leve alívio, Evangeline prossegue com sua corrida, suas Emerald Spheres of Desolation à par de qualquer ameaça que possa surgir. 

    — E se isso não for o caso… 

    ”É melhor não abaixar a guarda.”

    Mesmo aparentando estar vazio, ela compreende que um predador só se torna uma ameaça quando consegue ocultar completamente sua presença de suas presas. 

    Com essas palavras em mente, ela avança rapidamente em busca do Necromante.

    A cada passo, ela observa meticulosamente o entorno, acima, pelos lados, ocasionalmente freando seu avanço para revisar a área por onde passou, certificando-se de não deixar nada para trás com sua velocidade impressionante. 

    Enquanto realiza essas ações a cada algumas dezenas de metros, Evangeline se depara com outra curva, desta vez indo para a direita, como se o corredor se desenrolasse em uma espiral. 

    ”Outra curva…? O que isso significa? Pensei que esse corredor se estendesse verticalmente após aquela ultima entrada, mas parece que me enganei. Isso pode ser perigoso se eu não prestar a atenção e me deparar com outra horda de esqueletos andando por aqui.”

    Cautelosamente, ela se recosta novamente em uma das paredes, examinando o extenso corredor à sua frente, totalmente desprovido de sinais de esqueletos ou outros mortos-vivos.

    — Por enquanto não há nada, porém é melhor prevenir. — Ao continuar seu trajeto, onde a cada final o corredor se dobra à direita, reduzindo progressivamente sua extensão, Evangeline finalmente parece alcançar algum tipo de término.

    No local, uma série de aberturas retangulares se revelam, cada uma sinalizando possuir uma sala ampla em seu interior, totalmente obscurecida pelas sombras.

    A ausência de energia mágica, seja natural ou espiritual, nessas áreas e em outras alas da masmorra deixa a meio-elfa no escuro sobre o que pode habitar cada uma dessas entradas para salas desconhecidas. 

    ”O meio de não conseguir medir ou captar a presença desses mortos-vivos é um grande problema. Não só sei se há algum naquela sala, como não sei a real força deles se houver. Nesse meio tempo, tudo que posso é esperar e ver o que acontece…” Cautelosa, ela observa de longe, aguardando o momento em que algum morto-vivo possa surgir ou o eco de possíveis passos. Seus sentidos apurados ampliam sua percepção de eventos mais distantes, algo antes inalcançável. 

    Enquanto espera qualquer indício de movimento no interior de cada entrada, Evangeline se prepara para um possível confronto à distância, movendo sua mão para as costas e retirando o arco de gelo mágico, manejando-o com cautela ao assumir uma posição de mira precisa, caso uma ameaça surja.

    — Vamos usar você agora… Até pareço um tipo de franco-atirador… Hah! Como se eu soubesse que tô fazendo pra dizer uma coisa dessas…

    ”Parece que eu to ficando maluca de tanto tempo sozinha nesse lugar, minha própria companhia está se mostrando como uma pessoa que eu possa desabafar… Argh, é melhor eu me focar nisso antes que minha mente vagueie de novo…” Como um senso de ridículo por se deparar conversando consigo mesma surgisse em seu interior, ela retornar aos seus pensamentos anteriores.

    — Com esse arco, poderei saber se consigo manejar algo sem ao menos ter treinado… E se não der certo, ainda tenho minhas chamas esmeraldas e meu feitiço Machine Gun, mesmo que seja um pouco desastroso que um tiro de arco… 

    Apesar de nunca ter empunhado um arco com o intuito de enfrentar monstros, Evangeline compreende que este momento pode ser crucial para ela, seja para avaliar o potencial de seus dons inatos e provar sua destreza natural de uma vez por todas, ou apenas perder tempo com uma ação fútil. 

    Estendendo a corda até o limite do arco, a jovem começa a canalizar uma pequena quantidade de energia mágica para as pontas dos dedos, esculpindo uma flecha em poucos segundos. 

    — Mas o que… — Evangeline observa o construto mágico com um fascínio e uma dúvida sutil. 

    A flecha, ao contrário daquela empunhada pelo esqueleto arqueiro na primeira sala da masmorra, revela indícios de mudanças significativas. 

    Antes, nas mãos do esqueleto, a flecha parecia insignificante, nada além de uma forma comum de flecha, com um cabo, uma pena gélida para aerodinâmica e uma ponta laminada em ambos os lados. 

    Contudo, ao construir a flecha neste momento, Evangeline percebe a diferença marcante entre uma e outra. 

    A atual exibe uma ponta dupla ramificada em formato de cruz, com duas fileiras de lâminas nas laterais, significativamente maiores que as anteriores. Seu cabo, ornado com que parece ser vinhas gélidas, terminando em uma grande pluma em vez de uma simples pena.

    ”Interessante, bastante interessante… Me parece que as flechas podem mudar de acordo com que empunha o arco…? Ou seria o poder mágico que muda o formato da flecha? Mesmo que talvez eu não tenha pericia nisso, vender algo nesse aspecto pode render uma boa quantia de moedas…” Surpreendida por tal fato, Evangeline se distrai por breves segundos, e de uma das salas à sua frente, uma marcha monstruosa e incessante começa a se intensificar rapidamente. 

    Ágil, Evangeline observa atentamente a sala em questão, semelhante às outras ao seu redor, mas diferindo em um único aspecto: ela parece abrigar o possível necromante da missão. 

    — Não sei ao certo, mas me parece que aquele Necromante está naquela sala… Os sons de ossos não me deixa pensar em outra solução, ou ele está invocando-os ali dentro, ou de algum lugar remoto ele consegue conjurá-los…

    Estendendo a corda do arco com destreza, Evangeline aguarda meticulosamente a aparição do grupo de possíveis esqueletos; contudo, o que ela presencia não são meros esqueletos, mas um monstro muito maior e deformado, composto por inúmeros ossos de esqueletos.

    — Nem fuden…

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