Capítulo 687: Mistério (1/5)
Dungeon and Stone era um jogo brutal. Mesmo que você nunca cometesse um único erro, os personagens que criava com muito esforço e dedicação acabavam morrendo durante o jogo normal.
Nesse sentido, a notícia não foi particularmente surpreendente.
O arqueiro da Equipe Baekho, Leyton Bryat, havia morrido.
Era algo que já se esperava. Havíamos lutado contra o Dragão Esqueleto e, em seguida, fomos teleportados para coordenadas aleatórias. Qualquer personagem teria dificuldades em sobreviver no nono andar sozinho, ainda mais se estivesse ferido. Se nossa curandeira, Jaina Flyer, não tivesse a sorte de cair perto de mim, provavelmente também teria morrido ali.
— …Hein?
Ainda assim, a surpresa ao ouvir tal notícia tão de repente era inevitável.
— O q-que quer dizer…? O Sr. Bryat está morto…? — o GM perguntou novamente, parecendo chocado.
O Vovô Caído continuou com uma voz sem emoção, como se estivesse apenas recitando os fatos. — Descobri o corpo dele no caminho para cá. Parecia que ele havia gasto toda sua energia e que tentar sobreviver nesta região foi brutal demais para ele.
— I-Isso é…
O GM não conseguiu dizer muito ao ouvir a notícia da morte dele.
Também era bem irônico. O Vovô Caído, que havia sido aliado de Bryat por muito mais tempo que nós, não parecia sequer se importar.
— Em todo caso, como Bryat está morto, só pode ter sido o Baekho quem fez aquela nota e a amarrou na árvore.
— A-Acho que sim…?
— Podemos parar de falar sobre Bryat agora. Qual é a situação? E o que é aquele prédio?
— Bem… Também não sabemos muito. Ele estava aqui quando chegamos…
— Hmm, muito interessante. — Observei o Vovô Caído caminhar até o prédio com os olhos brilhando, e por um momento fiquei impressionado. No entanto, fechei os olhos e reservei um minuto de silêncio.
“Leyton Bryat…”
Vendo como ele agia com Baekho, não era uma pessoa boa. Mas eu ao menos dedicaria um momento para lamentar por ele. Seria triste demais que esse labirinto brutal não lhe desse sequer esse luxo…
— O Sr. Bryat sempre quis parar.
Levantei a cabeça com a voz repentina. Era Jaina.
— Ele conseguiu o que queria. Agora, não precisa fazer mais nada.
Que diabos? Ela também era um monstro?
Apesar do pensamento, acabei esboçando um sorriso ao ver sua expressão. Mesmo falando de forma sarcástica, percebi que estava lamentando a morte dele à sua maneira.
— Deve ser bom para os seus aliados — ela concluiu. — Sempre há alguém para lamentar quando eles morrem.
— Então você também deveria se juntar a nós.
Jaina hesitou ao ouvir meu tom de brincadeira, mas me deu um pequeno sorriso. — Não vai dar certo. Preciso de muito mais oferendas.
— Você pode conseguir oferendas matando saqueadores ou gente de Noark.
— …Espero que saiba que eu sou uma dessas pessoas de Noark.
Ah, é verdade.
— Agradeço suas palavras, mas vou recusar.
Claro. Eu também não estava falando sério.
Se eu aceitasse uma sacerdotisa de Karui no meu grupo e isso fosse descoberto, acabaria me tornando inimigo da Igreja dos Três Deuses. O palácio já me dava dores de cabeça suficientes, então outro inimigo dessa escala seria impossível de lidar.
“Agora só precisamos esperar por Aures e Baekho.”
Depois disso, o Vovô Caído e o GM começaram a investigar esse novo fenômeno, enquanto a outra metade de nós apenas esperava, sem muito o que fazer.
Um dia, dois dias…
No terceiro dia, Aures apareceu. Ele parecia péssimo. Poderia-se até dizer que parecia um lixo.
— Ha, haha… E-Eu estou vivo…
Eu conseguia perceber o quanto ele havia sofrido nos últimos dias só de olhar para ele. Parecia que um alívio o preenchia assim que nos viu, e ele caiu no sono ali mesmo. Jaina foi até ele para curá-lo e cuidar dele.
— Então você também não foi quem colocou aquele pano…
— Tenho vergonha, mas é verdade. Mal consegui escapar dos monstros e entrei na Terra Primordial, mas naquele momento…
— Chega.
Tive a sensação de que sua história se prolongaria, então rapidamente cortei Aures e olhei para o resto do grupo.
— Não é estranho? Está claro que foi Baekho quem colocou aquele pano para mandar a mensagem, mas ele ainda não apareceu.
— Definitivamente é estranho. No começo, pensei que ele tivesse ido colocar os panos em outras regiões…
— Acho que, se fosse esse o caso, ele teria voltado para verificar ao menos uma vez.
Com Aures se juntando a nós, minhas perguntas só aumentaram. Se ele não foi quem colocou aquele pano, significava que tinha que ser Baekho. Então, onde ele estava?
O Vovô Caído sugeriu uma possibilidade. — Talvez Baekho Lee tenha entrado lá sozinho primeiro. — Ele estava apontando para o prédio que havia aparecido à esquerda do monumento.
Parecia claramente uma entrada. Embora o tenhamos investigado minuciosamente por fora, ainda não conseguimos descobrir o que havia lá dentro. Como não sabíamos o que poderia acontecer, decidimos entrar apenas quando todos estivessem aqui.
— De fato… Se estamos falando de Baekho, faz sentido que ele tenha decidido entrar. Algo como verificar rapidamente lá dentro antes de chegarmos.
— …É um curso de ação absurdo, mas parece algo que ele faria.
Todos assentiram com a ideia do Vovô Caído.
Contudo, mesmo sendo o autor da sugestão, o Vovô Caído balançou a cabeça em discordância.
— Não, é certamente estranho. Não sei como vocês enxergam Baekho, mas para mim, ele é mais cauteloso que qualquer outra pessoa.
— …O quê?
— Apesar de como ele age, Baekho nunca faz nada impulsivo. Ele é tão receoso que, às vezes, sou eu quem fica frustrado ao estar ao lado dele.
— …Estamos falando do mesmo Baekho?
— Ser confiante e ser cauteloso são duas coisas diferentes.
— Mas foi você quem sugeriu que ele poderia ter entrado lá primeiro.
— Isso mesmo. Pelo processo de eliminação, outras ideias foram descartadas. No entanto, se esse Baekho cauteloso realmente entrou ali… então acredito que houve um motivo claro para ele fazer isso.
Hmm…
— O que acha, Bjorn Yandel?
Vários aspectos disso eram confusos. Se o palpite do Vovô Caído fosse verdade, então isso significava que era difícil sair depois de entrar naquele lugar. Se Baekho pudesse entrar e sair livremente, ele teria aparecido ao menos uma vez.
— Mais um dia. Vamos decidir após mais um dia.
Com isso, demos mais um dia para que alguma mudança ocorresse, mas Baekho não se revelou.
E assim, era hora de tomar uma decisão.
— Havellion, consegue sentir o que há lá embaixo? — perguntei enquanto olhava para a escada que descia até uma escuridão completa.
O GM balançou a cabeça. — Nunca ouvi falar de nada assim existindo na Terra Primordial.
— Pois é, você diz isso…
Eu também nunca ouvi falar.
E não era só sobre a Terra Primordial. Nunca havia visto uma entrada assim em qualquer lugar do Túmulo Estelar. Além disso, era muito suspeito como havia aparecido de repente, sendo que não havíamos visto nada quando estivemos aqui antes.
— Certo, decidi.
— Vamos entrar, não é?
— Exato.
Eu já planejava entrar desde o início. O motivo pelo qual rodamos todo o Túmulo Estelar foi para procurar algo suspeito, e uma coisa dessas simplesmente apareceu diante de nós. Não havia como deixar passar essa chance.
— Tentei esperar por Baekho mais um pouco… mas não temos escolha. Existe a possibilidade de que ele esteja lá dentro, então vamos entrar.
Era hora de ir.
Achei que fosse uma ‘dungeon’ a princípio. Provavelmente havia algum tipo de artifício que eu não tinha ideia, e provavelmente havia inúmeras armadilhas que nos matariam sem que estivéssemos cientes.
Descemos as escadas com cautela, apesar desses pensamentos.
Tap, tap.
Naturalmente, eu estava na frente, e Aures na retaguarda. Os personagens de ataque à distância ficaram entre nós.
Tap, tap.
Cada passo que eu dava era com precaução.
Era simplesmente o que se devia fazer em uma ‘dungeon’ quando não se tinha informações sobre ela. Dentro do jogo, eu precisava me contentar em apenas reunir informações na primeira tentativa. Áreas desconhecidas eram perigosas demais nesse jogo.
*Passo, passo.*
Na mesma linha, amarramos uma corda na cintura de todos nós cinco, ligando-nos em uma corrente. A corda também estava presa a uma estaca na entrada, como se estivéssemos escalando uma montanha.
— Uwah! Más notícias! Más notícias!
Antes que chegássemos a uma profundidade considerável, a corda se rompeu na parte de trás.
— A corda arrebentou! — Aures gritou, em pânico.
Parei. — O quê?
— Não foi culpa minha! Eu não fiz nada! Só estava seguindo…!
— Não acho que ele está mentindo. Olhando para a ponta da corda aqui, parece que foi cortada por algo afiado…
— Todos, encostem-se na parede.
Subi pela escada estreita e verifiquei o final da corda eu mesmo. Não vi nada que sugerisse que a corda arrebentou por erro de Aures, e não havia como uma corda magicamente projetada para esticar centenas de metros arrebentar por acidente.
— Sigam-me devagar.
Como eu precisava confirmar o que havia acontecido, paramos de descer e começamos a subir de volta.
— Já subimos mais do que descemos…?
— Sim. É verdade. Descemos até o degrau 213, mas já subimos 240.
Não importava quantos degraus subíssemos, não víamos a superfície. Simplificando, nosso caminho de volta tinha desaparecido.
— I-Isso é um grande problema, não é? Estamos presos aqui!
— Não entre em pânico — Jaina rebateu Aures. — Todos esperavam que ao menos isso acontecesse.
— I-Isso mesmo?
GM aproximou-se de mim. — Como confirmamos que nosso caminho de volta está bloqueado, que tal continuarmos descendo os degraus?
Era uma sugestão lógica. No entanto, eu sentia que havia algo errado.
Não, ao invés de algo estar errado…
“Se você desce as escadas, a entrada desaparece, e se tenta subir de volta, os degraus se repetem infinitamente…”
Era mais como um déjà-vu. Afinal, já existia uma fenda como essa.
“Ruína Dourada.”
A entrada para aquela fenda do quarto andar tinha algo semelhante a isso.
“Agora que olho bem, acho que as paredes também são bem parecidas…”
Se este lugar foi construído tendo a Ruína Dourada como referência, apenas descer não era o caminho certo. Havia um segredo oculto aqui. Se continuássemos subindo as escadas com a entrada bloqueada, encontraríamos um evento especial.
“Já que talvez não saibamos o que acontecerá depois, vamos fazer o evento primeiro.”
Não que houvesse qualquer garantia de que teríamos esse evento aqui. No entanto, a única coisa que perderíamos ao testar seria um pouco de tempo.
— Vamos continuar subindo, então cuidem para me seguir, para que ninguém fique para trás.
— Com licença? Mas…
— Eu vou na frente.
Subi rapidamente os degraus.
— Quanto mais vamos subir? Por mais que andemos, só vemos mais escadas.
— Voltar para baixo também vai ser um trabalho.
Isso aconteceu quando eu pensei que já estávamos na metade do caminho.
Tap, tap.
O som de passos desconhecidos chegou aos meus ouvidos, e rapidamente interrompi nossa caminhada.
— Parem.
— Ah, vamos voltar…
— Silêncio. Alguém está descendo na nossa direção.
Eu não tinha ideia de quem poderia ser. O evento especial não era nada disso.
“Mas… quem é?”
Embora eu não soubesse, como havia a possibilidade de isso levar a uma batalha, dei um sinal para que levantassem a guarda.
Mas então, os passos se aproximando pararam.
“Será que também nos notaram?”
A tensão no ar ficou tão rígida quanto a corda de um arco.
Engoli em seco, apertando ainda mais o escudo.
Nesse momento, ouvi a outra pessoa avançando em nossa direção em uma velocidade incrível.
— Preparem-se para a batalha!
Quebrei o breve silêncio com esse grito, e vi algo se lançar contra nós vindo da escuridão. Ao levantar meu escudo reflexivamente para bloquear, acabei congelando na posição quando os passos se aproximaram e pararam de forma brincalhona bem na frente do meu escudo com um toque leve.
— Surpresa! E aí, ficou surpreso?
Ao vê-lo falar tão casual e despreocupadamente, soltei um longo suspiro.
“Esse cara é realmente maluco?”
Era Baekho.
Eu realmente considerei dar um tapa nele ali mesmo, mas Baekho apenas riu enquanto cutucava meu lado.
— Bahaha! Você realmente se assustou, né? Né? Parecia assustado. Tá tudo bem? Você parecia bem apavorado.
— …Você devia prestar atenção à situação antes de fazer essas piadas.
— Nah, como poderia? Finalmente me reencontrei com meus preciosos aliados! Não, mas nunca esperava que vocês estivessem aqui embaixo. Como puderam entrar sem me esperar?
…O quê?
— Barão, você não pode realmente me repreender por brincar quando você…
— O que você acabou de dizer? — exigi em voz baixa.
Baekho pareceu perceber que algo estava errado e me devolveu a mesma confusão.
Verifiquei uma coisa rapidamente. — É uma pergunta importante, então responda seriamente. Sem brincadeiras. Foi você quem colocou aquele pano na árvore…?
Eu tinha certeza disso até agora. No entanto, Baekho apenas franziu o rosto um pouco, inclinando a cabeça à pergunta.
— Do que você está falando? Aquele pano… Não foi você quem o colocou…?
Um frio percorreu minha espinha.
“Se não foi Baekho quem o colocou ali…”
Então, quem diabos nos chamou para cá?
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