Capítulo 696: Time Maligno (1/5)
Auril Gavis.
O criador deste maldito jogo e o misterioso velho cujas intenções eu ainda não conseguia entender.
Excluindo a vez em que o encontrei no mundo dos sonhos, quando retornei ao mundo moderno, a última vez que o vi foi na Távola Redonda. Ele apareceu de repente e declarou que encerraria o Caça-Fantasmas. Ainda deixou uma mensagem de despedida sinistra.
— Baekho, não se aproxime muito daquele amigo.
Foi, honestamente, bem irônico. Depois de receber esse conselho, agora eu estava viajando com o próprio Baekho e encontrei esse velho durante essas jornadas.
Claro, ignorando essas memórias que surgiram na minha mente, percebi imediatamente a palavra que ele usou.
Ele acabou de dizer ‘pessoal’, certo…?
— Ainda assim, faz tempo, pessoal. — O velho pronunciou essas palavras e virou-se para olhar cada um de nós no rosto. Era como se ele já tivesse tido contato prévio conosco.
“Será que Aures e Jaina também têm alguma ligação com esse cara?” Me perguntei, olhando ao redor.
— Parece que todos ficaram mais quietos desde a última vez que nos vimos — o velho quebrou o silêncio contínuo e falou mais uma vez.
Baekho respondeu com um rosnado: — Faz um tempo, velho. Você nem deixou rastros quando tentei te procurar.
Seus olhos estavam agressivos, como se estivesse prestes a atacar a qualquer momento. No entanto, o alvo dessa agressão, Auril Gavis, apenas deu uma risada e continuou a falar.
— Na frente das pessoas que estão liderando esta era, de que adianta alguém do passado, como eu, aparecer?
Isso causou um momento de hesitação em Baekho. — O que você quer dizer com pessoa do passado? Ei, velho. Você sabe o que todas essas ‘pessoas do passado’ têm em comum?
— Hmm, o que seria? — perguntou Auril Gavis, genuinamente curioso.
Baekho soltou um rosnado baixo. — Estão todas mortas.
Talvez ele quisesse dizer que os vivos ainda não pertencem ao passado? Eu não conseguia entender suas intenções exatas, mas uma coisa era clara.
— Então me diga se você quiser se tornar alguém do passado. Eu estarei sempre pronto para ajudar.
A hostilidade de Baekho contra Auril Gavis não era fingida.
Bem, do ponto de vista de Baekho, Auril Gavis era seu inimigo mortal, porque foi ele quem nos arrastou para este mundo ferrado. Toda a raiva e ressentimento acumulados vivendo aqui naturalmente seriam direcionados contra aquele velho.
— Senhor.
Nesse momento, o GM subitamente entrou na conversa. Assim como Baekho, o GM era um jogador veterano que estava preso neste mundo por décadas. No entanto, as emoções presentes em sua voz eram completamente diferentes.
— Finalmente estou vendo você novamente, senhor.
Respeito e boa vontade transpareciam no tom de voz do GM e no olhar em seus olhos. Era óbvio que isso não era causado por querer bajular alguém mais poderoso.
— Eu nem consegui te cumprimentar direito naquela época. Realmente agradeço por aquilo.
— Haha, isso não é algo pelo qual você deva me agradecer.
— Do que diabos vocês dois estão falando? — Baekho interrompeu, claramente irritado.
Embora Baekho tenha demonstrado sua irritação e interrompido a conversa, nem o GM, nem Gavis responderam à sua pergunta. No entanto, para adivinhar…
“Será que estão falando sobre a comunidade?”
Era a única coisa que eu conseguia imaginar, considerando a conversa deles. A pessoa que deu ao GM a autoridade para gerenciar o Caça-Fantasmas, quando GM ainda era novato, era o Velhote que estava aqui.
— Na verdade, achei que você guardaria mais arrependimento e ressentimento contra mim, mas agradeço por dizer isso.
— Fiquei um pouco surpreso porque você não me avisou antes… Mas como eu ousaria te guardar ressentimento? Você apenas recuperou o que me deixou emprestado.
— Haha, meus olhos definitivamente não estavam errados. Eu sabia que você cresceria no papel.
— É tudo graças a você. Mas posso perguntar como conhece o barão?
— Bem, eu acabei conhecendo ele por algumas circunstâncias incomuns.
— Ah… É mesmo?
Os dois riram e trocaram elogios, a atmosfera entre eles era tranquila.
Baekho olhou para os dois com irritação evidente e resmungou: — Hah, será que esse traidor nem tem colhões?
Honestamente, eu sentia o mesmo. Como ele podia simplesmente sorrir assim, sem motivo? Se aquele velho não estivesse aqui, nada disso teria acontecido…
— Hum, quero dizer que ele é um sujeito inteligente.
Pisquei. — Hã?
— Ele é inteligente, jovem, e também sabe como demonstrar respeito.
O Vovô Caído realmente defendeu o comportamento do GM. Será que o GM era alguém que agradava todos os mais velhos?
Não dava para saber, mas a reação do Vovô Caído não era muito diferente da do GM.
— Faz muito tempo, mestre.
— Ah, Ruingenes… É bom te ver. Você tem estado bem?
— Qual é o propósito de perguntar?
— Vou assumir que você está bem.
— Parece que você não mudou nada, mestre. Por que parece que apenas eu experimentei as marés do tempo?
— Haha, você ainda é jovem.
Eles estavam compartilhando algumas palavras triviais para celebrar o reencontro, mas isso não durou muito.
— Já que faz tempo que não nos vemos, posso lhe perguntar algo?
— Prossiga.
Assim que recebeu a permissão, o Vovô Caído lançou uma bomba. — O senhor já alcançou a imortalidade, mestre?
— Haha, você está começando com uma pergunta difícil de responder.
— Se não for do seu interesse responder, não precisa…
— Mas se eu for te dar uma resposta… — Auril Gavis interrompeu o Vovô Caído e começou a falar. Era como se estivesse aconselhando uma criança. — A eternidade não existe, independentemente do mundo, Ruingenes… Tudo está destinado a mudar em algum momento. Até mesmo as coisas que você pensou que nunca mudariam.
— …Essa é uma resposta bem filosófica. — O Vovô Caído assentiu, aceitando sinceramente a resposta.
No entanto, Baekho não conseguiu evitar de soltar uma risada debochada. — Que filosofia? No final das contas, você não está dizendo que morrerá se te espancarmos o suficiente?
— Parece que você está mais mal-humorado que o normal.
— Por que eu não estaria? Agora está claro que foi você quem fez alguma trapaça para nos prender naquele lugar.
Não querendo prolongar mais nenhuma conversa trivial, Baekho trouxe toda sua raiva à tona e expôs seus pensamentos mais internos enquanto ia direto ao ponto.
— Você deveria estar agradecido por eu não ter te socado.
Como sempre, ele usou palavras provocativas e tentou pressionar seu oponente em um jogo mental, mas seu adversário dessa vez não era qualquer inimigo aleatório, para sua infelicidade.
— Haha… Você é quem deveria estar agradecido.
— Hah! — Baekho soltou uma risada seca, confuso. — Agradecido?
Auril Gavis apenas o encarou intensamente. — Claro, você deveria estar agradecido. Agradecido por eu ainda não ter encontrado uma razão para ‘eliminar’ você.
Eu conseguia sentir com todo o meu corpo a mudança na atmosfera no momento em que aquelas palavras foram ditas. Era como se o ar tranquilo tivesse se transformado em picos de aço.
E então, Auril Gavis, que havia suprimido todos apenas com sua presença, deu um passo à frente e continuou: — Baekho, você ainda não entendeu? A razão pela qual interferi com você foi para que eu não ‘elimine’ você.
Ao contrário do ‘talvez eu faça, talvez não’ de Baekho, as provocações de Auril Gavis eram muito mais diretas e ameaçadoras.
— Mas se você continuar a se desviar do caminho, não terei escolha a não ser ‘reconsiderar’.
Pelo que eu pude perceber, Baekho também parecia um pouco abalado. Quero dizer, até mesmo ele não teria escolha a não ser ceder um ponto para esse velho.
— Então o que você quer fazer? — Baekho finalmente perguntou. — E Bryat, quem diabos é ele? Pelo que parece, você o colocou ao meu lado há muito tempo.
— Bryat foi o guia que enviei para você.
— O quê? Guia?
— Você é uma pessoa na lista negra. Você vai precisar de pelo menos uma pessoa ao seu lado. Um guia para levá-lo pelo caminho certo e garantir que não se desvie.
Era tão descarado que até eu, que estava apenas ouvindo de lado, fiquei sem palavras. No entanto, esse era exatamente o tipo de mundo que este era.
Um mundo selvagem onde os impotentes não tinham sequer o direito de falar.
E para Baekho, que desfrutou dos benefícios dos poderosos por tanto tempo, ele tinha ainda menos o que dizer sobre o que aquele velho estava falando.
— Apenas me diga.
Depois de permanecer em silêncio por um tempo, Baekho finalmente falou com um tom de resignação.
— O que você quer de mim? Apenas diga…
A emoção que senti no pedido curto dele não era tristeza ou raiva. Era apenas uma sensação intensa de exaustão, de quanto tempo Baekho estava cansado.
— Hmm… Não quero particularmente nada de você.
— …O quê?
— Você ainda não sabe a essa altura? Você não passa de um defeito.
Auril Gavis continuou com palavras claras e precisas, direcionadas diretamente a Baekho.
— Eu nunca quis você. Nunca quis que você viesse para cá também. É por isso que não entendo por que você me despreza tanto. Sua raiva não está equivocada?
Baekho não respondeu.
— Bem, se há algo que eu de alguma forma quero, é que você saiba seu lugar e viva em silêncio. Um personagem secundário deve agir como tal. Não tente mudar a história.
Baekho permaneceu em silêncio diante das palavras cortantes de Auril Gavis. No entanto, seus olhos injetados de sangue mostravam o quanto ele se sentia humilhado naquele momento.
E claro, o Vovô Caído, que não tinha nem um pingo de empatia, nem sequer se importou com isso.
— Se Baekho é um personagem secundário… então nós também somos personagens secundários?
Ele só pareceu se interessar na única parte que chamou sua atenção.
— Você está desapontado com isso?
O Vovô Caído balançou a cabeça para a pergunta de Auril Gavis. — De forma alguma. Já faz muito tempo que deixei de me ver como o protagonista, e…
— E?
— Qual é o sentido de se tornar o protagonista de uma história que outra pessoa criou para você?
— …Essa foi uma resposta bem carregada.
Auril Gavis parecia um pouco descontente com a resposta do Vovô Caído, mas ele não demonstrou qualquer reação, apenas continuou, dizendo: — Você também conhece a Srta. Flyer e o Sr. Aures?
— Hmm…
— Não vejo nenhuma conexão particular que você possa ter com esses dois.
Com essa pergunta, Auril Gavis pareceu pensar por um tempo enquanto seus olhos saltavam entre Jaina e Aures.
— Eu o encontrei exatamente uma vez no passado.
Jaina honestamente se adiantou e revelou sua conexão.
— Ele foi quem me disse que eu poderia recuperar as memórias que tinha oferecido a Karui.
— …Então isso aconteceu? E você, Aures?
— Ah… Uh… E-Eu acho que o vi perto do castelão algumas vezes depois que os caras do palácio começaram a invadir Noark?
Qualquer um poderia dizer que ele estava mentindo, incluindo o Vovô Caído. Baekho até estreitou os olhos.
Auril Gavis balançou a cabeça e revelou algo bastante chocante.
— Aures é do mesmo mundo que Ruingenes.
— …O quê?
— R-Realmente? Este homem também é um espírito maligno…?
Pelo que pude perceber, isso era algo que nenhuma dessas pessoas sabia.
“Para que todas as seis pessoas aqui fossem espíritos malignos…”
Será que isso era algum tipo de Time dos Sonhos de Espíritos Malignos?
Regras dos Comentários:
Para receber notificações por e-mail quando seu comentário for respondido, ative o sininho ao lado do botão de Publicar Comentário.